quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eleições para o DCE da USP são vitória do movimento estudanti

Na madrugada de sábado, saiu o resultado oficial das eleições para o DCE-Livre da USP em 2012. Mais de 13.000 estudantes participaram do processo e 6.964 deles escolheram a chapa Não vou me adaptar!. A chapa Reação, segunda colocada, não teve sequer metade dessa votação. Nesse texto, expomos um balanço inicial sobre essas eleições históricas para o movimento estudantil da USP.

Uma eleição politizada e construída pelos estudantes!

2011 foi um ano de mobilização no movimento estudantil da USP. Ao longo do ano, Rodas tomou uma série de medidas truculentas e autoritárias dentro da universidade, e os estudantes responderam à altura através de atos, assembleias e debates com milhares de pessoas.

Essa participação se traduziu nas eleições para o DCE. Primeiramente, tivemos um quórum histórico com a participação de 13.134 estudantes, a maior participação de todos os tempos em uma eleição para o DCE da USP! Além disso, o próprio processo eleitoral foi construído através de ampla participação: centenas de ativistas e estudantes, bem como Centros Acadêmicos dos campi da capital e do interior, protagonizaram uma das mais politizadas eleições da história do DCE, debatendo os rumos da universidade, os desmandos da atual gestão da reitoria e a importância de nossa entidade estudantil — utilizando do processo eleitoral para fortalecer o processo de mobilização.

A politização das eleições se traduziu na inquestionável lisura do processo: nenhuma urna teve denúncia ou suspeita de fraude. Os votos de todos os estudantes foram apurados e o resultado foi prontamente divulgado.
Uma eleição que derrotou Rodas e sua expressão no movimento estudantil!

A truculência de João Grandino Rodas à frente da reitoria da USP vem crescendo a cada dia. Cada vez fica mais claro que Rodas não tem nenhum compromisso com a universidade, mas sim com os setores políticos, ligados ao PSDB, que o alçaram ao cargo de reitor. Nos últimos dias, inclusive, foram veiculadas em rede nacional denúncias a respeito do convênio firmado pela reitoria entre a USP e a Polícia Militar de São Paulo, acusada de ter ligações diretas com o tráfico de drogas.

Nesse sentido, as eleições para o DCE da USP foram uma resposta categórica à reitoria. Dos 13.134 estudantes que participaram das eleições, mais de 80% deles votaram em chapas que se opunham à política da reitoria. Sobretudo, 53% dos estudantes escolheram a chapa Não vou me adaptar!, que apresenta a unidade de setores democráticos, combativos e consequentes do movimento estudantil e que teve, ao longo de todo o processo eleitoral, a luta contra o projeto de universidade da reitoria e sua expressão no movimento estudantil como prioritária.
A chapa Reação também foi fragorosamente derrotada. Ainda que sua força tenha sido expressa nos 2.660, correspondendo à segunda colocação que obtiveram, a “chapa da reitoria” não teve vez nas eleições para o DCE da USP. O falso discurso apartidário não enganou os estudantes e não conseguiu atrelar o DCE à reitoria. O recado das urnas foi claro: queremos um DCE independente para democratizar a USP!

Uma eleição que demonstrou que o movimento estudantil deve ser construído em unidade

A melhor maneira do movimento estudantil derrotar a política de Rodas é através da unidade de todos seus setores democráticos e consequentes. Assim aconteceu no final de 2011 ao longo da mobilização estudantil e assim acreditamos que deva continuar acontecendo.
Para as eleições do DCE, a chapa Não vou me adaptar! fez um grande esforço no sentido de unir todos aqueles que consideravam prioritário combater a política da reitoria e da chapa Reação nessas eleições. Ao mesmo tempo, buscamos sempre construir um movimento estudantil amplo, combativo e democrático. Infelizmente, essa não foi a postura de todas as chapas inscritas no processo. Destacou-se a chapa Universidade em Movimento que, além de não ter hierarquizado como prioritária a luta contra a reitoria e sua expressão no movimento estudantil, ainda adotou uma prática fratricida com a esquerda consequente e esvaziou o debate político, privilegiando sua autoconstrução. Isso ficou claro no próprio processo eleitoral: a chapa Não vou me adaptar! foi responsável pela abertura de urnas e pelo debate político na maior parte dos cursos e campi da USP, enquanto a chapa Universidade em Movimento priorizou somente os locais em que teriam votos.

As eleições demonstraram também a derrota dessa perspectiva política. 2012 deve ser um ano de mobilização e de unidade no movimento estudantil!

O desafio de derrotar a reitoria e o conservadorismo continua!

A vitória do movimento estudantil nas eleições para o DCE deve ser apenas nosso primeiro passo. No processo eleitoral que se encerrou, era evidente a existência de uma chapa que se destacava como o “braço estudantil” da reitoria, contando inclusive com amplo apoio a mídia e da burocracia universitária. Derrotar esse setor e defender uma universidade pública e democrática é uma tarefa não somente eleitoral.

O conservadorismo na universidade se expressa nas eleições do DCE, mas também (e sobretudo) na política da reitoria para a USP, que se faz sentir no dia-a-dia dos estudantes. A ausência de espaços de discussão para que professores, estudantes e funcionários, possam influir nos rumos da universidade é sintoma disso. Inúmeras medidas são anunciadas na USP sem que ninguém possa discuti-las além do próprio reitor. É assim no gasto do dinheiro público na universidade, nas medidas relativas às graduações e pós-graduações, na política de permanência estudantil etc. É assim também na política de militarização da USP e na perseguição àqueles, sejam estudantes, funcionários ou professores, que questionam a reitoria.

Essa realidade é que precisa ser enfrentada cotidianamente! Precisamos fazer com que o movimento estudantil seja nossa ferramenta para a democratização da universidade. A voz que os estudantes não têm na USP eles podem ter no movimento estudantil e no DCE!

A chapa Não vou me adaptar! agradece à participação de todos nessas eleições históricas para o DCE-Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme” e convida aos estudantes de toda a USP a seguir na luta que apenas começamos: por democracia na USP já!

Resultado oficial das eleições (http://tinyurl.com/6s848d7):

Quórum: 13.134 votos

1º – Não vou me adaptar!: 6.964 (53%)
2º – Reação: 2.660 (20%)
3º – Universidade em Movimento: 2.579 (19%)
4º – 27 de outubro: 503 (4%)
5º – Quem vem com tudo não cansa: 254 (2%)

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