domingo, 29 de julho de 2012

Nota de Repúdio do PCB/RJ sobre a invasão à sede do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ



imagemCrédito: wdfiles.com


PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO - RJ
O povo brasileiro foi mais uma vez agredido, no último dia 19 de julho, com a invasão à sede do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ) que, desde sua criação em 1985, sempre esteve na defesa dos direitos humanos tão violentados pelos golpistas que se instalaram no Estado brasileiro, após o início da ditadura civil-militar de 1º de abril de 1964,
Mais uma vez, os terroristas de plantão fazem ligações anônimas, invadem e reviraram computadores, arquivos e documentos, com o intuito de intimidar todos aqueles que lutam pela abertura dos arquivos da ditadura, pelo cumprimento da condenação de 2010 do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela recomendação de 2005 do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), para que o Estado brasileiro tornasse públicos os documentos relevantes sobre os crimes cometidos pela ditadura e a não punição dos seus responsáveis em prisões ilegais, sequestros, torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres, como ocorreu com os militantes do PCB, que foi uma das organizações que mais brutalmente foi reprimida nesse período - basta dizer que um terço de seu Comitê Central foi assassinado na tortura e desaparecido.
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) no Rio de Janeiro, vem manifestar sua solidariedade com o GTNM/RJ e manifesta seu total repúdio à invasão da sua sede, assim como exige a total apuração e responsabilização de mais esse ato de violência contra a verdade e a justiça.
- Pela apuração e responsabilização da invasão à sede do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ!
- Pela abertura imediata de todos os arquivos da ditadura!
- Por uma Comissão da Verdade com representação dos familiares dos mortos e desaparecidos e das entidades representativas dos Direitos Humanos no Brasil!
Rio de Janeiro, 22 de julho de 2012

FRENTE DE UNIDADE POPULAR

Erik Schunk com registro deferido

De acordo com publicação do blog do Bastos, na Folha Online, na tarde de sexta-feira (27), o candidato da Fupo (PSOL, PCB e PSTU), Erik Schunk, teve o seu pedido de registro deferido pela 99ª Zona Eleitoral. Ele é o segundo candidato à Prefeitura com o registro garantido. O primeiro foi José Geraldo (PRP). Arnaldo Vianna (PDT), Makhoul Moussallem (PT) e Rosinha Garotinho (PR), ainda aguardam o deferimento.

Pedidos de Impugnação — Vale lembrar que existem pedidos de impugnação em relação aos três. Arnaldo teve seu registro questionado pelo Ministério Público e pela Coligação da prefeita Rosinha. Makhoul teve o seu registro questionado pela Coligação de Rosinha. Já a prefeita Rosinha teve o seu registro questionado pelo Ministério Público.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Erik Schunk com registro deferido

Erik Schunk com registro deferido

erik
O candidato da Fupo (PSOL, PCB e PSTU), Erik Schunk, teve o seu pedido de registro deferido pela 99ª Zona Eleitoral. Ele é o segundo candidato à Prefeitura com o registro garantido. O primeiro foi José Geraldo (PRP). Arnaldo Vianna (PDT), Makhoul Moussallem (PT) e Rosinha Garotinho (PR), ainda aguardam o deferimento.
Pedidos de Impugnação — Vale lembrar que existem pedidos de impugnação em relação aos três. Arnaldo teve seu registro questionado pelo Ministério Público e pela Coligação da prefeita Rosinha. Makhoul teve o seu registro questionado pela Coligação de Rosinha. Já a prefeita Rosinha teve o seu registro questionado pelo Ministério Público.

CAMPOS PRECISA DE PODER POPULAR!

Tenho convicção.

GENTE QUE LUTA...

Cinco Heróis Cubanos



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O general francês que veio ensinar a torturar no Brasil




