terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Coordenador de ocupação do MST na Usina Cambahyba é assassinado no Rio


site do PCB

27 JANEIRO 2013 
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26 de janeiro de 2013
O trabalhador rural e militante do MST Cícero Guedes foi assassinado por pistoleiros nesta sexta-feira (25/1), nas proximidades da Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (RJ).
Cícero foi baleado quando saía do assentamento de bicicleta. Nascido em Alagoas, ele foi cortador de cana e coordenava a ocupação do MST na usina, que é um complexo de sete fazendas que totaliza 3.500 hectares.
Esse latifúndio foi considerado improdutivo, segundo decisão do juiz federal Dario Ribeiro Machado Júnior, divulgada em junho.A área pertencia ao já falecido Heli Ribeiro Gomes, ex-vice governador biônico do Rio, e agora é controlada por seus herdeiros.
Cícero Guedes era assentado desde 2002 no Sítio Brava Gente, no norte do Rio de Janeiro, no assentamento Zumbi dos Palmares, mas continuou a luta pela Reforma Agrária. Era uma referência na construção do conhecimento agroecológico tanto entre os companheiros de Movimento como também entre estudantes e professores da Universidade do Norte Fluminense.
No lote, ele desenvolvia técnicas da agroecologia, com uma diversidade de plantas , respeitando a natureza e aproveitando de tudo que ela poderia dar. Começou com o plantio de sua cerca viva de sabiá, que viu sua propriedade melhorar visualmente e também obter uma boa fonte de renda.
Cícero também era conhecido pelas suas bananas, presentes em muitas partes do lote, consorciadas com leguminosas, milho e espécies frutíferas.Os filhos cresceram vendo a experiência se desenvolver e aprenderam com o pai que os alimentos produzidos na agroecologia  têm  qualidade superior aos do supermercado
O agricultor assentado Cícero Guedes dos Santos, desde o inicio da ocupação do seu lote em 2002, já possuía o desejo de ter em sua área diversidade de plantas , respeitando a natureza e aproveitando de tudo que ela poderia dar. A natureza , inclusive, foi a fonte de inspiração para esse tipo de consciência e o entendimento da mesma fez com que esse sentimento de preservação e convívio fosse dia-a-dia aumentando.
Violência do latifúndio
O complexo de fazendas tem sido palco de todo tipo de violência: exploração de trabalho infantil, exploração de mão de obra escrava, falta de pagamento de indenizações trabalhistas, além de crimes ambientais.
Em dezembro, o Incra fez o compromisso de criar um assentamento na área da usina, mas até agora não avancou no sentido de assentar as famílias.
A morte da companheiro Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos Sem Terra e da lentidão do Incra para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária. O MST exige que os culpados sejam julgados, condenados e presos.
As fazendas da Usina Cambahyba acumulam dívidas de milhões com a União e seu processo de desapropriação está paralisado há 14 anos — desde que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) considerou aquelas terras improdutivas e passíveis de desapropriação para fins de reforma agrária.
Porém, a dívida da usina não se limita ao aspecto financeiro. No último mês de maio, os brasileiros ficaram estarrecidos com a revelação de que os fornos de Cambahyba foram usados para incinerar corpos de 10 militantes políticos durante a ditadura civil-militar brasileira. A confissão do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra, consta no livro “Memórias da uma guerra suja” e foi divulgada por toda a imprensa.
Até hoje, porém, a Justiça Federal impede a desapropriação da área e já determinou despejos violentos de famílias que reivindicam a terra. Essa é a segunda vez que o MST realiza uma ocupação na área da usina.
A primeira foi em 2000, e seis anos depois, as Polícias Federal e Militar, por decisão da Justiça Federal de Campos, despejaram as 100 famílias que haviam criado o acampamento Oziel Alves II.
http://www.mst.org.br/content/coordenador-de-ocupa%C3%A7%C3%A3o-do-mst-na-usina-cambahyba-%C3%A9-assassinado-no-rio

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DECLARAÇÃO CONJUNTA DAS FARC-EP E O PCB


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DECLARAÇÃO CONJUNTA DAS FARC-EP E O PCB
Reunidos em Havana, capital mundial da paz e da solidariedade internacional, representantes das FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) e do PCB (Partido Comunista Brasileiro) passaram em revista a conjuntura mundial, sobretudo a da América Latina, e da Colômbia em particular, dedicando-se com afinco a estudar
possibilidades e alternativas que contribuam para uma expressiva mobilização das forças políticas e sociais antiimperialistas do nosso continente e de outros países, com vistas à criação de um amplo, unitário e pujante movimento pela paz democrática com justiça social na Colômbia e pelo cumprimento do que venha a ser eventualmente estabelecido nos diálogos por uma solução política do conflito colombiano.
Coincidem as organizações políticas que firmam a presente declaração com a necessidade de conscientizar as forças progressistas de Nuestra America de que a solução política do conflito colombiano é  do interesse de todos os povos irmãos da região, inclusive para a continuidade e desenvolvimento dos heterogêneos processos de mudanças que fazem de nosso continente objeto de esperanças dos povos e, por isso mesmo, de projetos golpistas e intervencionistas do imperialismo.
A paz frente ao imperialismo na América Latina, requisito para o avanço dos processos de mudanças, no caminho ao socialismo, depende da paz democrática em Colômbia.
E depende, ao mesmo tempo, de uma firme unidade internacionalista de solidariedade militante:
- à Revolução Cubana - inspiração de todas nossas rebeldias e exemplo de que é possível vencer nossos inimigos – nossa saudação a Fidel e Raul, ao partido e ao povo cubano, confiantes nos ajustes para avançar no socialismo, no fim do bloqueio desumano e na libertação dos Cinco Heróis de todos os povos;
- à Revolução Bolivariana da Venezuela - que passa por um momento de consolidação e de possibilidade de trânsito ao socialismo – nossos votos de restabelecimento do Presidente Hugo Chávez, nossa confiança nos partidos que compõem o Pólo Patriótico e no protagonismo do proletariado venezuelano;
- aos demais processos diferenciados de mudanças na América Latina, onde se destacam os desenvolvimentos na Bolívia, no Equador e na Nicarágua;
- à reivindicação argentina em relação às Ilhas Malvinas e à defesa de sua lei sobre os meios de comunicação, exemplo de contraponto à manipulação da mídia burguesa;
- à luta dos povos paraguaio e hondurenho contra os golpistas que violaram a vontade popular, a serviço das oligarquias locais e do imperialismo;
- à luta de todos os demais povos de Nuestra America, das suas organizações antagônicas à ordem que se dedicam a empurrar seus governos para o caminho das mudanças progressistas ou para derrotá-los e substituí-los.
Como internacionalistas, não podemos deixar de olhar o mundo em seu conjunto, analisando o agravamento da crise sistêmica do capitalismo, que pode conferir vigência dramática à disjuntiva socialismo ou barbárie.
Assim, denunciamos a aliança entre os países imperialistas centrais, coadjuvados pelo sionismo que, pela força das armas, recolonizam o mundo, tendo no momento como prioridade a dominação do Oriente Médio e da África, por suas posições estratégicas e imensas riquezas naturais.
Desta forma, registramos nossa solidariedade militante à luta pela Palestina Livre, repudiamos a intervenção estrangeira na Síria, que tem como objetivo fortalecer o projeto expansionista de Israel e de colocar o Irã às portas de uma guerra imperialista. E repudiamos a atual intervenção no Mali, parte do projeto que começou com a ocupação da Líbia, com vistas ao domínio de todo o território africano.
Saudamos o renascer das lutas dos trabalhadores europeus e de outros continentes em face da ofensiva do capital para que paguem pela crise.
Diante do crescente aumento da repressão e criminalização das lutas populares, da retirada de direitos e das guerras de rapina, nada mais vigente que a consigna de Marx e Engels, no Manifesto Comunista:
Proletários de todo o mundo, uni-vos!
Havana (Cuba), 16 de janeiro de 2013
Assinam:
Iván Marquez – Chefe da Comissão Internacional das FARC
Ivan Pinheiro – Secretário Geral do PCB


