O NOSSO DESAFIO AGORA É RETOMAR A GREVE EM MARÇO!
Nestas duas últimas semanas, enquanto enfrentávamos o herdeiro de Yeda, e novo vassalo do capital financeiro internacional no Piratini, a luta voltava a marcar o cotidiano dos trabalhadores portugueses e gregos. Os primeiros, em 24 de novembro, realizaram uma das maiores greves da história de Portugal, paralisando quase completamente o país. Exigiam a revogação do recente pacote de austeridade do FMI anunciado pelo governo, que impunha à classe trabalhadora portuguesa a destruição do sistema nacional de Saúde, cortes de verbas para a Educação e corte do 13º e 14º salários. Na Grécia, nesta quinta-feira, os trabalhadores abriram dezembro realizando a primeira greve geral contra o recente pacote de ajuste estrutural do FMI, encaminhado pelo gabinete de Papademos. É sua sexta greve geral em 2011. O presente de grego do fundo monetário para “salvar” a Grécia prevê a demissão imediata de 16.000 trabalhadores do serviço público, uma liberalização acelerada dos monopólios estatais e a privatização das estatais gregas de geração de energia. Os rastros de destruição deixados pela crise capitalista em curso vêm ensinando dramaticamente aos trabalhadores europeus que, enquanto existir capitalismo, o futuro é o socialismo.
Aqui, a “greve por tempo indeterminado”, iniciada na assembleia geral de 18 de novembro, pelas implacáveis determinações da conjuntura, não mais consegue se sustentar. O esforço heróico dos companheiros mobilizados, que se empenharam em levar esta greve a bom termo, não foi suficiente para reverter as enormes dificuldades encontradas pelo movimento. A expectativa depositada pela direção do sindicato na possibilidade de que a greve já e por tempo indeterminado viesse a empolgar a base e “decolar”, revela-se agora o que foi desde o início: um desejo ardente em corações vibrantes e generosos. Assim, necessidade de continuarmos a luta pelo pagamento integral e imediato do Piso permanece. A necessidade de derrotarmos o projeto de desestruturação do Ensino Médio do Banco Mundial continua na ordem do dia. A necessidade da retomada desta luta em 2012 mantêm-se, inelutavelmente. Nenhum discurso, por mais triunfalista que seja, pode obscurecer o fato de não termos sido capazes de fazer avançar nossas reivindicações, de não termos alcançado uma vitória. Entretanto, o derrotismo também não encontra lugar em nossa cultura política. Os trabalhadores que lutam não podem ser derrotados, exatamente porque não se deixam derrotar. E é em respeito a eles que esperamos contribuir no esforço de examinar criticamente alguns aspectos da história desta greve.
No desencadeamento desta greve, voluntarismo pequeno-burguês e a ousadia pueril prevaleceram, substituindo a clássica recomendação de situar a luta sobre a análise concreta da situação concreta. Os relatos das posições das escolas trazidas por seus representantes, por todo o lado contrários à greve por tempo indeterminado no final do ano, ficaram subsumidos em votações obtidas, muitas vezes, por maiorias artificialmente constituídas. Além disso, ignorou-se também que o desgaste natural da categoria, típico em finais de ano considerados normais, em 2011 tornara-se ainda mais grave, pois além de ver-se frustrada em seus anseios de trégua com a eleição do PT, percebia claramente que recrudesciam contra si os ataques do governo Tarso.
A proposta de uma greve por tempo determinado, com uma assembléia na ponta, que foi a proposta defendida pela Unidade Classista no conselho Geral, expressava um entendimento claro e maduro dos limites que esta greve iria enfrentar. Em primeiro lugar, é evidente que uma greve por tempo determinado nos daria melhores condições persuadir os colegas, nas escolas que não se dispunham a fazer uma “greve até a vitória”, a aderirem ao movimento. Em segundo lugar, o centro de uma política consequente de ampliação quantitativa que, nas condições concretas desta greve, deveria consistir em se desafiar aquelas escolas não aderentes a encontrarem formas de evidenciarem objetivamente seu compromisso de solidariedade com a nossa luta, teria sido percebido imediatamente pela militância. Reconhecer esta política não só nos teria poupado desgastes inúteis, como poderia ter facilitado a tarefa, que para nós esteve sempre presente nesta greve, de uma retomada desta luta, em condições mais favoráveis, no ano que vem. Aliás, todo o esforço dos militantes da UC nesta greve orientou-se pela convicção de que através dela poderíamos acumular forças para relançar uma jornada de lutas massiva em março de 2012. Em terceiro lugar, a opção por uma greve por tempo determinado não teria sido apenas uma posição responsável e cautelosa, mas representaria de fato, a entrega à base da categoria do controle sobre o movimento. Além disso, a suposição que entendíamos infundada de que as nossas reivindicações pudessem prosperar nas negociações com o governo, com certeza não contribuiu para preparar o ânimo da militância, que se entregou à luta, para o desfecho desta greve.
As fragilidades organizativas da categoria se expressaram nesta greve em toda sua inteireza. Torna-se evidente que o preparo da retomada da nossa luta vai exigir um trabalho sério, sistemático de organização e mobilização na base, que feche os espaço para o vanguardismo de aventura. As definições de eixo da greve, até então concebidas como irretocáveis, tiveram que ser reformuladas durante a greve. A centralidade da questão do Piso, afirmada pela direção do sindicato desde o início das caravanas, não repercutiu nem nas escolas, nem nas ruas, tão fortemente quanto o ataque à escola pública representado pelo projeto de desestruturação do Ensino Médio, e coube ao Comando Geral de Greve fazer a devida correção do eixo. As perspectivas de ampliação da luta junto aos estudantes mostraram-se promissoras. E há muito trabalho a ser feito. Seguir elucidando e arregimentando forças contra o Projeto de Reestruturação do Ensino Médio deve permanecer em nossa agenda. Enraizar este trabalho em cada escola, em cada comunidade, em cada município deste estado também! A luta pelo pagamento integral e imediato do Piso da CNTE e a luta contra o Projeto de desestruturação do Ensino Médio devem ser tratadas e compreendidas como uma reivindicação unitária, indissoluvelmente ligadas, pois contra a ameaça do economicismo e do corporativismo nenhuma precaução é demasiada.
Pelo pagamento imediato e integral do Piso Nacional da CNTE, retroativo à 2008,
para derrotar o Projeto de Desestruturação do Ensino Médio do Banco Mundial, de Yeda e de Tarso
e pelos 10% do PIB para a Educação.
CONTATO UNIDADE CLASSISTA - RS
(Goretti Grossi) mg.grossi@yahoo.com.br
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