Carta Maior
O general francês Paul Aussaresses, promotor do uso da tortura na guerra colonial da Argélia, foi adido militar no Brasil entre 1973-1975 e instrutor no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus, criado por oficiais brasileiros formados na não menos famosa Escola das Américas. Amigo do ditador João Figueiredo e do delegado Sérgio Fleury, Aussaresses já admitiu em livros e entrevistas a morte de um mulher sob tortura em Manaus, que teria vindo ao Brasil para espionar Figueiredo, e que a ditadura brasileira participou ativamente do golpe contra Allende. O artigo é de Eduardo Febbro.
Eduardo Febbro – Paris
22.7.2012
Paris - “A tortura é eficaz, a maioria das pessoas não aguenta e fala. Depois, da maioria dos casos, nós os matávamos. Por acaso isso me colocou problemas de consciência? Não, a verdade é que não”. O autor dessa “confissão” é uma peça-chave da estratégia repressiva de prisões, torturas e desaparecimentos aplicada no sul da América Latina a partir dos anos 70. Trata-se do general francês Paul Aussaresses, ex-adido militar francês no Brasil (1973-1975), chefe do batalhão de paraquedistas, ex-combatente na Indochina, ex-membro da contra espionagem francesa, herói da Segunda Guerra Mundial, fundador do braço armado dos serviços especiais, promotor do uso da tortura durante a guerra colonial na Argélia e, sobretudo, instrutor das forças especiais norte-americanas em Fort Bragg, o famoso centro de treinamento da guerra contra insurgente, e no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus, criado por oficiais brasileiros formados na não menos famosa Escola das Américas, onde se formaram todos os militares latino-americanos que cobriram de sangue os anos 60, 70 e 80.
Paul Aussaresses é uma das espinhas dorsais da exportação da tortura e dos desaparecimentos, dois modelos herdados da guerra da Indochina a da Argélia e difundidos depois em todo o continente americano por um compacto grupo de oficiais francesas do qual Aussaresses foi um dos mais ativos representantes. Paul Aussaresses abriu muitos de seus segredos em várias ocasiões: em 2000, em uma explosiva entrevista publicada pelo Le Monde, onde reconheceu o uso da tortura; em três livros, “Não disse tudo, últimas revelações a serviço da França” (2008), “Serviços especiais, Argélia 1955-1957, meu testemunho sobre a tortura” (2001), “Por França, serviços especiais 1942-1954” (2001); e ainda em um documentário filmado em 2003 por Marie-Monique Robin, “Esquadrões da Morte, a escola francesa” (ver vídeo acima).
O fio condutor desta internacional da tortura da qual Aussaresses é um dos braços começa na Indochina, segue na Argélia e termina com o Plano Condor, cuja gestação, através de uma longa série de reuniões entre os militares da América do Sul e os instrutores franceses, se gestou entre 1960 e 1974. Sua primeira estrutura se chamou Agremil. O general francês expandiu pelo mundo os ensinamentos de um dos papas da guerra moderna: o tenente coronel Roger Trinquier, o maior teórico da repressão em zonas urbanas: torturas, incursões noturnas, desaparecimentos, busca da informação por todos os meios, operações de vigilância, divisão das cidades em zonas operacionais.
Em seus anos de adido militar no Brasil, Paul Aussaresses foi, segundo suas próprias palavras, um “bom amigo” de João Baptista Figueiredo, ex-ditador e ex-chefe dos serviços secretos, o SNI, e também de Sérgio Fleury, chefe dos “esquadrões da morte”.
Em seu período como instrutor no CIGS, em Manaus, ensinou aos oficiais brasileiros e latino-americanos que faziam formação ali tudo o que havia feito na Argélia. Segundo o general francês o embaixador francês daquela época, Michel Legendre, estava perfeitamente a par do que ele fazia em Manaus.
Segundo precisou Aussaresses, no CIGS se formaram “oficiais brasileiros, chilenos, argentinos e venezuelanos porque era um centro único na América Latina”. Como prova disso, no documentário de Marie-Monique Robin “Esquadrões da Morte, a Escola Francesa”, o chileno Manuel Contreras, chefe da DINA, reconheceu ter enviado a cada dois meses contingentes inteiros de agentes da DINA para o centro de treinamento brasileiro em Manaus. Paul Aussaresses também trabalhou na Escola de Inteligência de Brasília, onde formou muitos oficiais.
Entrevistado pela Folha de São Paulo em 2008, o general se mostrou mais loquaz do que quando o juiz francês Roger Leloir o interrogou a propósito de seu conhecimento do Plano Condor e das atividades dos conselheiros militares franceses na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. Na entrevista à Folha de São Paulo, Aussaresses reconhece que o Brasil participou ativamente do golpe militar contra o presidente chileno Salvador Allende mediante o envio de armas e aviões. Também evoca o que já havia contado em seu último livro, “Não disse tudo, últimas revelações ao serviço da França”, a saber, a morte sob tortura, em Manaus, de uma mulher que, segundo João Figueiredo, havia vindo ao Brasil para espioná-lo. O general francês assegura que a morte daquela mulher foi “um ato de defesa”.
Para Aussaresses, “a tortura se justifica se pode evitar a morte de inocentes”. Aussaresses não foi o único militar de alta patente que confessou o recurso sistemático da tortura durante a guerra colonial da Argélia e, particularmente, no que ficou conhecido como “A Batalha de Argel”. Esses episódios de tortura foram amplamente narrados pelo jornalista e político franco-argelino Henri Alleg em vários livros, entre eles “Guerre d’Algérie: Mémoires parallèles”. O que Alleg conta ocorreu quando o general Jacques Massu foi enviado para a Argélia e começou a aplicar a estratégia do terror. Massu foi o segundo oficial a confessar o que mais tarde se expandiria pelo sul da América.
Tradução: Katarina Peixoto
A batalha de Argel na América do Sul
Os choques elétricos, os métodos de interrogatórios, os sequestros em plena noite, a tortura sistemática, a guerra psicológica, os desaparecimentos e os voos da morte são técnicas que foram transmitidas pelos oficiais franceses aos militares sulamericanos. O cérebro destas doutrinas foi o coronel Roger Trinquier (foto). Professor na Escola das Américas dos EUA, Trinquier é o maior ideólogo francês da guerra suja cujo lema principal, a partir dos anos 50, foi que “a tortura é um elemento importante na guerra moderna contrarrevolucionária”. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
Eduardo Febbro – Paris
21.7.2012
Paris - “Uma vez na habitação e com a ajuda dos oficiais, agarramos Bem M’Hidi e o penduramos de tal maneira que pudesse parecer um suicídio”. A prosa do veterano general Paul Aussaresses não brilha pela originalidade, mas sim por sua precisão quando descreve as múltiplas ações ilegais que ele e seus homens protagonizaram na Argélia. A cena exposta aqui detalha o assassinato de um dos responsáveis do FLN argelino e não é mais que uma gota d’água na extensa descrição dos assassinatos premeditados organizados por oficiais do exército francês: torturas, execuções sumárias, assassinatos disfarçados de suicídios, matança de civis e utilização de helicópteros para jugar pessoas detidas com vida na Baía de Argel são moeda corrente ao longo de seu livro “Serviços Especiais, Argélia 1955-1957”.
O militar francês foi julgado por apologia da tortura. Sua história, sua passagem pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) de Manaus como instrutor se nutrem de um passado, de duas guerras, Indochina e Argélia, e de quatro personagens centrais que, a partir de meados dos anos 50, alimentaram com suas teorias contrarrevolucionárias os militares da América do Sul. O “ensino” começou na Argentina a partir dos anos 50. O primeiro contato entre os exércitos da França e da Argentina ocorreu no ano seguinte à queda do general Perón, em 1957. O coronel argentino Carlos Rosas, recém-egresso da Escola de Guerra de Paris, posteriormente subdiretor da Escola de Guerra de Buenos Aires, criou um ciclo de estudos sobre “a guerra revolucionário comunista”. Foi neste marco que chegaram a Argentina os tenentes coronéis François-Patrice Badie e Patrice de Naurois.
Uma nota do futuro chefe da Polícia Federal argentina sob a ditadura de Videla, o general Ramón Camps, ilustra a importância dos dois visitantes: “seus cursos – escreve Camps – estavam diretamente inspirados na experiência francesa na Indochina e aplicada neste momento na Argélia”.
Em setembro de 1958, o ministro francês da Defesa, Pierre Guillaumat, autorizou que 60 soldados argentinos que haviam seguido esses cursos especiais fossem a Argélia, em plena guerra, em “viagem de estudos”. Outros 60 soldados viajaram no mesmo ano com destino a Paris e, em 1960, a cooperação entre exércitos deu lugar à criação de uma missão militar francesa permanente na Argentina. Composta por três oficiais superiores, sua missão consistia em “aumentar a eficácia técnica e a preparação do exército argentino”.
Nesse mesmo ano, Pierre Messmer, ministro da Defesa, enviou a Buenos Aires o chefe do Estado Maior do Exército, general André Demetz, e o coronel Henri Grand d’Esson. D’Esson é um personagem chave: foi que ele que realizou na Escola de Guerra de Buenos Aires a célebre conferência na qual descreve cada um dos aspectos da guerra subversiva e, sobretudo, o papel central do exército no controle “social da população e na destruição das forças revolucionárias”. Esse texto de 22 páginas foi publicado sob o título “Guerra Subversiva” na Revista da Escola Superior de Guerra, nº 338, Julho-Setembro de 1960. Todas essas ideias, viagens e experiências trocadas desembocarão numa espécie de cooperação continental baseada na dupla experiência dos franceses e dos argentinos.
Assim, em julho de 1961, o general Spirito, chefe do Estado Maior argentino, propôs a seus colegas da Conferência dos Exércitos da América a criação de um Curso Interamericano de luta antimarxista que seria ministrado por um ex-aluno argentino da Escola de Guerra de Paris, o coronel López Aufranc. Um total de 39 oficiais, representando 13 países, incluindo os EUA, assistiram a esses cursos. Em uma mensagem enviada à chancelaria francesa, o embaixador francês na Argentina explica: “cabe assinalar a presença de militares norteamericanos em um curso onde se deu um espaço importante ao estudo da luta anti-marxista em um espírito e segundo os métodos baseados na experiência do exército francês”.
Daí ao Plano Condor há uma rota sem obstáculos na qual se mesclam Videla, presente às aulas onde estavam os instrutores franceses, e o plano Conintes (Comoção interna do Estado). Entre 1963 e 1973 houve uma interrupção na colaboração francesa mas esta foi retomada a pedido dos argentinos.
Nos anos 70 abre-se um novo capítulo. A França mandou a Buenos Aires o coronel Pierre Servant, ex-comandante da Indochina e da Argélia, especializado em “interrogatórios”. Em abril de 1974, Servant se encontrou em Buenos Aires com um dos atores do golpe de 76, o tenente coronel Reynaldo Bignone. Servant, que negou quase todos os fatos quando a justiça francesa o interrogou há alguns anos, trabalhou no Escritório nº 3, situado no 12º andar do quartel general do Exército argentino e deu cursos nessa sede e nas províncias. Sem ligações com a embaixada francesa, Servant estava vinculado ao Secretariado Nacional da Defesa Nacional (SGDN), organismo controlado então pelo novo primeiro ministro e ex-presidente francês Jacques Chirac.
Bussi, Videla, Bignone, Vilas, Harguindeguy, todos estiveram em contato com Servant, beberam a cultura da tortura francesa e absorveram os livros teóricos de Trinquier como se fossem água benta. Servant deixou a Argentina em outubro de 1976, Aussaresses foi para o Brasil em pleno golpe de Estado.
O Plano Condor já estava em marcha. Uma nota de Henry Kissinger (ex-secretário de Estado dos EUA) distribuída nas embaixadas norte-americanas da Europa adverte que o grupo “murder” (assim era denominado o Plano Condor) operaria na velho continente, especialmente em Paris. A sede argentina do dito plano, o Centro Piloto, estava localizada no nº 83, da Avenida Henry Martin.
O cérebro destas doutrinas é o coronel Roger Trinquier. Professor emérito na Escola das Américas dos EUA, Trinquier é o maior ideólogo francês da guerra suja cujo sermão principal foi assegurar a partir dos anos 50 que “a tortura é um elemento importante na guerra moderna contra revolucionária”. A maior parte da estrutura “anti-revolucionária” foi elaborada por Trinquier. Os historiadores da Guerra da Argélia e da Indochina, que estabeleceram os nexos entre as práticas aplicadas durante esses conflitos e as que se viram depois na Argentina, Uruguai, Chile e Brasil tiram uma clara conclusão: o aperfeiçoamento do choque elétrico, a radiografia das agendas dos detidos, os sequestros em plena noite, a tortura sistemática, a guerra psicológica, os desaparecimentos, o uso de arquivos e os voos da morte são técnicas transmitidas pelos oficiais franceses.
Em um artigo de 4 de janeiro de 1981, publicado pelo diário argentino La Prensa, o general Ramón Camps assegurou que essas missões e cursos começaram “sob a direção dos tenentes coronéis Patrice de Naurois e François-Pierre Badie”. Aquelas sessões serviram para transmitir as experiências dos oficiais franceses nas guerras da Indochina e da Argélia. Os documentos existentes provam que esses ensinamentos se baseavam essencialmente nos trabalhos escritos por outro militar francês que confessou a prática da tortura na Argélia, o general Massu. O essencial, porém, foi “ensinado” pelo general Salan e, sobretudo, pelo tenente coronel Roger Trinquier.
Uma nota do general Massu, com data de 19 de março de 1957, argumenta em defesa de um dos princípios aplicados depois pelas ditaduras militares da América do Sul: “não se pode lutar contra a guerra revolucionária e subversiva protagonizada pelo comunismo internacional e seus intermediários com os procedimentos clássicos de combate. É preciso utilizar métodos e ações clandestinas e contrarrevolucionárias. É preciso que esses métodos sejam admitidos com a alma e nossas consciências como necessários e moralmente válidos”. Essa é a parte mais “filosófica” do “combate” contrarrevolucionário. A definição da ação prática corresponde a Trinquier, redator de números manuais militares difundidos na Argentina.
O tenente coronel Trinquier é o “organizador do conceito de guerra moderna”. Essa guerra se articula em torno de três eixos: a clandestinidade, a pressão psicológica e a moralidade estrita. Se se observam os dispositivos técnicos aplicados na Argélia, em seguida pode-se “ler sua tradução” na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Brasil. Trinquier inventou um sistema de busca da informação conhecido na França como Destacamentos Operacionais de Proteção (DOP). Esse mesmo sistema foi adotado na Argentina mediante as forças tarefa. O leitor não pode senão assombrar-se com as semelhanças entre os DOP e as forças tarefa. Os DOP tinham a tarefa de interrogar os detidos argelinos e utilizavam a tortura. Eles arrancavam informação sobre a organização político-administrativa dos rebeldes e realizavam a prisão e a eliminação dos suspeitos em lugares ocultos. Essas mãos das sombras que foram as forças tarefa se inspiraram técnica e operacionalmente em todo o aparato repressivo dos DOP franceses.
Na Argélia, Trinquier elaborou a “doutrina da clandestinidade” que mais tarde causaria estragos durante os golpes de Estado na América do Sul: repressão baseada no ocultamento dos centros de detenção, desaparecimento de pessoas e eliminação dos corpos. O recurso a pessoal militar trajado como civis em comandos que percorriam à noite os centros urbanos em busca de vítimas ou de suspeitos para torturar é uma técnica implementada em Argel pelo general Aussaresses e Massu que foi importada para a Argentina por meio das missões de Patrice de Naurois e François-Pierre Badie, Trinquier teorizou por escrito sobre as bases da guerra suja e seus “manuais” se tornaram palavra sagrada nas academias nacionais.
O cronograma das missões francesas à Argentina permite situar com exatidão que foi a ditadura de Onganía a que começou a se alimentar com esses ensinamentos. Um testemunho direto do general Campos demonstra a “irmandade” técnica e moral que existia entre o corpo de oficiais argentinos e os “missionários” que vinham de Paris com a mala repleta de métodos para matar. No mesmo artigo citado anteriormente (4 de janeiro de 1981), Camps declarou, como uma forma de homenagem: “Na Argentina primeiro recebemos a influência francesa, depois a norte-americana. Aplicamos as duas respectivamente de maneira separada e depois conjunta tomando os conceitos de ambas até que a norte-americana predominou. Mas é preciso dizer que a concepção francesa era mais exata que a norte-americana. Esta última se limitava quase exclusivamente ao aspecto militar enquanto a francesa consistia em uma visão global”.
As metodologias se alimentam umas das outras. O general francês Paul Aussaresses foi instrutor militar na base norte-americana de Fort Bragg, Carolina do Norte, a escola dos paraquedistas norte-americanos onde se treinavam as “forças especiais” antes de elas irem para o Vietnã. Um texto ilustrativo escrito pelo coronel francês Henri Grand D’Esnon e destinado exclusivamente às forças armadas argentinas permite compreender como se elaboraram as bases “práticas” para que os generais argentinos incluíssem na vida civil. Gran D’Eson afirma que “a destruição da organização político-administrativa revolucionária corresponde à polícia, mas o exército deve apoiar essa ação toda vez que os métodos da polícia resultarem insuficientes, situação que se produz frequentemente quando a subversão se generaliza” (trecho de “A Guerra Subversiva”, artigo publicado na Revista da Escola Superior de Guerra, nº 338, Julho-Setembro de 1960).
O general Aussaresses reconheceu que ensinou “a tortura e as técnicas de interrogatório da Batalha de Argel” aos militares brasileiros e também norte-americanos. Isso ocorreu na época em que ele era professor em Fort Bragg. Nesse quartel geral dos Estados Unidos, Aussaresses conheceu o coronel Carl Bernard, a quem mostrou um rascunho do livro do coronel Trinquier, “A Guerra Moderna”. Bernard e Aussaresses resumiram o livro e o enviaram a Robert Komer, um agente da CIA que será nomeado conselheiro do presidente norte-americano Lyndon Johnson durante a Guerra do Vietnã. Segundo o coronel Bernard, Komer montou a operação Fênis a partir do resumo do Manuel de Trinquier. A Operação Fênix foi lançada no Vietnã no final dos anos 60: seus métodos são os mesmos que foram empregados depois na Argentina, Chile, Uruguai e Brasil.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
http://www.youtube.com/watch?&v=ZiWa9caAhdw