DECLARACIÓN CONJUNTA DE LAS FARC-EP Y El PCB
Reunidos en La Habana, capital mundial de la paz y de la solidaridad internacional, representantes de las FARC-EP (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia – Ejército del Pueblo) y del PCB (Partido Comunista Brasileño) pasaron en revista la coyuntura mundial, sobre todo la de América Latina, y de Colombia en particular, dedicándose con hinco a estudiar posibilidades y alternativas que contribuyan para una expresiva movilización de las fuerzas políticas y sociales antiimperialistas de nuestro continente y de otros países, con vistas a la creación de un amplio, unitario y pujante movimiento por la paz democrática con justicia social en Colombia y por el cumplimiento del que venga a ser eventualmente establecido en los diálogos por una solución política del conflicto colombiano.
Coinciden las organizaciones políticas que firman la presente declaración con la necesidad de concientizar las fuerzas progresistas de Nuestra América de que la solución política del conflicto colombiano es de interés de todos los pueblos hermanos de la región, incluso para la continuidad y desarrollo de los heterogéneos procesos de cambios que hacen de nuestro continente objeto de esperanzas de los pueblos y, por eso aún, de proyectos golpistas yintervencionistas del imperialismo.
La paz frente al imperialismo en América Latina, requisito para el avance de los procesos de cambios, en el camino al socialismo, depende de la paz democrática en Colombia.
Y depende, a la vez, de una firme unidad internacionalista de solidaridad militante:
- a la Revolución Cubana - inspiración de todas nuestras rebeldías y ejemplo de que es posible vencer nuestros enemigos – nuestro saludo a Fidel y Raul, al partido y al pueblo cubano, seguros en los ajustes para avanzar en el socialismo, en el fin del bloqueo inhumano y en la liberación de los Cinco Héroes de todos los pueblos;
- a la Revolución Bolivariana de Venezuela - que pasa por un momento de consolidación y de posibilidad de transición al socialismo – nuestros votos de restablecimiento del Presidente Hugo Chávez, nuestra confianza en los partidos que componen el Polo Patriótico y en el protagonismo del proletariado venezolano;
- a los demás procesos diferenciados de cambios en América Latina, donde se destacan los desarrollos en Bolivia, en Ecuador y en Nicaragua;
- a la reivindicación argentina en relación a las Islas Malvinas y a la defensa de su ley sobre los medios comunicacionales, ejemplo de contrapunto a la manipulación de los medios de comunicación burgués;
- a la lucha de los pueblos paraguayo y hondureño contra los golpistas que violaron la voluntad popular, a servicio de las oligarquías locales y del imperialismo;
- a la lucha de todos los demás pueblos de Nuestra América, de sus organizaciones antagónicas a la orden que se dedican a empujar sus gobiernos para el camino de los cambios progresistas o para derrotarlos y sustituirlos.
Como internacionalistas, no podemos dejar de mirar el mundo en su conjunto, analizando el agravamiento de la crisis sistémica del capitalismo, que puede conferir vigencia dramática a la disyuntiva socialismo o barbarie.
Así, denunciamos la alianza entre los países imperialistas centrales, coadyuvados por el sionismo que, por la fuerza de las armas, recolonizan el mundo, teniendo en el momento como prioridad la dominación de Oriente Medio y de África, por sus posiciones estratégicas e inmensas riquezas naturales.
De esta forma, registramos nuestra solidaridad militante a la lucha por la Palestina Libre, repudiamos la intervención extranjera en la Siria, que tiene como objetivo fortalecer el proyecto expansionista de Israel y de colocar Irán a las puertas de una guerra imperialista. Y repudiamos la actual intervención en Malí, parte del proyecto que comenzó con la ocupación de Libia, con vistas al dominio de todo el territorio africano.
Saludamos el renacer de las luchas de los trabajadores europeos y de otros continentes en faz de la ofensiva del capital para que paguen por la crisis.
Delante del creciente aumento de la represión y criminalización de las luchas populares, de la retirada de derechos y de las guerras de rapiña, nada más vigente que la consigna de Marx y Engels, en el Manifiesto Comunista:
¡Proletarios de todo el mundo, uníos!
La Habana (Cuba), 16 de enero de 2013
Firman:
Iván Marquez – Jefe de la Comisión Internacional de las FARC
IvanPinheiro– Secretario General del PCB



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domingo, 20 de janeiro de 2013

