sábado, 28 de dezembro de 2013

25 verdades para Yoani Sánchez sobre o papel da mulher em Cuba




Ilha caribenha é o terceiro país com mais mulheres parlamentares; EUA são 80º
Durante uma videoconferência organizada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos no dia 29 de outubro de 2013, a famosa dissidente cubana lamentou o papel “marginal” da mulher em Cuba. Segundo Yoani Sánchez, a mulher cubana é “o último elo de uma cadeia de improdutividade e ineficiências”. Eis aqui algumas verdades a respeito que contradizem seu ponto de vista.
1. Desde o triunfo da Revolução em 1959, o Estado cubano tem feito da emancipação da mulher uma de suas prioridades, com a criação, em agosto de 1960, da Federação de Mulheres Cubanas (FMC), fundada por Vilma Espín, que conta hoje com mais de 4 milhões de membros.
2. Antes de 1959, as mulheres representavam apenas 12% da população ativa e recebiam uma remuneração inferior à dos homens por um emprego equivalente.
3. Hoje, a legislação cubana impõe que o salário da mulher, pela mesma função, seja exatamente igual ao do homem.
4. Cuba é o primeiro país do mundo a assinar a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, e o segundo em ratificá-la.
5. Dos 31 membros do Conselho de Estado cubano, 13 são mulheres, ou seja, 41,9%.
6. Há 8 mulheres ministras em um total de 34, ou seja, 23,5%.
7. No Parlamento cubano, dos 612 deputados, 299 são mulheres, ou seja, 48,66%.
8. Cuba ocupa o terceiro lugar mundial na porcentagem de mulheres deputadas. Os Estados Unidos ocupam o 80º.
9. María Mari Machado, mulher, ocupa a vice-presidência do Parlamento cubano.
10. Dos 1268 eleitos nas assembleias provinciais, 48,36% são mulheres.
11. As mulheres cubanas presidem 10 das 15 assembleias provinciais do país, ou seja, 66,6%, e ocupam a vice-presidência de 7 delas, 46,6%.
12.  Não existe nenhuma lei em Cuba que obrigue a paridade nos cargos políticos.
13. Dos 115 membros do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, 49 são mulheres, ou seja, 42,6%.
14. A secretária do Partido Comunista de Cuba para a província de Havana, a mais importante do país, é uma mulher negra que tem menos de 50 anos chamada  Lázara Mercedes López Acea. Ela também é vice-presidenta do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros.
15. Dos 16 dirigentes sindicais provinciais da Confederação dos Trabalhadores Cubanos (CTC), 9 são mulheres, ou seja, 56,25%.
16. Cerca de 60% dos estudantes cubanos são mulheres.
17. Desde 1980, as mulheres ativas dispõem, em média, de um nível de formação superior ao dos homens ativos.
18. Em Cuba, as mulheres representam 66,4% dos técnicos e profissionais do país de nível médio e superior (professores, médicos, engenheiros, pesquisadores etc.).
19. A taxa de fertilidade (número de filhos por mulher) é de 1.60, ou seja, a mais baixa da América Latina.
20. As mães cubanas têm a possibilidade de se ocupar em tempo integral de seus filhos recém-nascidos e, ao mesmo tempo, receber seu salário integral um mês e meio antes do parto e três meses depois do nascimento do filho. A licença pode se estender até um ano com uma remuneração equivalente a 60% do salário. Ao final de um ano, são automaticamente reintegradas a seu trabalho.
21. Cuba é um dos únicos países da América Latina, além da Guiana (desde 1995) e do Uruguai (desde 2012), a legalizar o aborto. A prática foi aprovada na ilha caribenha em 1965.
22. A taxa de mortalidade infantil de é 4,6 por mil, ou seja, a mais baixa do continente americano — incluindo o Canadá e os Estados Unidos — e do Terceiro Mundo.
23. A expectativa de vida as mulheres é de 80 anos, dois anos superior à dos homens.
24. A mulher pode se aposentar aos 60 anos, ou depois de trabalhar durante 30 anos, enquanto o homem só pode se aposentar aos 65 anos.
25. A mulher cubana desempenha, assim, um papel preponderante na sociedade e participa plenamente do desenvolvimento do país.
***Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor-titular da Universidade de la Reunión e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama Cuba. Les médias face au défi de l’impartialité, Paris, Editions Estrella, 2013, com prólogo de Eduardo Galeano.

Saudação de fim de ano das FARC-EP aos povos do mundo




Desde a trincheira guerrilheira, desde a mobilização agrária e popular, desde os escritórios e as fábricas, desde os campi universitários, colégios, na clandestinidade urbana, desde a Mesa de Diálogos de Havana, enfim, desde as entranhas da Colômbia indômita da qual fazemos parte indissolúvel, nós, os comandantes e combatentes das FARC-EP, enviamos aos povos do mundo nossa revolucionária e bolivariana saudação de fim de ano.
Por imposição de um regime violento e excludente, temos a ineludível obrigação de assumir a luta armada, para fazer avançar esta justa guerra de resistência por paz com justiça social, democracia real e soberania, que se estende por mais de meio século.
Nós não fazemos a guerra pela guerra em si mesmo. Se o inimigo entende que é impossível derrotar militarmente uma guerrilha presente no coração do povo, reconhecendo o oponente político e realizando profundas reformas nas caducas estruturas, então sim, é possível falar de colocar fim no conflito armado, se abrirem as possibilidades para chegarmos a assinar um tratado de paz estável e duradouro, e assim encontraremos novas vias para solucionar os problemas e iniciar entre todos a edificação da desejada reconciliação.
A paz com dignidade é o sentimento das maiorias. Paz e Constituinte são hoje as bandeiras que convocam organizações sociais e movimentos políticos, pessoas comuns em busca de uma alternativa política para a Colômbia. Um Novo poder, uma nova Colômbia, objetivamente pode despregar suas asas desde uma Frente Ampla, que reúna nesse estratégico objetivo todos os processos e lutas, sonhos de um novo país.
Ao agradecer as mostras de solidariedade que desde os distintos cantos da terra nos chegam das organizações sociais e populares, ratificamos igualmente que elas são fonte de inspiração e estímulo, força moral que centuplica nosso esforço pela vitória da paz.
Sem dúvida, não basta que apenas nós acreditemos no fim do conflito, mas que o inimigo de classe se veja obrigado por uma grande correlação de forças favoráveis à saída política, a aceitar essa nova realidade. Isto só será alcançado com a luta e a unidade do nosso povo, e com uma ampla solidariedade internacional. Exemplos no mundo sobram para demostrar a certeza desta afirmação.
A crise do sistema capitalista é profunda e irreversível, a dispersão do setor popular contribuiu para prolongar sua agonia. É por isso que ao nos despedirmos de 2013, alentamos aos povos do mundo para não desfalecer na lucha comum contra o império e a injustiça. As condições objetivas para a superação dessa etapa histórica estão dadas. Falta que a subjetividade atui criativamente para acelerar as mudanças que nós, os oprimidos, devemos produzir. O socialismo segue sendo o destino de justiça da humanidade.
COMISSÃO INTERNACIONAL DAS FARC-EP
Montanhas da Colômbia, dezembro de 2013
http://farc-ep.co
Tradução: PCB Partido Comunista Brasileiro

O declínio dos Estados Unidos (e de todos os outros…)




28 DEZEMBRO 2013 
CLASSIFICADO EM INTERNACIONAL - IMPERIALISMO

James Petras
Num complexo quadro global em mutação no que diz respeito ao poderio económico das grandes potências e das potências emergentes, a potência hegemónica declina. Mas as estruturas do império norte-americano - corporativas, financeiras, militares e político-culturais - todas permanecem no mesmo lugar, prontas a recuperar o domínio se e quando surgirem as oportunidades políticas.
