quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Estrutura dos diques de Campos não passa por obras desde a construção

site do Ururau

Fotos: Ururau

Ambientalista destaca que estruturas estão desgastadas e desatualizadas

Ambientalista destaca que estruturas estão desgastadas e desatualizadas

Os diques que ficam nas margens do Rio Paraíba do Sul, em Campos, existem há cerca de 50 anos. Construídos para evitar que a Planície Goytacá ficasse alagada durante a temporada de chuvas, os diques não passam por uma obra de restauração desde a construção. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a recuperação dos diques só começou depois que o Instituto percebeu os problemas das construções

A enchente de janeiro de 2012 mostra a força e a fragilidade dos diques do Rio Paraíba do Sul. Se em parte a construção suportou bem o grande nível de água que passou pelo rio, por outro lado alguns pontos mostraram fragilidade e a visível necessidade de uma recuperação.

Os diques do Rio foram construídos pelo extinto Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOS) a pedido do então Deputado Federal Alair Ferreira, depois da enchente de 1966. São 18 km de diques de alvenaria de pedra argamassa na margem direita do rio Paraíba do Sul, entre Itereré e a cidade de Campos, e 26 km de dique de terra no restante da cidade.

De acordo com João Carlos Grilo, coordenador de Obras do Inea, toda a margem do Paraíba do Sul tem diques com cerca de 50 anos, que nunca passaram por obras. “Campos fica em uma planície inundada de tempos em tempos, por isso toda a margem do Rio Paraíba do Sul em Campos, é formada por diques, na área urbana os diques são de cimento, e na zona rural de barro. Estas obras têm cerca de 50 anos, e foram esquecidas pelo Governo Federal, elas nunca passaram por uma obra ou vistoria”, disse.

O Coordenador de obras afirmou que depois das enchentes de 2008 o Inea percebeu a necessidade de intervenções e começou e fez algumas obras na sua extensão. “Nós fizemos algumas obras depois das enchentes de 2008. Se não fossem estas intervenções a enchente deste ano certamente seria muito maior, mas ainda há muito que ser feito”, concluiu.

João Carlos Grilo concluiu dizendo que o Inea percebeu que os diques estavam abandonados e por isso eles decidiram começar a trabalhar nas construções. “Os diques estavam abandonados há anos, e por isso nós decidimos pegar o problema e com o apoio do Ministério da Integração Nacional, estamos evoluindo e tentando resolver os problemas encontrados”, afirmou.

O ambientalista Aristides Solfiatti explicou que os diques da Região estão desatualizados e precisam de uma reformulação em seus projetos. “Os técnicos e engenheiros querem colocar toda a responsabilidade pelas inundações nos diques, mas a verdade é que estas construções são antigas e não agüentam, elas estão desatualizados em relação à realidade atual, hoje o nível de chuvas é muito maior do que o que foi planejado há 50 anos”, disse.

Solfiatti lembrou que o renomado engenheiro e sanitarista campista Saturnino de Brito, um dos mais conceituados profissionais da área, já falava na questão dos diques na década de 20.



“Saturnino de Brito fez um estudo em 1929 mostrando que os diques de Campos precisavam ser feitos mais distantes das margens dos rios. Tanto no Muriaé quando no Paraíba do Sul, os diques estão muito perto, e assim não se tem uma área de alagamento que funcionaria como uma ‘área de escape’ para receber estas águas que vem com as chuvas. Porém até mesmo algumas rodovias, Estaduais e Federais, foram construídas dentro dos leitos dos rios.”, explicou.


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