A Rússia elegeu neste fim de semana sua nova Duma (a câmara baixa do parlamento) e, mais uma vez, o Rússia Unida, partido do primeiro-ministro Vladimir Putin, venceu. A oposição e entidades internacionais condenaram os resultados e acusaram o RU de promover fraudes generalizadas para se manter no poder. As acusações são embasadas tanto em acontecimentos registrados durante a votação quanto em resultados. Na Chechênia, por exemplo, 99,48% dos eleitores votaram no Rússia Unida.
A vitória do partido de Putin foi acompanhada de uma clara rejeição ao modo de governar e às práticas do Rússia Unida. O apoio ao partido, mesmo com as alegadas fraudes, caiu de 65% para cerca de 49%. Ao mesmo tempo, a rejeição ficou expressa na grande votação que teve o Partido Comunista da Rússia, que dobrou sua votação, chegou a quase 20% e se tornou a segunda maior força na Duma.
Reportagem da agência Reuters mostra que os comunistas se beneficiam do fato de ter mantido uma estrutura regional importante após o fim da Guerra Fria, mas destaca que o Partido Comunista foi visto por grandes parcelas dos eleitores como a única alternativa crível na política russa.
“Com tristeza eu lembro como eu apaixonadamente prometi ao meu avô que eu jamais votaria nos comunistas”, disse à Reuters Iulia Serpikova, de 27 anos, gerente de locações para a indústria cinematográfica. “É triste que com a cédula na mão eu tive que preencher o quadrado para ele e votar contra tudo”, disse. |
A reportagem mostra também que os comunistas receberam votos até mesmo de liberais, uma vez que alguns partidos desta tendência, como o Yaboklo, não conseguiriam transpor a cláusula de barreira das eleições russas. Assim, os votos dados a eles seriam redistribuídos, beneficiando os partidos mais votados, no caso o Rússia Unida.
“Os comunistas são o único partido de verdade por aí”, disse um banqueiro ocidental em Moscou. “O Rússia Unida é uma piada, o Rússia Justa é uma piada e o Partido Liberal Democrático é um piada e muitas pessoas sabem disso. Então eles votaram nos comunistas porque entendem que é um voto real para a oposição contra o Rússia Unida. |
Para entender melhor a Rússia, confira o especial que ÉPOCA publicou recentemente sobre a Rússia, 20 anos depois do fim da União Soviética:
Foto: Misha Japaridze / AP
José Antonio Lima
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