A economia política mundial é um mosaico de correntes cruzadas. A decadência doméstica e o enriquecimento da elite, novas fontes para maiores lucros e um desencantamento político cada vez maior, o declínio de níveis de vida para luxos cada vez mais extravagantes, para uns poucos, perdas militares nalgumas regiões, com recuperação imperial noutras. Há clamores de uma configuração unipolar, multipolar e até não-polar de poder mundial. Onde, quando e a que ponto são estas afirmações válidas?
Bolhas e explosões vão e vêem. Falemos antes dos «beneficiários»: aqueles que causam colapsos, e arrancam as melhores recompensas enquanto as suas vítimas não têm sequer direito a uma palavra. A economia da fraude e o estado criminoso prosperam promovendo a perversão da cultura e da iliteracia. O «jornalismo de investigação», ou reportagem de buraco de fechadura, é a moda. O mundo de poder gira descontrolado. Ao declinar os poderes no poder declaram «é a nossa lei ou a ruína de todos».
Configuração global do poder
O poder é uma relação entre classes, estados e instituições militares e ideológicas. Qualquer configuração de poder é contingente em lutas passadas e presentes reflectindo uma correlação de forças em mudança. Estruturas e recursos físicos, concentração de riqueza, armas e informação têm grande importância, constituem a moldura em que os manipuladores do poder se inserem. Mas estratégias para reter ou conseguir poder dependem de alianças seguras, entrada em guerra e negociações de paz. Acima de tudo, o poder mundial depende da força dos fundamentos domésticos. Isso requer uma economia produtiva dinâmica, um estado independente livre de ligações estrangeiras incómodas e de uma classe dirigente capaz de dominar recursos globais para «comprar» o consentimento local da maioria.
Para examinar a posição dos Estados Unidos na configuração global de poder é necessário analisar as suas relações políticas e económicas em mudança a dois níveis: por região e por esfera de poder. A História não se move em padrões lineares ou de acordo com círculos recorrentes: derrotas militares e políticas em algumas regiões podem ser acompanhadas por vitórias significativas noutras. O declínio económico nalgumas esferas e regiões pode ser acompanhado por avanços pronunciados noutros sectores económicos e regiões.
Na análise final, o problema não é manter o cartão de marcação ou adicionar lucros e subtrair perdas, mas traduzir os resultados regionais e sectoriais numa compreensão da direcção e estruturas emergentes da configuração do poder global. Comecemos por examinar o legado de guerras recentes na economia global, poder político e militar dos Estados Unidos.
Manter o Império norte-americano: derrotas, retrocessos, avanços e vitórias
A opinião dominante dos analistas mais críticos é que na última década o império norte-americano sofreu uma série de derrotas militares, entrou em declínio económico, e enfrenta agora uma competição séria e a previsão de mais derrotas militares. A evidência apresentada é impressionante. Os Estados Unidos foram forçados a retirar tropas do Iraque, após uma longa década de ocupação militar muito dispendiosa, deixando um regime ainda mais aliado ao Irão, o adversário regional dos Estados Unidos. A guerra do Iraque enfraqueceu a economia, retirou riqueza em petróleo às corporações americanas, fez crescer muito o orçamento de Washington e os défices comerciais e reduziu o nível de vida dos cidadãos americanos. A guerra do Afeganistão teve um resultado semelhante, com grandes custos externos, retirada militar, clientes frágeis, desinteresse doméstico e poucas ou nenhumas transferências de riqueza (pilhagens imperiais) para o Tesouro dos Estados Unidos ou corporações privadas. A guerra na Líbia destinou-se à destruição total de uma economia moderna rica de petróleo no Norte de África, a dissolução total da sociedade civil e de estado e a emergência de milícias tribais armadas e fundamentalistas contra os Estados Unidos e estados clientes da União Europeia do Africa do Norte e subsaariana. Em vez de continuar a aproveitar de acordos lucrativos de gás e petróleo com o regime conciliatório de Kadhafi, Washington decidiu uma «mudança de regime» entrando numa guerra que arruinou a Líbia e destruiu qualquer estado central viável. A «proxy war» actual na Síria fortaleceu os senhores da guerra islamitas radicais, destruiu a economia de Damasco e aumentou a pressão maciça de refugiados, que se juntaram aos milhares das guerras do Iraque e da Líbia. As guerras imperiais dos Estados Unidos resultaram em perdas económicas, instabilidade regional política e militar e lucros militares para os adversários islâmicos.
A América Latina rejeitou em bloco os esforços norte-americanos para derrubar o governo venezuelano. O mundo inteiro à excepção de Israel e de Washington rejeitou o bloqueio de Cuba. Regiões de integração regional, que excluíram os Estados Unidos proliferam. As quotas norte-americanas declinaram já que a Ásia está a substituir os Estados Unidos no mercado da América Latina.
Na Ásia, a China aumenta e aprofunda os seus laços económicos com todos os países chave, enquanto o «pivot» norte-americano é essencialmente um esforço num círculo de bases militares que envolvem o Japão, Austrália e as Filipinas. Por outras palavras, a China é mais importante do que os Estados Unidos para a expansão económica asiática, enquanto o financiamento chinês do comércio americano aumenta na economia norte-americana.
Em África, as operações militares norte-americanas promovem essencialmente conflitos armados e levam a uma instabilidade maior. Enquanto os capitalistas asiáticos investem essencialmente em países africanos estratégicos, recolhem os lucros do seu «boom» de mercadoria, alargando os mercados e os lucros.
A denúncia da rede global de espionagem Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos feriu seriamente as operações globais clandestinas de vigilância. Embora tenha podido ajudar corporações privilegiadas privadas, o investimento maciço norte-americano no ciber-imperialismo parece ter gerado um retorno diplomático e operacional negativo para o estado imperial.
Em resumo, a visão global apresenta um quadro de revezes militares e diplomáticos nas políticas imperiais, perdas substanciais no Tesouro norte-americano e na erosão de apoio público. Mas esta perspectiva tem falhas sérias, especialmente no que diz respeito a outras regiões, relações e esferas de actividade económica. As estruturas fundamentais do império permanecem intactas.
A NATO (OTAN), a principal aliança militar chefiada pelo Pentágono norte-americano, expande os seus membros e aumenta o seu campo de operações. Os Estados Bálticos, principalmente a Estónia, são o local de enormes exercícios militares quase ao lado das principais cidades da Rússia. Até há muito pouco tempo, a Ucrânia aproximava-se da União Europeia e a um passo da NATO.
A Sociedade Trans-Pacífica liderada pelos Estados Unidos aumentou a sua presença nos países andinos, Chile, Peru e Colômbia. Serve como mola para enfraquecer os blocos comerciais regionais como o MERCOSUL e a ALBA, que excluem Washington. Entretanto a CIA, o Departamento de Estado e os seus canais ONG estão empenhados numa sabotagem económica externa e numa campanha para enfraquecer o governo nacionalista da Venezuela. Os banqueiros norte-americanos e os capitalistas trabalham para sabotar a economia, provocando a inflação (50%), falta de bens essenciais de consumo e cortes de energia. O seu controle sobre a maior parte da informação na Venezuela permite-lhes explorar o descontentamento popular culpando a deslocação popular devido à ineficiência do governo.