A carona neoliberal na reestruturação urbana


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Copa e Olimpíadas são utilizadas para elitizar e mercantilizar as cidades brasileiras.
A reportagem é de Vivian Virissimo e publicada pelo jornal Brasil de Fato, 17-01-2012.
De um lado uma nova imagem de cidade, competitiva e atraente aos olhos dos grandes investidores. De outro, o descaso com os segmentos pobres que estão sendo expulsos de suas moradias. Muito além das competições esportivas, por trás dos megaeventos está em jogo uma reestruturação urbana de grande envergadura gerenciada na última década pelo Partido dos Trabalhadores (PT). As gestões de Luiz Inácio Lula da SilvaDilma Rousseff têm feito investimentos pesados que transformarão as grandes metrópoles brasileiras, de norte a sul e de todas as regiões brasileiras.
Além das obras de estádios e instalações esportivas para a Copa do Mundo 2014 e para os Jogos Olímpicos 2016, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vai tirar do papel projetos de mobilidade urbana e vai reformar e ampliar aeroportos e portos. Dados oficiais do Portal da Copa informam que o evento agregará R$ 183 bilhões ao PIB do país e mobilizará R$ 33 bilhões em investimentos em infraestrutura. Os gastos das Olimpíadas, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), são de R$ 5,6 bilhões custeados pela venda dos ingressos e por recursos privados.
De acordo com o coordenador do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Orlando dos Santos Júnior, todas essas mudanças estão sendo legitimadas pelos megaeventos, mas estão inseridas num panorama mais abrangente de reestruturação urbanística no país. “Esta reestruturação é muito superior aos megaeventos em si. A intelectualidade e setores da imprensa têm dificuldade de reconhecer o fenômeno urbano no Brasil, sobretudo porque há uma forte tendência de falar em desenvolvimento econômico levando em conta apenas o agronegócio, sem reconhecer a dinâmica das mudanças que atravessam as cidades”, explicou.
Além disso, na avaliação do pesquisador, não se pode analisar esta reestruturação apenas pela ótica dos partidos pois há o risco de não se compreender todo o processo. “Penso que não é possível associar essas mudanças aos ciclos partidários e sim às coalizões que atravessam esses governos”, afirmou. Ele ressaltou que essas coalizões não são as mesmas nas distintas metrópoles brasileiras e usou o caso da nova gestão petista na prefeitura de São Paulo para exemplificar. “É difícil fazer essa relação pois não se pode dizer que o petista Fernando Haddad, por exemplo, vá romper com modelo de governança de Gilberto Kassab do PSD”, analisou.
Numa perspectiva histórica, Santos avalia que, nos dez anos do PT e nos 12 anos de governos de Fernando Henrique Cardoso, Itamar FrancoFernando Collor de Mello há linhas de continuidade do aprofundamento do neoliberalismo, mas reconhece que também há especificidades no governo de Lula eDilma. “Este é um modelo paradoxal que combina políticas neoliberais no plano local que convivem com políticas keynesianas e distributivas no plano federal. O neoliberalismo brasileiro depende de políticas distributivas, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, para dar certo. É o que chamamos de uma nova governança empreendedorista neoliberal”, concluiu.
Para ele, essa nova governança faz com que o governo atue dentro da lógica empresarial, quando o poder público passa a assumir como tarefa primordial o desenvolvimento econômico, em detrimento do desenvolvimento social. Nesse modelo, o governo federal passa a assumir uma série de riscos, quando, por exemplo, passa a atuar de forma integrada nas parcerias público-privadas, as PPPs. Nessas parcerias, o setor privado financia e executa determinada obra ou serviço em troca do direito de concessão. No caso da Copa, segundo dados do Ministério Público Federal (MPF), o poder público está bancando mais de 60% das obras dos estádios via empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Santos ressaltou que essas parcerias consistem num novo arranjo institucional que está sendo difundido no país em função dos megaeventos. A lei que regulamenta este tipo de contrato é de 2004 e a primeira PPP saiu do papel em 2010. “Nessas PPPs o poder público atua como protagonista na abertura de áreas atrativas para o investimento de negócios privados. Porém, a maneira como isso é operado é bastante complexa e contraditória”, disse. Dos 12 estádios, cinco estão sendo construídos nestes moldes: Machadão, em Natal; Mineirão, em Belo Horizonte; Fonte Nova, em Salvador; Arena Pernambuco, em Recife; e o Castelão, em Fortaleza. Além disso, os projetos de mobilidade urbana com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) também se enquadram nesse quesito. No caso dos jogos de 2016, o Parque Olímpico também será viabilizado numa PPP com as construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken.
Lógica da cidade-empresa
Na avaliação do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), por trás da Copa e das Olimpíadas existe um projeto de cidade em que o esporte e o futebol estão sendo usados para legitimar a elitização e mercantilização da cidade. “É fundamental perceber qual o projeto de cidade por trás dos megaeventos. É muito importante entender as remoções a partir dessa concepção de cidade-empresa, pois a cidade inteira será afetada nesse processo.” Para ele, esse modelo de cidade-empresa não contempla a perspectiva de uma cidade para todos. “O Rio de Janeiro, por exemplo, nunca foi tão caro, nunca teve tanta violência e poder autoritário como agora”, argumentou.
Freixo destacou que na preparação dos megaeventos os instrumentos democráticos que vigoram começam a ser desrespeitados. A execução do projeto Rio Olímpico, por exemplo, estaria flexibilizando a aplicação de licenciamentos ambientais e o Plano Diretor do município. “É a lógica da cidade-empresa que é vendida como o que há de mais moderno no mundo, porém, nesse modelo o poder público inexiste e sucumbe porque vira uma agência reguladora dos interesses privados. O norte passa a ser o interesse privado e a Prefeitura vira um balcão de negócios”, criticou.
Para ele, uma análise sobre Estado mínimo também deve ser levada em conta quando se tenta compreender a conjuntura brasileira sobre megaeventos. “Não podemos esquecer que em todo lugar que o modelo do Estado mínimo se tornou vitorioso, ele precisou ser um Estado máximo de repressão, do discurso da ordem e do controle desta população que está fora do processo de cidadania. O Estado mínimo é sempre acompanhado do discurso contra a pobreza e de criminalização dos movimentos sociais”, contextualizou.
Remoções e despejos
As remoções são o tipo de violação mais comum em países que já foram sede de megaeventos. De acordo com estimativa feita por pesquisadores brasileiros e pela Articulação Nacional dos Comitês da Copa e das Olimpíadas, 170 mil pessoas foram retiradas de suas moradias para dar passagem às obras. Deste número, emerge um padrão claro e de abrangência nacional: as remoções são executadas pelo poder público municipal com o apoio das instâncias estaduais e, em alguns casos, federais.
Outro fato importante é que o baixo valor das indenizações invariavelmente realoca essas populações para áreas afastadas dos grandes centros que contam com serviços públicos precarizados, na maioria das vezes sem coleta de lixo, saneamento e além disso ficam distante de escolas, postos de saúde e de serviços de transporte. Com a remoção, essas famílias deixam de se beneficiar com as intervenções que estão por acontecer nos centros urbanos, por exemplo.
Além disso, as indenizações pelas moradias são muito aquém do preço de mercado daquelas áreas que serão objeto de intensa valorização imobiliária. No Rio de Janeiro, no início do processo de indenizações, algumas famílias receberam apenas R$ 6 mil por suas moradias. Depois de muitos conflitos, um decreto presidencial estipulou o valor mínimo de R$ 30 mil e que já pode chegar a R$ 80 mil em casos isolados. A forma que essa indenização ocorre, contudo, varia de lugar para lugar. Em Porto Alegre, por exemplo, a prefeitura avalia a nova residência ao invés de avaliar a atual moradia, cujo valor não poderá ultrapassar R$ 55 mil. Em São Paulo é mais comum o pagamento de cheque-aluguel no valor de R$ 400, prática que também acontece no Rio.
O atraso no pagamento dessas indenizações também é um problema que agrava ainda mais a situação. No Rio de Janeiro, por exemplo, cerca de vinte moradores removidos da comunidade Restinga, no Recreio dos Bandeirantes, estão há dois anos sem receber o pagamento. Eles faziam parte do grupo que estava organizado na resistência contra o despejo forçado. “Nós lutamos contra a remoção, e parece que servimos de exemplo para as outras comunidades não brigarem por seu direitos”, disse Michel que já morou de favor, de aluguel, e agora está construindo uma casa em Pilares, na zona norte. “Antes morava num lugar tranquilo, agora estou perto do morro e é tiroteio direto. Não pego o BRT (ônibus) porque não dá, vem lotado, e acabo demorando duas horas pra ir e mais duas pra voltar”, acrescentou.
O caso de Michel, morador da Restinga, é mais um caso que está sendo acompanhado por comitês populares da Copa e das Olimpíadas que estão organizados nas 12 capitais que receberão os jogos. Além de acompanhar a situação das comunidades atingidas, os integrantes da articulação nacional também produzem dossiês que relatam criteriosamente casos de remoções espalhadas no país e de outras violações de direitos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Os destinos da Colômbia e da Venezuela se cruzam em Havana

