quarta-feira, 9 de junho de 2010

NO LIMIAR DA TRAGÉDIA

Reflexões de Fidel


DESDE 26 de março, nem Obama nem o presidente da Coreia do Sul conseguiram explicar o que realmente aconteceu com o navio insígnia da Marinha de Guerra sul-coreana, o moderníssimo caça-submarino Cheonan, que participava de uma manobra com a Armada dos Estados Unidos no oeste da Península da Coreia, num ponto próximo dos limites das duas Repúblicas, ocasionando 46 mortos e dezenas de feridos.

O embaraçoso para o império é que seu aliado saiba por fontes fidedignas que o navio foi afundado pelos Estados Unidos. De maneira nenhuma, conseguirão eludir esse fato que os acompanhará como uma sombra.

Noutra parte do mundo as circunstâncias se ajustam igualmente a fatos muito mais perigosos que os do Leste da Ásia e não podem deixar de acontecer, sem que a superpotência imperial consiga evitá-lo.

Israel não vai se abster de ativar e usar, com total independência, o considerável poder nuclear criado nesse país pelos Estados Unidos. Pensar de outra maneira é ignorar a realidade.

Outro assunto muito grave é que as Nações Unidas tampouco têm forma de mudar o curso dos acontecimentos e muito em breve os ultra-reacionários que governam Israel chocarão com a indomável resistência do Irã, uma nação de mais de 70 milhões de habitantes e de conhecidas tradições religiosas, que não aceitará as ameaças insolentes de nenhum adversário.

Em poucas palavras: o Irã não cederá às ameaças de Israel.

Os habitantes do mundo, logicamente, desfrutam cada vez mais dos grandes acontecimentos esportivos, aqueles relacionados com o divertimento, a cultura e outros que ocupam seus limitados espaços de lazer em meio às responsabilidades que ocupam boa parte de seu tempo dedicado aos afazeres cotidianos.

Nos próximos dias, o Campeonato Mundial de Futebol que terá lugar na África do Sul vai arrebatar-lhes todas as horas vagas de seu tempo. Com crescente emoção, acompanharão as vicissitudes dos personagens mais conhecidos. Observarão cada passo de Maradona e não deixarão de lembrar o instante do espetacular gol que decidiu a vitória da Argentina num dos clássicos. Novamente, outro argentino vem surgindo espetacularmente, de tamanho baixo, porém ligeiro, que aparece como raio e, com as pernas ou a cabeça, dispara a bola a uma velocidade insólita. Seu sobrenome: Messi, de origem italiana, é bem conhecido e mencionado por todos os fãs.

A imaginação deles é levada até o delírio quando chegam as imagens dos numerosos estádios onde terão lugar as competições. Os projetistas e arquitetos criaram obras jamais sonhadas pelo público.

Aos governos, que passam o tempo todo reunidos para cumprirem as obrigações que a nova época pôs sobre seus ombros, o tempo não dá para saber o monte de notícias que a televisão, a rádio e a imprensa escrita divulgam constantemente.

Quase tudo depende exclusivamente da informação que recebem dos seus assessores. Alguns dos mais poderosos e importantes chefes de Estado que tomam as decisões fundamentais, costumam usar os celulares para se comunicarem diariamente várias vezes entre eles. Um número crescente de milhões de pessoas no mundo vive apegado a esses pequenos aparelhos sem que ninguém saiba qual o efeito que terão na saúde humana. Dilui-se a inveja que deveríamos sentir por não ter desfrutado dessas possibilidades em nossa época, que se afasta, por sua vez, velozmente em muito poucos anos e quase sem nos darmos conta.

Ontem, em meio à voragem, foi publicado que, possivelmente hoje, o Conselho da Segurança das Nações Unidas poderia votar uma resolução pendente para decidir se vai ser imposta uma quarta rodada de sanções ao Irā por se negar a parar o enriquecimento do urânio.

O irônico desta situação é que se isso acontecesse com Israel, os Estados Unidos e seus aliados mais próximos diriam logo que Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e vetariam a resolução.

No entanto, se o Irã é acusado simplesmente de produzir urânio enriquecido até 20%, é solicitada imediatamente a aplicação de sanções econômicas para asfixiá-lo e é óbvio que Israel atuaria como sempre, com fanatismo fascista, mesmo como o fizeram os soldados das tropas elites lançados de helicópteros em horas da madrugada sobre os que viajavam na flotilha solidária, que transportava alimentos para a população sitiada em Gaza, matando várias pessoas e ferindo dezenas que foram depois presas junto com os tripulantes das embarcações.

Com certeza, tentarão destruir as instalações onde o Irã enriquece uma parte do urânio que produz. Também é certo que o Irã não se conformará com esse tratamento desigual.

As conseqüências dos enredos imperiais dos Estados Unidos poderiam ser catastróficas e afetariam todos os habitantes do planeta, ainda mais que todas as crises econômicas juntas.

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