Acima de tudo, a ofensiva norte-americana na América Latina centrou-se num golpe militar nas Honduras, sabotagem económica permanente na Venezuela, campanhas eleitorais e de informação na Argentina, e ciber-espionagem no Brasil, enquanto criam laços mais fundos com os regimes neo-liberais recentemente eleitos complacentes no México, na Colômbia, no Chile, no Panamá, Guatemala e na República Dominicana. Enquanto Washington perdeu influência na América Latina durante a primeira década no século XXI só parcialmente recuperou os seus clientes e sócios. A recuperação relativa da influência norte-americana ilustra o facto de que «mudanças de regime» e um declínio em quotas de mercado, não enfraqueceram os laços financeiros e corporativos ligando até os países progressistas aos poderosos interesses norte-americanos. A presença contínua de aliados poderosos políticos — mesmo os de «fora do governo» — permitem um trampolim para o aumento da influência norte-americana.
Políticas nacionalistas e projectos de integração regional permanecem vulneráveis aos contra-ataques norte-americanos.
Enquanto os Estados Unidos perderam influência nalguns países produtores de petróleo, diminuiu a sua dependência das importações de petróleo e gás como resultado de um grande aumento na produção de energia doméstica via «fracking» e outras tecnologias extractivas intensas. Uma auto-suficiência local maior significa menores custos de energia para os produtores domésticos e aumenta a sua competitividade em mercados mundiais, acrescendo a possibilidade de que os Estados Unidos possam recuperar quotas no mercado das suas exportações.
O aparente declínio da influência imperial dos Estados Unidos no mundo árabe, devido à popular «primavera árabe» parou e até reverteu. O golpe militar no Egipto e a instalação e consolidação da ditadura militar no Cairo suprimiu as mobilizações populares de massas. O Egipto voltou à órbita dos Estados Unidos. Na Argélia, Marrocos e Tunísia os governos antigos e novos evitam novos protestos anti-imperialistas. Na Líbia, a força aérea da NATO norte-americana destruiu o regime nacionalista-popular de Kadhafi, eliminando um modelo alternativo de comércio à pilhagem neocolonial — mas não conseguiu até agora consolidar um regime cliente neoliberal em Trípoli. Em vez das gangues rivais armadas islâmicas, os assassinos étnicos monárquicos pilham e devastam o país. A destruição de um regime anti-imperialista não engendrou um cliente pró-imperialista.
No Médio Oriente, Israel continua a desapossar os Palestinianos da terra e da água. Os Estados Unidos continuam a aumentar as manobras militares e a impor mais sanções económicas contra o Irão — enfraquecendo Teerão mas também diminuindo a riqueza e influência dos Estados Unidos devido à falta do mercado Iraniano lucrativo. Como na Síria, e os seus aliados da NATO destruíram a economia da Síria e a sua sociedade complexa, mas não serão os maiores beneficiários. Mercenários islâmicos conseguiram bases de operação enquanto o Hezbollah consolidou a sua posição como um interveniente regional significativo. Negociações actuais com o Irão abrem possibilidades aos Estados Unidos de minorar as suas perdas e reduzir a ameaça regional de uma nova guerra dispendiosa mas essas conversações estão a ser bloqueadas por uma «aliança» de um Israel militarista e sionista, a Arábia Saudita monárquica e a França «socialista».
Washington tem perdido influência económica na Ásia para a China mas está a montar uma contra-ofensiva regional, baseada na sua rede de bases militares no Japão, nas Filipinas e na Austrália. Está a promover um novo acordo económico pan-pacífico que exclui a China. Isso demonstra a capacidade dos Estados Unidos de interferir e aumentar lucros imperiais. Mas anunciar novas políticas e organizações não é o mesmo que implementá-las e dar-lhes conteúdo dinâmico. Mas o cerco militar à China é anulado pela dívida de triliões de dólares a Pequim. Um cerco militar agressivo à China podia resultar numa venda maciça de dólares do Tesouro Americano e quinhentos investidores principais americanos a verem voar os seus investimentos.
O poder dividido entre um poder estabelecido e um emergente, tal como a China e os Estados Unidos, não pode ser «negociado» via superioridade militar norte-americana. Ameaças e chicanas diplomáticas são meras vitórias diplomáticas mas só avanços económicos a longo prazo podem criar os cavalos de Tróia domésticos necessários para erodir o crescimento dinâmico da China. Mesmo hoje, a elite chinesa despende enormes somas para educar os seus filhos em «prestigiadas» universidades inglesas e norte-americanas onde são ensinadas doutrinas de economias de mercado livre e narrativas imperialistas. Na passada década, políticos chineses influentes e investidores ricos enviaram triliões de dólares em operações lícitas e ilícitas para bancos no exterior, investindo em grandes propriedades na América do Norte e na Europa e despachando milhões para paraísos fiscais. Hoje, há uma facção poderosa de economistas e conselheiros de elite financeira na China a forçar «a liberalização financeira», ou seja, a entrada da especulação especializada de Wall Street e da City de Londres. Enquanto as indústrias chinesas podem estar a ganhar a competição nos mercados estrangeiros, os Estados Unidos conseguiram e estão a conseguir superar os patamares da estrutura financeira da China.
A quota norte-americana na América Latina pode estar a declinar, mas o valor absoluto do dólar comercial aumentou muito em relação à última década.
Os Estados Unidos podem ter perdido clientes da ala direita na América Latina, mas os novos regimes centro-esquerda estão a colaborar activamente com a maioria das grandes companhias de mineração americanas e canadianas e com as casas de câmbio. O Pentágono não tem conseguido montar golpes militares, com a patética excepção das Honduras, mas ainda mantêm as suas relações estreitas com os militares da América Latina sob a forma de (1) política regional de «terrorismo», «narcotráfico» e «imigração», (2) dando treino técnico e doutrinação politica através dos programas «educacionais» militares e (3) e treinamento militar conjunto.
Em resumo, as estruturas do império norte-americano, corporativas, financeiras, militares e político-culturais, todas permanecem no mesmo lugar, prontas a recuperar o domínio se e quando surgirem as oportunidades políticas. Por exemplo, um declínio agudo no preço de mercadorias provocaria igualmente uma crise funda e intensificaria os conflitos de classe entre os regimes centro-esquerda, que são dependentes de exportações agro-mineiras para ter fundos para os programas sociais. Em qualquer confrontação os Estados Unidos trabalhariam com e através dos seus agentes nas elites económica e militar para os regimes incumbentes e re-impor clientes neo-liberais.
A fase actual de políticas pós neo-liberais e configurações de poder está vulnerável. O «declínio relativo da influência e poder» dos Estados Unidos podem ser revertidos mesmo que não regressem à sua configuração anterior. O ponto teórico é que enquanto as estruturas imperialistas permanecem no lugar e enquanto as suas contrapartidas no exterior mantêm posição estratégica, os Estados Unidos podem restabelecer a sua primazia na configuração global de poder.
A redução de preços imperial não requer os «mesmos rostos de sempre». Novas figuras políticas, especialmente com credenciais progressistas e tons leves de uma ideologia «social» já jogam um papel nas novas redes centradas no império. No Chile, a nova presidente «socialista» Michele Bachelet, e no Peru o ex-nacionalista peruano, o presidente Ollanta Humala, são os maiores impulsionadores da Sociedade Trans-Pacífico, um bloco comercial que compete com o Mercosul nacionalista e a Alba, e exclui a China. No México, o cliente dos Estados Unidos, presidente Enrique Peña Nieto, está a  privatizar a «jóia» da economia mexicana, PEMEX, a gigantesca companhia pública de petróleo — aumentando o poder de Washington sobre os recursos de energia regionais e aumentando a independência americana do petróleo do Oriente Médio. O presidente colombiano Santos, o «presidente da paz», está a negociar com entusiasmo o fim da guerrilha para expandir a exploração multinacional dos minérios e dos recursos energéticos localizados nas regiões da guerrilha, um projecto que vai beneficiar essencialmente as companhias petrolíferas dos Estados Unidos. Na Argentina, a companhia petrolífera estatal, Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) assinou um acordo de «joint venture» com o gigante petrolífero Chevron, para explorar uma jazida enorme de gás e petróleo, conhecida como Vaca Muerte. Isso incrementará a presença norte-americana na Argentina na produção de energia juntamente com as maiores incursões feitas pela Monsanto no poderoso sector agro-comercial.