http://www.cartamaior.com.br

Gente 'fina', 171 e usurpadora


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Olhar Comunista desta quinta destaca matéria do portal Terra que afirma: "Brasileiros muito ricos têm 4ª maior fortuna em paraísos fiscais".

Segundo o portal, os milionários brasileiros detêm o equivalente a um terço do PIB em contas em paraísos fiscais, livres de tributação. É a quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.
A revelação, fruto do estudo The Price of Offshore Revisited, mostra que os brasileiros 171 somaram cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de US$ 1 trilhão) em paraísos fiscais até 2010.
O estudo cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do FMI, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar aos valores. Segundo o estudo, dos anos 1970 até 2010 os titulares dessas contas aumentaram de US$ 7,3 trilhões para US$ 9,3 trilhões a "riqueza offshore não registrada" para fins de tributação, classificado como "um enorme buraco negro na economia mundial".
Além dos acionistas de empresas exportadoras de minério e petróleo, os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.
Responsável pelo estudo, o economista John Christensen declarou: "No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo".
Quanto a isto, o Olhar Comunista tem total acordo, Christensen.

Nota do Secretariado Nacional do PCB sobre as eleições no Amapá:


imagemCrédito: PCB


Secretariado Nacional do PCB
Esta matéria transcrita abaixo, publicada no jornal O Globo, teve repercussão na nossa militância e na esquerda em geral. O artigo trata da flexibilização que o PSOL tem promovido em sua política eleitoral, que nos cabe respeitar.
Ocorre que o artigo, ao citar o PCB, não informa qual a posição do nosso Partido nas eleições de Macapá.
A política eleitoral adotada pelos camaradas do PCB Amapá foi indicada e aprovada por unanimidade pelo Comitê Central do Partido e respeita totalmente os parâmetros que estabelecemos para as alianças.
O PCB em Macapá tem candidatos apenas nas eleições proporcionais (à frente o camarada Nelson, atual vereador e membro do CC), em coligação única e exclusivamente com o PSOL, sem a presença nela de qualquer outro partido.
Os demais partidos citados na matéria, a rigor legendas para disputas eleitorais sem qualquer conteúdo político ou ideológico, participam da coligação na eleição majoritária, em apoio ao candidato a prefeito de Macapá pelo PSOL, Clécio Vieira.
Secretariado Nacional do PCB

Carlos Latuff: James Holmes, um consumidor


imagemCrédito: Diario Liberdade


Carlos Latuff
Estados Unidos - Carta Capital - Novamente o mundo assiste perplexo a mais um massacre nos Estados Unidos. E, novamente, a sociedade estadunidense chora seus mortos. Nenhuma novidade. Lá são inúmeros os casos de pessoas, aparentemente insuspeitas, que planejaram cuidadosamente cada detalhe de uma chacina e a colocaram em prática com itens encontrados em estabelecimentos comerciais.
No dia 20 de julho, um jovem de nome James Holmes, equipado com colete balístico, capacete, máscara contra gases e armado de pistola, escopeta e fuzil, entrou num cinema em Aurora, no Colorado, lançou bombas de fumaça e atirou contra os espectadores matando 12 deles e ferindo outras dezenas. De acordo com a polícia, James Holmes não tinha antecendentes criminais, o que significa dizer que até o dia do massacre James não infringiu a lei, fora uma multa de trânsito em 2011. O jovem não comprou o armamento e a munição das mãos de traficantes ou contrabandistas. Tudo foi adquirido legalmente em lojas estabelecidas.
James Holmes comprou quatro armas, dentre elas um fuzil semi-automático calibre .223. Armas com esse calibre podem ser encontradas em qualquer mercado nos Estados Unidos e sua aquisição não requer nenhum exame psicotécnico, depende apenas do dinheiro. Na Bas Pro Shop, uma das lojas visitadas por James, um fuzil nesse calibre, semi-automático, Remington R-15 VTR Predator, custa US$ 1149.99. Apesar de ser vendida como arma de caça, seu calibre foi desenvolvido por empresas dos Estados Unidos para o exército daquele país que, depois da Segunda Guerra Mundial, concluiu que precisava de um munição mais leve que a tradicional 7.62, afim de que seus soldados tivessem mais precisão de tiro e pudessem carregar consigo mais balas. O campo de provas desse novo calibre foi a selva vietnamita nos anos 60.
O mercado não se importa em produzir artigos que podem, fatalmente, resultar na morte de seus consumidores. O sistema econômico vigente consiste no tripé produção em massa/consumo/descarte. Para mantê-lo é preciso criar perfis de consumo que nem sempre são baseados em necessidades reais. É preciso produzir, não importa a que preço. Basta rotular um maço de cigarro com “O Ministério da Saúde adverte” ou uma garrafa de bebida alcóolica com “Se beber não dirija” para que se redima a culpa da indústria pelas mortes decorrentes de doenças respiratórias e acidentes de trânsito. A indústria de alimentos despeja todos os dias nos supermercados produtos que serão responsáveis por doenças cardíacas, câncer, diabetes. A indústria química, proibida de vender agrotóxicos nos países ricos, os vende à preço de banana para nações do Terceiro Mundo.
Nos Estados Unidos a indústria cinematográfica e armamentista sempre andaram de mãos dadas. Hollywood tem sido vitrine para o lobby das armas. É a forma mais eficiente de publicidade. Raramente um filme americano na TV ou no cinema não tem ao menos um personagem disparando armas, mesmo em comédias ou filmes românticos como Ghost eTitanic. Assim como os filmes de Humphrey Bogart e James Dean estimularam muita gente a fumar, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis certamente inspiraram outros tantos a comprar ao menos uma pistola.
E aí fica a pergunta. Por que tanta perplexidade com a ação de James Holmes? O atirador do Colorado não fez nada que a sociedade e o mercado não conhecessem e incentivassem. Ele foi até uma loja, comprou máquinas de matar de forma legal e fez exatamente o que se espera delas. Matou. James Holmes é portanto um consumidor, e o mercado agradece. A indústria armamentista não vai parar por causa das vidas ceifadas à bala naquele cinema em Aurora, muito menos pelos mortos em ataques de aviões não-tripulados estadunidenses no Paquistão e no Afeganistão. É tudo negócio, nada pessoal.
Mais importante que nos debruçar sobre o perfil psicológico de James Holmes é analisar o caráter do establishment que tornou possível sua ação brutal.
http://www.diarioliberdade.org/mundo/batalha-de-ideias/29530-carlos-latuff-james-holmes,-um-consumidor.html

Intervenção do Partido Comunista Brasileiro no Congresso do Partido Comunista Colombiano


