segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sábado, 29 de dezembro de 2012
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
PCB adquire sede do Centro de Formação Astrojildo Pereira
/lh6 | |
Escola Nacional de Quadros funcionará no local
O PCB adquiriu, na última semana, o
imóvel que servirá de sede para o Centro de Formação Astrojildo Pereira.
Após meses de pesquisa e levantamento das possibilidades, os
Secretários Geral e de Organização, respectivamente Ivan Pinheiro e
Edilson Gomes, assinaram a escritura de compromisso de compra de uma
casa nos subúrbios do município de Cachoeira Paulista, na região de
Cruzeiro (SP), cumprindo decisão da Comissão Política Nacional.
O local abrigará a Escola Nacional de
Quadros do PCB e servirá ainda como espaço para diversas atividades das
organizações e instâncias do Partido e da UJC, além de eventos da
Unidade Classista, de entidades e movimentos parceiros do PCB. Será um
local também dedicado à solidariedade internacionalista.
"Trata-se de um imóvel em
localização estratégica, equidistante do Rio de Janeiro e São Paulo, e
próximo também de Belo Horizonte, com linha regular de ônibus para essas
três principais cidades do Sudeste", comentou Edilson Gomes.
Por que Astrojildo Pereira?
A escolha do nome, segundo o Secretário
Geral, foi do Comitê Central do PCB e homenageia um dos fundadores do
Partido. Astrojildo não era um intelectual diletante. Foi um militante
que soube aliar teoria e prática, na perspectiva da revolução
socialista: formulador, agitador e organizador. Mesmo quando num período
da nossa história foi posto à margem da direção partidária, manteve-se
sempre fiel ao Partido.
O PCB precisará da solidariedade dos
militantes, amigos e simpatizantes do Partido, para podermos inaugurar e
manter o Centro de Formação Astrojildo Pereira.
Uma das primeiras necessidades é a
escolha de uma logomarca para o Centro. Estamos pedindo sugestões de
arte para a logomarca, através do endereço eletrônico nacional do
Partido (
pcb@pcb.org.br ).
Campanha de finanças e trabalho voluntário
O camarada Edilson anunciou ainda que o
Partido lançará em breve uma série de iniciativas visando obter recursos
para complementar o pagamento do imóvel e reformar, ampliar e equipar o
centro, que ainda não está em condições de uso coletivo, apesar da boa
estrutura de sua construção. A previsão é que o centro seja inaugurado
daqui a um ano, em janeiro de 2014. Trata-se de uma modesta casa, que
dispõe de um terreno livre com proporções suficientes para a construção
de auditório, salas e alojamentos.
Além da captação de finanças, outra
forma militante de contribuir para a inauguração do espaço será o
trabalho voluntário, com a formação de brigadas, que contarão com o
decisivo protagonismo da juventude comunista, sob orientação de
especialistas qualificados.
Nas palavras de Ivan Pinheiro: "Nada
para nós é fácil. Nunca foi, nesses 90 anos. Precisamos do apoio
financeiro dos amigos e simpatizantes, além - é mais que óbvio - da
garra de nossa militância para estruturar o local. Mas é até bom que
seja assim. Basta pensar que, há exatas nove décadas, Astrojildo e
poucos militantes dispersos por um país continental, com péssimas
condições de transporte e comunicações, se dispuseram a fundar o PCB
para fazer a revolução socialista. É um exemplo para cada um de nós,
nesse momento. Vamos honrar o heroísmo de nossos fundadores e inaugurar e
manter nosso Centro de Formação".
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Acampados do Luiz Maranhão realizam ato em Campos
2012-12-23
No momento do ato foi encaminhado uma carta da direção regional do MST ao representante do MDA, à Vereadora Odiséia e ao senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Na carta consta a pauta de reivindicações da região em relação à desapropriação de fazendas improdutivas como Sapucaia, Cambayba, Maruí Almada e São Cristóvão, além de melhoria dos assentamentos como água, estrada, ponte, e comercialização de alimentos, e ainda a contrução de 3 escolas do campo no município de Campos dos Goytacazes.
O ato trouxe presente também todas as atrocidades cometidas naquelas terras, como incineração de corpos dos militantes da ditadura miilitar e a violência a mulheres.
O MST conta com todas e todos nesta importante luta para construção de uma terra de liberdade e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra.
do Boletim do MST RJ, com fotos de Talles Reis
No
dia 18 de dezembro, as 200 famílias do Acampamento Luiz Maranhão
realizaram um ato com representantes de organizações como Sindipetro-NF,
CPT, PCB, Comitê Contra o Trabalho Escravo Norte Fluminense, entre
outros, reivindicando a desapropriação imediata das terras da fazenda
Cambahyba.No momento do ato foi encaminhado uma carta da direção regional do MST ao representante do MDA, à Vereadora Odiséia e ao senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Na carta consta a pauta de reivindicações da região em relação à desapropriação de fazendas improdutivas como Sapucaia, Cambayba, Maruí Almada e São Cristóvão, além de melhoria dos assentamentos como água, estrada, ponte, e comercialização de alimentos, e ainda a contrução de 3 escolas do campo no município de Campos dos Goytacazes.
O ato trouxe presente também todas as atrocidades cometidas naquelas terras, como incineração de corpos dos militantes da ditadura miilitar e a violência a mulheres.
O MST conta com todas e todos nesta importante luta para construção de uma terra de liberdade e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra.
domingo, 23 de dezembro de 2012
Síria: Quais são as verdadeiras intenções dos Estados Unidos?
Resistir.info | |
Amin Hoteit*
Todo observador que se interessasse pelo
comportamento dos Estados Unidos quanto às suas verdadeiras intenções
em relação à Síria deparar-se-ia com uma série de indicações
contraditórias.
Com efeito:
I. Por um lado, eles
forçam o prosseguimento das operações terroristas enquanto ao mesmo
tempo impedem o diálogo com as autoridades legítimas do país em que
desejariam mudar radicalmente as personalidades e as orientações
políticas. Eis porque eles têm trabalhado para:
1) Substituir às pressas o "Conselho de
Istambul" (ou CNS) por uma pretensa "Coligação da oposição síria",
cozinhada por Washington e dominada claramente pelos Irmãos Muçulmanos
em todos os seus escalões.
2) Oficializar esta Coligação recém
criada como representante legítima do povo sírio trabalhando pelo seu
reconhecimento pelos países aliados; o que doravante já é coisa feita,
após a reunião dos "Inimigos da Síria" em Marraquexe.
3) Formar um "Alto conselho militar"
para manter um domínio sobre as operações desestabilizadoras fazendo,
também aí, pender a balança para o lado do Irmãos Muçulmanos pela
exclusão de duas categorias de combatentes irregulares: a primeira
designada como "terroristas na dependência da Al Qaeda", a segunda
constituída por "aqueles que desconfiam dos Irmãos Muçulmanos e recusam a
ideia da sua dominação sobre a Síria".
4) Recuar na sua decisão pública de não
armar os grupos de opositores para se empenhar, também publicamente, em
financiá-los e armá-los directamente a partir dos EUA e da Europa.
5) Multiplicar os encontros dos chamados
"Amigos do povo sírio", o famoso fórum político reunindo todos aqueles
que consentiram em marchar com os EUA para demolir a Síria independente e
ali instalar um governo sob as botas do Ocidente, ele próprio enfeudado
aos EUA.
6) Fazer instalar os mísseis Patriot na
fronteira síria, história destinada a significar que só a solução
militar é possível e que a NATO (OTAN) está finalmente prestes a
intervir.
7) Encorajar os bandos armados a
intensificarem suas operações terroristas sobre o terreno e conseguir
assim radicalizar a oposição contra as autoridades sírias.
II. Por outro lado,
eles dão a entender que doravante estão prontos a encarar uma solução
política que não afastaria nenhum dos protagonistas, incluindo as
autoridades legítimas do país, sob a égide do Presidente Al-Assad que
eles foram incapazes de desqualificar apesar de dois anos de
provocações, de manobras e de agressões. E ei-los partidos para
pretensas negociações pacíficas dentre as quais observamos:
1) A última reunião tripartida efectuada
a 9 de Dezembro em Genebra entre o ministro dos Negócios Estrangeiros
adjunto da Rússia, Mikhail Bogdanov, o secretário de Estado adjunto
americano, William Burns, e o representante especial das Nações Unidas e
da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi; a qual encerrou-se com um
comunicado deste último estipulando "que uma solução política para a
crise ainda é possível e que ela será realizada com base no acordo de
Genebra de 30 de Junho último".
2) O empenhamento assumido para
encarregar peritos russos e americanos de trabalharem na busca das
modalidades operacionais para uma tal solução pacífica.
3) A distinção dos grupos armados
operando na Síria entre "terroristas" que os EUA não caucionariam e
"opositores" que eles apoiariam; seguida a 11 de Dezembro pela decisão
de inscrever o grupo "Jabhat al-Nusra", tendo provado a sua "liderança"
devastadora, na lista das organizações terroristas internacionais.
4) A redução do nível da
representatividade estado-unidense na quarta reunião dos "Inimigos da
Síria", a 12 de Dezembro em Marraqueche, nem que seja pela ausência de
Hillary Clinton.
5) O laxismo aparente na instalação dos mísseis Patriota, os quais serão finalmente posicionados à distância da fronteira síria.
6) O recuo nas alegações mentirosas
quanto ao recurso à utilização de armas químicas pretensamente encarada
pelas autoridades sírias, por ausência de provas concludentes em favor
de uma tal intenção.