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Ivan Pinheiro*
Não é coincidência que dois entre os mais importantes acontecimentos da América Latina nos últimos anos estejam se desenvolvendo numa mesma pequena ilha do Caribe, com uma população menor que de muitas cidades do continente.
Cuba é a capital mundial da solidariedade internacional, que tem sido um caminho de mão dupla, nesses 54 anos da Revolução Socialista. Os povos amigos protegem-na de inimigos poderosos, que não perdoam sua rebeldia e gostariam de acabar com este exemplo teimoso e irreverente. O internacionalismo é uma das principais marcas da gênese da Revolução Cubana.
Hugo Chávez escolheu Cuba para tratar de sua grave enfermidade não apenas pela excelência de sua medicina, que se desenvolveu em função do compromisso da revolução com a saúde do povo.
Chávez escolheu Cuba por sua confiança no povo, no partido e na liderança cubana. É também um gesto que valoriza Cuba aos olhos do mundo e estreita as relações fraternas entre venezuelanos e cubanos, seja qual for o desfecho da luta pela vida dos Comandantes Fidel Castro e Hugo Chávez.
Como os dois não são fisicamente imortais, não é “pecado” refletirmos sobre cenários, apesar de nossas esperanças de que ambos vivam tanto quanto Oscar Niemeyer!
A eventual ausência de Hugo Chávez é mais complexa que a de Fidel Castro, porque em Cuba a construção do socialismo tem raízes sólidas, ao passo que na Venezuela a luta de classes está num momento decisivo, em que ou a atual revolução nacional e democrática radicaliza no caminho do socialismo ou corre o risco de sucumbir. A presença física de Chávez tem um significado importante na luta anti-imperialista, na Venezuela, na América Latina e em âmbito mundial, ao passo que a herança de Fidel já é uma obra completa a inspirar a unidade e a rebeldia dos explorados. Além do mais, Raul Castro é um revolucionário convicto e mais experiente que Nicolás Maduro, ainda uma esperança.
Sem deixar de valorizar o sentimento popular pela volta de Chávez, parece-me que a liderança venezuelana no país deveria colocar em relevo a necessidade de reforçar a organização e a mobilização das massas, para o que der e vier.
É preciso amadurecer ainda mais a consciência dos trabalhadores venezuelanos para que valorizem seus ganhos até agora e para que lutem para não perdê-los e ampliá-los, entendendo que a manutenção do processo de mudanças, seu avanço e a possibilidade de transitar ao socialismo dependerão, mais do que nunca, de tomarem o processo em suas mãos e o radicalizarem, com formas de luta para além dos eventos eleitorais, que no entanto seguirão sendo importantes na Venezuela, onde são polarizadas entre campos políticos antagônicos.
O papel de Chávez, ao sacudir a América Latina e provocar uma polarização em seu país é uma herança indelével. Mas repetindo o que escutei em Caracas do histórico dirigente do Partido Comunista de Venezuela, Jerônimo Carrera, “a revolução não se faria sem Chávez; mas não se fará só com Chávez”.
Da mesma forma que o destino da Venezuela está em parte sendo jogado em Havana, não foi à toa que aqui também se instalou no fim do ano passado a mesa de diálogos que, a depender de muitos e complexos fatores, pode resultar numa solução política para o conflito social e militar colombiano.
Em que outro país a experiente insurgência colombiana se sentiria segura para fazer descer das montanhas alguns de seus melhores quadros e colocá-los à frente do mundo para, de cabeça erguida, expor as razões e os objetivos que lhes levaram a pegar e se manter em armas e as condições que estabelecem para depô-las?
E quem diria que um estado terrorista, principal agente do imperialismo no continente, com seus “sete punhais apontados para as costas da América Latina”, nas palavras de Fidel Castro para se referir às bases norte-americanas instaladas na Colômbia, aceitaria sentar-se à mesa com uma organização política insurgente e comunista, até poucos dias satanizada como “narco-terrorista”? Ainda mais sendo anfitrião e fiador desse diálogo um país que se tornou socialista em função do exercício heróico do direito de rebelião dos povos! Um país que absurdamente até hoje não foi admitido como Estado membro da OEA – que exatamente por isso está com os dias contados - mas tem recebido a solidariedade da esmagadora maioria das nações que condenam anualmente na ONU o cruel bloqueio que o imperialismo lhe impõe.
O fato de os diálogos para a paz na Colômbia serem em Havana desmoraliza este cinquentenário bloqueio. Para coroar o protagonismo de Cuba, a partir de fevereiro a Ilha Rebelde ocupará a Presidência pro tempore da CELAC, Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe, uma espécie de OEA sem os Estados Unidos e o Canadá.
É evidente que o estado colombiano quer a paz não porque seu novo presidente é um humanista, pacifista. Santos foi o Ministro de Defesa de Uribe, que comandou o Plano Colômbia, a mais poderosa e violenta tentativa de destruir militarmente as guerrilhas. Se isso lhe tivesse sido possível, não tomaria a iniciativa de propor os diálogos de paz. Os vencedores de uma guerra não procuram diálogo com os vencidos; impõem-lhes a rendição.
O fato é que o setor hegemônico da oligarquia colombiana, já que não consegue exterminar as guerrilhas e ocupar o território que elas dominam, precisa do fim do conflito militar como requisito para melhor expandir seus negócios, ampliando as fronteiras do agronegócio e a exploração de riquezas minerais. O silêncio do imperialismo é um sinal verde tácito aos diálogos, até porque os projetos da oligarquia local estão articulados e subalternos ao grande capital estrangeiro, nomeadamente o norte-americano.
É verdade que há uma parte da oligarquia colombiana, mais ligada ao latifúndio, aos paramilitares e ao tráfico de armas e drogas, que perde com o fim do conflito militar e por isso boicota os diálogos. Já o imperialismo ganha e pretende não perder com a paz, no caso de continuar vendendo armas para o estado colombiano e de o manter como sua principal base militar na América Latina. Aliás, juntamente com a questão agrária, o fim do terrorismo de estado, do paramilitarismo e da ocupação norte-americana será um dos temas mais nevrálgicos da agenda dos diálogos.
Mas o povo colombiano não quer a paz pela paz, não quer a paz dos cemitérios como aquela dos anos 1980/90, quando foram cruelmente assassinados milhares de militantes desarmados da União Patriótica, uma organização política legal que se formou a partir de um acordo de paz traído pelo estado colombiano.
O povo colombiano quer uma paz democrática com justiça social e econômica. Para isso, alguns requisitos são fundamentais. Um deles encontra-se em pleno desenvolvimento: a crescente mobilização e unidade das organizações populares no país e seu envolvimento cada vez maior nos debates sobre a pauta dos diálogos, o que, contra a vontade do governo colombiano, marca a presença popular nas reuniões em Havana.
A Marcha Patriótica é a principal expressão do ascenso do movimento de massas, reunindo cerca de duas mil organizações de trabalhadores da cidade e do campo, de indígenas, afrodescendentes, jovens, mulheres e do proletariado em geral. Além da Marcha Patriótica, há outros movimentos populares importantes, como o Congresso dos Povos.
Outro requisito indispensável é a solidariedade internacional ao povo colombiano e a todas as suas organizações que lutam por uma Colômbia justa, democrática e anti-imperialista, independente de suas formas de luta, todas legítimas.
O PCB, aqui representado em Havana, reitera sua fidelidade incondicional à Revolução Cubana, sua solidariedade ao povo e ao partido cubanos, em sua batalha para o avanço do socialismo e na luta contra o bloqueio e pela liberdade dos nossos Cinco Heróis.
Mas em função da importância da questão colombiana na América Latina, estamos aqui em Havana também para registrar nossa solidariedade aos que representam na mesa de diálogos os interesses dos trabalhadores da cidade e do campo, dos povos indígenas e do proletariado desse país, em que o terrorismo do estado burguês é anterior à insurgência e a causa de seu surgimento e persistência.
Nosso objetivo principal nesses dias aqui em Cuba tem sido procurar contribuir para iniciativas de apoio ao povo colombiano, sobretudo a criação de um amplo movimento latino-americano e mundial que influa positivamente para viabilizar uma solução política para o conflito social e militar e, mais do que isso, para cobrar e assegurar o cumprimento do que porventura vier a ser acordado entre as partes.
Esta solidariedade não é uma tarefa apenas para os comunistas e a esquerda em geral. Ela só terá êxito se lograr ser a mais ampla e unitária possível, incluindo todos as organizações políticas e sociais e toda a intelectualidade e individualidades progressistas, humanistas, pacifistas e anti-imperialistas.
Havana, 16 de janeiro de 2013
*Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PCB lança concurso cultural para logomarca do Centro de Formação Astrojildo Pereira



