quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Brasil: a falácia do ranking do PIB

A Semana no Olhar Comunista - 0024

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Sobre o PIB e o orçamento

O Brasil como sexta economia do mundo e o orçamento do Governo Federal são os destaques da primeira edição de 2012 do Olhar Comunista. Saiba porque os financistas sempre ganham.


Brasil: a falácia do ranking do PIB

As alterações no “ranking” das economias nacionais, com a subida de posições do Brasil, acenderam na imprensa e na maior parte da sociedade um tom de orgulho nacional. Sexta economia do mundo, acima de Inglaterra (sétima) e Itália (oitava), o Brasil teria “acertado” em sua política econômica dos últimos 20 anos.

Seria a confirmação do acerto das privatizações de empresas públicas, da internacionalização da economia, dos cortes de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais (também pela via da privatização, como na Saúde), além da eliminação dos instrumentos de controle do Estado.

Demonstraria ainda, por outro lado, que a atual crise econômica internacional, cujo epicentro está nos EUA e na Europa, trouxe efeitos benéficos para os países chamados “emergentes”, como a entrada de capitais para investimentos.

A propaganda é a realmente a "alma do negócio". Nada mais artificial e falacioso que tal análise hegemônica. Senão, vejamos:

- A elevação brasileira no ranking ocorreu muito mais pela crise nos países ultrapassados que por nossos méritos próprios;

- A maior parcela do crescimento econômico brasileiro vêm de setores primário-exportadores – produtos agrícolas e minérios (que, por sua vez, dependem das importações das regiões em crise) – e do setor financeiro; e

- Há decréscimo da parcela do PIB por habitante – o chamado PIB per capita – referente à produção industrial.

É pelos claros indícios de queda na taxa de lucro dos capitalistas que a imprensa, mesmo com essa elevação, defende ardorosamente a idéia de que é hora de “aprofundar as reformas”. Em português claro, de reduzir o tamanho do funcionalismo, cortar gastos sociais e reduzir salários (no Brasil, o salário mínimo aumentou pouco menos de 10%, em termos reais, ao passo que os demais salários perderam poder de compra mesmo com a oferta de mais crédito).

Se estamos com viés de alta, por que a retirada de direitos? Afinal de contas, outro ranking expõe o Brasil real: em PIB per capita, estamos no 73º lugar, abaixo de Chile, Argentina, Venezuela, Líbia e até o Gabão.

Ocorre que mesmo no caso de haver uma fase de recuperação no centro do sistema, ele está prestes a “bater no teto”: tão cedo EUA e Europa não recuperarão seus níveis de emprego e renda. Na Espanha, Grécia, Portugal, Itália e outros países periféricos da União Européia, a crise já explodiu e são aplicadas “políticas de ajuste”, de cortes de gastos sociais e de recessão, que são alardeadas como necessidades, como verdades intocáveis e inquestionáveis.

O que vale lá, vale aqui - e com um complicador: o capitalismo brasileiro é marcado pela total ausência de políticas sociais. Os setores que mais crescem refletem este quadro: minérios, soja (para exportação), bancos, um modelo capitalista que explora as riquezas naturais e que tende a concentrar (como, de resto, em todo o mundo) cada vez mais renda nas mãos de cada vez menos grupos econômicos e pessoas.

Em muitos lugares, os trabalhadores vêm se organizando para enfrentar os efeitos da crise. Em alguns países, começam a colocar de público a questão da necessidade de construir-se uma alternativa socialista.

Os exemplos da Grécia, da Rússia e de outros países em que trabalhadores vão para as ruas, em diferentes formas de mobilização, são sinais de que começam a se formar as condições para, em um horizonte histórico ainda não definido, a “virada do jogo”, com organização, disputa de idéias e a colocação, de forma clara, da questão do poder. Façamos o mesmo no Brasil.


"Dívida" consumiu 44,93% do orçamento de 2010

Nos últimos dias circulou nas redes sociais o gráfico abaixo, com informações consolidadas do orçamento geral da união no exercício de 2010.

Fonte: http://www.divida-auditoriacidada.org.br/config/artigo.2011-03-02.0541123379/document_view

Como se pode observar, do total de R$ 1,414 trilhão de recursos disponíveis, cerca de R$ 635 bilhões (44,93%) do Orçamento foi destinado ao pagamento de juros, refinanciamento e amortizações da dívida pública brasileira. É o estado a serviço de frações de classe que se beneficiam do financismo para engordar suas fortunas. para a população, a título de comparação, restaram apenas 0,04% do Saneamento, 2,89% da Educação, 2,74% de Assistência Social e 3,91% da Saúde.


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