quinta-feira, 16 de julho de 2009

MANIFESTO NACIONAL PELA RECONSTRUÇÃO DA UNE

Suas Noites São de Gala, Nosso Samba Ainda é na Rua

A UJC se organiza para participar de mais um Congresso da União Nacional dos Estudantes, entidade a qual contribuímos com sua fundação. A UJC participará desse processo mobilizando o conjunto de sua militância visando potencializar uma maior intervenção no espaço do Congresso, reconhecendo suas limitações como espaço de disputa.
A UJC não compartilha da ilusão de que a UNE possa ser disputada em seus fóruns máximos (CONUNEs, CONEBs, CONEGs, Bienais), pois em todos esses espaços, a força do campo majoritário da entidade (UJS/PCdoB; Articulação, Articulação de Esquerda e DS/ PT; JSB/PSB; MR8/PMDB – e demais setores agregados) se faz presente em regimentos cada vez mais autoritários, hegemonizas e fechados, tornando esses espaços impermeáveis a disputas maiores. Práticas como o voto por procuração tendem a perpetuar uma hegemonia conquistada de forma um tanto quanto contestada, em eleições de delegados para seus espaços sem um mínimo controle, com fraudes cada vez mais escancaradas, “acordões” entre as forças hegemonistas na UNE, onde grupos menores, porém, vinculados ao campo majoritário, fecham acordos visando às migalhas que caem da mesa de negociações, cargos na executiva da entidade e espaços em comissões de trabalho e em entidades estaduais e de bases.
Como se não bastasse um conjunto de práticas não democráticas no interior da entidade e em seus fóruns, a partir do governo Lula (2002) houve uma maior institucionalização da entidade. A UNE passou a integrar cada vez mais espaços dentro do governo, substituindo o que seria uma política de diálogos com o governo, por uma política de adestramento.
A Reforma Universitária foi um exemplo dessa institucionalização, onde a UNE se pautou em disputar a Reforma Universitária nos gabinetes do congresso, nos apoios institucionais ao invés de travar com o conjunto dos estudantes debates, palestras e até mesmo mobilizações. A UNE se mostrou submissa ao Governo federal, abraçando o projeto apresentado por esse, de maneira fatiada e golpista através de medidas provisórias.
A UNE se furtou das mobilizações contra a corrupção no governo, se pautando inclusive em uma defesa incondicional do governo, mesmo nos dias mais intensos da investigação sobre a compra de votos de parlamentares o “mensalão” como ficou conhecido. A UNE paulatinamente foi literalmente sumindo das mobilizações dos movimentos sociais, e até mesmo nas do movimento estudantil.
Iniciou-se assim um conjunto de mobilizações de ocupações de reitorias e universidades por manifestações dos DCEs, onde no máximo, a UNE se limitava a prestar apoio e solidariedade às ocupações, mas longe das mobilizações.
A UNE se furtou das mobilizações contra os leilões da Petrobras promovidos pela ANP, até mesmo pelo fato do presidente da ANP, que promove os leilões ser do PCdoB, mesma organização da UJS, que dirige a UNE
Devemos ter uma postura clara de combate a institucionalização da entidade nacional máxima dos estudantes, que se encontra hoje numa rota de total afastamento do cotidiano e das lutas estudantis e sociais. Se tal processo não for interrompido, cada vez mais a entidade se esvaziará, dando justificativa e argumento para a ótica da divisão, que deve também ser combatida. A UJC preza pela unidade e pela unicidade de representação, mas nega veementemente que uma entidade que se propõe a representar o conjunto dos estudantes universitários brasileiros seja conduzida por uma política de submissão aos ditames do MEC, que sirva de moeda de troca por cargos públicos e comissionados em governos e gabinetes, que trai luta e se encastele na institucionalização pública, com verbas federais corrompendo uma história de lutas. As lutas não podem esperar a UNE se decidir, elas devem ser travadas.
A UJC que ao longo de sua historia teve um forte vinculo com a UNE, vinculo esse desde sua fundação, não titubeara de denunciar o esvaziamento da luta em prol de acordos e troca de favores como vêem sendo conduzido. Chamamos o conjunto de oposição de esquerda na UNE a fortalecer um pólo de lutas não apenas em defesa dos estudantes e das causas justas da sociedade brasileira (como é tradição do Movimento estudantil) como fazer uma ofensiva na disputa do movimento estudantil pela base, no cotidiano, na luta.

Mais uma entidade Estudantil

A União da Juventude Comunista vem de público se manifestar contra a postura equivocada dos companheiros do PSTU de CRIAREM uma nova entidade estudantil nacional.
Posicionamo-nos assim não por nenhum romantismo ou nostalgia em relação à União Nacional dos Estudantes, sobre esse assunto trataremos adiante. Mas por considerarmos um erro em diversos momentos esse Congresso Nacional dos Estudantes, não apenas em sal resolução, mas ao conjunto de sua concepção de Congresso.
Primeiramente gostaríamos de saudar os bravos militantes do movimento estudantil do PSTU, que assim como os demais companheiros desse Partido conduzem uma importante luta contra o capital e contra as ofensivas desse contra a Classe trabalhadora. Porem, até mesmo por tal, não podemos nos furtar de criticá-los pelo que consideramos de equivocada na sua tática de reorganização do ME.
O Congresso Nacional dos Estudantes foi construído de maneira unilateral, por mais que os companheiros do PSTU tenham convidado demais organizações, essas se somavam a um projeto elaborado em essência pelo PSTU, uma construção se quer coletiva.
Um processo que contou com varias eleições de delegados sem o devido esclarecimento a base do movimento estudantil, reproduzindo praticas de condução da base, em vez de travar a luta teórica pelo convencimento e a luta política como meio de legitimidade e representatividade.
Um Congresso que não conseguiu se desvencilhar de sua matriz organizativa, o PSTU, a ponte de exibir em Congresso, que se coloca como coletivo e amplo, um filme sobre os 15 anos do PSTU. Pratica essa nem vista ainda em congressos da UNE pelo campo majoritário, que por mais que possua sua degenerescência nítida e clara, não expôs a tanto seu desrespeito com a coletividade e pluralidade do Movimento Estudantil.
Ainda sobre o congresso e a sua proposta de reorganização do Movimento Estudantil, queremos fazer de público nossa posição de que não será pela construção de uma nova entidade nacional dos estudantes que o movimento estudantil será reorganizado, superando sua crise de representatividade e de legitimidade. Não será um encontro nacional reunindo a “vanguarda” do movimento estudantil (pois duas mil pessoas não qualificam uma maioria capaz de responder pelo conjunto de um movimento tão maior assim) seria necessário um amplo debate passando pela base do movimento estudantil, discutindo sua concepção, suas propostas, suas perspectivas e seu projeto de intervenção em longo prazo. Mais uma entidade, no caso ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes Livres) que trará o fim dos problemas do movimento estudantil, a solução dessa complexa equação não pode ser tão simplista, é necessário um debate maior do que uma iniciativa individual e voluntarista de um setor do movimento estudantil, com posturas unilaterais e vanguardistas.
Assim a UJC não apenas não colabora como acha uma equivoco a construção de uma entidade confessional, ou seja, uma entidade vinculada diretamente, sem mediações, a um Partido Político, ou seja, uma entidade do PSTU.

União da Juventude Comunista – UJC
Partido Comunista Brasileiro – PCB
Julho, 2009.

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