7) A garantia reiterada de que nem os
Estados Unidos, nem o Ocidente em geral, haviam tomado a decisão de uma
intervenção militar na Síria.
III. Estas
contradições, que não deixaram de suscitar a indignação do ministro
russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, sobre quando eles
declararam reconhecer a "Coligação da oposição síria" como a
representante legítima do povo sírio [declaração de Obama na véspera da
Conferência de Marraquexe quando de uma entrevista à BBC] e convidaram
seu presidente recém eleito a comparecer em Washington, levantam a
questão de saber quais são as suas verdadeiras intenções, ou antes,
quais são os meios de que ainda poderiam dispor para alcançar o seu fim.
Para responder a estas questões, é necessário recordar os dados
fundamentais estabelecidos após 21 meses de agressão incessante contra o
Estado e o povo sírios:
1) A incapacidade dos Estados Unidos e
de todos os seus aliados para derrubar o governo sírio, sem uma
intervenção militar directa tornada quase impossível, ou para o
prosseguimento da guerra indirecta por terrorismo interposto e travada
por grupos armados, financiados e treinados por forças que lhes estão
enfeudadas.
2) O esgotamento dos alvos sírios a
destruir, agora que máquina infernal dos EUA matou e destruiu tudo
aquilo que podia atingir como infraestruturas económicas e sociais;
estando o que escapou imunizado e relativamente fora de alcance.
3) A combatividade, a unidade, a
disciplina e a tenacidade do Exército sírio, capaz de prosseguir seu
combate defensivo e de impedir os grupos armados de manter suas posições
pretensamente libertadas.
4) A rejeição dos insurrectos e dos
terroristas pelo povo sírio, algumas categorias do mesmo chegaram até a
reclamar e obter armas para a defesa da sua terra estes "estrangeiros";
razão suplementar que torna difícil, mesmo impossível, a manutenção dos
grupos armados nas regiões momentaneamente ocupadas ou a ocupar.
IV. De tudo isto que
antecede, podemos compreender e imaginar a posição dos EUA face à dita
"crise síria", posição fundamentada sobre os seguintes elementos:
1) A convicção de que o governo sírio
permanecerá nas suas posições qualquer que seja a intensificação
criminosa (ocidental) da "sua máquina de matar" e que o prosseguimento
da acção armada não conduzirá senão a mais mortes e destruições sem
mudar nada nos resultados político e estratégico.
2) A ausência de garantia quanto à
manutenção futura das actuais alianças anti-sírias, sobretudo se o
incêndio se propagasse numa região correspondente em grande parte às
suas zonas de influência, a começar pelos países do Golfo e a Turquia. O
príncipe Talal bin Sultan não declarou que a Arábia Saudita seria a
próxima vítima da "pretensa Primavera árabe"? E Davudoglou não
encareceu, na Conferência de Marraquexe, que a situação síria é uma
ameaça para os países vizinhos? Em consequência, os dirigentes dos EUA
deveriam ter compreendido bem que o que eles poderiam obter hoje pela
negociação em grande parte lhes fugiria se a adiassem!
3) A necessidade de continuar a
trabalhar com os Irmãos Muçulmanos enquanto aliados preferenciais,
envoltos em bandeiras islâmicas mas submetidos aos seus diktats.
Eis porque não vemos contradições no
comportamento dos Estados Unidos, mas antes uma certa complementaridade
que lhes permitiria lançar as bases de uma solução momentaneamente
satisfatória, uma vez que doravante estão condenados a negociar.
Já seria um êxito posicionar um novo
poder reservando postos chave a Irmãos Muçulmanos, uma vez que se
verifica dificilmente realizável que uma maioria do povo sírio lhes
permita monopolizá-lo através das urnas. Assim, dispondo do seu direito
de veto, os EUA poderia, no mínimo, desactivar não importa qual decisões
futuras que fossem contra os seus interesses. Daí a utilidade da
"Coligação dos irmãozinhos opositores" e do Alto comando militar dos
mesmos irmãozinhos... Pelo menos partilhar um poder que no imediato não
se pode dominar com exclusividade!
Em consequência, dizemos muito
simplesmente que a "solução negociada" desejada pelos dirigentes dos EUA
é não ter em conta a vontade de uma grande maioria do povo sírio e da
sacrossanta democracia, uma solução que garantiria aos Irmãos Muçulmanos
o poder de decisão, mesmo se as urnas decidissem outra coisa.
Para aí chegar, os EUA não estão prestes
a abandonar nem pressões políticas nem operações militares criminosas e
isto num prazo que parece ter sido fixado até à próxima Primavera sem
qualquer revisão!
20/Dezembro/2012
*Libanês, analista político, perito em estratégia militar e general de brigada na reserva.
O original encontra-se em Sham Times e a versão em francês em www.legrandsoir.info/...Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
PCB na luta pela criação do Monumento Nacional Contra a Tortura,
PCB na luta pela criação do Monumento Nacional Contra a Tortura, na extinta Usina Cambayba
PCB | |
Na última terça-feira (18/12),
militantes do PCB, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro,
participaram do ato público na ocupação do MST- Luís Maranhão - nas
terras que pertenceram a extinta Usina Cambayba.
O complexo de sete fazendas foi ocupado
pelo MST pela segunda vez no dia 2 de novembro de 2012. Hoje,
aproximadamente 200 famílias ocupam as terras da extinta usina,
defendendo sua desapropriação e Reforma Agrária já.
O Partido Comunista Brasileiro apoia a
ocupação Luís Maranhão - nome de um de seus dirigentes assassinados pela
ditadura - e que, segundo depoimento do torturador Cláudio Guerra, no
livro "Memórias de uma Guerra Suja", foi um dos militantes que tiveram
seus corpos incinerados nos fornos da referida usina.
O PCB defende que a extinta Usina
Cambayba deve ser transformada em testemunho do período da ditadura
civil militar, no município de Campos dos Goytacazes.
Os fornos e o complexo industrial devem
ser tombados como patrimônio histórico como MONUMENTO NACIONAL CONTRA A
TORTURA, para que sejam preservados em nome da memória histórica do
período da ditadura civil-militar e dos dez militantes comunistas
possivelmente executados, cujos corpos foram levados para ali serem
incinerados.
O Brasil sancionou tardiamente a lei que
cria a Comissão Nacional da Verdade para apurar violações aos direitos
humanos ocorridas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura
militar, tendo como objetivo esclarecer fatos ocorridos neste período.
Para isso, aproveitará as informações produzidas há quase 16 anos pela
Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e há dez anos
pela Comissão de Anistia.
No Estado do Rio de Janeiro a
Assembleia Legislativa aprovou em 17/10/12 a Comissão Estadual da
Verdade para acompanhar e subsidiar a Comissão Nacional da Verdade.
Dos lugares apontados como centros de
tortura no Brasil no período militar, 13 eram localizados no Estado do
Rio de Janeiro, como o DOI-CODI (Destacamento de Operações de
Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), no Rio, e a Casa
da Morte, em Petrópolis.
Após os depoimentos de Cláudio Guerra em
seu livro, Campos dos Goytacazes passa a figurar como possível palco
das atrocidades da ditadura civil-militar onde, segundo Guerra, foram
incinerados os corpos de dez militantes comunistas pertencentes a
diversas organizações:
1- João Batista Rita (M3G)
2- Joaquim Pires Cerveira (militante da Frente de Libertação Nacional)
3- Ana Rosa Kucinski Silva (militante da Aliança Libertadora Nacional)
4- Wilson Silva (ALN)
5- David Capistrano (dirigente nacional do Partido Comunista Brasileiro)
6- João Massena Melo (dirigente nacional do PCB)
7- Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira (APML)
8- Eduardo Collier Filho (APML)
9- José Roman (dirigente do PCB)
10 - Luís Inácio Maranhão Filho (dirigente do PCB)
Assim, é urgente o tombamento histórico
dos fornos da extinta Usina Cambayba, como MONUMENTO NACIONAL CONTRA A
TORTURA, para evitar seu desmantelamento, com a venda das estruturas que
restam, em nome da preservação da memória, a ser articulada com
documentos fruto de pesquisas e relatórios da Comissões Estadual e
Nacional da Verdade, prestando-se relevante contribuição à História do
Brasil e à luta contra a tortura.
Graciete Santana
PCB - RJ
domingo, 16 de dezembro de 2012
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Pra não ter medo de COMUNISTA!
Classificado em PCB -
Por Hélio de Freitas Coelho *
Um
grande cidadão brasileiro!
Um arquiteto revolucionário com as armas da
sensibilidade, do talento inovador e da inteligência criativa. Um belo e
nobre comunista do começo ao fim de sua existência. Sua presença para
sempre no Brasil e no mundo com sua genialidade, e com ele vai o Brasil e
o povo brasileiro, sobretudo o povo trabalhador a quem tanto amou. Sua
marca entre nós nos CIEPS dourados de Brizola e Darcy e na UENF que nos
projeta para o futuro. Um artista, um humanista, um militante do amor
ao próximo, um defensor dos oprimidos e dos explorados, um brasileiro
que pensava a vida comose ela fosse um sopro...ainda bem que esse sopro
teve a duração de 105 anos!
Seu nome e sua obra permanecerão muito além
do seu corpo que voltou ao pó e de sua energia espiritual que partiu na
direção de toas as respostas...Minha admiração, grande comunista,
grande brasileiro!
