quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Vazamento de óleo na bacia de Campos destrói toda a vida marinha, dizem ambientalistas


Animais devem morrer pela contaminação ou de fome, preveem especialistas

Do R7, em CamposNavio petróleo
Embarcações tentam conter a mancha de óleo com boias de contenção


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O vazamento de óleo na bacia de Campos, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, provocou uma mancha de 162 km² no mar, o equivalente a metade da baía de Guanabara. Essa situação preocupa ambientalistas, que alertam para o risco de morte dos animais.

Segundo a Chevron, a mancha, localizada a cerca de 120 km do litoral de Campos, está se afastando da costa na direção Sudeste, ou seja, em direção ao continente africano. O volume de óleo acumulado na área é de 521 a 882 barris - até 140 mil litros.

De acordo com Aristides Sofiati, da UFF (Universidade Federal Fluminense) em Campos dos Goytacazes, o acidente serve de alerta para os riscos da corrida pelo pré-sal. Nesta quarta-feira (16), ele disse temer que a ansiedade com a grande quantidade de poços de petróleo na região faça com que as empresas fiquem menos atentas a segurança nas escavações.

O biólogo Mário Moscatelli, do Rio de Janeiro, acrescenta que a tragédia ambiental também mostra a importância do Estado do Rio de Janeiro receber um percentual maior no pagamento dos royalties do petróleo.

- Se a mancha chegar nas praias de Macaé, quem vai ter que arcar com a recuperação do litoral não vai ser o governo dos Estados do Norte ou Nordeste do país, mas os governos do Rio de Janeiro e de Macaé.

Moscatelli questiona ainda a falta de informações de órgãos oficiais sobre o acidente.

- Apenas a empresa responsável está divulgando as informações sobre o vazamento. É preciso ter o outro lado. Será que o vazamento é mesmo do tamanho que os responsáveis dizem que é? Os técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais) já estiveram no local?

(...)

A assessoria de imprensa do Ibama informou que os técnicos foram ao acidente e que acompanham todo o processo. Na tarde desta quarta-feira, eles se reuniram para avaliar o andamento dos trabalhos.

A multinacional americana Chevron, responsável pelo campo do Frade, situado a 370 km a nordeste da costa do Rio, e pelo combate ao vazamento, informou que a situação está controlada e que não há indícios de fluxos de fluido no poço. Mesmo assim vai continuar monitorando a região, até a chamada selagem.

A empresa assegurou que o trabalho foi mantido nesta quarta-feira, apesar do mau tempo que atinge o litoral fluminense.

Contaminação

O vazamento do poço já contaminou toda a área, diz Sofiati. Ele lamenta que esses reflexos serão sentidos por muito tempo.

- A área vai ficar marcada, independentemente do sucesso dos trabalhos de limpeza da empresa. Toda a cadeia alimentar está comprometida. Os animais que não morrerem em consequência direta do contato com o óleo, irão morrer de fome ou procurar alimento em outra área, deixando a região morta.

Moscatelli lembra que as baleias vão ser as principais vítimas.

- Elas estão em período de migração para o Sul do país e, se a mancha de óleo estiver no caminho, podem adoecer com o contato ou ficar desorientadas. De qualquer maneira, elas serão afetadas.

No caso do vazamento no golfo do México, em julho do ano passado, além da quantidade de óleo ser maior, a substância ficou confinada dentro do golfo. Na baía de Campos, o vazamento foi em mar aberto, onde o óleo pode ser espalhar conforme a força e direção do vento e das correntes.

O vazamento foi descoberto na noite da última quarta-feira (8). De acordo com a empresa, ele teria sido causado por uma rachadura no solo. Além da tentativa de tapar o buraco com lama pesada e cimento, boias de contenção tentam impedir o deslocamento da mancha e absorver o óleo.

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