imagemCrédito: PCB


O camarada Edmilson Costa, Secretário de Relações Internacionais do PCB, esteve presente neste fim de semana no Congresso do Partido Comunista Colombiano, quando, em nome do PCB, fez a seguinte intervenção política:
Queridos camaradas do
Partido Comunista Colombiano
Recebam do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) uma saudação fraterna, combativa, internacionalista e revolucionária por ocasião de seu Congresso. Desde o Brasil, nós esperamos que as discussões que serão realizadas neste Congresso resultem numa elaboração teórica que reforce a linha tática e estratégica da intervenção política dos comunistas colombianos, de forma a fortalecer a luta dos trabalhadores urbanos e camponeses, dos indígenas, da juventude e das mulheres na Colômbia, que é condição fundamental para a luta de todos os trabalhadores da América Latina.
Somos solidários a todas as expressões, formas e espaços de luta contra o estado terrorista colombiano: o Partido Comunista Colombiano, o Polo Democrático Alternativo, as organizações políticas insurgentes, Colombianas e Colombianos pela Paz, a Marcha Patriótica, o Congresso dos Povos e todos os movimentos políticos e sociais populares. Todas estas lutas convergem para a busca de uma solução política para o conflito colombiano, com mudanças políticas, sociais e econômicas a favor do povo. Aqui no Brasil, privilegiamos a solidariedade com a luta do povo colombiano, através da Agenda Colômbia Brasil, para cuja ampliação contribuímos.
Queridos camaradas!
Este Congresso se realiza num momento complexo e difícil para todos os povos mundo, pois exatamente neste momento o sistema capitalista vive a sua maior crise desde 1929, uma crise profunda e devastadora que vai se arrastar ainda por muitos anos. Como todos sabem, o grande capital vem procurando, de todas as formas, jogar todo o peso da crise na conta dos trabalhadores. Como também todos sabem que os trabalhadores não têm nenhuma responsabilidade por esta crise, uma vez que a própria burguesia e seu sistema desumano são os responsáveis por todos os problemas sociais e econômicos da atualidade. Estamos assistindo a uma verdadeira ofensiva mundial do capital contra os trabalhadores em todo mundo, mediante a imposição de políticas predatórias que visam reduzir os gastos sociais, os salários dos trabalhadores, as pensões dos aposentados, bem como os direitos e garantias sociais conquistados a duras penas há mais de meio século.
Nesta conjuntura, os trabalhadores estão aprendendo a ver claramente o papel do Estado capitalista a favor das classes dominantes, não só colocando vários trilhões de dólares para salvar o sistema financeiro especulativo, mas também lançando todo o aparato repressivo do Estado contra os trabalhadores e suas entidades, bem como utilizando os meios de comunicação, que têm se comportado como um quarto poder a serviço do grande capital, para manipular as informações e satanizar os dirigentes políticos que não se dobram ao imperialismo, tudo isso com o objetivo de manipular a opinião pública para as intervenções imperialistas.
Queridos camaradas!
A crise também tem demonstrado que o imperialismo está cada vez mais agressivo. Quanto mais a crise se agrava, mais aumenta a sua agressividade, pois é da sua origem buscar sair da crise mediante as guerras de rapina e fortalecimento do complexo industrial militar. Somos todos testemunhas das invasões de países soberanos, como o Iraque, o Afeganistão e, mais recentemente a Líbia, onde assassinaram o principal dirigente do País, coronel Mohamar Kadafi. Nesta mesma linha, estão armando mercenários para invadir várias regiões da Síria, atacar as populações, explodir bombas, enquanto os meios de comunicação cumprem o papel de manipular as imagens e colocar a culpa no governo sírio. O objetivo do imperialismo é não só ocupar a Síria, mas também o Irã, e com isso, dominar as imensas reservas de petróleo do Oriente Médio.
Aqui também na América Latina o imperialismo vem realizando uma intensa ofensiva para reverter as derrotas que sofreu com a emergência dos governos progressistas da Venezuela, do Equador e da Bolívia, além do fortalecimento dos movimentos populares na região. A primeira tentativa de quebrar o movimento popular foi o golpe de 2002 na Venezuela, que não obteve êxito em função da resistência do movimento popular. Posteriormente, as forças imperialistas, apoiadas pelas oligarquias locais, realizaram o golpe em Honduras, que retirou do poder o presidente Zelaya e, mais recentemente, conseguiram, via um golpe institucional, derrubar o presidente Lugo no Paraguai. Além disso, tentaram sem sucesso derrubar o presidente do Equador e da Bolívia, mediante revoltas orquestradas pela CIA, que também diariamente conspira contra o governo Chávez. Há algum tempo o imperialismo também reativou a Sexta Frota da Marinha norte-americana, o que significa uma ameaça direta a todos os povos da região.  São todos movimentos de uma só política: transformar a América latina numa região sob o controle dos Estados Unidos e de seus monopólios.
Queridos camaradas!
Um capítulo especial dessa ofensiva imperialista se dá em relação à Colômbia, país onde as lutas populares contra o imperialismo têm longa tradição e a insurgência armada resiste há mais de cinco décadas. O governo norte-americano, em aliança com o governo narcoterrorista de Uribe e agora de Santos, tem procurado transformar a Colômbia numa grande base militar dos Estados Unidos na região, o que vem transformando este País numa espécie de Israel da América Latina. Mediante a construção de bases militares e da instalação de sofisticados sistemas de vigilância e inteligência militar, os norte-americanos vêm monitorando diariamente todas as ações dos países da região.
Além disso, a oligarquia local e seus governos têm utilizado todos os métodos bárbaros para conter o avanço da luta popular, como a organização e financiamento de paramilitares para assassinar líderes sindicais e camponeses, dirigentes da juventude e dos movimentos indígenas e democráticos, num verdadeiro terrorismo de Estado. Da mesma forma como vem acontecendo há mais de cinco décadas, essas brutalidades não serão capazes de dobrar o movimento popular nem a resistência do povo colombiano. Mais dia menos dia os trabalhadores ajustarão contas com essa oligarquia apodrecida.
Queridos camaradas!
Apesar de a conjuntura ser complexa e difícil, há um avanço da luta popular em todo o mundo. Por toda a Europa os trabalhadores realizam greves, manifestações e mobilizações contra os ajustes predatórios que o capital vem buscando impor naquela região. Também há greves gerais na Índia e em vários países asiáticos. Até mesmo nos Estados Unidos, a juventude e os trabalhadores já começam a despertar para a luta, como o movimento Occupy Wall Street e os trabalhadores Wiscossin. Em toda a América Latina o movimento popular realiza memoráveis jornadas de lutas contra o imperialismo.
Nós entendemos, camaradas, que a luta de classe está mudando de patamar no mundo. Quanto mais a crise se agravar, mais se abrirão as janelas de oportunidades, através das quais os trabalhadorespoderão colocar na ordem do dia seu projeto de sociedade, em busca de uma nova sociabilidade e da emancipação humana. Hoje, há uma contradição profunda entre o sistema capitalista e a humanidade. O capitalismo só pode se desenvolver se ameaçar a existência da espécie humana. Nesse sentido, se a espécie humana quiser sobreviver terá que superar o capitalismo!
Viva o internacionalismo proletário!
Viva a luta dos comunistas da América Latina e de todo o mundo!
Todo êxito ao Congresso do Partido Comunista Colombiano!

PCB EXPULSA EM PERNAMBUCO OS QUE SE VENDERAM AO PSDB E FORAM PARA O PcDOB


imagemCrédito: PCB


(Não poderiam ter escolhido lugar melhor para abrigar seus interesses)
O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB), por meio de sua Executiva Estadual de Pernambuco, decidiu expulsar, sumariamente, com base em seu Estatuto e em suas Resoluções Congressuais, no dia 23 de julho de 2012, tão logo tomou conhecimento, por meio do blog do jornalista Jamildo Melo, do apoio espúrio e oportunista de militantes do Diretório Municipal Provisório de Jaboatão dos Guararapes à candidatura de Elias Gomes, do PSDB, o sr. Armando Moury Fernandes e demais signatários do esdrúxulo e suspeito ato de apoio.
O PCB não autorizou nenhuma aliança político-eleitoral em Jaboatão dos Guararapes; o Diretório Municipal havia decidido, anteriormente, não lançar candidatos e se abster de participar do pleito. Portanto, o apoio do ex-militante Armando Moury ao candidato do PSDB jamais teve respaldo ou autorização da nossa Direção Estadual, que encara a atitude como oportunista e fisiológica, típica de quem tenta usar os partidos e a política em si para ganhos pessoais e/ou de grupos.
O apoio desse senhor ao candidato do PSDB constituiu-se em uma grave traição ao Partido, manchando a história de luta e resistência de antigos comunistas desse município, que por sua bravura no combate à direita fez com que Jaboatão fosse conhecida como "Moscouzinho" no meio político pernambucano. O ato do sr. Moury é desonroso, vil, fisiológico e oportunista, típico de quem, por interesses egoístas, capitula diante da velha direita e suas benesses de poder. Merece, portanto, o nosso mais forte repúdio e denúncia. A baixeza desse senhor foi tanta que, já decidido a sair do Partido com seu grupo, usou a bandeira do Partido pra ser fotografado ao lado do Sr. Elias numa solenidade pública, talvez enganando o próprio candidato que decidiu apoiar. Eles foram para o PcdoB. Não poderiam ter escolhido lugar melhor para abrigar seus interesses.
Recife, 25 de julho de 2012
Aníbal Valença
Secretário Político
Luciano Morais
Secretário de Organização