* Hélio de Freitas Coelho
Professor Universitário há décadas, com formação em Direito, História,
Sociologia e Política. Incursões artísticas na música e na poesia. Presidente da Academia Campista de Letras
sábado, 8 de dezembro de 2012
Câmara instala painel de 5 metros em homenagem aos torturados
Personagem do primeiro time das artes plásticas nacionais, popularizado pelo traço suave e inventivo que marcou as capas de clássicos da Música Popular Brasileira, Elifas Andreato concluiu ontem a instalação do painel “A verdade ainda que tardia”, de 5m por 1,80m, que retrata as atrocidades sofridas pelos presos políticos durante a ditadura militar no Brasil. (Clique sobre a imagem para visualizar em alta resolução.)
http://blogs.estadao.com.br/joao-bosco/files/2012/12/painel_CVJ_alta.jpg
Camarada Niemeyer, o PCB segue firme:
PCB | |
Sua obra e sua firmeza ideológica foram imprescindíveis!
“Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é a nossa decisão”.
Esta é a palavra de ordem do belo cartaz
que o camarada Oscar Niemeyer fez para a arrecadação de fundos do
processo de reconstrução revolucionária do PCB, no início da década de
90. Primeiro militante a assinar o Manifesto pela Reorganização do PCB
(Fomos, Somos e Seremos Comunistas), Niemeyer contribuiu de maneira
efetiva, com seu nome, seu prestígio e sua história para que o PCB não
fosse extinto, como queriam os liquidacionistas. O original do cartaz de
Niemeyer embeleza hoje a sede nacional do PCB e várias reproduções
enfeitam as paredes dos Comitês Estaduais pelo País afora.
Logo após a Conferência de
Reorganização, em 1992, o camarada Niemeyer não vacilou em aceitar a
presidência de honra do PCB naqueles tempos de adversidades, comprovando
mais vez sua coerência política e sua abnegação à causa dos comunistas
brasileiros. As novas gerações, que hoje constroem o PCB, sempre terão
no arquiteto comunista, no poeta das linhas curvas, um exemplo para dar
continuidade à luta de nosso povo pela sua emancipação e pela sociedade
socialista, que sempre foi o sonho de Niemeyer.
A Comissão Política Nacional do PCB,
neste momento de pesar pela perda de um valoroso e heróico camarada, se
associa a todos aqueles que no Brasil e no mundo prestam justas
homenagens a um comunista brasileiro que honrou até o fim da vida sua
condição de revolucionário.
Com prancheta, caneta e palavras,
construiu a estética arquitetônica do mundo futuro, um mundo onde todos
possamos viver com dignidade e alegria, um mundo da felicidade humana,
um mundo socialista!
Camarada Niemeyer, Presente! Ontem e sempre!
PCB – Comissão Política Nacional
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
OS DESERDADOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Brasil de Fato
espaço sindical
Marcos Pedlowski do Rio de Janeiro (RJ)
espaço sindical
Marcos Pedlowski do Rio de Janeiro (RJ)
A INSTALAÇÃO do Complexo Industrial- Portuário do Açu vem sendo alardeada
como uma oportunidade única para alavancar o desenvolvimento econômico
do município de São João da Barra(RJ) e, por extensão, de todo o norte fluminense.
Quando visto na maquete que é mostrada aos que visitam o canteiro de obras
na localidade de Barra do Açu, a magnitude do empreendimento impressiona,
pois além de um porto, existem projetos para a instalação de um estaleiro, duas
siderúrgicas, duas termelétricas, uma fábrica de automóveis e vários outros projetos
menores. As estimativas de empregos diretos e indiretos ficam na ordem de 100
mil postos de trabalho. O financiamento destas obras é um exemplo perfeito
das chamadas parcerias público-privadas (PPPs), já que apesar de ser um empreendimento
privado do Grupo EBX, do bilionário Eike Batista, o Complexo
do Açu foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em função
disso, apenas para a construção de um estaleiro pela OSX foi anunciado um
generoso empréstimo do BNDES na ordem de R$ 2,7 bilhões.
Outra faceta da parceira público-privada na construção deste complexo é a participação
direta do governo do Estado do Rio de Janeiro no fornecimento de terras
para a instalação do chamado Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB)
que possui a chancela da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de
Janeiro (Codin). Em troca da localização do empreendimento no norte fl uminense,
o governo do Rio de Janeiro emitiu seis decretos de desapropriação de terras
cobrindo em torno de 7.200 hectares em nome do interesse público. Além disso, o
governo fl uminense conseguiu a descentralização do processo de licenciamento
ambiental, que passou do Ibama para o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
A alegação para esta mudança de jurisdição na emissão das licenças ambientais
foi a da necessidade de se diminuir a burocracia e, com isto, ganhar celeridade
no processo. Um aspecto ignorado nas diferentes
esferas decisórias é que o chamado V Distrito de São João da Barra não era desabitado
e, tampouco, suas terras eram improdutivas. Pelo contrário, a área escolhida
para a instalação do DISJB abrigava em torno de 1000l famílias de agricultores
e pescadores artesanais há varias gerações. Mas esse aparente desconhecimento
da realidade não se deu por falta de informações, visto que dados socioeconômicos
fornecidos em diferentes momentos pelo IBGE mostravam a presença
dessas famílias, bem como a renda que eles obtinham a partir de uma
agricultura bastante adaptada à realidade ecológica existente. Dados estatísticos
apontam ainda que os agricultores do V Distrito respondiam por uma parte
significativa da produção estadual de várias culturas, tais como abacaxi, quiabo
e maxixe. Os moradores do V Distrito reagiram inicialmente com incredulidade à possibilidade
de que perderiam suas pequenas propriedades, visto que a maioria possuía os títulos de propriedade, enquanto
outros possuíam direitos hereditários claramente demarcados. Assim,
a reação ao processo de desapropriação começou apenas em 2010 quando
os primeiros proprietários começaram a ser expulsos de suas propriedades de
forma truculenta em operações realizadas por forte contingente repressivo que
misturava policiais militares, ofi ciais de justiça e seguranças privados contratados
pelo Grupo EBX. Para piorar toda esta situação, poucas famílias foram indenizadas
no processo de desapropriação, o que gerou uma série de problemas
de ordem fi nanceira para as famílias afetadas. Há que se salientar que os
procedimentos adotados pela Codin no processo de desapropriação afrontam
diretamente tanto a Constituição Federal como a Estadual, num claro desrespeito
aos direitos das famílias que foram desapropriadas.
Para responder a esta situação, os agricultores criaram a Associação dos Produtores
Rurais e Imóveis de São João da Barra (Asprim) que começou, desde então,
a liderar a resistência às tentativas de remoção forçada das famílias. A este processo se juntaram militantes de movimentos sociais como o MST e o MPA, sindicalistas e também professores e estudantes
do Instituto Federal Fluminense (IFF), da Universidade Federal Fluminense
(UFF) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Este
processo de agregação de forças tornou possível a realização de diversos eventos
políticos, incluindo seminários e marchas de protesto. Além disso, houve ainda
a produção de vídeos que foram disseminados em redes sociais e em blogs.
Esta combinação de esforços e uso de ferramentas virtuais vem retardando a expulsão das famílias e ampliou o processo de resistência.
Para piorar ainda mais as coisas, recentemente foi identifi cado um processo
de salinização de corpos aquáticos e das terras do V Distrito. A investigação desse
fato começou a partir de denúncias feitas por agricultores que vivem nas propriedades
que ainda não foram desapropriadas. A salinização foi comprovada
por pesquisas científi cas realizadas por pesquisadores ligados ao Laboratório de
Ciências Ambientais da Uenf. Esta descoberta levou a que o Ministério Público
Estadual do Rio de Janeiro desse início a um processo de verifi cação das licenças
ambientais concedidas pelo Inea para a construção das duas siderúrgicas.
Este processo pode se estender à provável causa da salinização que é a construção
do estaleiro da OSX. O que precisa ser ressaltado é a própria
crise do projeto, inicialmente idealizado por Eike Batista, e que justifi cou
a desapropriação realizada pelo governo do Rio de Janeiro. É que apenas nos últimos
meses três grandes parceiros anunciados desistiram de se instalar no Complexo
do Açu: a chinesa Wuhan Steel e a ranco-argentina Ternium, que construiriam
as duas siderúrgicas; e a empresa automobilística japonesa Nissan que levantaria
uma planta de automóveis. Com sto deixarão de ser gerados em torno de
47 mil postos entre empregos diretos e indiretos.
Para tornar a situação ainda mais escandalosa, gora o bilionário Eike Batista
anda alardeando uma mudança de estratégia dentro da qual as terras desapropriadas
serão alugadas para empresas interessadas em fornecer equipamentos
para a exploração do petróleo existente na camada Pré-Sal com um ganho anual
de cerca de R$ 100 milhões para o Grupo EBX.
Finalmente, ainda que não se desconheça a necessidade de ampliar a capacidade
logística e industrial do Brasil, os fatos que foram aqui narrados são inaceitáveis
dentro de um Estado que se proclama democrático. Não há qualquer justifi -
cativa para o tipo de tratamento que está sendo dado a centenas de famílias pobres
cujos meios de produção estão sendo retirados à força pelo Estado. O mais gritante
é que isto está ocorrendo na segunda economia da federação e num estado
que importa a maioria dos alimentos que sua população consome. É urgente que
haja uma mobilização para defender os direitos destas famílias que passam, inclusive, pela exigência de revisão dos decretos de desapropriação.
