terça-feira, 19 de maio de 2009

Assédio moral: mais um ataque ao profissional da educação

GRACIETE SANTANA

O assédio moral é algo que se revela no ambiente de trabalho em situações que colocam o trabalhador numa posição de humilhação, desrespeito e constrangimento, destruindo a sua auto-estima e causando problemas de saúde.
Na área de educação,especificamente, pode levar a SINDROME DE BURNOUT, que é doença própria da categoria, produzida pelas más condições de vida e trabalho, causando perda de motivação pela ausência de políticas públicas, exposição a violência generalizada,turmas superlotadas, salários alvitantes. Situações vividas pela categoria da educação que podem levar do auto-abandono ao suícidio.
O assédio moral nas escolas se dá através das relações autoritárias, desumanas, onde o desmando, o medo e os os projetos que visam estimular a competitividade e a produtividade se fazem presentes.Exemplo disso é o programa NOVA ESCOLA e as constantes avaliações que colocam as escolas num ranking das que ficam entre as melhores ou as piores avaliadas, dentro de critérios sem transparência e diante do pouco investimento dos governos na área de educação.
A globalização da economia gerou o arrocho salarial e os profissionais de educação se veêm obrigados a aumentar a jornada de trabalho, e além da dupla matrícula , de forma precarizada aceitam fazer as dobradinhas em forma de RETs,e GLPs , que são manobras usadas pelos governos para mascarar a carência de professores, precarizando a mão - de- obra de quem já tem vínculo em detrimento da convocação de concursados .
Essa necessidade do profissional de educação, o leva a comportamento de agressividade e indiferença, comprometendo os laços de solidariedade e companheirismo e a perspectiva de trabalho coletivo, elementos importantes no processo pedagógico.
Os agressores ,que estão em cargo de chefia, escolhem a vítima e a isolam do grupo, a fim de fragilizá-la emocional e profissionalmente. A vítima vai aos poucos perdendo o interesse pelo trabalho e nesse processo doenças surgem ou as pré -existentes são agravadas. A vítima passa a sofrer vigilância acentuada e constante e se vê obrigada a pedir remoção para outa escola.
Na educação pública as condutas abusivas e constrangedoras são comuns.Os profissionais que adoecem devido as precárias condições de trabalho, jornadas excessivas, quando recorrem a atestados e licenças médicas ouvem por parte das autoridades insinuações de que são falsas.
O assédio moral, portanto, constitui um risco invisível, porém concreto, nas relações de trabalho e à saúde dos trabalhadores.Todos que estão expostos a situações vexatórias acabam vivenciando a depressão, palpitações,distúrbios do sono e digestivos e alteração da libido. Tudo isso, reflexo de um cotidiano de humilhações e sentimento de impotência.
Por isso, em 23 de agosto de 2002, foi aprovada a Lei Estadual n 3921, que veda o assédio moral no trabalho, no âmbito dos órgãos,repartições ou entidades da administração centralizada,autarquias,fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, do poder legislativo, executivo ou judiciário do Estado do Rio de Janeiro, inclusive concessionárias e permissionárias de serviços estaduais de utilidade ou interesse público, e dá outras providências.
Os trabalhadores que vivem quaisquer dessas situações descritas aqui, devem reagir e denunciar aos órgãos competentes, porém como as mais evidentes ações de assédio moral aos trabalhadores de educação são cometidas por autoridades governamentais e seus mandatários, a melhor forma para combatê-la é agir coletivamente, integrando-se à luta dos profissionais de educação , organizando-se na instituição que os representa que é o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação ( SEPE).
Graciete Santana
Professora
Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista

Um comentário:

  1. O assédio moral existe e de certa forma é encoberto pelas CREs, quando os funcionários vão se queixar, ouvem que os diretores são cargos de confiança e que eles são os representantes da escola, e que o melhor a fazer, é pedir transferência. Ocorre que o funcionário vai para outra escola já marcado pelo diretor, que se encarrega de passar a ficha (segundo a sua versão) O assédio só existe porque quem deveria combatê-lo e investigá-lo, lava as mãos como Pilatos. Feliz Natal para todos!

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