sábado, 21 de julho de 2012

As rupturas revolucionárias não são prédatadas


imagemCrédito: odiario.info


Miguel Urbano Rodrigues
Em Portugal, a actual política de traição nacional é condenada pela esmagadora maioria da população. Será finalmente o povo a pôr-lhe fim.
As rupturas revolucionárias, com raras excepções, produzem-se sem data no calendário. Por outras palavras, não são facilmente previsíveis e ocorrem em lugares onde não eram esperadas.
Cito entre outras, a mexicana, a boliviana, a vietnamita, a cubana, a argelina, a chilena, a portuguesa de Abril de 74. Na própria Rússia, a Revolução de Outubro 17, na sequência da Revolução de Fevereiro, contrariou teses de Marx ao assumir-se como socialista num país capitalista atrasado.
Diferem muito as motivações complexas que estão na origem dessas e outras revoluções, assim como o rumo e o desfecho de cada uma. Um denominador comum – resultem elas de levantamentos populares ou do funcionamento de mecanismos institucionais – é a recusa dos oprimidos a continuar a submeter-se passivamente a políticas da classe dominante que não dispõe mais de força suficiente para as impor. A análise de Lenine sobre o tema permanece válida.
Nas rupturas violentas em que o povo actua como sujeito directo, o momento em que as massas se mobilizam contra o Estado opressor e o destroem é inseparável de situações históricas que variam de caso para caso.
Na grande Revolução Francesa de 1789 uma geração de brilhantes pensadores tinha demonstrado há muito que a monarquia de direito divino, com os seus resquícios feudais, era um regime monstruoso, uma aberração na França setecentista. Mas foi preciso que o preço do pão aumentasse após uma sucessão de colheitas desastrosas para que, no auge de uma crise económica profunda, se produzisse o levantamento popular numa ruptura que assumiu rapidamente os contornos de desafio revolucionário.
Nas guerras coloniais, o desespero de povos submetidos pelas potências europeias a sistemas de exploração com características quase escravocratas funcionou como estopim das lutas de libertação. Jean Paul Sartre lembrou que o colonialismo degrada tanto o homem que a própria vida, bem supremo, perde significado e a insurreição armada surge como a opção imposta pela defesa da dignidade.
O impossível aparente pode tornar-se então realidade, como aconteceu no Vietnam e na Argélia, quando dois pequenos e pobres povos derrotaram grandes potências imperiais.
TEMPO DE VIRAGEM
A humanidade enfrenta uma crise de civilização sem precedentes. Difere de outras porque é global.
O imperialismo, transformando-se, sem renunciar á sua essência desumana e predatória, pretende, sobretudo através do seu polo hegemónico, os Estados Unidos, manter os povos submetidos ao seu projecto de dominação universal.
Incapazes de superar a crise estrutural do capitalismo, os EUA, com o apoio dos grandes da União Europeia, desencadearam contra países da Ásia e da África guerras genocidas para saquear os seus recursos naturais.
Atolado nessas agressões, o imperialismo pretende justificá-las utilizando uma engrenagem mediática planetária que forja uma realidade virtual. Transmuta o crime em virtude e mascara guerras destruidoras de «intervenções humanitárias» em defesa da liberdade e da democracia.
Uma constante nesse perverso massacre mediático é a afirmação de que a era das revoluções findou e o neoliberalismo, ultrapassadas crises conjunturais, emerge como a ideologia definitiva.
Não convence os povos. O caos mundial gerado pelo sistema capitalista demonstra a cada novo dia que a luta de classes se intensifica em dezenas de países e que a humanidade se encontra no limiar de uma era de novas revoluções.
Tome-se a Grécia como exemplo. Não há campanha mediática, nem discurso de Obama ou Merkel, ou decisão de banqueiros dos EUA e da UE que possa apagar a evidência de que os trabalhadores da Grécia responsabilizam o imperialismo e o capitalismo pelos sofrimentos do seu povo.
PORTUGAL, DE ONTEM PARA HOJE
Em Portugal ocorreram no século XX transformações sociais profundas que os historiadores e os cientistas políticos têm dificuldade em explicar.
Durante quase meio século o povo português foi submetido a uma ditadura fascista. Uma única força política organizada, o Partido Comunista Português, se bateu na clandestinidade contra esse regime, brutalmente repressivo, que manteve o país num atraso económico e cultural inocultável. As forças armadas, a igreja e a burguesia apoiaram Salazar. Houve resistência, mas somente uma pequena minoria participou nas lutas sociais lideradas pela vanguarda comunista.
Foi a guerra colonial que funcionou como espoleta do descontentamento popular, criando condições para a ruptura de Abril de 1974.
Ocorreu então o inimaginável. O derrubamento do fascismo pelo Movimento das Forças Armadas desembocou num processo revolucionário. A aliança do Povo com a vanguarda militar, o MFA, permitiu que em tempo brevíssimo Portugal fosse cenário de uma grande revolução.
Em pouco mais de um ano, nos governos provisórios do general Vasco Gonçalves, o povo, reassumindo-se como sujeito da História, realizou conquistas revolucionárias que a Europa Ocidental não conhecia desde a Comuna de Paris.
A ruptura da aliança do movimento popular com o MFA- atingido por graves divisões internas – abriu as portas ao início da contra-revolução.
O golpe do 25 de Novembro de 75 assinalou o fim do período revolucionário. Na nova correlação de forças, um MFA que renunciara ao seu Programa, consentiu que o Partido Socialista e o Partido Popular Democrático, hoje PSD, desencadeassem a contra revolução legislativa, num refluxo histórico desconcertante.
Mas a gradual supressão das conquistas de Abril foi lenta, num processo sinuoso, iniciado por Mário Soares.
Os trabalhadores lutaram tenazmente em defesa das nacionalizações. Foram necessários quase quinze anos para que o PS e o PSD, acumpliciados, reconstituíssem o latifúndio, destruindo a Reforma Agrária que resistiu numa gesta heroica. O Partido Comunista Português desempenhou um papel fundamental nessa resistência.
LUTAS E ABSURDOS
Alternando no poder, o PS e o PSD executaram políticas de direita de recorte neoliberal e no plano externo submeteram-se a todas as exigências do imperialismo americano e europeu.
O grande capital financeiro recuperou o poder político e uma estrutura monopolista mais ampla e poderosa do que a do fascismo - em grande parte controlada pelo imperialismo - domina a economia nacional, asfixiando-a.
Hoje, o País, submetido a um dos governos mais reaccionários da Comunidade Europeia, está arruinado e foi conduzido à beira do abismo.
Como foi possível? Formula-se a pergunta diariamente, mas encontrar uma resposta satisfatória não é fácil.
Ao governo de direita e pró-imperialista de Sócrates sucedeu outro ainda pior, mais agressivo e mais submisso às exigências de Bruxelas e Washington e do capital financeiro português.
As estratégias tortuosas do capital entregam por vezes as insígnias do poder a políticos, ostensivamente medíocres. Os EUA tiveram um George Bush filho; Salazar impôs Américo Tomás.
Mas raramente, mesmo na era fascista, Portugal terá suportado um governo com tamanho ramalhete de gente perversa, ignorante ou privada de inteligência mínima.
O Primeiro-ministro reflecte a imagem do conjunto. Cultiva um discurso cantinflesco em que amontoa frases pomposas sem nexo. Mas diferentemente do mexicano Mario Moreno, sempre solidário com os oprimidos, Passos, nas suas arengas reaccionárias, presta vassalagem aos opressores.
E que dizer do seu ministro da Economia, personagem que faz lembrar compères de antigas revistas do Maria Vitória? E de um Relvas, criatura que parece arrancada de uma peça de teatro do Absurdo?
ATÉ QUANDO?
A condenação dessa estratégia de traição nacional é transparente; ficou expressa em gigantescas e frequentes manifestações de protesto e em duas greves gerais.
Até quando isto viu durar? Qualquer previsão seria irresponsável.
A única certeza é a de que o fim do pesadelo exige uma ruptura. Mas as condições subjectivas para que ela assuma um carácter revolucionário não estão ainda criadas.
Que fazer então, nesta dramática curva da história portuguesa?
A maioria do povo, bombardeada por uma engrenagem mediática montada pelo grande capital, acredita ainda na possibilidade de uma saída institucional para a crise, ou seja, admite que as forças progressistas podem chegar ao governo através de eleições para retomar o projecto democrático de Abril.
Estamos perante uma ilusão. A ruptura, para ser real, não pode processar-se no âmbito do sistema; terá de visar a difícil, mas necessária, destruição do sistema.
Ela depende da participação torrencial das massas populares. Mas esta, pela dinâmica do choque com o poder, assumirá gradualmente um carácter revolucionário anti-sistémico, porque o objectivo será, então, não um impossível regresso a Abril, mas a destruição do próprio sistema, isto é, do capitalismo.
Repito a afirmação inicial. As rupturas revolucionárias não são pré-datadas. Contrariam previsões e tomam quase sempre um rumo inesperado.
Em Portugal, a actual política de traição nacional é condenada pela esmagadora maioria da população. Será finalmente o povo a pôr-lhe fim.
Vila Nova de Gaia, 13 de Julho de 2012
http://www.odiario.info/?p=2548

Nota do PCB sobre a greve nacional dos docentes federais

imagemCrédito: carreiradocente


1. A Greve dos professores do ensino federal já toma 100% das Universidades Federais em todo o país e demonstra sua força levando o governo a antecipar sua proposta e abrir negociações com os professores.
2. A força desta greve demonstra o acerto das decisões tomadas no último Congresso Nacional do ANDES-SN de aprofundar o trabalho de base e de aproximar as reivindicações e bandeiras de luta às demandas reais da categoria, o que nos levou à construção de nossa pauta fundada na defesa da carreira docente, dos salários, as condições de trabalho e da educação pública.
3. A proposta apresentada pelo governo e que abre a negociação com nosso movimento grevista, como seria de se esperar do governo Dilma, é limitada e insuficiente além de aprofundar a desestruturação da carreira e regredir em vários pontos mesmo em relação à situação atual. O governo mente intencionalmente sobre os índices apresentados tentando, naquilo que o próprio Secretário do MPOG denominou de “estratégica de comunicação”, mascarar o aumento oferecido. Os 45% anunciados e propalados pela grande mídia seriam concedidos apenas aos titulares, que representam uma pequena parte da categoria, escalonando os índices menores para as outras classes e níveis que constituem a maioria dos professores. Além disso, embute no calculo do aumento dos 4%  já pagos com atraso este ano relativo ao acordo do ano passado, parcela o pagamento em três anos até 2015 sem considerar a inflação. Desta maneira, considerando o aumento médio nominal, teríamos apenas 28,3% e se considerarmos a previsão moderada de inflação de 5% ao ano, este índice cairia para 10,8% de aumento médio.
4. O mais grave é que o governo restringiu a oferta à pauta salarial  e apesar de avançar por força da pressão do movimento para pontos da carreira apresentada pelo ANDES, aceitando os 13 níveis da carreira e não os 21 inicialmente propostos e incorporando o Professor Titular na carreira,   de fato aprofunda distorções, mantêm a divisão por classes (Titular, Associado, Adjunto, Assistente e Auxiliar) contraria a posição dos professores de um único cargo de professor do ensino federal, mantêm a divisão em duas carreiras (magistério superior e EBTT) e impõe o mínimo de 12 horas de aula quando a LDB estipula de 8 a 12 horas, demonstrando claramente seu projeto contrário à vinculação entre ensino, pesquisa e extensão.
5. O governo fecha os olhos às demandas dos professores por melhores condições de trabalho e à avaliação clara do movimento docente dos efeitos de uma expansão que não veio seguida das condições necessárias, assim como se mantêm intransigente diante das demandas dos técnicos administrativos e estudantes.
6. Desta maneira, o PCB apóia a decisão do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN de indicar às assembléias da categoria a rejeição do acordo nos termos oferecidos e o esforço de apresentar uma contra-proposta que tenha como referência a proposta de carreira dos professores federais apresentada pela entidade nacional representativa dos docentes.
7. Chamamos todos a fortalecer as mobilizações do conjunto do funcionalismo público federal em greve e as mobilizações propostas para o dia 2 de agosto pelas Centrais Sindicais, massificar a luta e fortalecer as assembléias dos docentes para respaldar o CNG nas negociações que se abriram.
Todo apoio às reivindicações dos docentes federais
Por carreira docente, salários e condições de trabalho
Em defesa da Educação Pública
Base dos Professores Federais do PCB
CC do PCB