Marcos A. Pedlowski é Professor Associadodo Laboratório de Estudos do Espaço
Antrópico da Uenf, PhD em Planejamento
Regional pela Virginia Polytechnic Institute
and State University.
EIKE BATISTA
Agricultores e pescadoressão os grandes perdedores na construção do
Complexo Industrial- Portuário do Açu no norte fluminense
Os deserdados do desenvolvimento econômico
Em troca da localização do empreendimento
no norte fluminense, o governo do Rio de Janeiro emitiu seis decretos de
desapropriação de terras Para piorar toda esta situação, poucas famílias foram indenizadas
no processo de desapropriação Manifestação contra a construção do Complexo Industrial-Portuário do Açu no norte fl uminense Terras desapropriadas abrigavam cerca de mil famílias de agricultores e pescadores
MP instaura inquérito contra projeto de Eike no Açu
6/12/2012
-
14h37
"O processo de concentração progressiva de sais estaria ocorrendo por causa do aterro feito com areia retirada do mar, objetivando elevar a área para erguer o Distrito Industrial do Açu", disse o MPF em nota.
O inquérito foi instaurado após o MPF receber uma representação que noticiava a existência de impacto de grande alcance gerado pelas obras de construção do Complexo Logístico Portuário do Açu.
O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, responsável pela abertura do inquérito, pede que seja enviado um ofício ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que o órgão encaminhe as licenças concedidas às empresas responsáveis pela obra.
Além disso, o MPF pede informações das medidas tomadas ou a serem exercidas no combate ao impacto, assim como a realização de fiscalização no local. O Inea tem 10 dias para responder a solicitação.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a LLX informou que não foi notificada pelo Ministério Público Federal sobre o inquérito instaurado. A empresa disse estar em conformidade com os processos de licenciamento ambiental de todas as obras do grupo EBX em São João da Barra. Além disso, afirmou que monitora os índice de sanilidade do local.
"Os índices de salinidade são monitorados continuamente pela equipe de gestão ambiental da empresa e os resultados desse monitoramento são enviados para os órgãos ambientais competentes na periodicidade e formato determinados pelo Inea (Instituto Estadual de Ambiente)", informou a empresa na nota.
Ministério Público instaura inquérito contra projeto de Eike no Açu
Publicidade
DENISE LUNA
DO RIO
O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil público para
verificar denúncia sobre a salinização do canal do Quitingute, em São
João da Barra, no norte fluminense, onde está sendo construído o Porto
do Açu, do empresário Eike Batista.
DO RIO
"O processo de concentração progressiva de sais estaria ocorrendo por causa do aterro feito com areia retirada do mar, objetivando elevar a área para erguer o Distrito Industrial do Açu", disse o MPF em nota.
O inquérito foi instaurado após o MPF receber uma representação que noticiava a existência de impacto de grande alcance gerado pelas obras de construção do Complexo Logístico Portuário do Açu.
O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, responsável pela abertura do inquérito, pede que seja enviado um ofício ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que o órgão encaminhe as licenças concedidas às empresas responsáveis pela obra.
Além disso, o MPF pede informações das medidas tomadas ou a serem exercidas no combate ao impacto, assim como a realização de fiscalização no local. O Inea tem 10 dias para responder a solicitação.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a LLX informou que não foi notificada pelo Ministério Público Federal sobre o inquérito instaurado. A empresa disse estar em conformidade com os processos de licenciamento ambiental de todas as obras do grupo EBX em São João da Barra. Além disso, afirmou que monitora os índice de sanilidade do local.
"Os índices de salinidade são monitorados continuamente pela equipe de gestão ambiental da empresa e os resultados desse monitoramento são enviados para os órgãos ambientais competentes na periodicidade e formato determinados pelo Inea (Instituto Estadual de Ambiente)", informou a empresa na nota.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
OSCAR NIEMEYER
Oscar
Niemeyer: uma legenda comunista para a história.
O mundo das artes e a cultura do trabalho perderam o legendário
arquiteto e comunista Oscar Niemeyer. Figura da maior grandeza, que
marcou o século XX com a sua arte e ciência, mas também com as
ideias pelas quais lutava com convicção.
O arquiteto comunista, com seus traços,
colocou o Brasil na modernidade do mundo. Sua obra marcou a
arquitetura na Europa, na África, na Ásia, no Líbano e na América.
Sua genialidade se espalhou pelo Brasil em obras que refletiam as
curvas, a luz e a suavidade da liberdade no traço do concreto que
era erguido pelos trabalhadores, em prol dos
quais lutou por toda uma vida. Ao projetar Brasília, Niemeyer
afirmava que não bastava criar uma cidade, era preciso mudar o
sistema que apartava os trabalhadores de sua obra.
Mas o homem, militante comunista, tinha a estatura de sua obra.
Entrou para o nosso Partido em 1945, lutou contra a repressão da
ditadura militar, sendo desterrado para a França. Lá
militou no Partido dos fuzilados, dos
que heroicamente resistiram ao nazismo, o histórico Partido
Comunista Francês, sendo o construtor da sede daqueles comunistas.
Sempre esteve ao lado do progresso da humanidade. Apoiou a revolução
bolchevique e o Estado operário na URSS, sempre esteve ao lado de
Cuba socialista, e quando a revolução democrática e socialista
venceu a opressão na Argélia, para lá foi o militante comunista
brasileiro, construir universidades e prédios para atender aos
interesses dos trabalhadores.
Niemeyer esteve ao lado de gigantes do século XX:
foi amigo dos comunistas Fidel Castro, Pablo Neruda, Luiz
Carlos Prestes, Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e José
Saramago. Apoiou todas as lutas dos
trabalhadores em seu tempo, militante sempre
solidário, altivo e disposto a lutar pelo socialismo.
Quando o nosso Partido foi atacado pelo liquidacionismo, no IX
congresso em 1991, lá estava ele, no plenário do auditório da UERJ
para dizer: “Enquanto houver miséria e opressão, ser comunista é
a nossa decisão”.
Após a ruptura com os liquidacionistas, que viraram as costas para a
história, em 1992, Oscar Niemeyer foi eleito o presidente de honra
do PCB.
Sua luta, sua história, seu compromisso com o marxismo e o
socialismo, assim como a sua arte e ciência marcaram indelevelmente
a memória do tempo presente.
Camarada Oscar Niemeyer, presente!
Rio, 06 de dezembro de 2012.
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br
Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922
Oscar Niemeyer, um arquiteto comunista
Oscar Niemeyer, um arquiteto comunista
PCB | |
Frank Svensson
Neste depoimento de Frank Svensson,
também arquiteto e integrante do Comitê central do PCB, quando do
aniversário de 100 anos de Oscar Niemeyer, conhecemos um pouco mais da
trajetória deste ícone brasileiro.
Nasci em Belo Horizonte, em 1934.
Dezesseis anos após tinha minha carteira de trabalho. De dia trabalhava
como apontador de obra numa pequena empresa de construção civil. À noite
cursava o científico, preparando-me para ingressar nalgum curso
superior. Natural ser-me-ia escolher engenharia civil. Na minha família
não havia ninguém com formação superior, e eu temia as disciplinas das
“ciências exatas”. Como havia ouvido que cursar arquitetura era menos
difícil, concorri em 1957 ao exame vestibular na Escola de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de Minas Gerais. Fui reprovado em desenho
artístico, o que me fez matricular-me numa Escola de Belas Artes. No ano
seguinte fui admitido em arquitetura.
Antes eu havia acompanhado a construção
dos edifícios do conjunto da Pampulha. Surpreendiam-me as formas curvas
das obras de Niemeyer. Contrastavam com a retilineidade das obras da
empresa em que eu trabalhava. Soube que ele, no início de sua carreira,
trabalhara com Lúcio Costa. Sabia também que Bela Bartok fazia
levantamentos de música popular húngara para depois reinterpretá-las em
composições modernas. – Não seria o mesmo caso de Niemeyer?
Hoje percebo tratar-se de algo muito
mais significativo. A geometria euclidiana surge do movimento das
ferramentas: a linha reta do ato de serrar, o círculo do ato de tornear
etc. Aproxima-se da matemática permitindo o cálculo das formas. Sou do
tempo das máquinas de calcular. Permitiam-nos até três incógnitas, no
máximo quatro. Que trabalheira... Com a ajuda do sábio Joaquim Cardoso,
Niemeyer movia uma luta intensa para aproximar o conhecimento das formas
à assimetria encontrada na natureza. É de se reconhecer o avanço que a
geometria euclidiana teve para o domínio da natureza. Niemeyer, no
entanto, procurava uma geometria mais avançada que a euclidiana,
permitindo uma melhor integração entre a sensibilidade do arquiteto, no
construído pelo homem, e a natureza. Com o surgimento da informática é
que ocorreria um salto maior em relação a tal aproximação.
No fim de 1958 aceitei ser responsável
por uma das secretarias do Centro Acadêmico e no ano seguinte ingressei
no PCB. Sabíamos que Niemeyer vez por outra pernoitava em Belo
Horizonte, a caminho de Brasília. Eu e mais três alunos (todos
comunistas) decidimos procurá-lo no hotel em que se hospedava.
