Crédito: PCB | |
Mauro Iasi
Quando o sol do século XIX se punha no horizonte da história e nascia o século XX, tingiu-se de vermelho o firmamento: nós podíamos mudar o mundo e o estávamos mudando. Marx deixara seu chamamento e os trabalhadores de todo o mundo caminhavam para unir-se em seu grito de emancipação, enquanto Lênin e seus camaradas ousavam transformar a arma da crítica em crítica das armas.
No momento em que as sombras da história engolem nosso velho século XX e iluminam os primeiros momentos do novo século tudo parece virado em seu avesso: o capital triunfante anuncia o fim da história e o proletariado se fragmenta e se apassiva. A arma da crítica perde seu gume se tornando “pura ideologia”.
Como afirma Marcelo Bráz, a combinação destes fatores teóricos e práticos se voltam contra a forma partido como forma de organização da classe trabalhadora. Trata-se de atacar na base o pensamento marxista, desde seus fundamentos na compreensão do ser do capital até a necessidade da formação do proletariado como classe e, portanto, como partido político.
O caminho escolhido por Marcelo Bráz, coerente com os fundamentos marxianos, é colocar o problema em sua história. Não se trata somente de um debate conceitual, mas de compreender as formas de organização no processo histórico da luta de classes. Daí o paciente e criterioso trabalho de colocar a questão do Partido e da Revolução na história, passando da tradição da Segunda Internacional até a Terceira Internacional marcada decisivamente pela experiência soviética; reapresentando a questão na trama de nosso tempo e seus desafios presentes. Como afirma o autor: “Se os conteúdos das lutas de classes incorporaram novas mediações e novas demandas sociais, a forma de organização política do proletariado não pode ser uma mera reposição (e repetição) dos meios políticos que correspondiam às requisições de uma outra época. Numa palavra: as formas de lutas para se afirmar um projeto socialista devem se ajustar criticamente aos conteúdos atuais das lutas de classes”. No entanto, essas formas atuais, segundo Braz, atualizam a necessidade da forma partido naquilo que lhe é essencial.
O texto de Braz é uma contribuição inestimável no caminho que tingirá novamente de vermelho os céus do século que se abre.
Mauro Luis Iasi
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