Diário Liberdade
- Hoje, 20 de Janeiro, cumpre-se o 38º aniversário da morte de Amílcar Cabral, no mesmo dia em que arranca oficialmente a campanha eleitoral em Cabo Verde, para as legislativas de 6 de Fevereiro.
Hoje é feriado na Guiné-Bissau e em Cabo Verde para recordar o legado e homenagear Amílcar Cabral, assassinado a tiro em Conacry, na madrugada do dia 20 de Janeiro de 1973. Várias actividades vão ser realizadas no país guineense e na diáspora para lembrar esta figura cimeira na história da África.
Guiné-Bissau
O acto central das homenagens vai ter lugar em Bafatá, com a reabertura da casa onde no dia 12 de Setembro de 1924 nasceu o fundador do PAIGC.
Por proposta do governo de Carlos Gomes Júnior, será atribuída nesta quinta-feira (20/01/2011) ao Presidente guineense Malam Bacai Sanhá a Medalha Amílcar Cabral e 26 cubanos (6 a título póstumo) serão agraciados como “uma justa homenagem pelo contributo inestimável que desinteressadamente deram à luta de libertação da Guiné-Bissau”.
A deposição de coroas de flores no mausoléu de Amílcar Cabral, na antiga fortaleza portuguesa de São José de Amura, em Bissau e junto à sua estátua na rotunda do aeroporto da capital guineense, são outras actividades previstas para assinalar esta efeméride.
Cabo Verde
O ponto alto das homenagens ao fundador do PAIGC será quando o presidente da República, Pedro Pires, depositar uma coroa de flores no Memorial Amílcar Cabral, na Várzea, na cidade da Praia.
É a habitual homenagem ao herói nacional, que será acompanhada pela JPAI, Secretaria das Mulheres do PAICV, Fundação Amílcar Cabral e Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria.O Primeiro-Ministro e líder do PAICV José Maria Neves, presidiu ontem uma palestra dedicada ao tema “a actualidade estratégica do pensamento de Cabral” e em quase todas as ilhas do arquipélago a data de 20 de Janeiro será assinalada.
Na ilha do Sal, termina hoje uma série de acções que começaram no dia 13. Entre outras iniciativas, o edil Jorge Figueiredo realiza uma passeata até o aeroporto, onde deposita uma coroa de flores na estátua Amílcar Cabral.No concelho do Tarrafal de Santiago, “Independência e Democracia: um olhar através da Constituição” é o tema de uma palestra presidida por Jorge Carlos Fonseca, às 11 horas, no Salão Nobre da câmara Municipal.
Neste âmbito, o Presidente da República, Pedro Pires distinguiu ontem as associações e organizações não-governamentais Acrides, Tendas-El-Shadai, A Ponte, Fundação Infância Feliz, Fundação Aldeias SOS, Casa da Criança, Liga Nazarena, Associação Zé Muniz, Associação Chã de Matias e Hospital São Francisco de Assis pelas acções meritórias executadas nas diferentes áreas em que actuam.
Ainda esta semana, o ministro das Comunidades Emigradas e cabeça de lista do PAICV para as Américas, Sidónio Monteiro, dissertou nos EUA sobre a figura de Amílcar Cabral, seu pensamento e legado como líder.
Lembrando Amílcar (Bafatá, Guiné-Bissau, 12 de Setembro de 1924 — Conacri, 20 de Janeiro de 1973)
Considerado o "pai" da nacionalidade cabo-verdiana, Amílcar Cabral foi um dos mais carismáticos líderes africanos cuja acção não se limitou ao plano político mas desempenhou um importante papel cultural tanto em Cabo Verde como na Guiné-Bissau.
Iniciou suas atividades políticas em Portugal e reservam-lhe a antipatia do Governador da colônia, Melo e Alvim, que o obriga a emigrar para Angola. Nesse país, une-se ao MPLA.
Em 1959, Amílcar Cabral, juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin, funda o partido clandestino Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que surgiu no contexto do movimento libertador africano que ganhava força depois da Segunda Guerra Mundial. Onde formaram uma unidade popular para lutar contra o que chamavam de “deplorável política ultramarina portuguesa afirmando que as vítimas dessa política desejavam ver-se vires do domínio português”.
Quatro anos mais tarde, o PAIGC sai da clandestinidade ao estabelecer uma delegação na cidade de Conacri, capital da República de Guiné-Cronacri. Em 23 de janeiro de 1963 tem início a luta armada contra a metrópole colonialista, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, a partir de bases na Guiné-Conacri.
Em 1970, Amílcar Cabral, fazendo-se acompanhar de Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, é recebido pelo Papa Paulo VI em audiência privada. Em 21 de novembro do mesmo ano, o Governador português da Guiné-Bissau determina o início da Operação Mar Verde, com a finalidade de capturar ou mesmo eliminar os líderes do PAIGC, então aquartelados em Conacri. A operação não teve sucesso.
Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido. Amílcar Cabral profetizara seu fim, ao afirmar: "Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." Aristides Pereira, substituiu-o na chefia do PAIGC. Após a morte de Cabral a luta armada se intensifica e a independência de Guiné-Bissau é proclamada unilateralmente em 24 de Setembro de 1973. Seu meio-irmão, Luís de Almeida Cabral, é nomeado o primeiro presidente do país.
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