quarta-feira, 6 de agosto de 2014

ENTREVISTA COM EDUARDO SERRA, CANDIDATO DO PCB AO SENADO

ENTREVISTA COM EDUARDO SERRA, CANDIDATO DO PCB AO SENADO

Published by  at 5:50 under Jornalismo
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A entrevista desta semana é com Eduardo Serra, candidato ao senado pelo PCB. Nasceu no Rio, tem 58 anos, engenheiro, com doutorado em engenharia oceânica. Professor do curso de engenharia naval e do programa de engenharia ambiental da UFRJ. Tem uma filha, de 16 anos.
01)Nas eleições de 2014, o PCB, no Rio de Janeiro, lançou candidatos em todos os níveis. Quais as razões que levaram o partido a esta decisão?
Lançamos candidatos em todos os níveis para apresentar um programa político anticapitalista, com propostas de luta apontando para a construção do Socialismo. O Programa parte da constatação de que o quadro de enorme desigualdade existente hoje no Brasil deve-se à natureza do desenvolvimento capitalista, em si, e, em particular, à forma como o sistema se desenvolve no Brasil, hoje um país dominado pelas grandes empresas, pelo agronegócio e pelo capital financeiro, com a indústria em declínio, em que 43% do orçamento federal são destinados ao pagamento de juros aos banqueiros. Nosso programa propõe a criação do Poder Popular, um conjunto de organizações para que a população exerça diretamente o direito de participar, de forma decisória, na definição de seu futuro; queremos a desmercantilização da vida, ou seja, a garantia do acesso à Educação e à Saúde estatais, gratuitas e de alta qualidade, para todos, assim como ao transporte, aos alimentos e medicamentos essenciais e a outros direitos básicos, fornecidos pelo Estado. Defendemos o direito ao emprego para todos; para viabilizar essas propostas, defendemos a estatização do sistema financeiro e de todas as empresas estratégicas, como a Vale, queremos a Petrobrás 100% estatal, uma reforma agrária que contemple a grande propriedade estatal, com trabalho assalariado, e as cooperativas de fazendas de pequeno porte, voltadas para o mercado interno; defendemos o combate a todos os tipos de discriminação, contra o machismo, o racismo, a homofobia, o preconceito religioso e todas as formas de opressão.
02) Os movimentos sociais têm tomado as ruas brasileiras, nos últimos meses. Qual a participação do PCB nesse processo e sua relação com os movimentos sociais? Qual a inserção e capilaridade que o PCB tem hoje dentro dos movimentos sociais, no estado?
O PCB entende que as grandes mobilizações ocorridas em 2013 mostraram as insatisfações de diferentes camadas sociais com a precariedade dos serviços públicos, como saúde, educação, transportes e das condições de vida em geral, dos empregos. Protestou-se contra as denúncias de corrupção envolvendo as obras da Copa, o Governo Federal e governos estaduais e o sistema político como um todo. Caiu, naquele momento, a ilusão de que tudo ia bem no Brasil, que todos, estavam ganhando. Ao contrário, foi constatado que as coisas estão piores, principalmente para as camadas de baixa e média renda. O PCB participa do movimento sindical e de muitos movimentos populares, com bastante capilaridade.
03) Em relação a esses movimentos, a que você atribui o recuo: desarticulação política? Repressão?
Entendemos que, no ano passado, muitas das manifestações contaram com a participação espontânea de muitas pessoas. É natural que haja uma desaceleração, após certo tempo, mas, desde então, os setores organizados dos trabalhadores têm estado mais ativos, e o elevado número de greves deflagradas desde então são uma prova disso. A repressão tem sido muito intensa e até abusiva, com muita violência contra manifestantes e em áreas ocupadas pela PM e pelo Exército. Por isso defendemos o fim da Polícia Militar e das UPPs e sua substituição por outra polícia, sob controle da população.
04) Qual a avaliação que o PCB faz da política externa do governo brasileiro, em especial em relação à Questão Palestina?
A política externa brasileira, a partir do governo Lula, se baliza pela formação de alianças para apoiar a demanda por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e para a garantia do acesso das grandes empresas brasileiras aos mercados de outros países. Ações como a presença de tropas brasileiras no Haiti, da qual discordamos, reforçam essa política. No campo econômico, o Brasil, aderindo por completo à lógica do liberalismo, do jogo do livre mercado, vem se caracterizando como um exportador de produtos agrícolas e minérios, as importações de manufaturados vêm crescendo, contribuindo para a desindustrialização do país, e a dependência ao capital externo para o fechamento das contas nacionais é muito elevada. A decisão de chamar de volta o embaixador em Israel, por conta do genocídio que vem sendo praticado em Gaza, foi correta, ainda que insuficiente. Defendemos o rompimento das relações diplomáticas, econômicas e militares com aquele país, além de sua condenação pública na comunidade internacional.

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