OBRA IOIÔ


Ft.Luciana Portinho

Na quarta passada, fui à rua novamente fazer a cobertura eleitoral para a Folha da Manhã. Desta vez, acompanhei o candidato oposicionista a prefeito Erik Schunk (PSOL) em visita à obra da Av.Sete de Setembro. Essa importante via de acesso como outras demais periféricas permanecem interditadas, desde o término do carnaval, é um martírio. De lá pra cá, tumultua a vida dos moradores, arruína os pequenos comerciantes do bairro, azucrina a rotina dos motoristas que mofam em engarrafamentos provocados pela interrupção da avenida.
Ft.Luciana Portinho

A obra recebeu o apelido “ioiô”, pela quantidade de vezes em que é feito/refeito/desfeito o serviço da passagem da tubulação de rede de esgoto.Segundo as ‘boas línguas da vizinhança’, já houve troca de projeto, de engenheiro e de empresa contratada pela PMCG. Cada uma dessas mudanças acarretou em desmanchar o já feito, algo desanimador para uma população perplexa que há seis meses é obrigada a conviver com o arrastado compasso da engenharia biruta.
Ft.Luciana Portinho

É espantosa a inexistência de administração da obra. Em nenhum momento, desde fevereiro, moradores e comerciantes, receberam qualquer comunicação sequer esclarecimento como é de se esperar por parte de uma administração pública, um mínimo gesto de consideração com sua gente.
O direito de ir e vir foi sumariamente retirado do cotidiano dessas pessoas. O pequeno comércio resiste para não falir – o sapateiro e o borracheiro não aguentaram e saíram -, outros recorrem às suas reservas para sobreviver. Moradores idosos ou em cadeira de rodas estão isolados em suas residências.
Ft.Luciana Portinho

Tem de tudo um pouco, inclusive do muito pó de pedra suspenso em nuvens para qualquer um ver ou aspirar.
Autoridades do governo categoricamente, ontem, afirmaram que tudo acabará em agosto. Moro nas adjacências.Torço…sinceramente, muito!
Ft.Luciana Portinho

sexta-feira, 20 de julho de 2012

As obras de Rosinha

FOLHA DA MANHÃ, 19/07/2012 páginas 1 e 3

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Candidatos cumprem suas agendas pela planície goitacá

Jornal Folha da Manhã

O candidato a prefeito Erik Schunk (PSOL), na tarde de ontem, seguiu no seu papel de fiscalizar as ações da prefeitura. Dessa vez ele foi ver de perto o andamento da obra na Avenida Sete de Setembro que se iniciou logo após o carnaval. Erik conversou com moradores e comerciantes, fez anotações e dialogou com os trabalhadores no canteiro de obras em que se transformou a avenida. Os demais candidatos, Arnaldo Vianna (PDT), José Geraldo (PRP), Makhoul Moussalem (PT) e Rosinha Garotinho (PR) cumpriram seus compromissos de campanha agendados. Arnaldo fez corpo a corpo na estância da Penha e no Parque Imperial; José Geraldo que tem defendido um “choque de ordem” na cidade, com um dos focos no setor de transporte público, andou no Terminal Carlos Prestes e no Parque Califórnia; Makhoul fez uma visita a Folha e participou de reuniões internas; e Rosinha Garotinho percorreu o Jardim Carioca e fez reunião ao final do dia em Dores de Macabu.

Sobre sua visita à obra da Avenida Sete de Setembro, Erik Schunk falou:

— Fui convidado a vir, as reclamações são grandes. Esta é uma das principais vias de acesso da cidade em uma obra que se arrasta há seis meses, sem previsão de término. Percorri toda extensão da obra e o que me deixa mais assustado é a aparente ausência de planejamento, um evidente descaso com o transtorno social que acarreta — disse.

Manifestando surpresa e alegando a “falta de diálogo da Prefeitura com a população que não é informada de nada” ele prossegue:
“Aqui trocaram de empreiteira mais de uma vez, os moradores se queixam de que a obra é feita, desfeita e refeita”, frisou.
O comerciante João Ribeiro, há 20 anos instalado na avenida era a imagem do desalento.

— Nunca passei por um momento igual em 20 anos que trabalho aqui. Tudo paralisado parece mais uma roça — desabafou o comerciante.

Sobre as reclamações, a Prefeitura de Campos se pronunciou através do secretário de Obras e Urbanismo de Campos, Edilson Peixoto. Ele informou que a primeira etapa da obra já foi concluída e que a previsão é de que as obras da Sete de Setembro sejam concluídas em agosto. Já o secretário de Governo, Suledil Bernardino, destacou que “o Bairro Legal é o maior programa de saúde pública implementado nos últimos tempos na cidade”

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Erik Schunk de olho em obra da Prefeitura

  Folha da Manhã

Schunk esteve na obra da Avenida Sete de Setembro - Phillipe Moacyr
Schunk esteve na obra da Avenida Sete de Setembro - Phillipe Moacyr
O candidato à Prefeitura de Campos, Erik Schunk (PSOL), acompanhou de perto, na tarde de hoje (18), a obra do governo municipal na Avenida Sete de Setembro. Na ocasião, Schunk conversou com moradores, fez anotações e funcionários da empresa que atua na obra. “As reclamações são grandes. Esta é uma das principais vias de acesso da cidade e a obra que se arrasta há seis meses, sem previsão de término. Percorri toda extensão da obra e o que me deixa mais assustado é a aparente ausência de planejamento, um evidente descaso com o transtorno social que acarreta”, disparou Schunk em entrevista à Folha.
Agenda — Amanhã (19), às 10h, Schunk fará corpo a corpo no Mercado Municipal. Depois, às 14h, vai caminhar pela Rodoviária Roberto Silveira.

MORTES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES AUMENTOU 376% DESDE 1980 NO BRASIL


Os dados são do "Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil", pesquisa que será lançada hoje.

Planos agrícolas promovem concentração de terra e especulação financeira



por José Coutinho Júnior
 

 
O governo federal fez o lançamento dos planos agrícolas para a safra de 2012/2013, tanto para a agricultura comercial quanto para a familiar. O Plano Safra consiste em uma política de crédito para os produtores agrícolas e programas de investimento nos modelos agrários empresarial e familiar. 

O pacote destinado à agricultura familiar recebeu um total de R$22,3 bilhões, sendo R$ 18 bilhões para crédito de custeio e investimento à agricultura familiar e R$ 4,3 bilhões para programas voltados à assistência técnica e aquisição de alimentos.

“O plano é fraco”, avalia Guilherme Delgado, doutor em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

De acordo com o economista, crédito não é suficiente para atender as demandas do campesinato. “Há uma timidez do governo de apresentar um plano diferente. Os camponeses precisam mais que sobreviver e precisa existir incentivos à cooperação. Se for somente dar crédito aos pequenos agricultores, não há necessidade em se fazer dois planos distintos”, critica.

“Para existir um plano efetivo, seria necessário um pacote de medidas de caráter estrutural, que fomentassem a cooperação, a agroecologia, a agricultura familiar e a infraestrutura das propriedades. Nada disso está no plano porque não se pensa que essas medidas possam fazer um diferencial”, acredita Delgado.

Segundo o dirigente do MST, Alexandre Conceição, o principal problema do plano é que ele reforça a estrutura fundiária concentrada. “A agricultura familiar só existe porque houve desconcentração de terra e o surgimento de pequenos produtores capazes de produzir. Nesse sentido, a Reforma Agrária está completamente esquecida no plano. O agronegócio, graças ao investimento do governo, continua avançando e expulsando os produtores do campo”, afirma. 

“O número de pequenos produtores diminui ano a ano graças à política de fortalecimento do agronegócio. Se o governo não trabalhar na desconcentração de terras, o crédito vai beneficiar cada vez menos pessoas. As 186 mil famílias acampadas poderiam dar volume à agricultura familiar e obter os recursos do plano safra para produzir. Novas famílias precisam ser assentadas para fortalecer a pequena agricultura”, propõe o dirigente do MST.

Crédito burocrático para os camponeses 

A burocracia para conseguir recursos é um dos problemas do Plano Safra. Além de licenças ambientais e jurídicas da propriedade, a obtenção do crédito passa pelos bancos, que fazem diversas demandas aos agricultores, sendo a principal delas não estar endividado. 

De acordo com Conceição, “há milhares de famílias que estão impedidas de acessar recursos, inclusive desse plano, por conta das dívidas passadas, que não foram renegociadas. É um crédito de difícil acesso para a realidade dos assentados”.

A maior parte do crédito do plano é destinada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que não atende as necessidades de grande parcela dos camponeses e não altera a estrutura agrária brasileira. 

Segundo Delgado, “o Pronaf é uma peça de fomento para setores do campesinato que tem uma produção mercantil estruturada. É uma tentativa de integração deste campesinato no modelo de produção do agronegócio”.

