Antonio Gramsci, intelectual italiano, com influência marxista em sua formação, deixa isso bem claro em sua obra literária, e seus escritos devem de ser observados com atenção até os dias de hoje, justamente por não se tratar de um autor que trate de assuntos datados, mas pelo contrário sua obra apresenta uma forte presença, ainda nos dias de hoje.

Em sua obra Os intelectuais e a organização da cultura, Gramsci, escreve sobre as condições em que se dá a formação e a presença dos intelectuais nas sociedades, tal obra é interessante de ser lida quando se observa o momento, não apenas histórico em que a obra fora escrita, com a ascensão do Fascismo na Itália, assim como a prisão do autor por este mesmo regime, o que o obriga a fazer, este e outros escritos de maneiras adversas, fazendo estas observações, ele relata quanto à condição necessária para a formação dos intelectuais, suas orientações políticas, sua condição socioeconômica dentro da sociedade a qual ele pertence, e dentro de sua orientação marxista, o autor fala quanto à constituição do que ele chama, por esses motivos, de “intelectual orgânico”, ou seja, aqueles que são constituídos devido a toda essa influência.

Os intelectuais orgânicos, tratados por Gramsci, seriam aqueles oriundos da classe a qual eles pertencem, e nessa obra ele trata deste intelectual, principalmente o que se origina da classe operária, por essa ser a maior classe constituinte das sociedades, assim como em outras classes que também tem os seus intelectuais, seria o intelectual da classe operária aquele que teria uma formação diferente das outras classes, afinal, estes intelectuais têm uma formação dita pelo autor como sendo uma formação que manteria a condição de dominante em relação a essa superestrutura da classe dominante, que poderia se fazer uma analogia com o autor brasileiro Paulo Freire, que em sua extensa obra literária a respeito de pedagogia descreve sobre a “pedagogia bancária1”, na qual o aluno é depositário de um tipo de conhecimento que serve para repetição e manutenção do sistema que já se faz presente. O contrário disso é visto no intelectual orgânico que tem a sua “formação” na condição de ser participante dos partidos de esquerda e que deve manter a sua participação junto à classe da qual este intelectual se originou, e considerar-se como alguém que é independente das suas origens e pudesse prosseguir em desenvolvimento próprio. O intelectual orgânico tem de ser aquele que deve, por motivo de sua origem, manter-se integro e não se deixar corromper pelo contato sofrido com os outros intelectuais que tem origem na formação tradicional da sociedade.

O que se percebe em seus escritos, nesta obra, é como se fosse algo da aparência de uma conclamação aos “intelectuais de todas as partes do mundo a se unirem” com o intuito de uma interação que possa provocar uma união de culturas e interesses trabalhistas, para que se ocorra a melhoria de todas as sociedades, por esses mesmos intelectuais.

O autor também faz, em sua obra, a demonstração das maneiras de como as manifestações intelectuais podem se apresentar, através da imprensa por exemplo, onde esta, é analisada pelo autor como uma nova forma de divulgação de idéias, e que deve ser vista com cerrtaprecaução devido a “utilidade” que pode ser dada a esta maneira de comunicação e divulgação de idéias.

Quando Gramsci suscita esta conclamação, ele nos faz pensar sobre as diversidades culturais que poderemos encontrar em todas as regiões, e em relação a tais diversidades, o intelectual deve de ser cauteloso quanto às observações que por ele serão feitas, devemos não nos esquecer de que esta característica de diversidade é o que nos faz ser humano.

Fazendo um paralelo entre o que está escrito por Gramsci com a condição de professor, inserido na realidade brasileira, teremos um farto material a ser analisado, onde o professor pode ser visto como novo aspecto de intelectual na realidade nacioal, afinal, esta classe compõe uma espécie de profissional que tem a sua origem em classes diversas da sociedade, o que dificulta um tanto a sua análise como sendo apenas de uma origem, dificultando um tanto o aspecto do intelectual orgânico, tal como descrito pelo autor, em face de que a sua origem diversificada e sua função social faz com que ele se torne parte de uma classe contrária da qual se tem origem, e também, de certa forma o professor terá a necessidade de cohnhecimentos dos quais somente através das Universidades, que são grandes centros de manutenção da classe dominante com o aspecto depositário de educação, que manteria a condição de dominação.

O professor brasileiro quando consegue fazer o seu trabalho, ele é visto dentro da nossa sociedade como uma categoria diferente de intelectual, onde ele é um tipo de intelectual que não tem o devido reconhecimento dentro das diversas esferas que compõe esta sociedade.

Quando se tratando da classe da qual ele é o educador, este é visto, por alguns, como uma pessoa que deveria ser valorizado pela sua intelectualidade, e nessa mesma classe ele encontra pessoas que o vêem como alguem que por não ter o reconhecimento de sua intelectualidade, ele passa a aer ivsto como um tipo de exemplo a não ser seguido, em função das condições em que ele é posto pelo Estado, o mesmo que não respeita àquele que alcançou um grau tão grande de conhecimento como então ser possível que aquele que não tem qualquer perspectiva de alcançar o mesmo grau de conhecimentop se ver reconhecido e valorizado.

O contrário, em relação a esta primeira classe, é o que se vê na segunda classe social brasileira, que tem o acesso a educação, assim como tem o real conhecimento da realidade em que sobrevivem os professores brasileiros, mas que não fazem nada que possa permitir as condições de melhora das classes as quais estes professores pertencem, sejam as classes social e trabalhista, mesmo que para Gramsci, o princípio de alteração se de através destes intelectuais, mas que devemos pensar de uma maneira realista a condição do acumulo de capital em nossa sociedade é pertencente a poucos e esse pouco é a mesma classe que já foi dita, como a que apenas tem necessidade de acúmulo do conhecimento, para que se mantenha como a classe que permanecerá no controle de determinados setores da sociedade.

Também enfrentando o problema de que a falta de apoio no Estado, de quem está na condição de constituinte do sistema de poder, são pessoas que não possuem o devido conhecimento para que lá estejam, mas devido o sistema de eleição ao qual não se obtêm um transparente resultado de apuração, ou como ser o professor, exemplo, em um país que produz celebridades instantâneas que gravam em um inglês que todos, inclusive a sua inventora desconhece, jogadores de futebol que recebem milhões em moedas estrangeiras, grupos musicais efêmeros que se tornam referências, mas que mesmo assim são valorizados.

O professor brasileiro, precisa, desta forma, ser alguém que faça um duro e complicado trabalho de observação da sua condição dentro da realidade na qual está inserido, seja como profissional de uma classe que obtêm uma condição de ascensão intelectual pelo fato assim visto, seja como aquele que mesmo obtendo o seu grau de intelectualidade não pode através deste ser reconhecido na classe da qual é oriundo ou se reconhecido não ser exemplo como alguém que alcançou, por tal, o reconhecimento do Estado, e mais parecer como um órfão que não só precisa de apoio como não tem a quem recorrer.


1 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 45ª ed., 2005.