quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Carta das FARC-EP aos Presidentes da República e Primeiros Ministros da América Latina

Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos – CELAC

“A paz nunca será fruto de rendições humilhantes que contribuam para incrustar ainda mais no poder os responsáveis desta tragédia nacional, os guerrilheiros jamais mudaremos para algo que permita que tudo continue igual.”

Senhoras e Senhores:

A transcendental reunião que vocês celebram, com o propósito de dar formal nascimento à Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos, se constitui num importante acontecimento.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo, FARC-EP, os saudamos, expressando nosso desejo de que este empreendimento se converta no ponto de partida de um esforço que encaminham as nações latino americanas e caribenhas pela rota da unidade tendo em conta os aspectos fundamentais da concepção bolivariana.

Graves fatores ameaçam não apenas hoje ou o futuro do nosso continente, mas de todo o planeta, a espécie humana em seu conjunto. A Terra nos pede ações urgentes para frear o desastre ambiental, sopram ventos de uma guerra nuclear, a economia mundial titubeia e velhos interesses, em seu exclusivo benefício, impõem aos povos o peso de salvá-la. Nunca como hoje se requer o protagonismo decisivo de toda essa humanidade silenciada.

Aproveitamos para expressar nossa profunda preocupação pela paz na Colômbia, que é a paz do continente.

A principal característica de sua classe dirigente tem sido uma estranha e recorrente inclinação por solucionar os conflitos econômicos e sociais pela via das imposições violentas. Nenhuma das longas e cruéis ditaduras que no passado castigaram distintas nações neste continente se compara com o aterrador número de vítimas de todo tipo, produzidas pelo regime colombiano tão somente nas últimas décadas.

Isso explica as atuais dimensões do atual conflito armado interno, cuja conclusão parece prorrogar-se indefinidamente no tempo. A paz nunca será fruto de rendições humilhantes que contribuam para incrustar ainda mais no poder os responsáveis desta tragédia nacional, os guerrilheiros jamais mudaremos para algo que permita que tudo continue igual.

Um diálogo com plenas garantias, de frente ao país, ao continente e ao mundo, com participação popular, que modele uma recomposição institucional e política, e que abra as compotas para profundas reformas democráticas, é a fórmula que repetidamente colocamos as FARC e que aspiramos que se faça realidade em breve.

Recentes acontecimentos revelam a nula inclinação da ordem estabelecida a considerar nossa postura. Ao invés disso, insistem em sua pérfida acusação de narcotraficantes e terroristas, pretexto que os assegura o incondicional apoio dos Estados unidos, convertido em uma crescente ingerência militar e política, muito conveniente aos interesses estratégicos de dominação continental e mundial dessa potência.

Nas palavras do presidente Santos, caso não nos rendamos, nos espera a prisão ou a tumba. Sua oferta de recompensas de milhões de dólares pela cabeça dos comandantes guerrilheiros recorda o método utilizado pelas Coroas européias contra os indígenas e escravos negros rebeldes. Não acreditamos ser ousado pensar que estes novos tempos nascem na América Latina e no Caribe. Seus povos celebrariam como uma grande vitória a conquista de uma solução política na Colômbia.

Nosso abraço patriótico e bolivariano para este verdadeiro Novo Mundo que grita basta e caminha sem que ninguém possa deter sua marcha gigante.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 1 de dezembro de 2011.

Traduzido pelo Coletivo Paulo Petry, núcleo da UJC/PCB formado por estudantes de medicina em Cuba.

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