A presidenta Dilma Rousseff anunciou, junto com o lançamento do plano, a criação de uma Agência Técnica e Extensão Rural para desenvolver pesquisa e tecnologia para a pequena agricultura. 
Conceição considera a medida importante e cobra a participação dos movimentos. “A construção dessa agência deve ser feita com o conjunto da sociedade e dos movimentos sociais. Queremos uma assistência técnica continuada e com recursos, elaborada de acordo com a dinâmica de cada comunidade”. 
O dirigente do MST pondera que ainda não existe nada de concreto e coloca a necessidade da formação de técnicos agrícolas, agrônomos e engenheiros florestais dentro de uma matriz tecnológica distinta do agronegócio. “É um debate que está no começo e que deve ser feito a partir das necessidades dos trabalhadores rurais do campo. Essa agência não pode ser uma assistência com técnicos formados com a lógica do agronegócio, que chegam para produzir com alta quantidade de veneno e compra de sementes das transnacionais”. 
Facilidades para a agricultura empresarial 
O plano para a agricultura comercial, cujos beneficiários são majoritariamente o setor do agronegócio, recebeu R$ 115,25 bilhões. Houve um aumento de 7% do montante recebido ano passado. Do total, R$ 28,25 bilhões serão destinados para investimentos e R$ 86,95 para financiamento de custeio e comercialização. 
De acordo com Delgado, “o Plano Safra da agricultura comercial vem para fazer com que o setor primário, caracterizado pela exportação das commodities agrícolas e majoritariamente ligado ao setor privado, cresça por meio do investimento público. O crédito rural cresceu muito nos últimos anos e as políticas de preços mínimos expandiram o setor primário do agronegócio.”
O pesquisador observa, no entanto, que apesar do orçamento ser o maior de todos os tempos, há uma queda no ritmo de crescimento. “O incremento no crédito deste ano apresenta desaceleração. De 2000 até o ano passado, o crescimento da quantidade de crédito era no mínimo de 9%. Em 2011, o aumento foi de 13%. Isso mostra que embora a prioridade do setor primário na economia seja forte, há desaceleração devido ao aumento dos preços da commodities”.
Dinheiro para especulação
Conceição avalia que não há restrições burocráticas para que os latifundiários obtenham o crédito, enquanto os camponeses enfrentam diversas restrições. “O plano do agronegócio tem uma estrutura jurídica e bancária pronta para os produtores pegarem os recursos e utilizarem da forma que querem, inclusive renegociando as suas dívidas com os bancos”, afirma.
Grande parte do crédito alimenta o mercado financeiro, com medidas como a compra e venda antecipada de safras por terceiro nas bolsas de valores. Ou seja, recursos públicos entram na ciranda da especulação financeira. 
“É uma política lamentável do governo, que trata alimentos como mercadoria, fortalecendo o modelo especulativo. Vai ser uma farra para os ruralistas durante toda a safra a especulação do eucalipto, da soja, da cana, do etanol”, prevê Conceição.
“A produção brasileira se baseia em commodities, que servem justamente para especulação financeira nas bolsas e para enriquecer as empresas do agronegócio. Depois do anúncio do crédito, é provável que as próximas safras já tenham sido vendidas, sem que a plantação tenha sequer começado”, complementa. Para ele, “o Brasil precisa de capital produtivo para desenvolver o país, e não investimentos no financeiro. É a produção que faz o país crescer”.
Sem agrotóxicos
O plano destinado aos grandes produtores também conta com programas que incentivam a produção de produtos orgânicos. O texto do plano afirma que “é crescente a preocupação da população com a qualidade dos alimentos e os impactos sociais e ambientais dos sistemas de produção convencionais. Tem ocorrido um grande aumento na demanda por produtos considerados limpos, de maior valor nutritivo e produzidos com respeito ao meio ambiente e com justiça social”. 
Para Delgado, a baixa das commodities leva setores do agronegócio a ocupar esse filão do mercado. “Há uma busca de nichos alternativos devido à queda dos preços nas commodities. O setor do agronegócio que prega a produção de orgânicos começa a ganhar força”, avalia o economista. 
Dados do plano apontam que o mercado mundial da agricultura orgânica supera 80 bilhões de dólares anuais. No Brasil, a comercialização anual de produtos orgânicos é de R$ 500 milhões. 
De acordo com Conceição, a preocupação dos grandes produtores não está na preservação ambiental, e sim no lucro. “O agronegócio não se preocupa com o meio ambiente. Estão preocupados com o lucro que a produção de alimentos saudáveis vai trazer, pois o produto orgânico é vendido mais caro. É para ter mais lucro e ter o discurso para a sociedade de que eles produzem de forma sustentável que eles começam a adotar essas estratégias”, diz o dirigente do MST.   
Ele avalia que o agronegócio quer ter um “discurso sustentável”, mas não tem condições de mudar estruturalmente seu modo de produção desmatador, como demonstra a pressão pelas mudanças no Código Florestal. “Basta ver como o agronegócio produz: grandes extensões de terra, expulsão dos trabalhadores, monocultivos, veneno e máquinas. Essa produção não é nada ecológica”, acredita.

terça-feira, 17 de julho de 2012

LULA, O PT E MALUF


MP aciona Tuma e Maluf por ocultação de cadáveres na ditadura

Ação pede responsabilização pessoal de outras três pessoas pelo desaparecimento de militantes em São Paulo

26 de novembro de 2009 | 15h 39
 
estadao.com.br
O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF) ingressou nesta quinta-feira, 26, com uma ação civil pública para que seja declarada a responsabilização pessoal de autoridades por suposta ocultação de cadáveres de opositores da ditadura militar (1964-1985) ocorridas em São Paulo, nos cemitérios de Perus e Vila Formosa. Entre os acusados estão o hoje deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e o senador Romeu Tuma (PTB-SP), além de outras três pessoas. Uma segunda ação civil pública foi movida contra legistas e instituições que teriam contribuído para que as ossadas de mortos e desaparecidos políticos na vala comum de Perus permanecessem sem identificação
As outras três pessoas que o MPF tenta responsabilizar são o médico legista Harry Shibata, ex-chefe do necrotério do Instituto Médico Legal de São Paulo; o ex-prefeito de São Paulo Miguel Colasuonno (gestão 1973-1975); e Fábio Pereira Bueno, diretor do Serviço Funerário Municipal entre 1970 e 1974.
A responsabilização de Maluf e Tuma se deve aos cargos que ambos ocupavam durante o regime militar. Tuma era delegado e chefe do Departamento Estadual de Ordem Política e Social, o Dops, entre 1966 e 1983. Maluf foi prefeito de São Paulo entre 1969 e 1971
A assessoria de imprensa de Maluf divulgou nota na qual o deputado classifica a acusação como "ridícula". "Depois de 39 anos, abordar de forma leviana um assunto dessa natureza é no mínimo uma acusação ridícula", diz a nota.
Procurado pelo estadao.com.br, a assessoria de Tuma não soube informar o paradeiro do senador, e disse que por enquanto não tem uma posição oficial sobre o caso.
O MPF pede que os cinco sejam condenados à perda de suas funções públicas e aposentadorias. Caso sentenciados, os mandatos atuais de Tuma e Maluf não seriam afetados, pois a Constituição impede a perda de mandato em ações civis públicas.
Além da cassação das aposentadorias, o MPF quer que as pessoas físicas sejam condenadas a reparar danos morais coletivos, mediante indenização de, no mínimo, 10% do patrimônio pessoal de cada um, revertidos em medidas de memória sobre as violações aos direitos humanos ocorridos na ditadura.
O MPF sugere ainda, na ação, a possibilidade de o juiz diminuir eventual pena em dinheiro se os réus, antes da sentença, declararem publicamente, em depoimento escrito e audiovisual, os fatos que souberem ou de que participaram durante a repressão política no período de 1964 a 1985, mas que ainda não sejam de domínio público.
Uma das principais fontes de dados para a ação civil proposta foram os documentos e depoimentos colhidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de São Paulo, instituída por ocasião da abertura da vala comum do Cemitério de Perus, em setembro de 1990, para apurar a participação de servidores e autoridades municipais no episódio. O MPF usou, ainda, as informações divulgadas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, no livro "Direito à Memória e à Verdade" e documentos obtidos no Arquivo do Estado de São Paulo e no Arquivo Nacional.
Desaparecidos políticos foram sepultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa em São Paulo, de forma totalmente ilegal e clandestina, com a participação do IML, do Dops e da prefeitura.
Lentidão na identificação
Na segunda ação civil proposta hoje, o Ministério Público Federal pede a responsabilização das pessoas físicas e jurídicas que contribuíram diretamente para que as ossadas de mortos e desaparecidos políticos localizadas na vala comum e outros locais do cemitério de Perus permanecessem sem identificação.
São demandados na ação a União, o estado de São Paulo, a Unicamp, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade de São Paulo (USP). Mais cinco pessoas são citadas, a maioria legistas, sob a responsabilidade dos quais estiveram sob análise as ossadas de Perus ou material genético dos familiares das vítimas para confrontação: Fortunato Badan Palhares (Unicamp), Vânia Aparecida Prado (UFMG), Daniel Romero Muñoz (IML/Instituto Oscar Freire - USP) e Celso Perioli e Norma Bonaccorso (Polícia Científica de São Paulo).
Segundo o MPF, as universidades e os profissionais processados negligenciaram com os compromissos assumidos, gerando enorme atraso nas identificações. Em alguns casos a ação aponta indícios de condutas intencionais para prejudicar os serviços.
Com informações do MPF

A bofetada das FARC a Santos em Toribío



imagemCrédito: RL


por Dick e Mirian Emanuelsson, da Colômbia

Sábado, 14 de Julho de 2012

Os guerrilheiros, muitos dos quais indígenas ao nosso redor, que vêem e escutam os comentários de Caracol, agregam que “a guerrilha no Cauca está constituída em sua maioria por indígenas”. Como seria possível levantar barreiras um quilômetro além do zona urbana se não fosse pela base social que temos em Toribío e no Cauca em geral?
(Guerrilleros de las FARC. FOTO: DICK EMANUELSSON)