Indubitavelmente a América Latina diversificou o seu comércio e os Estados Unidos decresceram. Os dirigentes da América Latina já não precisam tanto da «aprovação» do embaixador americano antes de anunciar os seus candidatos políticos. Os Estados Unidos estão completamente sozinhos no seu boicote a Cuba. A Organização dos Estados Americanos já não é um paraíso dos Estados Unidos. Mas há contra-tendências, reflectidas no novo pacto como TPP. Novos locais de exploração económica, que não são exclusivamente controladas pelos Estados Unidos, servem agora como molas para um maior poder imperial.
Conclusão
A economia norte-americana está estagnada e ainda não conseguiu voltar a levantar-se devido à sua busca de guerras imperiais em série. Mas, no Médio Oriente, o declínio dos Estados Unidos em comparação com o passado não tem sido acompanhado pela subida dos velhos rivais. A Europa está em grandes apuros, com um grande exército de desempregados, aumento crónico negativo e poucos sinais de recuperação num futuro próximo. Mesmo a China, o novo poder emergente global, está a decrescer de 11% para 7% na década actual. Pequim enfrenta um descontentamento popular crescente, a Índia como a China, estão a liberalizar os seus sistemas financeiros, abrindo-os à penetração e influência do capital financeiro dos Estados Unidos.
As principais forças anti-imperialistas na Ásia e na África não se compõem de movimentos progressistas, seculares, democráticos e socialistas. Em vez disso, o império é confrontado com movimentos religiosos, étnicos, misoginistas e autoritários com tendências irredentistas. As antigas vozes seculares socialistas perderam o seu poder e apresentam «justificações perversas» para as guerras imperialistas de agressão na Líbia, Mali e Síria. Os socialistas franceses, que em 2003 se opuseram à guerra do Iraque, ouvem o seu presidente François Hollande a papaguear sobre o militarismo brutal do senhor da guerra de Israel, Netanyahu.
A verdade é que a tese do «declínio do império norte-americano» e o seu corolário, a «crise dos Estados Unidos estão sublinhadas, limitadas e sem especificidade. Na verdade, não há alternativa imperial ou tendência moderna anti imperial para já. Enquanto é certo que o capitalismo ocidental está em crise, o capitalismo asiático emergente da China e da Índia enfrenta uma crise diferente resultante da sua exploração de classes selvagem e da suas mortíferas relações de casta. Se as condições objectivas estiverem «maduras para o socialismo», os socialistas, pelo menos os que têm presença política estão confortavelmente inseridos nos seus respectivos regimes imperiais. Os socialistas e marxistas no Egipto uniram-se aos militares para derrubar um regime islâmico conservador eleito, levando à restauração do clientismo imperialista no Cairo. Os «marxistas» franceses e ingleses apoiaram a destruição da Líbia e da Síria pela NATO. Numerosos progressistas e socialistas, na Europa e na América do Norte, apoiaram os senhores da guerra de Israel e/ou permaneceram silenciosos perante o poder dos sionistas nos ramos executivos e legislaturas.
Se o imperialismo está a declinar, também o anti-imperialismo está. Se o capitalismo está em crise, os anticapitalistas também estão. Se os capitalistas procuram novos rostos e ideologias para reforçar as suas fortunas, não estará na hora de os anti-imperialistas e os anticapitalistas fazerem o mesmo?

Mandela morreu. Por que esconder a verdade sobre o Apartheid?



Fidel Castro
Talvez o império não acreditasse que nosso povo honraria sua palavra quando, nos dias incertos do século passado, afirmamos que caso a URSS desparecesse, Cuba continuaria lutando.
A Segunda Guerra Mundial começou quando, em 1° de setembro de 1939, o nazi-fascismo invadiu a Polônia e caiu como um raio sobre o heroico povo da URSS, que contribuiu com 27 milhões de vidas para preservar a humanidade daquela brutal matança que colocou fim à vida de mais de 50 milhões de pessoas.
A guerra é, por outro lado, a única atividade ao longo da história que o gênero humano nunca foi capaz de evitar; o que levou Einstein a responder que não sabia como seria a Terceira Guerra Mundial, porém a Quarta seria com paus e pedras.
Somados os meios disponíveis, as duas mais poderosas potências, Estados Unidos e Rússia, dispõem de mais de 20.000 – vinte mil – ogivas nucleares. A humanidade deve saber que, três dias depois da ascensão de John F. Kennedy à presidência de seu país, em 20 de janeiro de 1961, um bombardeio B-52 dos Estados Unidos, em voo de rotina, que transportava duas bombas atômicas com uma capacidade destrutiva 260 vezes superior à utilizada em Hiroshima, sofreu um acidente que precipitou o aparato na terra. Em tais casos, equipamentos automáticos sofisticados aplicam mecanismos que impedem o estouro das bombas. A primeira caiu na terra sem risco algum; a segunda, dos 4 mecanismos, três falharam, e o quarto, em estado crítico, funcionou; por puro azar, a bomba não estourou.
Nenhum acontecimento presente ou passado, que eu recorde ou tenha ouvido mencionar, como a morte de Mandela, impactou a opinião pública mundial; e não por suas riquezas, mas pela qualidade humana e a nobreza de seus sentimentos e ideias.
Ao longo da história, até apenas um século e meio e antes das máquinas e robôs, a um custo mínimo de energia, se ocuparam de nossas modestas tarefas, não existiam nenhum dos fenômenos que hoje comovem a humanidade e regem inexoravelmente cada uma das pessoas: homens ou mulheres, crianças e idosos, jovens e adultos, agricultores e operários, manuais ou intelectuais. A tendência dominante é a de instalar-se nas cidades, onde a criação de empregos, transporte e condições elementares de vida, demandam enormes investimentos em detrimento da produção alimentícia e outras formas de vida mais razoáveis.
Três potências colocaram artefatos na Lua de nosso planeta. No mesmo dia em que Nelson Mandela, envolto na bandeira de sua pátria, foi enterrado no pátio da humilde casa onde nasceu há 95 anos, um artefato sofisticado da República Popular da China era posto no espaço iluminado de nossa Lua. A coincidência de ambos os fatos foi absolutamente casual.
Milhões de cientistas investigam matérias e radiações na Terra e no espaço; por eles se conhece que o Titã, uma das luas de Saturno, acumulou 40 – quarenta – vezes mais petróleo que o existente em nosso planeta quando começou a exploração deste há apenas 125 anos, e ao ritmo atual de consumo, durará apenas um século mais.
Os fraternais sentimentos de irmandade profunda entre o povo cubano e a pátria de Nelson Mandela nasceram de um fato que nem sequer foi mencionado, e do qual não tínhamos falado uma palavra ao longo de muitos anos; Mandela, porque era um apóstolo da paz e não desejava prejudicar ninguém. Cuba, porque jamais realizou ação alguma em busca de glória ou prestígio.
Quando a Revolução triunfou em Cuba fomos solidários com as colônias portuguesas na África, desde os primeiros anos; os Movimentos de Libertação nesse continente punham em xeque o colonialismo e o imperialismo, depois da Segunda Guerra Mundial e a libertação da República Popular da China – o país mais povoado do mundo –, após o triunfo glorioso da Revolução Socialista Russa.