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O Partido Comunista Brasileiro acaba de lançar concurso cultural que visa escolher a logomarca do Centro de Formação Astrojildo Pereira, cuja sede foi adquirida no final de 2012. A participação é livre e as artes devem ser encaminhadas em formato digital para o e-mail  pcb@pcb.org.br .
"Todos podem participar: desenhistas, artistas plásticos, designers gráficos, militantes e amigos do Partido", afirmou o secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro.
A arte vencedora, que será escolhida pelo Secretariado Nacional do PCB, receberá ampla divulgação e seu autor será premiado com uma coleção de todas as publicações já editadas pela Fundação Dinarco Reis.

domingo, 13 de janeiro de 2013

UMA VITÓRIA DOS POVOS DA AMÉRICA LATINA




10 DE JANEIRO DE 2013:

Ivan Pinheiro (*)

Desde Havana, onde cumpro agenda política de iniciativa do PCB, tenho o privilégio de olhar a conjuntura internacional sem as lentes turvas da mídia burguesa.
A leitura diária do Granma e a assistência noturna dos canais de televisão cubanos e venezuelanos permitem o conhecimento de notícias que, no Brasil, só obtemos através de fontes alternativas.
Todos os meios de comunicação brasileiros são burgueses e, entre estes, os hegemônicos são do campo da direita política aliada ao imperialismo, sobretudo o norte-americano. Rigorosamente, todos os jornais diários e todos os canais de televisão e rádio abertos defendem os privilégios e cultuam os valores da ordem capitalista.  
A rica troca de informações e pontos de vista com camaradas cubanos, venezuelanos, colombianos e jovens comunistas brasileiros que estudam na ilha rebelde são também importante fonte de conhecimento.
Este primeiro comentário desde Havana dedico a um dia que ficará na história. O 10 de janeiro de 2013 passou sem que a oligarquia venezuelana e o aparato midiático imperialista lograssem criar um clima de golpe e desestabilização política que vinham urdindo desde que surgiram indícios de que Hugo Chávez não teria condições de saúde para estar em Caracas para o juramento de posse, uma formalidade transformada em cláusula pétrea e sine qua non.
A montanha pariu um rato. A oposição de direita não conseguiu realizar qualquer ato público significativo e suas ameaças caíram no ridículo. Enquanto isso, em torno do Palácio Miraflores, em Caracas, uma multidão incalculável promoveu uma combativa e emotiva manifestação, sob a consigna Todos Somos Chávez, em cujo momento culminante o povo jurou uníssono perante a constituição nacional, blindou e legitimou a posse de Chávez e a interinidade de Nicolás Maduro, de fato e de direito.
No Brasil e em outros países manipulados pela mídia burguesa, certamente a posse foi apresentada sem o calor popular e como um “golpe contra as liberdades democráticas”, cinicamente por aqueles que não respeitam os direitos dos trabalhadores e dos povos. Para manter seus privilégios, satanizam líderes e países adversários, transformam em “ação humanitária” a repressão, a intervenção militar, as guerras de rapina, os covardes assassinatos em massa e seletivos.
Caracas e Havana foram palcos, nos últimos dias, da mais ampla e expressiva solidariedade latino-americana da história recente. Representantes dos governos de 22 países da região estiveram presentes no dia 10 de janeiro no ato público de massas de respaldo a Hugo Chávez e ao povo venezuelano.
No ato, podíamos ver Evo Morales, Daniel Ortega, José Mujica, presidentes e mandatários de todos os países da ALBA e da Petrocaribe e até mesmo o presidente legítimo do Paraguai, Fernando Lugo.
Mais do que a importante manifestação popular, este abraço coletivo dos governos latino-americanos marcou de legitimidade o ato simbólico de posse, que já tinha a legalidade do Tribunal Superior venezuelano. O amplo apoio continental foi decisivo até para que a OEA, para constrangimento dos Estados Unidos, convalidasse o ato jurídico e político como perfeito. Este apoio silenciou a boca maldita da direita, que certamente não desistirá de tentar desestabilizar o governo e o país.
Em 11 de janeiro, alguns representantes de governos que não puderam comparecer ao ato da véspera, em Caracas, vieram a Havana saudar Fidel, Raul e o povo cubano e estar pessoalmente com Hugo Chávez, para lhe visitar e respaldar, incluindo Cristina Kirchner e Ollanta Humala.
Infelizmente, não se pode deixar de lembrar os poucos governos latino-americanos ausentes, seja em Caracas, seja em Havana.
Não foi surpresa a ausência dos governos de direita da região (Chile, Colômbia, México e os golpistas de Honduras e Paraguai). Mas foi triste e decepcionante a ausência do governo social-liberal brasileiro, ainda equivocadamente percebido por parte da esquerda mundial como um governo progressista e até anti-imperialista, quando em verdade é um governo da ordem, que administra com competência a vertiginosa expansão do capitalismo no país e no exterior, mitigando a pobreza com as migalhas de políticas compensatórias.
Como eu estava no Brasil até o dia 9 de janeiro, assistindo ao massacre midiático contra o “golpe de Chávez”, posso entender uma das razões dessa ausência: o governo brasileiro é pautado pela mídia burguesa, frente à qual “bota o rabo entre as pernas”, para usar uma expressão popular em meu país.
Mas há outro fator de natureza objetiva. O pragmatismo da política externa do estado burguês brasileiro não pode politizar nem ideologizar as relações bilaterais. Trata-se também de uma sinalização de que, com ou sem revolução bolivariana, a relação comercial continua com a Venezuela!
O Brasil que investe em Cuba e na Venezuela é o mesmo que tem como importantes parceiros comerciais a Colômbia e Israel.
Havana, 12 de janeiro de 2013
(*) Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

