domingo, 20 de novembro de 2011

Washington reprime os “Ocupe Wall Street” porque os teme

imagemCrédito: Cubadebate


La Jornada

Nosso vizinho do norte se converteu em um Estado cada vez mais antidemocrático e repressivo também dentro de seu território. Isso pode ser confirmado pela brutal ação policial dos últimos dias em muitos dos acampamentos surgidos em importantes cidades a partir da fagulha acesa por Ocupe Wall Street.

O movimento parecia débil e solitário quando começou com umas 200 pessoas no Parque Zucotti (rebatizado de Parque Liberdade) porém rapidamente ganhou o apoio da maioria dos novaiorquinos, de sindicatos, inteletuais heterogêneos, artistas e empresários medianos e pequenos.

Em menos de dois meses se estendeu para mais de cem cidades, multiplicou sua popularidade e mudou a agenda do debate político nacional. Temas tabus como desigualdade de oportunidades, dominação da sociedade pelas corporações, ganância capitalista e os crimes do império agora são discutidos na sala de muitas casas e em páginas editoriais.

Por que surgiu este movimiento, tão temido pelo poder que não pára de reprimi-lo, até expulsando-os de seu acampamento mais emblemático perto de Wall Street? Como resposta tentarei resumir os questionamentos do movimento Ocupe o Sistema imperante nos Estados Unidos.

Os EUA atravessam uma colossal crise econômica sem fim aparente devido ao sistema capitalista, o governo do capital e as constantes guerras. O desemprego alcança 25 milhões, e entre eles muitos jovens. O país que mais riqueza acumulou tem cinquenta milhões na pobreza, um número maior sem serviços de saúde e as escolas públicas estão em ruínas. Milhões perderam suas casas, o patrimônio de uma toda a vida. Enquanto isso, segundo dados oficiais, a riqueza dos mais ricos cresceu 275 por cento.

Mas também existe uma crise de valores devido ao descrédito dos governantes, das oposições consentidas e das instituições perante o povo. Não se sentem representados por estes, porque são as grandes corporações e os bancos que pagam as milionárias campanhas políticas, e que recebem os privilégios, políticos como o presidente Barak Obama e todo o executivo federal, ou os integrantes de ambas câmaras do Congresso.

Estes últimos nunca haviam tido um nível tão baixo de aceitação junto à opinião pública. Estão em crise os desígnios de hegemonizar o mundo e o ciclo de guerras imperialistas em que se envolveu a potência imperial, e que já não mais podem sustentar. Isto só tem exacerbado os conflitos que supostamente solucionaria.

A isto está unida a ameaça de incendiar a humanidade em um holocausto nuclear se os governantes medíocres e oportunistas da Casa Branca e seus satélites aliados insistirem no seu plano de atacar o Irã (aqui uma afirmação muito pessoal: se alguém quiser encontrar hoje exemplares dessa espécie em extinção conhecidos como homens e mulheres de Estado, busquem-nos primeiramente nos países latino-americanos que tomaram um rumo independente).

A crise estadunidense se extende desde a forma implacável e já intolerável de exploração e pilhagem da grande maioria (99 por cento de sua própria população) e de imensos contingentes humanos no mundo por uma ínfima minoria (1 por cento) através de um paradigma de produção e consumo consolidado nos anos cinquenta e sessenta com o desenvolvimento pleno do consumismo. Uma medida da tragédia que se seguiu a este fenômeno é o fato de que se os 7 bilhões de seres humanos existentes no planeta tivessem o mesmo consumo per capita dos Estados Unidos, poderíamos viver apenas se contássemos com cinco vezes os recursos naturais presentes em todo o mundo.

Isso é a causa do aquecimento global que já origina alterações climáticas, cada dia mais intensas e cada vez mais frequentes, e que está extinguindo rapidamente numerosos ecossistemas indispensáveis para a sobrevivência do ser humano. Decorre disso também o envenenamento dos rios e mares, onde em algumas décadas não mais existirá vida. Nada permanecerá como está, e é preciso mudar radicalmente. O primeiro a ser transformado é que as decisões que nos afetam devem ser tomadas pelos cidadãos e não pelo capital e seus politicos subordinados. Tudo isso e muito mais nos dizem os Ocupas.

Frente à repressão, que certamente continuará, Ocupe Wall Street respondeu sabiamente: “Não podes expulsar uma ideia cujo momento há chegado”.

(Tomado da La Jornada)

Traduzido por Daniel Oliveira – PCB Brasil

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