As revoluções sociais assombravam os alicerces da velha ordem. A população do planeta, em 1960, alcançavam o número de 3 bilhões de habitantes. Da mesma forma, cresceu o poder das grandes empresas transnacionais, quase todas nas mãos dos Estados Unidos, cuja moeda, apoiada no monopólio do ouro e na indústria intacta pela distância das frentes de batalha, se fez dona da economia mundial. Richard Nixon aboliu, unilateralmente, o respaldo de sua moeda em ouro. Assim, as empresas de seu país apoderaram-se dos principais recursos e matérias primas do planeta que adquiriram com papéis.
Até aqui não existe nada que não se conheça.
Porém, por que se pretende esconder que o regime do Apartheid, que tanto fez sofrer a África e indignou a imensa maioria das nações do mundo, era fruto da Europa colonial e foi convertido em potência nuclear pelos Estados Unidos e Israel, o qual Cuba, um país que apoiava as colônias portuguesas na África que lutavam por sua independência, condenou abertamente?
Nosso povo, que foi sido cedido pela Espanha aos Estados Unidos após a heroica luta de mais de 30 anos, nunca se resignou ao regime escravista imposto durante quase 500 anos.
Da Namíbia, ocupada pela África do Sul, em 1975, partiram as tropas racistas apoiadas por tanques rápidos com canhões de 90 milímetros, que penetraram mais de mil quilômetros até as proximidades de Luanda. No local, encontrava-se um Batalhão de Tropas Especiais cubanas – enviadas por ar – e várias tripulações, também cubanas, com tanques soviéticos, que as contiveram. Isso ocorreu em novembro de 1975, 13 anos antes da Batalha de Cuito Cuanavale.
Já disse que não fizemos nada em busca de prestígio ou benefício. Porém, é um fato muito real que Mandela foi um homem íntegro, revolucionário profundo e radicalmente socialista que, com grande estoicismo, suportou 27 anos de encarceramento solitário. Eu não deixava de admirar sua honradez, sua modéstia e seu enorme mérito.
Cuba cumpria seus deveres internacionalistas rigorosamente. Defendia pontos chaves e, anualmente, treinava milhares de combatentes angolanos para o manejo das armas. A URSS fornecia o armamento. No entanto, naquela época, não compartilhávamos da ideia do principal assessor dos fornecedores dos equipamentos militares. Milhares de angolanos jovens e saudáveis ingressavam constantemente as unidades de seu incipiente exército. O principal assessor não era, no entanto, um Zhúkov, Rokossovski, Malinovsky ou muitos outros que levaram à glória a estratégia militar soviética. Sua ideia obsessiva era enviar brigadas angolanas com as melhores armas ao território, onde, supostamente, residia o governo tribal de Savimbi, um mercenário a serviço dos Estados Unidos e da África do Sul. Era como enviar as forças que combatiam em Stalingrado à fronteira da Espanha falangista, que havia enviado mais de cem mil soldados pata lutarem contra a URSS. Nesse ano, estava sendo produzida uma operação desse tipo.
O inimigo avançava por depois das forças de várias brigadas angolanas, golpeadas nas proximidades do objetivo para onde eram enviadas, a 1.500 quilômetros aproximadamente de Luanda. Dali, vinham perseguidas pelas forças sul-africanas em direção a Cuito Cuanavale, antiga base militar da OTAN, a uns 100 quilômetros da primeira Brigada de Tanques cubana.
Nesse instante crítico, o Presidente da Angola solicitou o apoio das tropas cubanas. O Chefe de nossas forças no Sul, General Leopoldo Cintra Frías, nos comunicou a solicitação, algo que soava ser habitual. Nossa resposta firme foi que prestaríamos esse apoio se todas as forças e equipamentos angolanos dessa frente se subordinassem ao comando cubano no Sul da Angola. Todo o mundo compreendia que nossa solicitação era um requisito para converter a antiga base no campo ideal para golpear as forças racistas da África do Sul.
Em menos de 24 horas chegou de Angola a resposta positiva.
Decidiu-se o envio imediato de uma Brigada de Tanques cubana para esse ponto. Várias mais estavam na mesma linha para o Oeste. O obstáculo principal era a lama e a umidade da terra na época da chuva, fazendo que verificássemos metro a metro contra as minas terrestres. Igualmente foi enviado a Cuito o pessoal para operar os tanques sem tripulação e os canhões que precisavam delas.
A base estava separada do território que se situa à Leste pelo caudaloso e rápido rio Cuito, sobre o qual se sustentava uma sólida ponte. O exército racista a atacava desesperadamente; um avião teleguiado repleto de explosivos conseguiu atingir a ponte e inutilizá-la. Os tanques angolanos em retirada que podiam mover-se cruzaram a ponte num ponto mais ao Norte. Os que não estavam em condições adequadas foram enterrados, com suas armas apontando para Leste; uma densa faixa de minas terrestres e antitanques converteram a linha numa mortal armadilha no outro lado do rio. Quando as forças racistas reiniciaram o avanço e chocaram contra aquela muralha, todas as peças de artilharia e os tanques das brigadas revolucionárias disparavam a partir de seus pontos de localização na zona de Cuito.
Um papel especial foi reservado para os caças Mig-23 que, em velocidade próxima a mil quilômetros por hora e a 100 – cem – metros de altura, eram capazes de distinguir se o pessoal da artilharia era negro ou branco, e disparavam incessantemente contra eles.
Quando o inimigo desgastado e imobilizado iniciou a retirada, as forças revolucionárias se prepararam para os combates finais.
Numerosas brigadas angolanas e cubanas se moveram em ritmo rápido e com distância adequada para o Oeste, onde estavam as únicas vias amplas por onde os sul-africanos sempre iniciavam suas ações contra Angola. O aeroporto, no entanto, estava a aproximadamente 300 – trezentos – quilômetros da fronteira com a Namíbia, totalmente ocupada pelo exército do Apartheid.
Enquanto as tropas se reorganizavam e reequipavam, decidiu-se com toda urgência construir uma pista de aterrissagem para os Mig-23. Nossos pilotos estavam utilizando os equipamentos aéreos entregues pela URSS a Angola, cujos pilotos não possuíam o tempo necessário para sua adequada instrução. Vários equipamentos aéreos estavam prejudicados por baixas que, às vezes, eram ocasionadas por nossos próprios artilheiros ou operadores de meios antiaéreos. Todavia, os sul-africanos ocupavam uma parte da estrada principal que conduz da borda do planalto angolano até a Namíbia. Nas pontes sobre o caudaloso rio Cunene, entre o Sul da Angola e o Norte da Namíbia, na época, começaram os joguinhos de disparos com canhões de 140 milímetros, que dava a seus projéteis um alcance próximo a 40 quilômetros. O problema principal radicava no fato de que os racistas sul-africanos possuíam, segundo nossos cálculos, entre 10 e 12 armas nucleares. Tinham realizado testes inclusive nos mares ou nas áreas congeladas do Sul. O presidente Ronald Reagan o tinha autorizado tais testes e, entre os equipamentos entregues por Israel, estava o dispositivo necessário para fazer estourar a carga nuclear. Nossa resposta foi organizar pessoal em grupos de combate de não mais de 1.000 – mil – homens, que deviam marchar de noite numa ampla extensão de terreno e dotados de carros de combate antiaéreos.
As armas nucleares da África do Sul, segundo informes fidedignos, não poderiam ser carregadas por aviões Mirage, necessitavam bombardeios pesados tipo Canberra. Porém, em qualquer caso, a defesa antiaérea de nossas forças dispunha de numerosos tipos de foguetes que podiam golpear e destruir objetivos aéreos até dezenas de quilômetros de nossas tropas. Além disso, uma barragem de 80 milhões de metros cúbicos de água situada em território angolano tinha sido ocupada e minada por combatentes cubanos e angolanos. O estouro daquela represa teria sido equivalente a várias armas nucleares.
Não obstante, uma hidrelétrica que usava as fontes correntes do rio Cunene, antes de chegar à fronteira com a Namíbia, estava sendo utilizada por um destacamento do exército sul-africano.