Sugeriu-nos passar as próximas férias de fim de ano estagiando no
escritório que dirigia em Brasília. Claro que aceitamos e passamos a nos
preparar para isso. Uma vez em Brasília fomos encaminhados ao arquiteto
Gladson da Rocha, que voltara do México e participava da equipe de
Niemeyer. Pela manhã examinávamos os desenhos de alguma edificação no
Plano Piloto. Almoçávamos no Palace Hotel e à tarde íamos ao canteiro de
obras relacionar a obra com os desenhos vistos pela manhã. Disso
resultaria um relatório para posterior consideração por Gladson da
Rocha. Percorremos assim praticamente tudo o que estava sendo construído
a partir de projetos feitos pela equipe.
Soubemos que o projeto do Teatro
Nacional havia sido concebido em cinco dias. Que cada uma das “pétalas”
que configuram a catedral tem uma fôrma de madeira perdida em seu
interior. Que para a catedral havia sido feito um projeto anterior mais
adequado à liturgia católica. Era o papado de João XXIII, propondo
grandes mudanças na Igreja. Decidiu-se por um projeto ecumênico,
permitindo distintos tipos de culto. Daí a forma atual. Para calcular a
forma das fôrmas de concreto armado recorreu-se a um padre alemão,
professor de geometria descritiva. Aprendemos muito!
Como militante de um partido com um
enfoque materialista dialético histórico somos levados a sempre
relacionar o específico com o geral, a parte com o todo, o lógico com o
histórico, o regional com o nacional e o nacional com o internacional.
Relacionar as obras específicas de um profissional como Oscar Niemeyer
com categorias abrangentes como cultura brasileira, democracia, riqueza,
liberdade, espírito de partido etc. Era natural que em face de seu
engajamento político-partidário nos perguntássemos que relação isso
poderia ter com sua produção arquitetônica.
A escola que eu cursara não me dera
clareza quanto a isso. Meus estágios em Brasília limitaram-se à
curiosidade quanto aos edifícios em si, bem como à cidade quase como uma
maquete. Foi meu trabalho na SUDENE, em equipes interdisciplinares
formadas para a solução de problemas concretos, que me forçaram a
esclarecer o que seria específico da arquitetura. O que é que faria com
que fosse arquitetura, não outra coisa? Na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco conheci o Professor
Evaldo Coutinho. Seus livros evidenciaram a importância da vivência da
realidade, de como de expectadores e usuários sermos transformados em
valor arquitetônico, em componentes espaciais. Isto era muito mais do
que uma apreciação e um conhecimento positivista dos lugares da vida.
Sem sabê-lo, Evaldo Coutinho fez-me ainda mais marxista, enquanto a
SUDENE convenceu-me da existência de uma consciência coletiva que
incorpora as motivações de relações sociais e de produção.
A partir de 1968, com o esvaziamento da
SUDENE, fui convidado a trazer sua experiência para a Universidade de
Brasília, o que resultou num processo de conscientização de alunos
quanto à realidade da região centro-oeste. Tornei-me incômodo ao regime
militar e fui enquadrado na lei de exceção 477, do ato AI5, proibindo-me
de lecionar e ser funcionário público em todo o território nacional.
Tive de deixar o país.
Em 1975 recebi convite para integrar a
equipe de Oscar Niemeyer em Argel. Minha convivência pessoal com obras
de Niemeyer limitou-se a um período de trabalho na Argélia e a conhecer
in loco suas obras em Paris e Milão. Cheguei à Argélia vindo da França,
onde obtivera trabalho como professor convidado das escolas de
arquitetura em Estrasburgo e Nancy. Passando pela Itália procurei meu
amigo Glauco Campelo, em Milão, e tive oportunidade de conhecer a
construção da nova sede da empresa editorial Mondadori.
Morre aos 104 anos o arquiteto Oscar Niemeyer
O O arquiteto completaria 105 anos no próximo dia 15 (Foto: Reuters)
Maior
nome da arquitetura brasileira, e um dos ícones da arquitetura mundial,
Oscar Niemeyer Soares morreu na noite desta quarta-feira (05), aos 104
anos, de insuficiência respitarória. Ele completaria 105 anos no próximo
dia 15, e estava internado desde o dia 2 de novembro no Hospital
Samaritano, na zona sul do Rio de Janeiro, a princípio para tratar de
uma desidratação. Niemeyer permaneceu lúcido até terça-feira, e a
família estava ao lado dele no momento da morte.
O corpo do arquiteto será velado no Palácio do Planalto, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff ofereceu o palácio à família para o último adeus a Niemeyer. Ainda não há confirmação do horário do velório.
Leia também:
Oscar Niemeyer assinou cerca de 500 obras
O revolucionário pai da arquitetura moderna
Relembre as principais obras de Niemeyer
Em maio deste ano, Niemeyer já havia sido internado outras duas vezes, no mesmo local, apresentando quadros de desidratação e pneumonia. Em abril, o arquiteto passou ainda 12 dias internado devido a uma infecção urinária.
Nascido em 15 de dezembro de 1907, Niemeyer formou-se como arquiteto e engenheiro na Escola Nacional de Belas Artes, em 1934. Logo depois, começou a trabalhar no escritório dos renomados arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão. Mesmo sem remuneração, o emprego serviu de trampolim para Niemeyer conquistar o respeito de figuras importantes.
Fachada do Palácio da Alvorada.(AP Photo/Eraldo Peres)
O corpo do arquiteto será velado no Palácio do Planalto, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff ofereceu o palácio à família para o último adeus a Niemeyer. Ainda não há confirmação do horário do velório.
Leia também:
Oscar Niemeyer assinou cerca de 500 obras
O revolucionário pai da arquitetura moderna
Relembre as principais obras de Niemeyer
Em maio deste ano, Niemeyer já havia sido internado outras duas vezes, no mesmo local, apresentando quadros de desidratação e pneumonia. Em abril, o arquiteto passou ainda 12 dias internado devido a uma infecção urinária.
Nascido em 15 de dezembro de 1907, Niemeyer formou-se como arquiteto e engenheiro na Escola Nacional de Belas Artes, em 1934. Logo depois, começou a trabalhar no escritório dos renomados arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão. Mesmo sem remuneração, o emprego serviu de trampolim para Niemeyer conquistar o respeito de figuras importantes.
Fachada do Palácio da Alvorada.(AP Photo/Eraldo Peres)
Sempre
idealista e inovador, ganhou nome pela sua ousadia e recebeu
oportunidades para participar de grandes obras, como o Conjunto
Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, construído entre 1942 e
1944. Neste local, construiu ainda a Igreja São Francisco de Assis, alvo
de diversas críticas da Igreja Católica devido à forma incomum e a um
mural pintado por Cândido Portinari. Seus traços abstratos não agradaram
a entidade religiosa, que se negou a benzer a obra após sua
finalização, em 1943. A arquidiocese só a consagrou 17 anos depois, em
1959.
Dois anos depois, o arquiteto, sempre politicamente engajado, ingressou no Partido Comunista Brasileiro, sendo o responsável pelo projeto da sede do Partido Comunista Francês, cinco anos depois. Projetou ainda o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, inaugurado no aniversário de 400 anos da cidade, em 1954. Para a mesma celebração, o arquiteto foi responsável pela construção do Edifício Copan, no centro da capital paulista.
Diante da polêmica gerada pelo projeto da Igreja São Francisco de Assis, Niemeyer ganhou mais visibilidade e passou a receber convites para outras obras como a construção da sede das Nações Unidas, em Nova York e, em 1957, deu início ao projeto para o Plano Piloto de Brasília, futura capital do Brasil.
Ao lado do companheiro Lúcio Costa e de Joaquim Cardozo, Niemeyer projetou os principais edifícios de Brasília, como o Congresso Nacional, os palácios do Itamaraty, do Planalto e da Alvorada, o Teatro Nacional e ainda a Catedral Metropolitana. Tudo realizado durante o mandato de Juscelino Kubitschek.
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, uma das obras marcantes de Niemeyer.(AP Photo/Ricardo Moraes)
Dois anos depois, o arquiteto, sempre politicamente engajado, ingressou no Partido Comunista Brasileiro, sendo o responsável pelo projeto da sede do Partido Comunista Francês, cinco anos depois. Projetou ainda o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, inaugurado no aniversário de 400 anos da cidade, em 1954. Para a mesma celebração, o arquiteto foi responsável pela construção do Edifício Copan, no centro da capital paulista.
Diante da polêmica gerada pelo projeto da Igreja São Francisco de Assis, Niemeyer ganhou mais visibilidade e passou a receber convites para outras obras como a construção da sede das Nações Unidas, em Nova York e, em 1957, deu início ao projeto para o Plano Piloto de Brasília, futura capital do Brasil.
Ao lado do companheiro Lúcio Costa e de Joaquim Cardozo, Niemeyer projetou os principais edifícios de Brasília, como o Congresso Nacional, os palácios do Itamaraty, do Planalto e da Alvorada, o Teatro Nacional e ainda a Catedral Metropolitana. Tudo realizado durante o mandato de Juscelino Kubitschek.
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, uma das obras marcantes de Niemeyer.(AP Photo/Ricardo Moraes)
Em 1966, proibido de trabalhar no Brasil, o arquiteto se muda para Paris, na França, onde dá início a uma nova fase em sua carreira. Fixado na capital francesa, Niemeyer projeta a sede do Partido Comunista Francês, a Universidade Mentouri de Constantine, na Argélia, e a Editora Mondadori, na Itália, além de outras obras espalhadas pelo continente europeu.