(Neo)desenvolvimentismo ou luta de classes?


imagem3.bp.blogspot


MARIA ORLANDA PINASSI
Às vésperas de completar 25 anos no Brasil, o neoliberalismo vem sendo o mote de importantes análises e balanços acerca do seu desempenho no país, sobretudo por estudiosos do campo da crítica marxista.
De modo breve, o processo neoliberal é apresentado em dois momentos distintos e complementares ao mesmo tempo. O primeiro marcou os anos do governo de FHC através das privatizações de empresas públicas, da desnacionalização da economia, da desindustrialização, da reprimarização da produção interna (produção e exportação de commodities) e da integração da burguesia brasileira ao imperativo capital transnacionalizado.
O momento seguinte enseja o chamado neodesenvolvimentismo, processo que caracteriza os governos Lula e Dilma. Sem romper com a lógica neoliberal, o “modelo” sugere formas neokeynesianas, de modo a administrar os estragos causados pelo neoliberalismo das gestões anteriores. Segundo consta, o Estado procuraria, então, recompor sua função (de “alívio”) social – através da criação de empregos (quase sempre precários e temporários), políticas de recuperação do salário mínimo e redistribuição de renda (Bolsas Família, Escola, Desemprego etc.) -, enquanto a economia se renacionalizaria por meio de financiamentos do BNDES à reindustrialização pautada na substituição de importações. Argumentos fortemente questionáveis visto que as empresas públicas privatizadas hoje são fortemente controladas por capitais externos (vide Vale), numa lógica em que a economia transnacionalizada do sistema reconduz o Brasil ao papel produtor de bens primários para exportação.
É desse modo subalternizado que, pelas mãos do neoliberalismo, o capitalismo brasileiro vem apresentando alguns dos melhores desempenhos econômicos do sistema. O capital, em processo de crise generalizada, tem pouco a lamentar e muito a comemorar por aqui: veja-se a estratosférica lucratividade bancária e o enorme crescimento da indústria da construção civil.  Mais impressionante ainda é o desempenho da mineração, do agronegócio, do setor energético e dos números que apontam para o grande aumento de áreas agricultáveis1, de florestas, de rios e outras tantas de proteção ambiental, invadidas e destruídas por pasto, monocultivo de cana, de soja, de celulose, de laranja, por extração mineral, por barragens.
Com razão, é unânime a condenação que se faz da hegemonia do capital financeiro sob o neoliberalismo tendo em vista as consequências sociais nefastas que provoca. Estranhamente, porém, a solução que alguns estudiosos do tema encontram para esse “impasse” vem da Economia Política e não de Marx. Ressaltam os avanços das políticas sociais dos governos petistas, mas, acometidos de uma espécie de “síndrome de Proudhon”, ouvem o sino tocar sem saber onde ele se encontra. Procuram-no num revival antidialético e romântico do Estado de Bem Estar Social, do predomínio da indústria fordista, com suas formas mais “humanizadas” de extração da mais-valia relativa. Saudades de algo que jamais existiu por aqui.
Para além dessas boas intenções, o neoliberalismo, desde suas primeiras aparições já nos anos de 1990, compõe a processualidade de uma mesma dinâmica de expansão e acumulação de riquezas baseada na superexploração do trabalho. Só que desta vez sem os entraves que as políticas keynesianas originais de controle das crises cíclicas certamente apresentariam à lógica de uma atuação absolutamente intolerante a qualquer limite.
Isso quer dizer que a década de 1990, apesar de ter registrado um desempenho econômico pior do que nos anos 1980, não foi perdida, como pensam, nem de estagnação para o capital. Durante esses anos, o neoliberalismo pôs em prática seu fundamento mais importante, aqui e em todo o mundo capitalista: interrompeu o avanço da classe trabalhadora. A reestruturação produtiva implantada destruiu empregos e a estabilidade (onde ela existia), criou o desemprego estrutural, disseminou a precarização – algo bastante familiar ao mundo do trabalho no Brasil - e começou a desmantelar cada um dos direitos trabalhistas conquistados pela classe trabalhadora desde Getúlio. Se o momento FHC criou as condições da miséria, sem, contudo, destruir completamente a classe, o momento seguinte lograria ainda maior sucesso nesta investida, criando e reproduzindo o miserável.
FHC ainda combatia a objetividade da classe trabalhadora, seus sindicatos e os movimentos sociais. Os governos de conciliação de Lula e Dilma mantiveram a política de fragilização da classe trabalhadora e investiram sobre a subjetividade do trabalhador. Numa obra magistral de engenharia política, não mais o reconhecem como antípoda do capital. Tratam sindicatos e movimentos populares como parceiros e ainda são pródigos na concessão de direitos para as chamadas “minorias”, os direitos de cidadania que vão fortalecer a democracia formal. Inegável o avanço da Lei Maria da Penha, dos direitos ampliados dos negros, dos índios e dos homossexuais. O problema é a individualização desideologizada do tratamento, devidamente orientado pelo Banco Mundial, de controle social domiserável. 2
Caminho livre para a lógica da produção destrutiva e nele não há solução jurídica capaz de conter o extermínio de comunidades indígenas, as expropriações sem fim das terras quilombolas, de pequenos produtores e trabalhadores rurais sem terra – acampados ou assentados -, não há solução possível para as remoções de levas imensas de moradores de comunidades urbanas, muito menos para conter a superexploração de mulheres e crianças ou a disseminação do trabalho escravo no campo e nas cidades.3 Para os segmentos atingidos, a criminalização e os rigores da repressão policial. Ou seja, a mais perfeita democracia hoje realizada pelo mundo do capital é a sua absoluta “tolerância” com qualquer forma de extração do sobre-trabalho: pode ser mais valia relativa, pode ser mais valia absoluta.
Vistos dessa ótica, os tempos são inegavelmente difíceis, tornando urgente a tomada de decisão: ou jogamos mais água no moinho satânico ou buscamos caminhos mais autênticos. Ou somos apologetas ou críticos radicais.
Florestan Fernandes foi categórico a respeito: “[...] defendo toda carga possível da saturação-limite dos papéis intelectuais dos sociólogos - não como servos do poder, porém agentes do conhecimento e da transformação do mundo”. Sem meias palavras, define muito claramente sua opção pela sociologia concreta baseada no “horizonte cultural socialista em sua plenitude revolucionária”.4
Não poderia dispor, portanto, de melhor companhia para dizer que não pretendo encontrar soluções para estabilizar o capital; não pretendo dar contribuição para torná-lo mais funcional; nem venho propor algum tipo de pacto social com frações da burguesia supostamente lesadas pelo imperativo capital financeiro. O ponto de vista que defendo está ideologicamente comprometido com as necessidades mais legítimas dos indivíduos que compõem a classe trabalhadora, cujo desafio maior da atualidade é conseguir transpor as misérias materiais e ideológicas e reassumir, através da luta, a condição diuturnamente vilipendiada de sujeito da história. Um primeiro passo deveria ser dado por suas organizações – ou o que sobrou delas – no sentido de compreenderem, definitivamente, que o agir revolucionário precisa aprender a se “virar” sem o canto de sereia das instituições mediadoras da ordem.
1 Há quem diga que, no Brasil, não há mais latifúndios improdutivos, então, para que Reforma Agrária? Não temos espaço suficiente aqui para demostrarmos quão questionável é essa “ideia”.
2 Ver a respeito o Projeto de Lei PPA 2012/2015 (2011) através do qual a gestão da presidenta Dilma Rousseff se propõe a enfrentar e dar visibilidade através dos programas que englobam o Plano Brasil sem Miséria.
3 Ao contrário, tudo tende a se agravar com a revisão do Código Florestal, da Mineração, da demarcação das terras indígenas.
4 Florestan Fernandes. A natureza sociológica da sociologia. São Paulo, Editora Ática, 1980 (p. 32)

