por Ramez Maalouf
A situação no Egito é mais grave do que a imprensa ocidental, principalmente, brasileira tem divulgado.
Israel está em desespero pela queda do brigadeiro Mubarack, ditador do Egito desde 1981, ano em que o então presidente egípcio general Anwar el-Sadat foi assassinado supostamente por extremistas islâmicos (há muita gente no mundo árabe que acusam os EUA de estarem por trás do assassinato. Como já dito, ser aliado dos EUA jamais foi seguro de vida). Com apoio de Mubarak, Israel invadiu e arrasou o Líbano 5 vezes, e em 1982, Beirute se tornou a primeira capital árabe a ser cercada, ocupada e destruída pelos israelenses, que exterminaram mais de 25 mil árabes
Os EUA vacilaram no início das manufestações populares egípcias contra a ditadura de Mubarak. Washington acreditou que era possível substituir o atual ditador por um líder “democrático”, “moderado” e “liberal”, a princípio pensou-se em Muhammed El-Baradei, ex-chefe da AIEA na década de 2000, mas a total falta de carisma o colocaram fora do páreo. Depois pensou-se no vice-presidente nomeado às pressas, o general Omar Sleyman, ex-chefe da polícia secreta egípcia, articulador das negociações entre Israel, palestinos e egípcios, mas o estreito relacionamento com os israelenses quase descartou o general da sucessão de Mubarak. Na falta de opções e com o povo egípcio em fúria nas ruas contra o regime, os americanos pensaram até em cortar a ajuda financeira e militar às forças armadas egípcias, quem de fato comanda o país.
O alegado temor (do Ocidente) à Irmandade Muçulmana (IM) é falso, pois a organização foi por muito tempo um instrumento, sem reclamações, dos poderes britânico, egípcio e americano na guerra contra comunistas, nacionalistas e nasseristas no Egito.
Barak Obama, no entanto, diante do desespero israelense, está optando pela permanência de Mubarak ou pelo menos de um novo nome que dê continuidade ao regime militar, ou seja, a manutenção da brutal ditadura e, principalmente, a manutenção do Tratado de Paz de 1979 a qualquer custo. A Casa Branca deu carta branca (e, claro, ordens) para Mubarak esmagar (no sentido literal do termo) a fúria popular e manter o regime militar. E é o que está ocorrendo neste momento, os militares e para-militares já estão reprimindo com ferocidade o povo nas ruas, intimidando e assassinando jornalistas e manifestantes.
Barak Obama revela a mediocridade e a covardia de seu governo ao se aliar a Israel. Não há mudança de tom, a promessa da revisão das relações EUA – Israel evaporarou-se. No Cairo, há um clima de 1953 no ar. O ano em que premier nacionalista iraniano Mussadeqh, que tinha forte apoio popular, foi deposto por um golpe da CIA e do MI-6 em favor do Xá Reza Pahlevi, apoiado pelos aiatolás, entre eles, Khomeini.
Sabemos que Obama não será reeleito, o que até W. Bush logrou fazer. Não há dúvidas que o esquecimento será o prêmio para covardia do líder ianque, ele não terá a mesma estatura política que Jimmy Carter alcançou nos EUA e no resto do mundo (pelo menos para os liberais) após a derrota de 1980. Mas, é claro, ser assassino é um pré-requisito para entrar na Casa Branca (e em outros palácios do mundo, também), Obama, neste sentido, cumpre bem seu papel.
Vamos rezar, torcer para que esta decrépita ditadura caia para sempre e, assim, derrube seus aliados no Oriente Médio e no resto do mundo.
Para cobertura diária dos eventos no Egito, Tunísia e no mundo árabe.
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