Quando no novo teatro de operações os racistas começaram a disparar os canhões de 140 milímetros, os Mig-23 golpearam fortemente aquele destacamento de soldados brancos e os sobreviventes abandonaram o lugar deixando, inclusive, alguns grupos críticos contra seu próprio comando. Tal era a situação quando as forças cubanas e angolanas avançavam para a linha inimiga.
Soube que Katiuska Blanco, autora de vários relatos históricos, junto a outros jornalistas e repórteres, estava lá. A situação era tensa, mas ninguém perdeu a calma.
Foi então que chegaram notícias de que o inimigo estava disposto a negociar. Conquistou-se o fim da aventura imperialista e racista num continente que em 30 anos teria uma população superior à da China e Índia juntas.
O papel da delegação de Cuba, por conta do falecimento de nosso amigo e irmão Nelson Mandela, será inesquecível.
Felicito o companheiro Raúl por seu brilhante desempenho e, em especial, pela firmeza e dignidade quando, com um gesto amável, porém firme, saudou o chefe do governo dos Estados Unidos e lhe disse, em inglês: “Senhor Presidente, eu sou Castro”.
Quando minha própria saúde pôs limite a minha capacidade física, não vacilei um minuto em expressar meu critério sobre quem, em meu juízo, poderia assumir a responsabilidade. Uma vida é um minuto na história dos povos e penso que quem assume hoje tal responsabilidade requer a experiência e autoridade necessária para optar ante um número crescente, quase infinito, de variantes.
O imperialismo sempre reservará várias cartas para dobrar nossa ilha, ainda que tenha que despovoá-la, privando-a de homens e mulheres jovens, oferecendo-lhe migalhas de bens e recursos naturais que saqueia do mundo.
Que falem agora os porta-vozes do império sobre como e porque surgiu o Apartheid.
Fidel Castro Ruz
18 de dezembro de 2013.
8 e 35 p.m.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O CAMINHO PARA A LIBERTAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA É A LUTA PELO PODER POPULAR E PELA REVOLUÇÃO SOCIALISTA

PCPE - RESOLUÇÃO DO CE DO PCPE
As organizações oportunistas, com suas propostas de conciliação de classes, colaboram com a oligarquia na guerra geral contra a classe operária.
1. O PCPE convoca a classe operária para romper as correntes da opressão.
O Comitê Executivo do Partido Comunista dos Povos da Espanha convoca os trabalhadores, as trabalhadoras, a juventude operária e os aposentados a levantar sua luta contra o atual sistema político de dominação, que só oferece exploração e miséria. O PCPE convoca a fortalecer as fileiras do partido da classe operária para avançar até a construção da sociedade socialista-comunista.
O caminho a ser seguido pelo povo trabalhador é o de colocar fim à opressão e, através de sua luta, conquistar a emancipação de toda a sociedade, acabando com o capitalismo. Suas leis são as correntes que nos oprimem, e a classe operária não tem outra opção de futuro que não seja romper com essas correntes para avançar até a sua liberdade.
2. O capitalismo espanhol se converteu em uma ditadura férrea para tratar de superar esta crise.
Para salvar o capitalismo, a oligarquia espanhola está roubando da classe operária deste país todo o valor criado por seu trabalho. O nebuloso resgate bancário (mais de 200 bilhões de euros), a redução das aposentadorias (50 bilhões de euros), a redução salarial na função pública, o corte de bolsas de estudos, a redução dos salários etc. são apenas uma amostra parcial do saque de toda a economia do país por parte das classes parasitárias. O governo do PSOE antes, assim como o governo do PP hoje, junto com os governos autônomos da CiU, PNV, CC, IU etc., aplicam essa mesma política com firmeza ditatorial. Nenhum desses governos renunciou à estratégia de privatização de todo o setor público, transferindo a propriedade estatal para a propriedade privada capitalista. Está demonstrada na prática, uma vez mais, a afirmação de Karl Marx: “O governo é o conselho de administração que rege os interesses coletivos da classe burguesa”.
A classe operária e os setores populares estão sendo submetidos a um brutal aumento da exploração pela oligarquia espanhola, que encontra na redução do preço da força de trabalho o único elemento flexível de seu sistema econômico. Essa oligarquia se apoia nas estruturas imperialistas da UE para reforçar sua posição de classe dominante. Endesa, Panrico, La Caixa, Mercadona, Pescanova, BBVA, Repsol, Banco Santander, Acciona, Telefónica, FCC etc. são alguns dos grandes grupos monopolistas que exercem uma brutal ditadura, e buscando justificar as limitações de uma cada vez mais minguada democracia burguesa. O aumento da superexploração da força de trabalho leva a classe operária a um empobrecimento crescente e a uma miserável condição de vida, até o extremo da desnutrição infantil que afeta uma parte significativa dos filhos e filhas da classe operária. Hoje, em nosso país, a maioria social entrega sua vida inteira – desde seu nascimento até sua morte – aos interesses parasitários desse capital monopolista.
A última fase expansiva do capitalismo espanhol facilitou ao atual bloco de poder a estabilidade dos consensos necessários para manter e legitimar o sistema de dominação, mas, hoje, a quebra econômica do capitalismo leva em paralelo a uma profunda crise institucional, que afeta todo o sistema de dominação: crise do sistema de partidos, crise da monarquia, crise da unidade do Estado, crise do sistema judiciário etc. Nessas condições, uma parte da burguesia catalã considera que chegou sua oportunidade para buscar saídas particulares à crise geral do capitalismo, desenvolvendo uma estratégia para tratar de conservar a iniciativa política na Catalunha, buscando configurar novas relações políticas para se manter como classe hegemônica, o que, entre outras coisas, provoca enormes contradições no bloco oligárquico-burguês que exerce hoje seu domínio no Estado; contradições que, sendo alheias à classe operária, devem ser aproveitadas por esta para fazer valer seus próprios interesses. Distrair a classe operária da luta de classes, e colocá-la a reboque de sua estratégia, é um objetivo não dissimulado da burguesia catalã, que, se prosperar, seria um autêntico balão de oxigênio para consolidar seu sistema de dominação e, por sua vez, para o capitalismo espanhol em seu conjunto. O fortalecimento de todas as estruturas de organização da unidade revolucionária da classe operária se converte em um objetivo de primeira ordem para os trabalhadores e trabalhadoras, tanto da Catalunha quanto do restante do Estado.
O recente trigésimo aniversário da Constituição também apontou a profundidade da crise institucional. O disciplinado acordo que permitiu, durante todos os anos anteriores, manter o tabu sobre a possibilidade de reformar a constituição foi quebrado. Hoje se expressam diferentes interesses do bloco dominante, sobre o que já se mostra como inevitável o questionamento dos consensos acordados no final da ditadura anterior, na chamada “transição política”. Agora, se colocará em marcha uma nova estratégia “para mudar algo para que tudo continue igual”, onde, com pragmatismo, a burguesia buscará acordos com os setores oportunistas para reeditar uma nova versão dos pactos que há trinta anos lhes permitiram consolidar sua dominação depois da morte de Franco. Diante dessa situação, a classe operária tem que responder com seu próprio programa de classe, fazendo da proposta de República Socialista, com base em alianças, o sinal de identidade de seus interesses, sustentada em uma política de alianças expressada na Frente Operária e Popular para a conquista do poder operário e a construção da sociedade socialista.
O fraudulento modelo que permitiu à burguesia espanhola manter um acelerado processo de acumulação de capital durante treze anos (1994-2007) quebrou, e não é um modelo recuperável, nem facilmente substituível. Essa estratégia planificada pelas classes dominantes, e de corte recorrente, foi uma fuga para diante desde a crise no início dos anos de 1990 (que, por sua vez, vem da crise dos de 1970), que, no fim das contas, não fez mais que situar novamente a burguesia na borda do precipício, agora em uma situação de risco de morte ainda maior.
