sexta-feira, 16 de abril de 2010

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE TRABALHO ESCRAVO

A audiência sobre o trabalho escravo nas usinas de Campos, presidida pelo Deputado Estadual Marcelo Freixo da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, foi um marco histórico na doce e sofrida Planície Goytacá. Coroada de êxito, num ambiente democrático, a sociedade civil pode denunciar os abusos dos latifundiários e donos das usinas Cupim, Barcelos e Santa Cruz. A professora e militante do Comitê do Trabalho Escravo, Carolina Abreu, foi brilhante em sua exposição, como também foram o Presidente da ADUENF, Dr. Marcos Pedlowisk, e o Padre que representou a Pastoral da Terra.

Momento ímpar da tarde foram os depoimentos dos trabalhadores rurais, Sr. Paulo e Sr.Valdecy Alves que emocionou a todos os presentes. O relato de ambos foi de uma vida dedicada a lavoura, no corte de cana, e que depois de 32 anos de trabalho escravo se encontram em situação de penúria, passando necessidades já que, os latifundiários não pagam seus direitos trabalhistas e seus salários. São trabalhadores que tiveram a coragem de denunciar a miséria em que vivem, com a privação do direito a uma vida digna, passam fome com suas famílias.

Quanto a participação das autoridades ligadas ao setor de fiscalização do trabalho nas fazendas, estes pareciam estar alheios a dura realidade que assola a vida de pelo menos dois mil trabalhadores rurais em Campos dos Goytacazes. Ficou evidente que os órgãos criados com a finalidade de impedir os abusos dos latifundiários contra os trabalhadores rurais, não cumprem com suas atribuições. É um sistema intencionalmente feito para não funcionar. Vergonhoso!

Foi uma audiência marcada pela qualidade do debate. O Deputado Marcelo Freixo tem um mandato cujo exemplo é digno de ser seguido. Pessoa honrada que não faz acordos com o capital, com um mandato a serviço da defesa da cidadania. Em mais de uma vez, repetiu que, o povo estava em sua casa onde pode usufruir do pleno direito de se manisfestar.

Muitas faixas, bandeiras e palavras de ordem!

Os seguranças da Câmara, habituados ao rigor como o Presidente da casa do povo conduz as sessões, ficaram visivelmente espantados com a livre expressão das idéias, de forma organizada e pacífica. No ínicio, tentaram impedir a entrada de faixas, mas logo foram alertados de que o Presidente naquele momento, representando a ALERJ, era o Deputado Marcelo Freixo e a orientação dele permitia a presença de faixas, cartazes e palavras de ordem. Foi lindo!

Momento incomparável com a austeridade e autoritarismo das sessões ordinárias na Câmara.

Além de tudo, a educação se fez presente na audiència pública, denunciando o fechamento de 12 escolas rurais.

TRABALHO ESCRAVO SE COMBATE COM EDUCAÇÃO. SEPE CONTRA O FECHAMENTO DAS ESCOLAS RURAIS.

Antes do ínicio da audiência tive oportunidade de relatar, ao deputado e ao Coordenador do MPE, as mazelas sofridas pela educação municipal. Ao final, pedi à Professora Carolina Abreu que nas considerações finais se dirigisse ao Promotor, Dr. Luis Cláudio, solicitando deste especial atenção ao Inquérito Civil Público instaurado no MPE após denúncias encaminhadas por nós. Diante da resposta positiva do Promotor a esperança reacendeu.

Foi realmente uma audiência pública vitoriosa onde foram criadas condições favoráveis para uma mudança, tanto no que tange ao fim do trabalho escravo em Campos como para a reativação das escolas municipais rurais.

Venceremos!!!

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