Crédito: Tercera Informacion | |
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Embora as FARC houvessem decidido liberá-los, o Governo optou por uma operação que causou a morte dos prisioneiros. Córdoba publicou um comunicado, no dia 5 de novembro, antes que o Estado optasse pelo massacre.
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As FARC haviam anunciado a libertação de seis prisioneiros de guerra: Piedad Córdoba anunciou ter recebido declaração da organização insurgente, na qual anunciam a libertação, antes que o Estado optasse em realizar o massacre, em uma dessas “operações de resgate a sangue” que são repudiadas até mesmo pelas famílias de soldados prisioneiros de guerra.
Piedad Córdoba e Mulheres pela Paz tinham em suas mãos a declaração das FARC anunciando a decisão de libertar os seis prisioneiros de guerra de forma iminente. De fato, mesmo antes de receber esta declaração, Piedad Córdoba havia anunciado desde o dia 05 de novembro que a liberação estava a caminho: o Estado colombiano tinha pleno conhecimento de que a liberdade dos soldados já estava a caminho, por meios pacíficos, e preservando suas vidas, mas infelizmente escolheu o caminho da morte.
Colombianas e Colombianos pela Paz, em um comunicado divulgado em 26 de novembro, disse que lamentava as mortes dos quatro soldados e precisamente ontem, tinha recebido a carta das FARC, na qual anunciavam a libertação.
Em uma carta dirigida aos Colombianos e Colombianas pela Paz, liderado pela ex-senadora Piedad Córdoba, a Secretaria das FARC anunciou a libertação de seis dos 17 prisioneiros de guerra.
Texto das FARC "Nós anunciamos a liberação de seis prisioneiros que permanecem em nosso poder, que serão entregues aos signatários da carta que nós respondemos, liderados pela senadora Piedad Córdoba, seguindo os protocolos de segurança".
O processo foi-se preparando desde antes da morte do comandante Alfonso Cano. Piedad Cordoba o revelou no dia 05 Novembro, um dia depois de ser morto pelo exército, o principal líder das FARC.
Primeiro uma dimensão necessária da linguagem e das confusões conceituais, porque se refere ao fundo desta questão: a necessidade urgente para pressionar o governo colombiano para uma manifestação pacífica e soluções para a paz: a solução da paz é a troca humanitária de prisioneiros de guerra.
A dimensão correta dentro dos termos e categorias conceituais, já que existe o Direito Internacional Humanitário (DIH) que contempla estas categorias. Publicamos abaixo o vídeo* de Notícias Uno como um documento da existência do anúncio de libertação e seu recebimento por Piedad Córdoba antes da operação com sangue e fogo que o governo decidiu fazer; no entanto queremos destacar que Noticias Uno, apesar de ser um dos melhores jornais colombiano (minimamente independente ao regime), repete um erro na nomeação dos prisioneiros de guerra, chamados de "seqüestrados", o que é incorreto, à luz do direito internacional humanitário, essa inexatidão impossibilita em parte o intercambio, ao semear confusão na opinião pública.
É um obstáculo da linguagem em um país onde a ditadura do pensamento se aplica firmemente pelo terror de Estado, a estigmatização constante contra o pensamento crítico e os ataques midiáticos de mentiras, como parte da guerra conduzida pelo regime colombiano contra a percepção da realidade.
No contexto dos fatos e questões-chave no uso da linguagem que leva à confusão quando à procura de soluções, citamos nesta parte do texto "O que aconteceu na Selva":
Os militares, policiais e soldados não são seqüestrados, são Presos de Guerra: existe o DIH que os reconhece como tal e que inclui uma troca humanitária para que sejam libertados através de intercambio com os prisioneiros de guerra insurgentes. Mas é o governo colombiano, que nega a troca humanitária.
Enquanto o governo colombiano se recusa a troca humanitária, demonstrando que não se importa com os soldados que lutaram no seu exército funcional ao grande capital, porque os trata como carne para canhão negando-se sempre a intercâmbios de presos; os guerrilheiros continuam realizando libertações unilaterais.
A escolha da troca em si é a opção pela paz, é a opção humanitária contemplada no DIH, mas o Estado se recusa. Em Caguán e em posteriores oportunidades as FARC libertaram mais de 300 (trezentos) prisioneiros de guerra em seu poder, enquanto o regime não liberta presos políticos e prisioneiros de guerra.
