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O Portal do PCB
entrevista Jose Renato André Rodrigues, membro do Comitê Central do PCB
que esteve presente na Marcha Patriótica, na Colômbia. Nessa conversa,
José Renato explica as reivindicações da Marcha e fala um pouco sobre a
realidade colombiana.
- Qual sua percepção sobre esses dias na Colômbia? Como se desenvolve a luta de classes no país, pelo que você pode observar?
Pude ver muita mobilização e ação das forças anticapitalistas da cidade e do campo, além do movimento estudantil.
- A violência estatal se faz presente nas cidades?
Sim.Há
muitos policiais nas ruas, me parece que a polícia é subordinada ao
Exército e funciona como uma Guarda Nacional. Talvez por isso os
camaradas colombianos tenham tido muito cuidado com nossa segurança, os
estrangeiros que ali estávamos, principalmente com os europeus. Nós
brasileiros, e outros latino-americanos, nos confundíamos com os
colombianos. O Estado colombiano é um estado militarizado, e as
burguesias o olham como modelo de segurança publica.
- A Marcha Patriótica abarcou que setores da sociedade?
Indígenas,
afrodescendentes, mulheres, estudantes, camponeses e outros. Nas
cidades ocorre o problema da criminalização e perseguição das lideranças
sindicais, além da cooptação de parte do movimento sindical urbano. A
CUT, central unitária dos trabalhadores, está cooptada pelo governo, o
atual vice-presidente foi do movimento sindical. As medidas de impacto,
que prometem emprego, habitação e consumo, conseguem confundir uma
parcela das classes trabalhadoras urbanas.
- Quais as principais reivindicações da Marcha? E os encaminhamentos por ela tirados?
A
Marcha aponta para a solução dos reais problemas econômicos das grandes
massas trabalhadoras colombinas, a ampliação de direitos sociais, o fim
da política privatista como a expansão do ensino privado e a demarcação
das terras indígenas. Além disso, pede o fim das discriminações de todo
tipo, liberdade para os presos políticos, respeito aos Direitos
Humanos, a construção de habitações populares e a remoção de famílias
das regiões de risco, além da ampliação dos serviços médicos, de
transportes, o crédito ao pequeno agricultor.
Há
ainda a cobrança de uma solução política para o conflito colombiano e o
reconhecimento das FARC-EP como força beligerante. Somado a tudo isso o
pedido de retirada das bases dos Estados Unidos e o fim dos acordos
militares da Colômbia com o imperialismo.
- De que forma o capitalismo brasileiro está presente na Colômbia?
Através
de um acordo militar, o Brasil vem fornecendo armas como os aviões
Tucano às Forças Armadas colombianas, que utilizam o equipamento para
assassinar trabalhadores. Há ainda acordos e troca de informações nas
áreas de segurança, como entre o Estados do Rio de Janeiro e as cidades
de Medellín e Bogotá.
Basta ver a
proliferação das milícias no Grande Rio, e grupos de extermínio na
Baixada Fluminense. São exemplos desta mesma "política" de segurança que
é aplicadas lá. Não há ausência e sim conivência do Estado com estes
grupos, tanto lá quanto aqui.
Pelas
informações divulgadas na imprensa, podemos saber ainda de contratos
com empresas brasileiras e muitos acordos entre os empresários dos dois
países para expandir os interesses comuns e fortalecer ambas as
burguesias.
- Houve algum tipo de repressão ou represália? E intimidações de forças paramilitares?
Sim.
Enquanto estivemos lá um dirigente da Marcha Patriótica desapareceu, e
pelo que sei continua desaparecido. Além disso, assassinaram um dos
seguranças do camarada do Partido Comunista Colombiano, o Carlos Lozano.
- De que forma o PCB pode contribuir para a luta por paz com justiça social na Colômbia?
O
PCB possui um longa tradição internacionalista. Roberto Morena,David
Capistrano, Dinarco Reis e outros saíram do Brasil para lutar na Guerra
Civil Espanhola contra os fascistas. De lá lutaram na Resistência
Francesa. O nosso partido esteve na linha de frente contra o envio dos
soldados brasileiros à Guerra da Coréia. Temos ainda nossa participação
na solidariedade ao Vietnã, Cuba e Nicarágua.
Agora,
na questão colombiana, não podíamos estar de fora, mesmo que custe a
imprensa burguesa nos acusar por conta de nossa solidariedade ao povo
colombiano, como acontece muitas vezes. Estamos construindo com outros
segmentos a Agenda Colômbia-Brasil, estamos lutando para articular os
diversos segmentos para sensibilizar a opinião publica a buscar uma
solução política para o conflito colombiano, estamos de corpo e alma com
a nossa militância na solidariedade internacionalista ao povo
colombiano
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