domingo, 21 de agosto de 2011

PROFESSORA DA REDE MUNICIPAL DE CAMPOS DESABAFA


E-mail enviado ao Blog: S.O.S. EDUCAÇÃO EM CAMPOS

Sabe, estou muito chateada em trabalhar na prefeitura a cada dia que passa. Penso que, se antes havia sim uma desorganização municipal, hoje o que há é uma série de práticas coercitivas e cada vez mais opressoras com fins de "organizar a casa".

Com relação ao decreto:
Se antes era uma "festa" tirar licença, pois bastava vc ir ao PREVCAMPOS e ter a certeza que o perito não ia nem olhar na nossa cara mas, que ia dar exatamente número de dias que nosso médico pediu. Hoje, temos não somente a certeza de que o perito não vai olhar pra nossa cara, como também sabemos de cara que, "é ordem" que todas as licenças sejam cortadas a metade ou então reduzidas sem que seja avaliada a real necessidade do funcionário.

Há uma pressuposição de que todos que vão a PREVCAMPOS são pessoas não doentes? Será que são estelionatárias, inescrupulosas, um "lote" de pessoas sempre má intencionadas a simular uma doença inexistente? E com auxílio de outro profissional (o médico)?

Nossa secretária aponta "que tem tantos mil professores de licença médica atualmente". No entanto, a ilustríssima senhora, por ignorância ou despreparo intelectual ou a ausência do olhar humano, ainda não se deu conta de que há algo errado nisso tudo e a lógica não é: "professores tiram licença por hobby ou preguiça".

Será que somos tão mal caráter que queremos simular doenças pra receber integralmente? Ou será que estamos adoecendo diante de problemas sem solução?

A realidade do Professor...

Somos uma escola sem material escolar que se sustenta com verbas de educação federal dos projetos de complementação financeira da escola. Quando chega material da prefeitura, (o pouco que vem), nos transforma numa escola sem material escolar descente, haja vista a péssima qualidade desses materiais comprados pela prefeitura.

O interesse maior é o de fornecer, não o material que melhoraria nossa prática pedagógica e consequentemente alunos aprendendo, mas o de fornecer materiais que deixam pais muito felizes: uniforme escolar e merenda. Afinal, isso se transforma em VOTO!!!!

Nos cursos de capacitação do Expoente, vivenciamos a tortura bizarra de termos um livro totalmente descontextualizado com nossa realidade, e também a exposição ridícula de pessoas que nos ensinam a "trabalhar com o livro", como se fossemos ignorantes completos e incompetentes.

Nesses cursos, nos ensinam que vamos ter que usar este ou aquele material que sabem não existir na escola. Quando questionadas a cerca de nossa realidade e a dificuldade de por em ação a proposta, ouve-se aquele discurso alienador de "tudo quando é feito com amor e comprometimento, é possível". Amor e comprometimento é alguma moeda agora? Consigo eu comprar 9 folhas de papel cartão com eles?????

Temos uma política de educação pautada no aumento da oferta de vagas, sem haver uma ampliação do espaço. Vivemos em salas super lotadas, muitas em péssimas qualidades. Impossibilitando muitas vezes de ir de carteira em carteira, para cuidar do que nos toca: o lado pedagógico.

Convivemos com a violência e a falta de autonomia da escola de estabelecer normas de conduta. Nosso ambiente de trabalho virou um caos e o professor deve sair ileso disso tudo?

O que deve ser avaliado pela Prefeitura...

Aumentou-se o número de professores que pedem licença médica porque querem mais tempo com os filhos ou um passeio ao shopping??? Ou está tudo relacionado às péssimas condições de trabalho que geram estresses, desestímulos mil??? Ora bolas!!!

Engraçado disso tudo é que: se pedagogicamente podemos dizer que quando um número grande de alunos fracassa nas avaliações, é sabido que nós professores devemos então avaliarmos nossas práticas de ensino pra inverter a situação. Penso que se há um grande número de professores doentes, deve-se também por parte da prefeitura e da secretaria de educação primordialmente, fazer uma avaliação sobre o que tem disponibilizado ao seu quadro de professores que possa está gerando esse número expressivo de licença.




E a pergunta mágica que secretária e prefeita deveriam fazer é: o que tem levado essas pessoas adoecerem? São todas mal caráter mesmo? Um bando de funcionários descompromissados que querem ficar em casa, receber sem trabalhar?

Ao contrário de uma boa grande empresa que tem por filosofia o tratamento humanizado de seus funcionários, com opções que promovam seu rendimento, a nossa prefeitura vem sendo cada dia mais ineficaz. Fazendo-nos trabalhar com pesar, com descontentamento. Acho isso um absurdo!!!!!!!!!

E nós professores, o quem temos feito?



Nós professores ficamos à parte de tudo isso (haja vista o número quase que irrisório de pessoas que vão as manifestações).

Estou fazendo um RET numa escola onde NINGUÉM deixa de trabalhar pra se mobilizar. Na escola onde tenho a matrícula, as professoras quem se mobilizar sim, "desde que" tenham garantia de que não vão ter o ponto suspenso. Isso é desanimador. E diante disso, até mesma eu desisti de me mobilizar.

CRIS, não pense que sou mais uma que quer saber das coisas por fora, sem está dentro pegando no batente. Sabe, é aquela sensação de que não vale a pena lutar pelos acomodados? Pois é... tô assim.

ANGUSTIADA
CANSADA.
DESANIMADA

Sobre o lance das contratações...

É um absurdo eu ocupar num RET a minha própria vaga. E pior, receber por ela a metade do que deveria receber, fazendo eu o mesmo que faria se estivesse ocupando MEU cargo. E que graça: parece que está tudo lindo, está tudo tão maravilhoso!!!!

Fazer novo concurso em novembro? Com certeza Cris, terá o objetivo maior de "aprimora-lo" de acordo com os interesses da senhora prefeita e sua secretária: uma carga horária maior, limitação nos direitos do edital. Afinal, para elas, equivocadamente "professor não faz nada, trabalha só 4 "horinhas" e ainda reclama...

DECEPCIONADA,
CANSADA,
DESILUDIDA.

Enfim... é só.
PS: A identidade da autora do texto foi preservada.

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