A sede do Partido Comunista Francês, desenhada por Niemeyer(Foto AP/Christophe Ena)
Com a abertura política no início da década de 80, Nieyemer retorna ao Brasil e, ao lado do seu amigo Darcy Ribeiro, vice de Leonel Brizola no governo do Rio de Janeiro, projeta os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), e o Sambódromo da capital carioca. Em 1985 cria o Panteão da Pátria, em Brasília, e ainda o Memorial da América Latina, em São Paulo.
Depois disso, Niemeyer participa da construção do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em 1991, aos 84 anos. Nos anos 2000 têm início a série de inaugurações de museus. Em 2002 foi criado o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Em 2006, um ano depois da inauguração do Auditório do Ibirapuera, são finalizados o Museu Nacional Honestino Guimarães e a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, o maior centro cultural do país.
Durante o governo de Aécio Neves, em 2010, Niemeyer concluiu um dos seus mais audaciosos projetos, a Cidade Administrativa de Minas Gerais, repleta de curvas e formas inovadoras, abrigando as Secretarias e os órgãos do Estado
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Trabalhadores do Açu paralisam atividades reivindicando melhorias
site do Ururau
Carlos Grevi
Funcionários da ICEC acionaram o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil
Uma semana depois do Ministério do Trabalho e Emprego e o Sindicato dos
Trabalhadores na Construção Civil serem acionados por trabalhadores da
empresa Acciona, para apurar as condições inadequadas do alojamento em
que estavam, 600 trabalhadores de outra empresa que participa das obras
do porto, a ICEC, empresa especializada em montagem de estruturas
metálicas, paralisaram na manhã desta quarta-feira (05/12), as
atividades, fazendo uma série de reivindicações, dentre elas, melhores
condições de trabalho. Eles alegam que nos últimos dias tiveram que
tomar água quente no canteiro de obras.
Segundo o presidente do Sindicato, José Eulálio, uma comissão de
funcionários está se dirigindo a Campos, junto com representantes do
Sindicato para trazer a pauta de reivindicações e iniciar a negociação. O
Sindicato fiscalizou pela manhã as pousadas que funcionam como
alojamento dos funcionários.
Ururau
======================================================================================================
05 de dezembro de 2012 · 14:20
Trabalhadores do Porto do Açu param atividades e Sindicato intervém
Carlos Grevi
Representantes da empresa prestadora de serviço firmaram acordo em reunião
Trabalhadores da ISEC, empresa que presta serviço nas obras do
Superporto do Açu devem comparecer na tarde desta quarta-feira (05/11),
no Sindicato da Construção Civil em Campos para serem informados sobre o
acordo feito com a empresa, quanto às reivindicações que culminaram em
uma paralisação coletiva iniciada nesta terça-feira (04/11).
Os funcionários reivindicam a retirada do gerente administrativo da
obra; melhorias na pousada onde estão alojados, que segundo
constatações do próprio Sindicato, estariam alojando até oito pessoas em
quartos com disposição para atender a quatro; folga coletiva no final
do ano (de 21/12 a 02/01/13) a serem compensadas nos dias 26, 27 e 28;
melhores condições de trabalho nas frentes de serviço; passagem em
dinheiro; duas horas “in itineres” (tempo gasto no percurso até o local
de trabalho); 30% de adicional de periculosidade; plano de saúde com
cobertura nacional; folga de campo de cinco dias úteis; 100% de hora
extra aos sábados e domingos; ajuda de custo de R$ 300; mudança na
bandeira do cartão alimentação e aumento salarial na média nacional.
De
acordo com o presidente do Sindicato, José Eulálio, dentre as
reivindicações feitas pelos trabalhadores, algumas somente podem ser
discutidas em janeiro, data base para negociações como horas “in
itineres”, periculosidade, plano de saúde, horas extras, aumento
salarial e ajuda de custo.
As demais exigências, como melhorias na pousada, folga no final do
ano, melhorias na frente de trabalho, passagem com antecipação de R$ 300
e troca na bandeira do cartão alimentação foram aceitas pela empresa em
reunião que durou até as 22 horas desta segunda, na sede do Sindicato.
Segundo José Eulálio, caso os funcionários não aceitem acordo, poderão perder a remuneração dos dias da paralisação.
PROBLEMAS CONSTANTES
Há exatamente uma semana representantes do Sindicato da Construção Civil e do Ministério do Trabalho e Emprego estiveram reunidos com representantes da OSX, Acciona, empresa responsável pela construção do quebra-mar e do estaleiro do Superporto do Açu, e da Hispabras Engenharia Civil e Ambiental, empresa contratada pela Acciona, na Pousada Maramar, na praia de Grussaí, em São João da Barra, depois que funcionários da Hispabras denunciaram as condições do alojamento localizado na Rua Manoel Ferreira Landim, também na Praia de Grussaí.
Há exatamente uma semana representantes do Sindicato da Construção Civil e do Ministério do Trabalho e Emprego estiveram reunidos com representantes da OSX, Acciona, empresa responsável pela construção do quebra-mar e do estaleiro do Superporto do Açu, e da Hispabras Engenharia Civil e Ambiental, empresa contratada pela Acciona, na Pousada Maramar, na praia de Grussaí, em São João da Barra, depois que funcionários da Hispabras denunciaram as condições do alojamento localizado na Rua Manoel Ferreira Landim, também na Praia de Grussaí.
Ururau
Siga: twitter.com/siteururau
domingo, 2 de dezembro de 2012
O PCB foi e é uma escola de formação de caráter!
Alerj | |
Maurício Azêdo
O PCB tem forte enraizamento na vida
nacional desde a sua fundação em 25 de março de 1922, quando começou a
erguer com coragem, expondo-se a sacrifícios que resultaram na morte de
centenas de seus militantes, as bandeiras das liberdades públicas e
individuais e das aspirações de progresso social das camadas mais
sofridas do nosso povo. Reforma agrária, independência econômica do
País, organização dos trabalhadores em sindicatos e associações de
classe, elevação da qualidade da educação e difusão da cultura e da
arte nos meios populares alcançaram extraordinária dimensão, neste quase
um século, graças ao devotamento de dezenas e dezenas de milhares de
patriotas que sustentam entre nós desde então as idéias de Marx, Engels
e Lênin. O PCB foi e é uma escola de formação de caráter, que justifica
a observação do grande Oscar Niemeyer: Os melhores seres que conheci
eram membros do PCB.
Maurício Azêdo, jornalista
sábado, 1 de dezembro de 2012
Opressivo e cinzento? Não, crescer no comunismo foi a época mais feliz de minha vida
A autora do artigo, Zsuzsanna Clark, como estudante de Ensino Primário na Hungria socialista
Hungria - Diário Liberdade
- [Zsuzsanna Clark, tradução do Diário Liberdade] Quando as pessoas me
perguntam como era crescer atrás da Cortina de Ferro, na Hungria nos
anos setenta e oitenta, a maioria espera escutar contos sobre polícia
secreta, as filas nas padarias e outras declarações desagradáveis sobre a
vida em um Estado de partido único.
Eles ficam sempre desapontados quando explico que a realidade era muito diferente, e a Hungria comunista, longe de ser o inferno na terra, era, na verdade, um ótimo local para viver. Os comunistas proporcionavam a todos com trabalho garantido, boa educação e atendimento médico gratuito.
Mas talvez o melhor de tudo fosse a sensação primordial da camaradagem, o espírito que falta em minha adotada Grã-Bretanha e, de igual forma, a cada vez que volto à Hungria atual.
Eu nasci em uma família de classe trabalhadora em Esztergom, uma cidade no norte da Hungria, em 1968. Minha mãe, Juliana, veio do este do país, a parte mais pobre. Nascida em 1939, teve uma infância dura. Deixou a escola aos 11 anos e foi diretamente trabalhar nos campos. Ela recorda ter tido que se levantar às 4 da manhã para caminhar cinco quilômetros e comprar um pão. De menina, ela tinha tanta fome que com frequência esperavam junto à galinha até que pusesse um ovo. Então abria-o e engoliam, crua, a gema e a clara.
Foi o descontentamento com aquelas condições dos primeiros anos do comunismo, que conduziu à revolta húngara de 1956.
Os distúrbios fizeram com que as lideranças comunistas compreendessem que só poderiam consolidar suas posições tornando as nossas vidas mais toleráveis. O estalinismo acabou e o 'comunismo goulash' -um tipo original de comunismo liberal- chegou.
Janos Kadar, o novo líder do país, transformou a Hungria na barraca mais feliz do Leste da Europa. Tínhamos provavelmente mais liberdades que em qualquer outro país comunista.
Uma das melhores coisas foi a maneira como as oportunidades de lazer e férias se abriram a todos. Antes da Segunda Guerra Mundial, as férias estavam reservadas para as classes altas e médias. Nos imediatos anos da pós-guerra também, a maioria dos húngaros estava trabalhando muito duro para reconstruir o país, as férias ficavam fora de questão.
Porém, nos anos sessenta, como em muitos outros aspectos da vida, as coisas mudaram para melhor. No final da década, quase todo mundo podia se dar ao luxo de viajar, graças à rede de subsídios a sindicatos, empresas e cooperativas de centros de férias.
Meus pais trabalhavam em Dorog, uma cidade próxima, por Hungaroton, uma companhia discográfica de propriedade estatal, de modo que ficamos no acampamento de férias da fábrica no lago Balaton, 'o mar húngaro'. O acampamento era similar à espécie de colônias de férias na moda na Grã-Bretanha da época, a única diferença era que os hóspedes tinham que fazer seu próprio entretenimento às noites. Nom havia campos de férias tipo Butlins Redcoats.
