domingo, 27 de novembro de 2011

O pentágono privatiza missões de segurança nos países ameaçados

imagemCrédito: La Jornada


David Brooks

A assistência militar vai desde o envio de mercenários até treinamento de pilotos. Oferece contratos para todo tipo de atividades, sejam antidrogas ou antiterroristas.

O Pentágono oferece à Secretaria de Seguridade Pública do México capacitação para pilotos, mecânicos, equipes de helicópteros UH-60, Scheweizer 333 ou Bell 206, entre outros serviços, em contratos privados. Na imagem, um Black Hawk Foto Ap.

David Brooks

Correspondente

Jornal “La Jornada”

Quarta-feira, 23 de novembro de 2011, p.32

Nova York, 22 de novembro. Uma quase desconhecida oficina dentro da gigantesca burocracia do Pentágono é a encarregada de outorgar contratos multimilionários a empresas privadas para as missões americanas “anti-narcóticos e antiterroristas” ou –como se fala- “a ameaça narco-terrorista” em México, Afeganistão, Paquistão, Colômbia e outras partes do mundo.

Os contratos que se outorgaram desde esta oficina a empresas privadas incluem serviços de segurança internacional em lugares como Afeganistão –o que alguns chamariam mercenários- até contratos para treinar pilotos militares mexicanos. Ou seja, é parte da privatização de serviços de assistência militar e de inteligência, um negócio muito lucrativo, já que os contratos que só esta oficina outorga a empresas tiveram um valor total de mais de 3 milhões de dólares, reporta a revista Wired.

A entidade se chama Oficina do Programa Contra Narco-terrorismo do Departamento de Defensa (CNTPO, por suas siglas em inglês), uma oficina de aquisições para programas do Pentágono, e solicita empresas de segurança para todo tipo de atividades sob o lema de enfrentar o narco-terrorismo, que vão desde missões para capacitar pilotos de helicópteros Black Hawk e outros para a Secretaria de Segurança Pública Mexicana, a treinar comandos navais no Azerbaijão, os melhoramentos em proteção de forças antiterroristas para a vigilância fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão, segundo seu anúncio oficial difundido pelo governo federal ao setor empresarial examinado por “La Jornada”#.

O valor de todos estes contratos faz que CNTPO seja uma das fontes mais lucrativas de fundos para os contratistas privados de segurança, reporta Wired. Os contratos incluem operações, logística e construção, capacitação de forças estrangeiras e algo chamado apoio de programas. Para alguns críticos citados pela revista, a oficina esta encarregada de privatizar a execução de programas antidrogas e antiterroristas do governo americano com milhões de dólares.

CNTPO está sob mando do Diretório de Operações Especiais de Conflito de Baixa Intensidade do Pentágono, dentro do setor encarregado de anti-narcóticos e ameaças globais. Ainda que haja sido estabelecida em 1995, provocou atenção em 2007 quando contratou a uma subsidiária da agora notória empresa de segurança privada Blackwater, junto com várias das firmas das maiores indústrias militares para uma ampla gama de programas contra o tráfico de drogas. Em 2009 contratou novamente a Blackwater para capacitar a polícia afegana. Esta empresa ainda foi acusada de violar os direitos humanos e até de roubar armas destinadas à mesma polícia que supostamente estava treinando, entre outros abusos (o escândalo levou a Blackwater a trocar de nome).

CNTPO descreve seu mandato como irromper, dissuadir e derrotar a ameaça à segurança nacional apresentada pelo tráfico ilícito em todas suas manifestações: drogas, pequenas armas e explosivos, químicos precursores, pessoas e dinheiro ilícito e lavado, e tudo isso o faz em nível mundial.

Na descrição dos possíveis contratos que CNTPO procura outorgar, segundo a descrição que o governo federal proporcionou por meio do anuncio formal de essa oportunidade de negócios ao setor empresarial, os relacionados com México incluem: capacitação para condutores das forças armadas; capacitação para pilotos, mecânicos e equipes de helicópteros UH-60, Schweizer 333 ou OH-58, para a Secretaria de Segurança Publica; a capacitação de até 48 pessoas para comandar e pilotar helicópteros Bell 206; desenvolvimento e entrega de programas de estudo, oferecer todo o pessoal, equipamento e materiais necessários, e conduzir a capacitação de visão noturna para pilotos e tripulantes de helicópteros. Todo isto para o México.

Outros contratos no México incluem: avaliação da condição material de aviões C-26 Fairchild e entrega de um sistema de comunicações micro-onda, e capacitação para operá-lo, para o intercâmbio de informação sobre atividade do tráfico de drogas entre agências de segurança de Estados Unidos e México.

A semana passada, representantes de cerca de 180 empresas participaram de uma reunião informativa sobre os contratos que outorgará CNTPO a empresas privadas especializadas no negócio da segurança para estas missões no mundo, incluindo México.

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