Na sociedade comunista de Marx não haveria a figura do Estado; e não haveria pelo simples motivo que ele considerava TODO Estado uma ditadura. O que Marx chamou de “Ditadura do Proletariado” refere-se à fase de transição da sociedade burguesa para a sociedade comunista, onde esta última (ainda em fase de “arrumação”) ainda teria de contar com o aparelho do Estado burguês (que já estava montado) para a administração da sociedade durante a fase de transição. Essa necessidade – temporária – decorre do fato de que a sociedade até ontem era estrutura nos moldes burgueses e, portanto, ainda com a presença do Estado. Não se pode mudar uma sociedade, do dia para a noite, “por decreto” como dizia o próprio Marx. Uma explicação detalhada disso por ser lida na obra (de Marx) “Crítica ao Programa de Gotha”.
Como quem administraria esse Estado durante a fase de transição, era já o proletariado e, insisto, como ele considerava todo Estado uma ditadura, esse Estado de transição seria também uma ditadura [leia-se, Estado] do proletariado (e não a ditadura – ou Estado – burguês).
Espero que o autor confie na minha (tentativa de) explicação. Entretanto, para um argumento “de autoridade”, vai abaixo um trecho de Norberto Bobbio:
“Para Marx, o Estado é o reino não da razão mas da força. Não é o reino do bem comum, mas do interesse de uma parte. Não tem por fim o bem viver de todos, mas o bem viver daqueles que detêm o poder. Não é a saída do estado de natureza, mas a sua continuação sob outra forma. Aliás, a saída do estado de natureza coincidirá com o fim do Estado. Daí a tendência a considerar todo Estado uma ditadura e a considerar relevante apenas o problema de quem governa (a burguesia ou o proletariado) e não como governa.”
(Cf. Norberto Bobbio. Teoria Geral da Política – A Filosofia Política e as Lições dos Clássicos. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2.000 – pág. 113-114)
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