segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Carta da DRA. MARIA ISABEL LEPSCH AO GOVERNADOR SERGIO CABRAL


Carta da DRA. MARIA ISABEL LEPSCH AO GOVERNADOR SERGIO CABRAL
Leiam e solidarizem-se, divulgando.
Sabe, governador, somos contemporâneos, quase da mesma idade, mas vivemos
em mundos bem diferentes.

Sou classe média, bem média, médica, pediatra, deprimida e indignada com as
canalhices que estão acontecendo.

Não conheço bem a sua história pessoal e certamente o senhor não sabe nada
da minha também.

Fiz um vestibular bastante disputado e com grande empenho tive a
oportunidade de freqüentar
a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, hoje esquartejada pela omissão e
politiquices
do poder público estadual.

Fiz treinamento no Hospital Pedro Ernesto, hoje vivendo de esmolas
emergenciais
em troca de leitos da dengue.

Parece-me que o senhor desconhece esta realidade. O seu terceiro grau não
foi tão
suado assim, em universidade sem muito prestígio, curso na época pouco
disputado,
turma de meninos Zona Sul ...

Aprendi medicina em hospital de pobre, trabalhei muito sem remuneração em
troca de aprendizado.

Ao final do curso, nova seleção, agora, para residência. Mais trabalho com
pouco dinheiro
e pacientes pobres, o povo.. Sempre fui doutrinada a fazer o máximo com o
mínimo.

Muitas noites sem dormir, e lhe garanto que não foram em salinhas
refrigeradas costurando
coligações e acordos para o povo que o senhor nem conhece o cheiro ou choro
em momento de dor..

No início da década de noventa fui aprovada num concurso para ser médica da
Secretaria de
Saúde do Estado do Rio de Janeiro'. A melhor decisão da minha vida, da qual
hoje mais do que
nunca não me arrependo, foi abandonar este cargo .

Não se pode querer ser Dom Quixote, herói ou justiceiro. Dói assistir a
morte por
falta de recursos. Dói, como mãe de quatro filhos, ver outros filhos de
outras mães
não serem salvos por falta de condições de trabalho.

Fingir que trabalha, fingir que é médico, estar cara-a-cara com o paciente
como
representante de um sistema de saúde ridículo, ter a possibilidade de se
contaminar e
se acostumar com uma pseudo-medicina é doloroso, aviltante e uma enorme
frustração.

Aprendi em muitas daquelas noites insones tudo o que sei fazer e gosto muito
do que
eu faço. Sou médica porque gosto. Sou pediatra por opção e com convicção.
Não me arrependo. Prometi a mim mesma fazer o melhor de mim.

É um deboche numa cidade como o Rio de Janeiro, num estado como o nosso
assistir
políticos como o senhor discursarem com a cara mais lavada que este é o
momento de
deixar de lenga-lenga para salvar vidas.

Que vidas, senhor governador ? Nas UPAS? tudo de fachada para engabelar o
povão!!!!
Por amor ao povo o senhor trabalharia pelo que o senhor paga ao médico?
Os médicos não criaram os mosquitos. Os hospitais não estão com problema
somente agora.
Não faltam especialistas. O que falta é quem queira se sujeitar a triste
realidade do médico
da SES para tentar resolver emergencialmente a omissão de anos.

A mídia planta terrorismo no coração das mães que desesperadas correm a
qualquer
sintoma inespecífico para as urgências...

Não há pediatra neste momento que não esteja sobrecarregado. Mesmo na
medicina privada
há uma grande dificuldade em administrar uma demanda absurda de atendimentos
em
clínicas, consultórios ou telefones. Todos em pânico.

E aí vem o senhor com a história do lenga-lenga.

Acorde governador ! Hoje o senhor é poder executivo. Esqueça um pouco das
fotos
com o presidente e com a mãe do PAC, esqueça a escolha do prefeito, esqueça
a
carinha de bom moço consternado na televisão.

Faça a mudança. Execute.

"Lenga-lenga" é não mudar os hospitais e os salários.

Quem sabe o senhor poderia trabalhar como voluntário também. Chame a sua
família.
Venha sentir o stress de uma mãe, não daquelas de pracinha com babá, que o
senhor
bem conhece, mas daquelas que nem podem faltar ao trabalho para cuidar de um

filho doente. Venha preparado porque as pessoas estão armadas, com pouca
tolerância, em pânico.

Quem sabe entra no seu nariz o cheiro do pobre, do povo e o senhor tenta
virar o jogo.

A responsabilidade é sua, governador.

Afinal, quem é, ou são, os vagabundos, Governador ?

Dra. Ma. Isabel Lepsch

ICARAÍ Rua Miguel de Frias 51 sala 303 Tel: 2704-4104/9986- 2514

NITERÓI Av. Amaral Peixoto 60 sala 316 Tel: 2613-2248/2704- 410 4/9982- 8995

SÃO GONÇALO Rua Dr. Francisco Portela 2385 Parada 40 Tel: 2605-0193/3713-

0879

Dr. Luiz Nunes de Araújo

Medico do Trabalho

fones: (92) 9114 5874

236 6615

2129 9004

E-mail: dr.lna@ig..com. br,

dr.lna@hotmail. com

dr.ina@unimed.com.br

Através da Divulgação é que podemos tentar ajudar a diminuir a

DESASISTÊNCIA TOTAL DO GOVERNO AOS HOSPITAIS PÚBLICOS DO BRASIL

(CRÍTICA FORTE AOS DO RIO DE JANEIRO).

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