Hoje as classes exploradoras necessitam organizar outra forma de capitalismo para tratar de manter sua atual posição hegemônica. Um capitalismo mais ditatorial e que imporá uma maior desigualdade social. E essa nova fase desesperada, se a oligarquia conseguir consolidá-la, será um passo a mais no caminho sem volta da sua destruição total. A burguesia sabe que isso é um fato e, por isso, de forma apressada, trata de conformar todo um novo marco jurídico repressivo; está tramitando um novo endurecimento do Código Penal, colocando em perigo o direito de greve, eliminando a negociação coletiva, aprovando uma nova Lei de Segurança Cidadã e atribuindo um papel policial à segurança privada; o próximo passo – quando a burguesia sentir às suas costas o vigor da classe operária em luta – será a militarização de todos os corpos policiais, como desenvolvimento da espiral repressiva a que é sujeita para manter seu sistema antissocial.
O sistema capitalista internacional se move nas mesmas coordenadas de parasitismo e desordem. As potências imperialistas, a OTAN e outras alianças imperialistas interestatais desenvolvem uma guerra geral contra a humanidade, que se estende por todo o planeta. A pilhagem e o saque, a destruição do meio ambiente para incrementar os lucros, as guerras imperialistas, o terrorismo de Estado, que ganha maior capacidade criminosa utilizando tecnologias de última geração, a militarização da economia com o constante incremento do gasto armamentista, a vigilância e a espionagem universais etc. são a autêntica cara da formação capitalista mundial em sua fase de esgotamento histórico, o imperialismo. A burguesia está disposta a cometer os mais terríveis crimes para tratar de conservar sua hegemonia: como antes o fez recorrendo ao fascismo, hoje avança para um estado policial-militar que lhe permita o exercício mundial da violência extrema para a conquista de seus objetivos, submetendo violentamente a classe operária internacional. Todas as frações da burguesia se alinham com essa posição de forma disciplinada. Hoje é mais certo do que nunca a afirmação: “socialismo ou barbárie”.
3. A crise é uma crise de superprodução como expressão concreta da crise geral e estrutural do sistema capitalista de dominação.
Aos operários e operárias, a burguesia dita todos os dias novas leis para nos submeter à escravidão, para extorquir todos os nossos direitos e para aumentar a exploração como nunca aconteceu antes na história. Não estamos voltando ao século XIX, como ouvimos dizer com frequência, porque este é o capitalismo que existirá no século XXI até que seja derrotado pela classe operária, destruindo até seus fundamentos.
É uma crise sem saída para o capitalismo. Não é possível recuperar a taxa de lucro com o modelo capitalista imposto hoje, por isso o futuro no capitalismo será de um aumento desmedido de seu caráter ditatorial e da exploração da classe operária empobrecida ao extremo.
Estamos vendo a forma concreta que toma a crise geral do sistema capitalista que se iniciou no começo do século XX. É uma crise de superprodução que o capitalismo trata de resolver, como sempre, com um violento processo de destruição das forças produtivas: desemprego, desvalorização de capital, fechamento de milhares de pequenas e medias empresas, roubo bancário etc.
O governo da oligarquia, seja o PP, o PSOE, ou uma aliança com a participação do oportunismo representado pela IU e outras forças “de esquerda”, não tem solução para as inúmeras demissões que se manterão durante um longo período na casa dos cinco ou seis milhões. Uma das tantas consequências dessa situação será a perda de 2,6 milhões de habitantes nos próximos dez anos em todo o Estado. Confirma-se assim um panorama de retrocessos progressivos nas condições de vida da maioria operária e popular, caracterizado pelo empobrecimento, pela expulsão de altíssimos percentuais de mulheres do mercado de trabalho para destiná-las ao cuidado e à reprodução familiar, a superexploração, a perda do futuro para grande parte da juventude e as constantes agressões aos aposentados, que veem deterioradas de forma geral suas condições de vida (sem saúde nem medicamentos, sem assistência social, abandonados e empobrecidos).
4. A luta operária é o caminho
O altíssimo desenvolvimento das forças produtivas – que o sistema capitalista não pode colocar na produção porque aumentaria ainda mais a sua crise – entra em insolúvel contradição com as relações de produção (capitalistas) e senta as bases para a inevitável mudança social. Hoje, a classe operária – fazendo uso do altíssimo desenvolvimento científico e tecnológico existente – tem a possibilidade de produzir tudo aquilo de que a humanidade necessita para satisfazer suas necessidades vitais; são as leis do capitalismo e a propriedade privada dos meios de produção que impedem o desenvolvimento dessas capacidades sociais.
Chegou o momento de colocar na agenda da classe operária a luta pelo socialismo-comunismo como um objetivo do presente. E a classe operária não está só nessa tarefa, outros setores populares (autônomos, pequenos produtores, trabalhadores rurais) objetivamente irão se inclinando por essa orientação revolucionária. Está se conformando assim o bloco social que, liderado pela classe operária, levará a derrota das classes parasitarias hoje dominantes.
O capitalismo espanhol trata de manter nos centros de trabalho seu poder absoluto mediante um autêntico estado de terror contra a classe operária, que tem que ser contestado com a luta operária combatente, porque, hoje, renunciar à defesa de nossos direitos e abaixar a cabeça significa, mais do que nunca, facilitar o caminho para a classe patronal para aumentar a exploração e eliminar qualquer direito dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isso, os coletivos operários mais combatentes, que protagonizaram numerosas greves nesses anos, são um exemplo a seguir pelo restante dos trabalhadores e trabalhadoras, porque demonstram que a luta é possível e necessária.
A greve geral é, nas condições atuais, a ferramenta mais potente para a defesa dos nossos direitos. Junto a ela as lutas parciais, de empresas e de setor, aportarão um acúmulo de experiência e capacidade de combate que temos de multiplicar, unindo todas as lutas em uma luta geral do proletariado contra a burguesia, pelo poder popular e pelo socialismo-comunismo. Uma classe operária curtida na luta consequente pela defesa de seus direitos fará avançar suas posições e levará o restante da classe a se colocar na altura das necessidades históricas do momento. Sem medo da repressão, sem temer as demissões e todo tipo de represália empresarial, a classe operária tem que ir para o combate com determinação de vitória.
Os Comitês para a Unidade Operária (CUO) são a melhor resposta organizativa da classe operária às necessidades do momento, para avançar na unidade da classe e terminar com o fracionamento sindical que debilita as lutas.
5. O Partido Comunista é o partido da classe operária. A oligarquia não poderá parar a firme vontade das trabalhadoras e dos trabalhadores de caminhar até a sua emancipação.
O bloco dominante se encontra em uma difícil situação para manter sua posição hegemônica na sociedade, mas esse bloco não cairá se a classe operária não se organizar para aproveitar esse momento e lançar todas suas forças em uma luta de contra-ataque decidido até a vitória.
Vitória que não será alcançada sem a organização coordenada de todas as lutas operárias, vitória que necessita de um projeto político próprio para derrotar o inimigo de classe de uma maneira definitiva, vitória que necessita de direção política e luta pelo poder popular. Não haverá vitória se não se luta com o horizonte estratégico do socialismo-comunismo.
O PCPE nasceu há trinta anos, como síntese superadora de toda a experiência revolucionária do Partido Comunista em nosso país, e tem a firme determinação de levar à classe operária até a vitória, até o poder popular e até a derrota absoluta da parasitária oligarquia que nos domina.