Algumas das minhas primeiras lembranças da vida no lar são os animais que meus pais mantinham no quintal. A cria de animais era algo que a maioria da gente fazia, bem como o cultivo de hortaliças. Fora de Budapeste e as grandes cidades, nós éramos uma nação de "Tom e Barbara Goods". (nota: referência à série da BBC dos anos 70 'The Good Life', protagonizada por uma família auto-suficiente)
Meus pais tinham por volta de 50 frangos, porcos, coelhos, patos, pombos e gansos. Mantivemos os animais não só para alimentar a nossa família, como também para vender a carne a nossos amigos. Utilizaram-se as penas de ganso para travesseiros e edredões.
O governo entendeu o valor da educação e da cultura. Antes da chegada do comunismo, as oportunidades para os filhos dos camponeses e da classe operária urbana, como eu, para ascender na escala educativa eram limitadas. Tudo isso mudou após a guerra.
O sistema educativo na Huntria era similar ao existente no Reino Unido na época. A Educação Secundária era dividida por níveis: Elementar, Secundário Especializado e Formação Profissional. As principais diferenças eram que estávamos no Ensino Básico até os 14 anos e nom até os 11.
Havia também ensino noturno, para crianças e para pessoas adultas. Os meus pais, que tinham abandonado a escola de novos, iam a aulas de Matemática, História e Literatura Húngara e Gramática.
Eu adorava os ir à escola e principalmente fazer parte dos Pioneiros - um movimento comum a todos os países comunistas.
Muitos em Ocidente achavam que era uma burda tentativa de doutrinar a juventude com a ideologia comunista, mas sendo pioneiros ensinaram-nos habilidades valiosas para a vida, tais como a cultura da amizade e a importância de trabalharmos para o benefício da comunidade. "Juntos um para o outro" era nosso lema, e assim foi como se nos encorajava a pensar.
Como pioneiro, se obtinha bons resultados em teus estudos, no trabalho comunal ou em competições escolarres, podia ser premiado com uma viagem a um acampamento de verão. Eu ia todos os anos, porque participava em quase todas as atividades da escola: competições, ginástica, atletismo, coro, fotografia, literatura e biblioteca.
Em nossa última noite no acampamento de Pioneiros, cantávamos canções ao redor da fogueira, como o Hino Pioneiro: 'Mint a mokus fenn a fan, az uttoro oly vidam' ("Somos tão felizes como um esquilo em uma árvore"), e outras canções tradicionais. Nossos sentimentos sempre foram misturados: tristeza ante a perspetiva de irmos embora, mas contentes ante a ideia de vermos nossas famílias.
Hoje em dia, inclusive os que não se consideram comunistas olham para atrás com saudade para seus dias de pioneiros.
As escolas húngaras não seguiam as chamadas ideias "progressistas" sobre a educação dominantes na altura em Ocidente. Os padrões acadêmicos eram extremamente altos e a disciplina era estrita.
Minha professora favorita ensinou-nos que sem o domínio da gramática húngara iriamos carecer de confiança para articular os nossos pensamentos e sentimentos. Só podíamos dar um erro se queríamos atingir a nota mais alta.
Diferentemente do Reino Unido, tínhamos exames orais em todas as matérias. Em Literatura, por exemplo, tínhamos que memorizar e recitar diferentes textos e depois a/o estudante teria que responder perguntas colocadas oralmente pola professora.
Sempre que tínhamos uma celebração nacional, eu era das que pediam para recitar um poema ou verso em frente de toda a escola. A Cultura era considerada extremamente importante pelo governo. Os comunistas não queriam restringir as coisas boas da vida para as classes altas e médias - o melhor da música, a literatura e a dança eram para o desfrute de todos.
Isto significava subsídios generosos para as instituições, incluindo orquestras, óperas, teatros e cinemas. Os preços dos ingressos eram subsidiados pelo Estado, daí que as visitas à ópera e ao teatro fossem acessíveis.
Abriram-se "Casas da Cultura" em cada vila e cidade, também provinciais, para que a classe trabalhadora, como meus pais, pudessem ter fácil acesso às artes cênicas, bem como aos melhores intérpretes.
A programação na televisão húngara refletia a prioridade do regime para levar a cultura às massas, sem estupidização.
Quando eu era adolescente, a noite do sábado em prime time pelo geral significava ver uma aventura de Jules Verne, um recital de poesia, um espetáculo de variedades, uma obra de teatro ao vivo, ou um simples filme de Bud Spencer.
Grande parte da televisão húngara era feita com produção própria, mas alguns programas de qualidade eram importados, não unicamente do Bloco do Leste, mas também do Oeste.
Os húngaros de inícios dos anos 70 acompanharam as aventuras e tribulações de Soames Forsyte em The Forsyte Saga, tal como o público britânico tinha feito poucos anos antes. The Onedin Line foi uma outra das séries populares da BBC que eu desfrutei, assim como os documentários de David Attenborough.
No entanto, o governo estava atento ao perigo de nos tornarmos uma nação de televidentes imbecilizados.
Todas as segundas-feiras, tínhamos 'noite familiar'. Aí a televisão estatal ficava fora do ar e isso encorajava as famílias a fazerem outras coisas juntas. Também era chamada "noite dos planos familiares" e eu tenho certeza que um estudo do número de crianças concebidas durante as segundas-feiras familiares seria uma boa leitura.
Ainda que vivêssemos no 'comunismo goulash' e tivéssemos sempre comida suficiente para comer, não eramos bombardeados com publicidade de produtos que não precisávamos.
Durante a minha juventude, vesti roupas em segunda mão, como a maior parte das pessoas novas. A minha mochila escolar era da fábrica onde meus pais trabalhavam. Que diferença com a Hungria de hoje, onde as crianças são intimidadas, tal como no Reino Unido, por usarem uns ténis da "pior" marca.
Como a maioria da gente na era comunista, meu pai não tinha obsessão com o dinheiro. Como mecânico, ele cobrava às pessoas com justiça. Uma vez vi um carro avariado com o capô aberto - um espetáculo que sempre o fazia reagir. Pertencia a um turista da Alemanha Ocidental. Meu pai arranjou o carro, mas negou-se a cobrar-lhe, nem que fosse com uma garrafa de cerveja. Para ele era natural que a ninguém pudesse aceitar dinheiro por ajudar a alguém com problemas.
Quando o comunismo na Hungria terminou em 1989, não só fui surpreendida, também estava entristecida, tal como muitos outros. Sim, tinha gente se manifestando contra o governo, mas a maioria das pessoas comuns - eu e minha família incluída - não participou nos protestos.
Nossa voz - a voz daqueles cujas vidas foram melhoradas pelo comunismo - rara vez se escuta quando se trata de discussões sobre como era a vida por trás da Cortina de Ferro. Em troca, os relatos que se escutam no Occidente são quase sempre da perspetiva de emigrantes ricos ou dos dissidentes anticomunistas com um interesse pessoal.
O comunismo na Hungria teve seu lado negativo. Enquanto as viagens a outros países socialistas não tinham nenhuma restrição, viajar para o oeste era problemático e só era permitido a cada dois anos. Poucos húngaros (eu incluída) desfrutaram das aulas de russo obrigatórias.
Tinha restrições menores e desnecessários setores burocráticos, e a liberdade para criticar o governo estava limitada. No entanto, apesar disto, acho que, em seu conjunto, as caraterísticas positivas ultrapassam as negativas.
Vinte anos depois, a maior parte destes benefícios foram destruídos.
As pessoas já não têm estabilidade no emprego. A pobreza e a delinquência vão em aumento. Pessoas da classe trabalhadora já não podem se dar ao luxo de ir à ópera ou ao teatro. Tal como na Grã-Bretanha, a televisão atonta em um grau preocupante - ironicamente, nunca tivemos Big Brother durante o comunismo, mas hoje temos. E o mais triste de tudo, o espírito de camaradagem que uma vez se desfrutou quase desapareceu.
Nas últimas duas décadas é possível que tenhamos aumentado o número de shoppings, a "democracia" multipartidarista, os celulares e a internet. Mas perdemos muito mais.
Original em inglês no Dailymail.
Fonte: Diário Liberdade
Eles ficam sempre desapontados quando explico que a realidade era muito diferente, e a Hungria comunista, longe de ser o inferno na terra, era, na verdade, um ótimo local para viver. Os comunistas proporcionavam a todos com trabalho garantido, boa educação e atendimento médico gratuito.
Mas talvez o melhor de tudo fosse a sensação primordial da camaradagem, o espírito que falta em minha adotada Grã-Bretanha e, de igual forma, a cada vez que volto à Hungria atual.
Eu nasci em uma família de classe trabalhadora em Esztergom, uma cidade no norte da Hungria, em 1968. Minha mãe, Juliana, veio do este do país, a parte mais pobre. Nascida em 1939, teve uma infância dura. Deixou a escola aos 11 anos e foi diretamente trabalhar nos campos. Ela recorda ter tido que se levantar às 4 da manhã para caminhar cinco quilômetros e comprar um pão. De menina, ela tinha tanta fome que com frequência esperavam junto à galinha até que pusesse um ovo. Então abria-o e engoliam, crua, a gema e a clara.
Foi o descontentamento com aquelas condições dos primeiros anos do comunismo, que conduziu à revolta húngara de 1956.
Os distúrbios fizeram com que as lideranças comunistas compreendessem que só poderiam consolidar suas posições tornando as nossas vidas mais toleráveis. O estalinismo acabou e o 'comunismo goulash' -um tipo original de comunismo liberal- chegou.