A bofetada das FARC a Santos em Toribío
Por Dick e Mirian Emanuelsson, ANNCOL

MONTANHAS da COLÔMBIA / JULHO de 2012 / Durante mais de uma semana as FARC mostraram literalmente que são um exército irregular capaz de enfrentar em suas áreas de controle o exército e a força aérea oficial.
Eram 19h de quarta-feira, 11 de julho. Os canais de televisão Caracol e RCN veicularam como notícia de “ÚLTIMO MINUTO” a derrubada de um avião Supertucano*, moderna aeronave utilizada no combate contrainsurgente. A apresentadora da Caracol estava consternada quando apresentou os membros do governo que diziam que a guerrilha havia derrubado um destes 25 aviões vendidos por Lula ao regime de Álvaro Uribe Vélez, cujo ministro da defesa era Juan Manuel Santos, atual presidente da Colômbia.
AO NOSSO REDOR, ESCURIDÃO. Se escutva apenas a voz metálica da jornalista da Caracol, os grilos, os sapos e os pássaros da úmida selva colombiana. Mas de repente se escutaram as expressões de muitos guerrilheiros sentados a nosso lado, ao saber das notícias desta noite. Não podiam conter sua alegria pelas notícias da ação de seus companheiros em outra parte do país, Toribío, município do departamente de Cauca no sudoeste colombiano.
  • Durante mais de uma semana, nossas forças combateram o inimigo, que não pode conosco, diz um guerrilheiro na multidão de companheiros. Seus olhos brilham quando refletem um raio de luz da lua que entra pela densa selva. A apresentadora entrega o outro desastre militar: “um helicóptero foi atingido e incendiado por guerrilheiros das FARC em El Mango, e os pilotos foram levados pela guerrilha”. Caracol mostra um vídeo amador com o helicóptero em chamas.
  • Os pilotos têm que explicar à guerrilha o que andavam fazendo por lá, num inferno de guerra com bombardeios, combates e enfrentamentos. Muitas vezes, o exército utiliza os supostos “privados” para realizar operações de inteligência e, assim, os envolvem na guerra, agrega outro guerrilheiro vizinho, sentado na sala do acampamento insurgente.
COMO SE O PESADELO DESTA NOITE fosse pouco para os generais, a apresentadora lança um terceiro golpe midiático à moral castrense:
“Em meio às afrontas das FARC às forças públicas, as FARC mantêm barreiras a apenas um quilômetro da zona urbana onde o presidente Santos instalava um conselho de segurança”, protegido por mais de três mil soldados.
E a tela do televisor mostra como os guerrilheiros visam e checam os documentos das pessoas e veículos que transitam a apenas 15 minutos da malha urbana de Toribío. Caracol chega ao lugar e conversa tranquilamente com os guerrilheiros, que relatam o porquê da barreira e explicam que sua missão é conter o avanço das forças militares.
Em Toribío, Juan Manuel Santos, também pálido como a apresentadora da Caracol, quase balbucia e quase roga às FARC:
“Desmobilizem-se, desmobilizem-se”!, repete, “refaçam suas vidas como seus companheiros que agora gozam a vida, eehhh”!
O comandante do acampamento onde permanecemos diz que há 15 dias o apoio a Santos vem caindo vertiginosamente nas pesquisas, e “continuará caindo devido à incontrolável e complicada situação do país”.
SANTOS FALA AOS JORNALISTAS e diz que convidará os líderes indígenas para que cheguem a um acordo com o governo e o Estado. Posando de atraente, Santos oferece entregar meio bilhão de pesos para melhoramentos do saneamento, outros serviços públicos, ofertas e promessas que o povo colombiano escutou a vida inteira, conhecendo o verdadeiro valor e o conteúdo desta política loquaz.
Os indígenas não querem sentar-se à mesa com Santos, e apenas entregam um documento com suas exigências, sendo a principal a saída das forças militares da jurisdição de Toribío. Caracol gira a câmera, mostrando a estação de polícia de dois andares. Para proteção, os agentes ergueram trincheiras e o homem da televisão se pergunta “a quem protege a polícia contrainsurgente em Toribío, se eles mesmos se escondem atrás destas bolsas cheias de areia para proteger-se das FARC, que têm este município cercado”?
(Indígenas tapan trincheras de Ejército en cerro de las Torres. Foto: Ivan Noguera / El Tiempo)
SANTOS SAI À RUA e é hostilizado pela população. Durante o dia anterior, mulheres indígenas derrubaram essas fortificações, exigindo a retirada da força pública. As mesmas mulheres e toda a população rechaçam a visita de Santos, que reponde que não vai “desmilitarizar um só milímetro da cidade porque ela faz parte do território nacional”. Nesta frase, reconhece que o Estado militarizou a região.
Caracol tenta salvar de algum modo a deteriorada imagem de Santos, um presidente rechaçado pela comunidade em massa, afirmando que “os indígenas querem que a guerrilha, ela também, saia de seu território”. O que Caracol oculta é o fato de que a guerrilha é móvel e várias de suas frentes nasceram neste território, como parte da luta camponesa e indígena pela terra e pelo território cobiçado pelas transnacionais. Mais: nesta região, o Estado quer ocupar os territórios para entregá-los às mineradoras, já que estes contêm grandes reservas de ouro e de outros minerais na cordilheira.
Os guerrilheiros, muitos dos quais indígenas, a nosso redor, que vêem e escutam os comentários de Caracol, acrescentam que “a guerrilha no Cauca está constituída em sua maioria por indígenas. Como seria possível erguer barreiras a um quilômetro da zona urbana se não fosse pela base social que temos em Toribío e no Cauca em geral”?
(Una guerrillera indígena de las FARC-EP, una de miles. Foto: D.E.)
A VIOLACÃO DO Direito Internacional Humanitário, DIH, é flagrante em Toribío. A polícia militarizada utiliza a população civil como escudo, colocando um posto policial no meio da zona urbana quando o DIH diz claramente que todos os postos policiais e guarnições militares em um país com conflito armado têm de ser instalados fora das zonas mais povoadas, para evitar que os civis sejam alvejados pelos enfrentamentos.
A isto acrescentamos as provocações permanentes do exército e da aviação que, para impedir os avanços da guerrilha, bombardeia indiscriminadamente aldeias e aglomerados de casas. Em 2005, outro presidente colombiano, Álvaro Uribe, foi atingido em Toribío quando as FARC derrubaram um helicóptero Black Hawk. Mobilizou batalhões para enfrentar a guerrilha, batalhões que só puderam avançar poucos metros por dia, ainda que viessem com tanques, aviões e helicópteros.
No dia 11 de julho de 2012 os mesmos guerrilheiros voltaram a dar uma bofetada em um presidente, desta vez em Juan Manuel Santos, que várias vezes declarou o fim da guerrilha das FARC. E agora estamos talvez no começo de uma nova etapa da guerra, que a cada dia se parece mais com a guerra do Vietnam, uma era em que ao que parece a aviação já não poderá fazer das suas tão facilmente.
As FARC têm foguetes antiaéreos?
Foi no município de Suárez, também no departamento de Cauca, onde a guerrilha, segundo vídeo que circula na internet [http://youtu.be/z0yFsDy9ynA], estreou seus próprios mísseis antiaéreos, Made in FARC. Estes artefatos que têm alcance de vários quilômetros foram desde então objeto de análise e estudo dos generais, sobretudo da Força Aérea Colombiana, FAC, mas também do Pentágono.
Não são mísseis com grande precisão, mas, como diz uma fonte das FARC, “estamos todo o tempo aperfeiçoando e melhorando a arma para que cumpra sua meta: derrubar os aviões e helicópteros da força aérea”.
Na noite anterior, foi exibido no acampamento o vídeo [http://youtu.be/PeWTxn83BZI], feito pelo jornalista francês Romeo Langlois. Ele havia saído uma madrugada desde a base militar de Larandia, sob o controle do Comando Sul do exército dos Estados Unidos, para fazer uma reportagem sobre o tema do "cultivo de folhas de coca", junto a um comando de cerca de trinta soldados e oficiais das forças especiais do exército. Mas sua aventura terminou em um desastre tático quando a unidade militar se enfrentou contra guerrilheiros da 15ª Frente das FARC no vilarejo de San Isidro, departamento de Caquetá.
O vídeo é muito interessante do ponto de vista militar, porque mostra um suposto "Comando Selva", muito especializado, mas que no decorrer de sua manobra mostra-se pouco profissional.
INEFICÁCIA MILITAR
A outra observação que salta aos olhos é que depois do primeiro tiro, o capitão que havia falado de forma marcial em frente à câmera do jornalista francês na saída da expedição, muito assustado pedia por rádio a seu coronel apoio com aviões e helicópteros. Sua ineficácia militar foi evidente e sua linguagem, grosseira e vulgar. Coisas totalmente proibidas em comunicações militares. Enquanto isso, os guerrilheiros avançaram lentamente cercando o “Comando Selva”. Eram objetivos militares invisíveis às rajadas dos helicópteros.
Caiu morto o sargento que protegia o repórter francês, seguido pelo capitão e mais dois soldados. Langlois se deu conta de que ele também poderia morrer se não se passasse ao outro lado com seu braço ferido. E assim foi: atrás de Langlois, em outro setor, caíram mortos em combate outros 15 soldados e mais 10 ficaram feridos pelo fogo insurgente. A guerrilha respeitou a rendição de Langlois e lhe prestou os primeiros socorros por sua ferida.
A DIFERENÇA GUERRILHEIRO-SOLDADO
Se a guerrilha agora possui mísseis antiaéreos, estaria se configurando um fator de desmoralização para as tropas de infantaria, que, como demonstra o vídeo de Langlois, dependem muito do apoio aéreo para suas operações. É exatamente como na guerra do Vietnam, onde a aviação americana lançava “cortinas” de bombas com seus aviões B-52 para garantir o desembarque de suas tropas. Quando o desequilíbrio militar que impunha o domínio dos ares foi neutralizado pela artilharia vietnamita, os invasores ianques se viram obrigados a abandonar o país de Ho Chi Minh.
O sargento que protegia Langlois confessou, em meio às balas, que sua família não estava de acordo em que arriscasse sua vida por uma guerra que não era sua. E aí está a diferença entre guerrilheiros de todas as idades e soldados a soldo. Uns sabem por que expõe o peito e a vida por uma causa, por um ideal, enquanto os outros o fazem porque na Colômbia o povo é vítima do sistema capitalista, que condena milhões de seres humanos à miséria por falta de postos dignos de trabalho.
Dick Emanuelsson
Os aviões Supertucano do Brasil de ´Lula´
* O paradoxal neste tema dos 25 aviões Supertucano é que foi o socialista Inácio ´Lula´ da Silva, ex-presidente do Brasil, que deu permissão para vendê-los ao país com o conflito armado e social mais antigo do continente americano. O custo era de 240 milhões de dólares, que o povo colombiano segue pagando através de diversas formas de impostos.
As bombas destes aviões brasileiros acabaram com as vidas de revolucionários como Raúl Reyes, Jorge Briceño (el Mono Jojoy) e centenas de outros guerrilheiros vitimados pelas bombas destes aviões. Para os brasileiros traficantes da guerra, as notas manchadas de sangue não fedem.
NOTAS:
Comunicado de guerra FARC-EP 28 de setembro de 2011 Suarez, Cauca
http://youtu.be/z0yFsDy9ynA