Rio de Janeiro - O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, contestou hoje (29) denúncias de desapropriação forçada contra agricultores e proprietários rurais no município de São João da Barra, na área onde é construído o Porto do Açu. Para instalação do empreendimento do Grupo EBX em 70 milhões de metros quadrados está prevista a remoção de cerca de 400 propriedades rurais pertencentes a 96 famílias.Na última segunda-feira (26), a Justiça Estadual concedeu uma liminar para proteger moradores idosos, afetados pelas desapropriações, obrigando a prefeitura do município a fazer um levantamento sobre a situação deles. Anteriormente, o Ministério Público Federal tinha decidido investigar a formação de milícias e violação de direitos humanos nos despejos de pessoas que viviam na área do empreendimento."Não estamos batendo em velhinhos, tampouco criando milícias", disse o secretário sobre a decisão da Justiça e a investigação do MPF. "Quem tem problema na Justiça [para receber a indenização] está sendo procurado pelos empreendedores para vender [o terreno]. Na nossa opinião não tem nenhum motivo que justifique ação do Ministério Público [Federal]", completou.Segundo a secretaria, na primeira fase serão feitas 151 desapropriações. Por enquanto, apenas 16 famílias foram reassentadas em uma localidade batizada de Vila da Terra.Embora a obra do Porto do Açu seja conduzida por um gripo privado, parte do terreno era do governo estadual, que prometeu as desapropriações com o objetivo de manter o empreendimento e mais de oito mil emprego no Rio. Ficou com a responsabilidade de retirar as famílias do local pagando R$ 44 milhões para uma área de 23 quilômetros quadrados (km²) e está no centro das investigações do MPF."Recebemos um vasto material, com narrativas contundentes, fotos do local com carros particulares junto com os da Polícia Militar, agentes portando armas ostensivamente e homens à cavalo", relatou o procurador da República responsável pelo caso, Eduardo Santos de Oliveira. Ele disse que diante dos indícios, a investigação ouvirá representantes da empresa e de governos.Reforçando as denúncias está a Comissão Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica, que no início do mês divulgou nota denunciando desapropriações forçados. Disse que cerca de 1,5 mil famílias em dez distritos são pressionadas a deixar suas casas.
Postado por Paulo Noel às 06:58
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