Janos Kadar, o novo líder do país, transformou a Hungria na barraca mais feliz do Leste da Europa. Tínhamos provavelmente mais liberdades que em qualquer outro país comunista.
Uma das melhores coisas foi a maneira como as oportunidades de lazer e férias se abriram a todos. Antes da Segunda Guerra Mundial, as férias estavam reservadas para as classes altas e médias. Nos imediatos anos da pós-guerra também, a maioria dos húngaros estava trabalhando muito duro para reconstruir o país, as férias ficavam fora de questão.
Porém, nos anos sessenta, como em muitos outros aspectos da vida, as coisas mudaram para melhor. No final da década, quase todo mundo podia se dar ao luxo de viajar, graças à rede de subsídios a sindicatos, empresas e cooperativas de centros de férias.
Meus pais trabalhavam em Dorog, uma cidade próxima, por Hungaroton, uma companhia discográfica de propriedade estatal, de modo que ficamos no acampamento de férias da fábrica no lago Balaton, 'o mar húngaro'. O acampamento era similar à espécie de colônias de férias na moda na Grã-Bretanha da época, a única diferença era que os hóspedes tinham que fazer seu próprio entretenimento às noites. Nom havia campos de férias tipo Butlins Redcoats.
Algumas das minhas primeiras lembranças da vida no lar são os animais que meus pais mantinham no quintal. A cria de animais era algo que a maioria da gente fazia, bem como o cultivo de hortaliças. Fora de Budapeste e as grandes cidades, nós éramos uma nação de "Tom e Barbara Goods". (nota: referência à série da BBC dos anos 70 'The Good Life', protagonizada por uma família auto-suficiente)
Meus pais tinham por volta de 50 frangos, porcos, coelhos, patos, pombos e gansos. Mantivemos os animais não só para alimentar a nossa família, como também para vender a carne a nossos amigos. Utilizaram-se as penas de ganso para travesseiros e edredões.
O governo entendeu o valor da educação e da cultura. Antes da chegada do comunismo, as oportunidades para os filhos dos camponeses e da classe operária urbana, como eu, para ascender na escala educativa eram limitadas. Tudo isso mudou após a guerra.
O sistema educativo na Huntria era similar ao existente no Reino Unido na época. A Educação Secundária era dividida por níveis: Elementar, Secundário Especializado e Formação Profissional. As principais diferenças eram que estávamos no Ensino Básico até os 14 anos e nom até os 11.
Havia também ensino noturno, para crianças e para pessoas adultas. Os meus pais, que tinham abandonado a escola de novos, iam a aulas de Matemática, História e Literatura Húngara e Gramática.
Eu adorava os ir à escola e principalmente fazer parte dos Pioneiros - um movimento comum a todos os países comunistas.
Muitos em Ocidente achavam que era uma burda tentativa de doutrinar a juventude com a ideologia comunista, mas sendo pioneiros ensinaram-nos habilidades valiosas para a vida, tais como a cultura da amizade e a importância de trabalharmos para o benefício da comunidade. "Juntos um para o outro" era nosso lema, e assim foi como se nos encorajava a pensar.
Como pioneiro, se obtinha bons resultados em teus estudos, no trabalho comunal ou em competições escolarres, podia ser premiado com uma viagem a um acampamento de verão. Eu ia todos os anos, porque participava em quase todas as atividades da escola: competições, ginástica, atletismo, coro, fotografia, literatura e biblioteca.
Em nossa última noite no acampamento de Pioneiros, cantávamos canções ao redor da fogueira, como o Hino Pioneiro: 'Mint a mokus fenn a fan, az uttoro oly vidam' ("Somos tão felizes como um esquilo em uma árvore"), e outras canções tradicionais. Nossos sentimentos sempre foram misturados: tristeza ante a perspetiva de irmos embora, mas contentes ante a ideia de vermos nossas famílias.
Hoje em dia, inclusive os que não se consideram comunistas olham para atrás com saudade para seus dias de pioneiros.
As escolas húngaras não seguiam as chamadas ideias "progressistas" sobre a educação dominantes na altura em Ocidente. Os padrões acadêmicos eram extremamente altos e a disciplina era estrita.
Minha professora favorita ensinou-nos que sem o domínio da gramática húngara iriamos carecer de confiança para articular os nossos pensamentos e sentimentos. Só podíamos dar um erro se queríamos atingir a nota mais alta.
Diferentemente do Reino Unido, tínhamos exames orais em todas as matérias. Em Literatura, por exemplo, tínhamos que memorizar e recitar diferentes textos e depois a/o estudante teria que responder perguntas colocadas oralmente pola professora.
Sempre que tínhamos uma celebração nacional, eu era das que pediam para recitar um poema ou verso em frente de toda a escola. A Cultura era considerada extremamente importante pelo governo. Os comunistas não queriam restringir as coisas boas da vida para as classes altas e médias - o melhor da música, a literatura e a dança eram para o desfrute de todos.
Isto significava subsídios generosos para as instituições, incluindo orquestras, óperas, teatros e cinemas. Os preços dos ingressos eram subsidiados pelo Estado, daí que as visitas à ópera e ao teatro fossem acessíveis.
Abriram-se "Casas da Cultura" em cada vila e cidade, também provinciais, para que a classe trabalhadora, como meus pais, pudessem ter fácil acesso às artes cênicas, bem como aos melhores intérpretes.
A programação na televisão húngara refletia a prioridade do regime para levar a cultura às massas, sem estupidização.
Quando eu era adolescente, a noite do sábado em prime time pelo geral significava ver uma aventura de Jules Verne, um recital de poesia, um espetáculo de variedades, uma obra de teatro ao vivo, ou um simples filme de Bud Spencer.
Grande parte da televisão húngara era feita com produção própria, mas alguns programas de qualidade eram importados, não unicamente do Bloco do Leste, mas também do Oeste.
Os húngaros de inícios dos anos 70 acompanharam as aventuras e tribulações de Soames Forsyte em The Forsyte Saga, tal como o público britânico tinha feito poucos anos antes. The Onedin Line foi uma outra das séries populares da BBC que eu desfrutei, assim como os documentários de David Attenborough.
No entanto, o governo estava atento ao perigo de nos tornarmos uma nação de televidentes imbecilizados.
Todas as segundas-feiras, tínhamos 'noite familiar'. Aí a televisão estatal ficava fora do ar e isso encorajava as famílias a fazerem outras coisas juntas. Também era chamada "noite dos planos familiares" e eu tenho certeza que um estudo do número de crianças concebidas durante as segundas-feiras familiares seria uma boa leitura.
Ainda que vivêssemos no 'comunismo goulash' e tivéssemos sempre comida suficiente para comer, não eramos bombardeados com publicidade de produtos que não precisávamos.
Durante a minha juventude, vesti roupas em segunda mão, como a maior parte das pessoas novas. A minha mochila escolar era da fábrica onde meus pais trabalhavam. Que diferença com a Hungria de hoje, onde as crianças são intimidadas, tal como no Reino Unido, por usarem uns ténis da "pior" marca.
Como a maioria da gente na era comunista, meu pai não tinha obsessão com o dinheiro. Como mecânico, ele cobrava às pessoas com justiça. Uma vez vi um carro avariado com o capô aberto - um espetáculo que sempre o fazia reagir. Pertencia a um turista da Alemanha Ocidental. Meu pai arranjou o carro, mas negou-se a cobrar-lhe, nem que fosse com uma garrafa de cerveja. Para ele era natural que a ninguém pudesse aceitar dinheiro por ajudar a alguém com problemas.
Quando o comunismo na Hungria terminou em 1989, não só fui surpreendida, também estava entristecida, tal como muitos outros. Sim, tinha gente se manifestando contra o governo, mas a maioria das pessoas comuns - eu e minha família incluída - não participou nos protestos.
Nossa voz - a voz daqueles cujas vidas foram melhoradas pelo comunismo - rara vez se escuta quando se trata de discussões sobre como era a vida por trás da Cortina de Ferro. Em troca, os relatos que se escutam no Occidente são quase sempre da perspetiva de emigrantes ricos ou dos dissidentes anticomunistas com um interesse pessoal.
O comunismo na Hungria teve seu lado negativo. Enquanto as viagens a outros países socialistas não tinham nenhuma restrição, viajar para o oeste era problemático e só era permitido a cada dois anos. Poucos húngaros (eu incluída) desfrutaram das aulas de russo obrigatórias.
Tinha restrições menores e desnecessários setores burocráticos, e a liberdade para criticar o governo estava limitada. No entanto, apesar disto, acho que, em seu conjunto, as caraterísticas positivas ultrapassam as negativas.
Vinte anos depois, a maior parte destes benefícios foram destruídos.
As pessoas já não têm estabilidade no emprego. A pobreza e a delinquência vão em aumento. Pessoas da classe trabalhadora já não podem se dar ao luxo de ir à ópera ou ao teatro. Tal como na Grã-Bretanha, a televisão atonta em um grau preocupante - ironicamente, nunca tivemos Big Brother durante o comunismo, mas hoje temos. E o mais triste de tudo, o espírito de camaradagem que uma vez se desfrutou quase desapareceu.
Nas últimas duas décadas é possível que tenhamos aumentado o número de shoppings, a "democracia" multipartidarista, os celulares e a internet. Mas perdemos muito mais.
Original em inglês no Dailymail.
Fonte: Diário Liberdade
Assinar:
Postagens (Atom)