MST: Aliança do governo Dilma com agronegócio emperra reforma agrária

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Nota dos Editores da página do PCB:
Ao publicarmos esta matéria na página do PCB, estamos certos de que, se houve mais desapropriações no governo FHC, isso se deveu principalmente à unidade das esquerdas e à sua combatividade, juntamente com a dos movimentos sociais, que OBRIGARAM o governo neoliberal de FHC a desapropriar mais terras no Brasil, ao passo que, com a desmobilização das lutas, em função de que alguns partidos de esquerda e movimentos sociais passaram a agir como base de sustentação dos governos social-liberais petistas, estes se viram DESOBRIGADOS a promover mais desapropriações.

Alexandre Conceição: O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais desde Collor.
O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos.
Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada neste domingo, revela que na primeira metade do mandato, 86 unidades foram destinadas a assentamentos.
O número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses, comparando ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90).

“O governo Dilma é refém dessa aliança com o agronegócio, que é o latifúndio modernizado, que se aliou com as empresas transancionais. O governo está iludido pela proteção que a grande mídia dá a essa aliança e com os saldos na balança comercial. Mas esquece que esse modelo é concentrador de terra e de renda, desemprega muita gente, desmata o meio ambiente, sobrevive usando cada vez mais venenos agrícolas, que vão se transformar em câncer”, disse Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, em entrevista à Folha.
“O governo Lula e Dilma não são governos do PT nem de esquerda. São governos de uma frente politíca de classes que reúne um amplo leque de classes sociais brasileiras. Desde a grande burguesia, o agronegócio, a classe média, a classe trabalhadora, os camponeses e os mais pobres. Essa natureza de composição dá estabilidade política ao governo e amplas margens de apoio na opinião pública, mas impede reformas estruturais, que afetariam os interesses das classes privilegiadas”, analisa Alexandre.
Abaixo, leia a íntegra da entrevista concedida pelo dirigente do MST à Folha, que publicou trechos.
Como o senhor avalia o histórico dos números de desapropriações e assentamentos? A quantidade de famílias assentadas e desapropriações vêm caindo desde 2008/2009.
Infelizmente, nos últimos dois anos do governo Lula e agora no governo Dilma, foi abandonada a política de desapropriação de latifúndios. Isso é um desrespeito à Constituição, que determina que todo latifúndio improdutivo deve ser desapropriado e dividido para quem quiser trabalhar. Em segundo lugar, a política do governo favorece a concentração da propriedade da terra em todo o país. Os latifundiários agradecem, embora depois votem nos tucanos, como o mapa eleitoral demonstrou em 2010.
Como o senhor avalia o desempenho da reforma agrária durante a gestão petista, desde 2003?
O governo Lula e Dilma não são governos do PT nem de esquerda. São governos de uma frente política de classes que reúne um amplo leque de classes sociais brasileiras. Desde a grande burguesia, o agronegócio, a classe média, a classe trabalhadora, os camponeses e os mais pobres.
Essa natureza de composição dá estabilidade política ao governo e amplas margens de apoio na opinião pública, mas impede reformas estruturais, que afetariam os interesses das classes privilegiadas. Assim, nesse tipo de governo, estão bloqueadas não só a reforma agrária, mas também a reforma tributária, a reforma política, a reforma do judiciário, a reforma industrial, a reforma urbana e a reforma educacional. O governo não consegue nem aprovar a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, que é uma questão civilizatória e que os países do capitalismo industrial já adotou.
Como o senhor avalia o desempenho do governo Dilma Rousseff nestes dois anos, com apenas 76 imóveis desapropriados?
Uma vergonha! O governo Dilma é refém dessa aliança com o agronegócio, que é o latifúndio modernizado, que se aliou com as empresas transancionais. O governo está iludido pela proteção que a grande mídia dá a essa aliança e com os saldos na balança comercial. Mas esquece que esse modelo é concentrador de terra e de renda, desemprega muita gente, desmata o meio ambiente, sobrevive usando cada vez mais venenos agrícolas, que vão se transformar em câncer.  500 mil novos casos de câncer aparecem por ano pelos alimentos contaminados. E o câncer é democrático, porque pega todo mundo. É um modelo predador do meio ambiente e só aumenta os índices de desigualdade nos municípios aonde é hegemônico. Perguntem aos prefeitos eleitos se eles querem grandes propriedades exportadoras e isentas de ICMS ou querem um meio rural de agricultura familiar? A história vai cobrar desse governo no futuro. Mas aí será tarde…
Como mudar esse cenário para 2013? O que o MST pretende fazer e o que espera do governo federal?
O MST vai continuar lutando e ocupando os latifúndios improdutivos para forçar as desapropriações e, ao mesmo tempo, costurar alianças que levem a um novo projeto para o país. No entanto, a reforma agrária agora não é apenas o aumento do número de desapropriações. Isso é uma obrigação constitucional. A reforma agrária agora representa a necessidade de mudança do modelo agrícola. Deixar o agronegócio de lado e reorganizar a agricultura baseada na produção de alimentos sadios para o mercado interno. Reforma agrária é reorganizar o setor agroindustrial, baseado em cooperativas e não grandes empresas transnacionais como agora. Adotar a matriz tecnológica da agroecologia, preservar o meio ambiente e frear o êxodo rural para as grandes cidades. Mas para isso é preciso um novo projeto para o Brasil. Esse projeto depende da construção de alianças de classe que extrapolam as bases sociais e a força politica dos movimentos camponeses.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/mst-alianca-do-governo-dilma-com-agronegocio-emperra-reforma-agraria.html

sábado, 5 de janeiro de 2013

Esmolas não resolvem

O anúncio do Governo do Estado do Rio de Janeiro de que pagará indenização no valor de R$ 5 mil para 300 famílias que perderam seus pertences em Xerém com as chuvas dos últimos dias é um total escárnio com a população. No Olhar Comunista dessa sexta.