O PCPE assume o compromisso de preparar a classe operária para a luta e para o combate, com moral de vitória, e isso será possível apesar da repressão patronal e do Estado policial quando a classe tenha plena confiança em suas próprias forças, em seu Partido e em um futuro socialista-comunista.
Não há inimigo grande demais para a classe operária quando luta organizadamente na ofensiva.
Não aceitaremos a miséria e a escravidão que o capitalismo nos impõe, não aceitaremos a resignação, nem as humilhações. Nossa confiança na classe operária nos faz fortes, não sabemos o que é o medo na luta, nos levantaremos uma e outra vez até conseguir a unidade de toda a classe operária no combate por sua emancipação. Demonstraremos que somos vanguarda por nossas convicções, por nosso projeto e por nossa prática política militante.
Nosso objetivo é finalizar o quanto antes com o tempo da burguesia espanhola como classe dominante, sua derrota chegará mais cedo do que tarde, o Partido Comunista trabalha para estar à cabeça de todas as lutas e não descansará até a vitória, até arrasar os últimos vestígios da exploração capitalista.
PELA SAÍDA DO €-UE-OTAN
PELA UNIDADE DA CLASSE OPERÁRIA
PELO PODER POPULAR E PELO SOCIALISMO-COMUNISMO
PCPE – Partido Comunista dos Povos da Espanha
Tradução: PCB – Partido Comunista Brasileiro

5 FRASES DE NELSON MANDELA QUE A GRANDE MÍDIA PREFERE ESCONDER





Publicado em dezembro 2013
Esta semana o mundo perdeu um dos maiores líderes da História. Nelson Mandela faleceu quinta-feira, no dia 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, em Pretória, África do Sul. Principal agente político do fim do apartheid e da abertura política de seu país, sua morte gerou comoção mundial e a mídia o tem tratado como unanimidade.
O que é questionável porém é a descaracterização de sua postura política, o esvaziamento de sua ideologia e a exposição deste homem somente como um quase santo o qual fomentou as tão importantes mudanças em seu país sendo apolítico e pacífico sob quaisquer condições. Este retrato não condiz com a realidade. Essa estratégia de alguns setores da mídia conservadora visa tão somente a neutralização de sua influência perante o atual cenário e configuração política de nossa sociedade.
Diante destas constatações nada melhor que conhecermos Madiba por suas próprias palavras, termos conhecimento real dos posicionamentos deste personagem que marcou a humanidade. Abaixo seguem cinco citações dele que dificilmente você verá divulgadas na Grande Mídia:
1. “Nós concordamos com as Nações Unidas quando esta declara que disputas internacionais devem ser solucionadas por vias pacíficas. A postura beligerante adotada pelo governo de Israel é inaceitável a nós. Se temos de nos referir a qualquer uma das partes como Estado terrorista, devemos fazê-lo em relação ao governo israelense, porque eles são os que estão massacrando árabes inocentes e indefesos nos territórios ocupados e não consideramos isto aceitável.”
2. “Nem Bush nem Tony Blair forneceram evidências da existência de armas deste tipo (no Iraque). Porém o que sabemos é que Israel possui armas de destruição em massa. Ninguém fala sobre isso. Qual a razão de possuirmos um parâmetro para um país, especialmente quando este é negro, e outro para outro país, Israel, que é branco?”
3. “Se existe um país que cometeu atrocidades inimagináveis pelo mundo este é o Estados Unidos da América. Eles não se importam com a humanidade.”
4. “Desde sua alvorada, a Revolução Cubana tem sido fonte de inspiração a todos os povos amantes da liberdade. Admiramos os sacrifícios do povo cubano em manter sua independência e soberania diante do imperialismo imoral que arquiteta campanhas que visam destruir o impressionante avanço realizado desde a Revolução Cubana. Vida longa à Revolução Cubana. Vida longa ao camarada Fidel Castro.”
5.  “A pobreza massiva e a desigualdade obscena são terríveis chagas de nossos tempos – tempos os quais o mundo galga impressionantes avanços na ciência, tecnologia, indústria e acumulação de riqueza – porém ainda assim temos de conviver com a escravidão e o apartheid. Dar fim à pobreza não é um gesto de caridade. É um ato de justiça. É a proteção de um direito humano fundamental, o direito à dignidade e a uma vida decente. Enquanto a pobreza existir, não há liberdade genuína.”
Este artigo é uma adaptação do original em inglês encontrado em:http://www.existenceisresistance.org/archives/3091

Nota Política do PCB sobre o caso Edward Snowden






Sua “carta Aberta ao Povo Brasileiro” e o pedido de asilo político
Em “Carta Aberta ao Povo Brasileiro”, divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, nesta terça feira, 17 de dezembro de 2013, o ex-agente da NSA (Agencia Nacional de Segurança dos EUA) sintetiza parte da sua trajetória desde que revelou ao mundo um conjunto de provas que explicitaram as ações, e meios ilegais, utilizadas pelo governo americano em parceria com os grandes grupos capitalistas da internet e do mundo digital (Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, dentre outras), para monitorar e espionar pessoas em qualquer parte do planeta, ao seu bel prazer, e como isto o resultou com inúmeras represálias e perseguições por parte do governo estadunidense.
Nela reafirmou, também, que a NSA tem monitorado diariamente bilhões de pessoas pela internet e pelos serviços de telefonia, sobre o falso pretexto da segurança nacional e do combate ao terrorismo, quando na verdade, este monitoramento sistemático visa tão somente garantir interesses econômicos e políticos, seja pela espionagem industrial e individual, ou mesmo pelo “monitoramento global em massa”, como meios de garantir a “ordem social” de acordo, claro, com os os interesses do Governo dos EUA (e, obviamente, dos grandes grupos capitalistas que o financiam, apoiam e colaboram direta, ou indiretamente com estas ações).
Ao final da carta, Snowden deixa claro o interesse de dar continuidade às suas denúncias e contribuir, inclusive, para a construção de um grande movimento que tenha por objetivo enfrentar os interesses poderosos que alicerçam estas práticas nefastas que representam um grande ataque aos interesses da humanidade.
Por estas questões que destacamos, o PCB vem a público manifestar seu apoio ao pedido de asilo político feito por Edward Snowden, não somente como forma de cessar as inúmeras formas de pressão e retaliações que ele vem sofrendo, mas também como meio de garantir que ele possa divulgar ainda mais documentos que explicitam o caráter fascista do monopólio da internet exercida pelos EUA.
Somente com a divulgação de todas as informações acerca dos atentados efetivados pelo imperialismo americano contra a privacidade das pessoas é que poderemos mudar bruscamente a correlação de forças neste campo. Correlação esta que, ainda hoje, continua completamente favorável às ações de espionagem que claramente se ligam aos processos de criminalização da classe trabalhadora e dos diversos grupos sociais que lutam contra as injustiças perpetradas pelo sistema capitalista no Brasil e no mundo.
Conceder asilo a Edward Snowden é trazer a público toda a verdade sobre este problema e, com isto, possibilitar a criação e o fortalecimento de mecanismos (como o uso da criptografia em massa) que garantam o fim da espionagem global e, até mesmo, desenvolver e propagandear o uso de ferramentas dentro do conceito de software livre ( com códigos abertos e, por tanto, autônomos em relação às grandes empresas capitalistas do ramo) capazes de garantir o direito à privacidade das pessoas e a soberania e autodeterminação dos países subalternos no sistema imperialista.
Se o governo brasileiro quer realmente lutar contra a espionagem em massa promovida pelos Estados Unidos, como proclama publicamente, ou concederá asilo a Snowden ou deixará consignada sua submissão ao imperialismo. E ainda romperá com uma tradição brasileira de concessão de asilo político.
Carta Aberta ao Povo Brasileiro
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1386291-leia-integra-da-carta-de-snowden-ao-brasil.shtml