Sobre os quatro prisioneiros de guerra que morreram em uma operação do Exército no sábado, 26 de novembro de 2011, uma operação que o estado chamado de "operação de resgate", é preciso dizer que estas operações sempre resultam em mortos: são operações contra as quais os parentes dos próprios presos são contrários, por considerá-las perigosas. Mas o governo segue fazendo estas operações homicidas em vez realizar uma troca humanitária de prisioneiros.
Nós só temos informações dos militares: não há nenhuma investigação séria. Ninguém sabe o que aconteceu naquela floresta, e é aconselhável ter cuidado, porque os ataques da mídia nos levam a conclusões precipitadas: não temos razão para acreditar na versão do generalato de um regime culpado de mais de 3.200 assassinatos de crianças e jovens através dos macabros 'falsos positivos'.
A verdade será conhecida ao longo do tempo, com muito tempo, provavelmente. Cabe a dúvida de saber se não é possível que os tenha executado o mesmo regime a quem interessa mais mortos para sua macabra propaganda contra a insurgência, do que vivos. Ainda mais quando as FARC-EP enviaram um comunicado à Piedad Córdoba anunciando a libertação de seis prisioneiros de guerra de forma iminente.
Parece-nos que é importante para o exército impedir a liberação de seus próprios prisioneiros de guerra, desta forma causando a morte dos mesmos. No comunicado das FARC, que veio como Carta Aberta aos Colombianas e Colombianos pela Paz, a insurgência anunciou outra libertação unilateral de prisioneiros de guerra, e também apelou a uma maior justiça no tratamento humanitário dos colombianos: "Seria justo que apelando para o exercício da razão, do direito e da ética no trato com o problema, não se inviabilize aos guerrilheiros presos. Há cerca de 800. A dor não é apenas as famílias dos prisioneiros em nossas mãos. O humanitarismo deve olhar, sempre, com os dois olhos (...) Estamos a espera do intercâmbio dos prisioneiros de guerra.”
A insurgência pede mais equidade: "sugerimos que direcionem sua atenção sobre a situação das centenas de guerrilheiros presos e cerca de 7.500 pessoas presas pelas suas idéias, como resultado da criminalização da oposição política e do protesto social (...). Solicitamos que considerem, como uma questão crucial para aclimatar a convivência, o estudo de fórmulas para o repatriamento e libertação de Simon Trinidad, Sonia e Ivan Vargas, guerrilheiros das FARC presos pelo império, extraditados para os Estados Unidos.” Concluem: "Como um novo ato humanitário que respalda esta carta, anunciamos a libertação de seis prisioneiros que permanecem em nosso poder."
Os quatro soldados foram mortos pelas ações do exército, quando a decisão de sua libertação já estava tomada, de forma unilateral, sem a libertação de presos políticos e de insurgentes em troca. Se frustrou uma libertação já consensuada. Cabe perguntar-se que ações podem surgir na lógica aberrante de um estado que usa uma ferramenta paramilitar como motosserras para esquartejar suas vitimas. Preferiu por acaso o regime, ao saber da libertação iminente, frustrar a mesma, ainda que a custa da morte dos soldados?
É triste a morte dos soldados prisioneiros de guerra, dos guerrilheiros, do povo colombiano. O Estado colombiano escolheu a guerra, o 'resgate' a sangue e fogo, ao invés da opção de paz, que é a troca de prisioneiros. Com a opção de paz haveria sido alcançada a libertação dos prisioneiros de guerra que agora estão mortos, e também, a troca de prisioneiros guerrilheiros que estão agora nos calabouços da Colômbia, muitos deles doentes terminais.
Além disso, neste caso as FARC haviam aceitado outra libertação unilateral, na qual o Estado não tinha sequer que realizar um gesto humanitário (o que não é justo, porque os prisioneiros da guerrilha devem ser libertados também: o intercambio é necessário).
Com a opção de paz do intercâmbio teríamos sabido o que aconteceu, porque se teria acordado um espaço determinado, com observadores nacionais e internacionais, realizando as coisas de maneira sensata e humanitária. A opção da guerra deixa tudo cheio de dor, de morte e de obscurantismo, porque não há maneira de saber o que ocorreu na selva, a não ser pelas versões dos militares: e para sermos justos não podemos tomar estas versões como dignas de credibilidade, pois é a versão de um bando em guerra, de um exército que para fazer a sua guerra suja psicológica com a exibição de seus cadáveres, não teve escrúpulo em matar civis e apresentá-los como "mortos em combate."
Que credibilidade tem um regime capaz de raptar as crianças de Soacha para logo assassiná-los apresentando seus corpos como de "guerrilheiros mortos em combate"?
Leia a carta das FARC:
Leia o comunicado dos Colombianos e Colombianas pela Paz:
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