Esmolas não resolvem, senhor Sergio Cabral. E não se trata aqui do valor da indenização divulgado, mas sim da concepção de como lidar com o problema. Nem todas as famílias, aliás, receberão a quantia. E os "critérios" para definir quem serão os beneficiários não foram divulgados.
Trata-se do mais recente exemplo de uma política que vigora há 513 anos no país, quando os colonizadores aqui chegaram "presenteando" os colonizados com espelhos e outras quinquilharias.
Para a região atingida, nenhum anúncio de obras de contenção, de melhoria no sistema habitacional. Apenas um "cheque cala-boca" de R$ 5 mil. Parece o fim da picada. E é...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

----CAMPANHA NACIONAL CONTRA A DESERTIFICAÇÃO DA PLANÍCIE GOYTACÁ!

 
 
 
----CAMPANHA NACIONAL CONTRA A DESERTIFICAÇÃO DA PLANÍCIE GOYTACÁ!
 
 
Apoiada por organizações e movimentos sociais nacionais e internacionais (Via Campesina, Movimento de Pequenos Agricultores; Pão para o Mundo, Mãos Unidas, ASPRIM, Associação dos Geógrafos Brasileiros, Instituto Visão Social e pesquisadores de várias universidades como a UENF, UFF e IFF) a Comissão Pastoral da Terra vem a público denunciar o desastre socioambiental que as obras do Complexo industrial e portuário do Açu, empreendimento do bilionário Eike Batista, estão produzindo na região Norte do Estado do Rio de Janeiro.
Primeiramente, definiremos nossa posição quanto à divergência do “mega projeto”. Nossa posição se assenta na experiência de conviver com agricultores da região - inseridos em um contexto da agricultura familiar e da pesca artesanal há mais três séculos. Esta convivência reforça nossa opção de apoio à agricultura camponesa em oposição à mineração, que sustenta o projeto em curso. Ao contrário da agricultura, que devolve o que o homem extrai da terra, o processo de mineração é destrutivo, ou seja, o que se tira da pedreira ou da mina não pode ser substituído. A mineração é inconcebível sem o refugo. A mineração, portanto,
“apresenta a própria imagem da descontinuidade humana, presente hoje e desaparecida amanhã, ora fervilhante de ganhos, ora exaurida e vazia... A crônica da mineração é um túmulo de veios de poços repudiados e abandonados”. (MUMFORD, Lewis, 1961: 450-1).
Para escoar o minério está em andamento, no Açu, a construção de um estaleiro para navios de grande porte, que saliniza a região: sal que provém da areia retirada do mar e depositada na restinga, bem como da abertura do canal para o estaleiro. Devido ao excesso de sal, a água dos canais, das lagoas e do subsolo está se tornando imprópria para a economia pesqueira e agropecuária, bem como para uso humano[1], criando uma região desertificada.
O INEA, órgão do Estado responsável pela licença ambiental, está sendo investigado, através dos Ministérios Públicos estadual/RJ e Federal sobre irregularidades nas licenças ambientais do projeto.
A implantação do projeto descarta 1.500 famílias que têm suas raízes fincadas naquelas terras há gerações, que resistiram às adversidades do campo brasileiro e protagonizaram toda uma história de vida nas areias fertilizadas por elas mesmas, através de seu trabalho. A forte relação e dependência dessas pessoas com os recursos naturais disponíveis no ambiente, sem os quais não há condições de permanência e de vida em comunidade, sinalizam evidências concretas de pertencimento, sobretudo para os agricultores, que mantém toda uma história de relações com o lugar, a memória vivida e sentimentos afetivos e morais com suas terras.
A CPT convoca a sociedade a apoiar esses camponeses Bem Aventurados, “o sal da terra” na resistência a Eike Batista, nova representação de Abimaleque (pai do rei), personagem bíblico citado no livro dos juízes que, desejando arruinar a cidade de Siquém, semeia sal tornando a terra estéril e infrutífera (Jz 9:45) e, fiel à memória subversiva do evangelho, da vida e da esperança, contribua para que a região do Açu permaneça uma terra onde jorra leite e mel (Nu 13:27), abacaxis, maxixes, amescas...
 
Campos dos Goytacazes, 30 de dezembro de 2012.
 
Coordenação Regional RJ/ES
[1] A água distribuída pela Prefeitura Municipal de São João da Barra, que abraçou integralmente o projeto, para os moradores da região apresenta uma condutividade entre 540 a 700 uS/cm. A água potável para consumo humano deve variar entre 60 a 145 uS/cm e a água para irrigação até 300 uS/cm.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

E por acaso chuva mata???

Olhar Comunista dessa quinta destaca o tratamento dado pela imprensa à morte de um homem em Xerém, no Rio de Janeiro, que para os três principais jornais do país foi causada pela chuva - e não pela falta de planejamento, políticas habitacional e de saneamento, e verbas desviadas para o pagamento de juros e serviços da dívida...

Confiram as manchetes matutinas das versões online de O Globo (Chuvas fortes matam uma pessoa e alagam ruas na Baixada Fluminense); Folha (Chuva deixa um morto e causa estragos em seis cidades do Rio); e Estadão (Chuva mata 1 pessoa e 200 ficam desabrigadas em sete cidades do RJ).
O leitor, desatento, pode acreditar que a culpa pela perda de uma vida humana é da chuva, e não da manutenção de um status quo de total desleixo dos três níveis de Governo. Parece que querem livrar a cara dos governantes, mas é pior do que isso: nas redações dos grandes jornais, a ordem é dar sequência à desinformação que anestesia o povo. Afinal de contas, imagina se as manchetes fossem: "Desvio de verbas para financistas gera morte com uma mera chuva?"

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Camarada Irun Sant'Anna, para sempre em nossas lutas!


imagemPCB


É com pesar que comunicamos o falecimento de Irun Sant'Anna, militante do PCB desde a década de 1930 e fundador da UNE. Médico, Irun sofreu falência múltipla dos órgãos no último domingo (30/12), e seu corpo será velado na próxima quinta-feira (03/12), das 8h às 12h30, na capela Memorial do Carmo (Caju), no Rio de Janeiro.
Abaixo, publicamos entrevista concedida por Irun pouco antes do lançamento de seu livro "“O garoto que sonhou mudar a humanidade".
Camarada Irun Sant'Anna, presente!



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PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO / PCB- RJ
Fundado em 25 de Março de 1922