terça-feira, 5 de janeiro de 2010

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

TEXTO ENVIADO POR JOSÉ CORREA
Em 2010 não ocorrerá um Fórum Social Mundial centralizado ( próximo ocorrerá em Dakar, no Senegal, na África, em janeiro de 2011). Serão realizados dezenas de Fóruns ao longo do ano e atividades de tipo “cúpula” ou “cumbre” alternativa. No Brasil teremos um Fórum em Porto Alegre, com o apoio da prefeitura da capital (Fogaça, do PMDB, e o vice, Fortunatti do PDT) e de mais seis prefeituras da área metropolitana (do PT), e em Salvador com o apoio do governo estadual (Jacques Wagner, do PT). O grupo de entidades que tradicionalmente organiza o FSM no Brasil está participando somente de Porto Alegre, embora haja participações individuais de pessoas deste grupo em Salvador (Antonio Martins e Salete Camba, do Instituto Paulo Freire).

Originalmente iríamos fazer em Porto Alegre apenas um Seminário por ocasião dos 10 anos do FSM. Mas este seminário cresceu na seqüência da discussão da crise e do processo do Fórum de Belém (que pela primeira vez quebrou a idéia do Fórum como um festival de diversidade), onde já que começaram a se delinear duas linhas de abordagem distintas no interior do processo FSM: uma dialogando mais tranquilamente com o desenvolvimentismo e outra baseada no diagnóstico de crise de civilização que quer desenvolver um novo paradigma de organização social – em bases sócio-ambientais. Definimos, por isso, que faríamos um seminário não tanto de avaliação, mas uma atividade mais voltada para o futuro, analisando a nova etapa em que o mundo entra e o que deve ser a nova agenda da esquerda neste cenário. O seminário de Porto Alegre, intitulado “Dez anos depois: desafios e propostas de outro mundo possível” ganhou, assim, o caráter de sistematização de uma nova agenda para o processo fórum (isto é, para a esquerda mundial) e de retroalimentação de todas as múltiplas iniciativas em curso. Veja isso no blog do seminário http://seminario10anosdepois.wordpress.com/

Lembremos, por exemplo, que Evo Morales acabou de convocar uma cúpula climática alternativa com os movimentos sociais para abril na Bolívia, com o apoio dos paises da ALBA e o principal foco de resistência e crítica nas questões climáticas está em nosso continente – onde até mesmo o Brasil começou a se mexer com desenvolvura. Além disso, a próxima reunião climática mundial, a COP 16 será em dezembro de 2010 na Cidade do México.

Ao mesmo tempo, o comitê gaúcho do FSM, que foi ativo nos fóruns anteriores resolveu assumir, com o apoio de prefeituras petistas da região metropolitana, lançou o Fórum Social Grande Porto Alegre 10 anos (ver http://www.fsm10.org/).

O Fórum de Salvador surgiu de uma iniciativa do Carlos Tiburcio, da Casa Civil do governo Lula, com o apoio do governo Jacques Wagner. Ele procurou pessoas históricas do mundo Fórum para assumirem a proposta, mas elas já estavam comprometidas com Porto Alegre e avaliaram: 1) a iniciativa de Salvador tinha um caráter muito governista; 2) não tínhamos fôlego para impulsionar os dois processos. Frente a isso desejamos que o Fórum de Salvador fosse assumido como uma iniciativa da sociedade civil, perdendo seu caráter estatal, e remarcamos as datas de Porto Alegre, de modo que os convidados internacionais pudessem participar dos dois eventos (Porto Alegre de 25 a 29; Salvador de 29 a 31). Inicialmente o Fórum de Salvador patinou, mas depois as centrais sindicais ligadas ao PT e ao PCdoB entraram no processo. Em seguida, entraram também outras entidades da sociedade civil não sindicais, inclusive ligadas a outros partidos como o PSOL. No último período uma dinâmica mais positiva se afirmou e o governo da Bahia aportou recursos importantes (ver http://www.fsmbahia.com.br/).

A cada Fórum regional foram se agregando outras atividadas, algumas auto-organizadas, outras com .

Em Porto Alegre, além do Seminário 10 anos, o maior e mais bem preparado de todos, vamos realizar o seminário “Progresso: para que e para quem? O novo desenvolvimentismo e a necessidade de ultrapassá-lo” (ver http://outrapolitica.wordpress.com/), uma avaliação sobre o movimento por justiça climática e um seminário de estratégia sobre o processo entre a COP15 e a COP16, uma reunião preparatória sobre o Fórum de Crise de Civilização e o Encontro Cultura Livre FSM 10 anos – além de uma atividade com todos os comitês organizadores do Fóruns que ocorrerão pelo mundo até Dakar, em janeiro de 2011 (e eles são muitos).

Em Salvador, será realizado o Seminário Crise e Oportunidade, que vem sendo impulsionado pelo Ladislau Dobwor (ver o blog http://criseoportunidade.wordpress.com/), para o qual irão vários dos participantes do encontro de Porto Alegre, depois do evento. A Luana do Instituto Paulo Freire foi deslocada para alavancar esta atividade. Mas o tom forte de Salvador é dado principalmente pelas atividades culturais.

Salvador nasceu com a idéia de que o Fórum seria a contrapartida da sociedade civil de uma cúpula América Latina – África de chefes de estado. Isso não parece ter se viabilizado. Em Porto Alegre marcou-se, para o dia 28 de janeiro, com o caráter complementar, uma mesa com os chefes de estado latino-americanos. Mas, de qualquer forma, as duas iniciativas ainda estão pendentes de aprovação pelo Planalto, já que exigem a atuação do Itamaraty.

Em síntese, são dois fóruns muito diferentes, que eu resumiria em: Porto Alegre, uma discussão mais sistemática de uma nova agenda para a esquerda na linha sócio-ambiental e organização da continuidade de lutas e processos globais estruturantes do FSM; Salvador, o seminário Crise e oportunidade e um forte destaque às dimensões de africanidade e aos aspectos culturais da política. Mas cada um pode formular sua própria opinião acessando os sites.

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