22 Novembro 2012
PCB | |
O comprometimento de nosso partido para
com as lutas pela valorização do negro brasileiro vem de longa data. Já
em julho de 1930 denunciávamos a persistência de elementos de escravidão
na situação real experimentada pelos negros do país, não obstante a tão
propalada Abolição da Escravatura. Neste mesmo ano, nas eleições
presidenciais, apresentamos ao povo a candidatura de Minervino de
Oliveira (foto), militante de nosso partido, que se tornou então o
primeiro negro e o primeiro operário a disputar a presidência da
república.
Em nossa Primeira Conferência Nacional
de julho de 1934, realizada na mesma época em que se iniciava a
propagação da tese da “democracia racial brasileira”, denunciávamos o
racismo das classes dominantes e nos comprometíamos a apoiar todas as
lutas pela igualdade de direitos econômicos, políticos e sociais de
negros e índios.
Ainda em meados da década de 30, o
intelectual comunista baiano Edison Carneiro iniciava uma vasta e
significativa obra de investigação e resgate da cultura afro-brasileira,
tornando-se um dos pioneiros em tal campo de estudos e uma referência
fundamental até os dias de hoje. Este mesmo Edison Carneiro, com o apoio
de outros intelectuais comunistas como Jorge Amado e Aydano do Couto
Ferraz, criava, no ano de 1937, a União de Seitas Afro-Brasileiras, a
primeira entidade criada no país com o objetivo de proteger e cultivar
os valores e as tradições religiosas de matriz africana.
Na década de 1940, o PCB solidificou seu
engajamento na luta contra o racismo e em defesa da cultura
afro-brasileira. Sob sua legenda elegeu-se, em 1945, Claudino José da
Silva, primeiro negro a exercer mandato parlamentar e primeiro
constituinte negro da história do Brasil. Durante os trabalhos da
Assembléia Nacional Constituinte de 1946, coube ao escritor e deputado
comunista Jorge Amado a elaboração do projeto da primeira lei federal
que estabeleceu a liberdade para a prática das religiões
afro-brasileiras. Este período registra também a criação do Teatro
Experimental do Negro, que tem como um de seus principais expoentes o
ator, poeta e teatrólogo comunista Francisco Solano Trindade, que
marcaria com sua atividade intensa a arte popular brasileira das décadas
seguintes. Alguns anos mais tarde, apareceram os primeiros trabalhos de
Clóvis Moura, então vinculado ao PCB, cuja produção aportaria uma
importante contribuição aos estudos históricos e sociológicos sobre o
negro no Brasil.
Se no passado nós comunistas estivemos
presentes em praticamente todos os momentos relevantes da trajetória do
povo negro brasileiro, no presente continuamos a apoiar e nos envolver
com essas lutas. Apoiamos as reivindicações imediatas e conquistas
parciais do movimento negro como a titulação das terras das comunidades
remanescentes de quilombos e o Estatuto da Igualdade Racial. No entanto,
compreendemos que nenhuma destas conquistas estará assegurada no futuro
enquanto perdurarem: a) o esvaziamento e sucateamento das universidades
públicas, a privatização e a mercantilização do ensino; b) o controle
do Estado pelos grandes proprietários fundiários e a subordinação da
política agrária do governo aos interesses do agro-negócio; c) a
hegemonia dos interesses do grande capital nacional e internacional no
interior da sociedade brasileira e a subordinação das necessidades do
povo à lógica da acumulação capitalista.
Para que as atuais conquistas sejam
mantidas e aprofundadas e para que novas sejam alcançadas é essencial
que as lutas do povo negro, sem prescindir de sua especificidade,
estejam combinadas às lutas gerais do povo e dos trabalhadores
brasileiros. É necessário somar esforços aos movimentos em defesa de uma
universidade pública gratuita e de qualidade, voltada para a resolução
dos problemas nacionais e para a promoção social das classes populares,
apoiar as ações contra o monopólio da propriedade da terra pelos grupos
latifundiários e por uma reforma agrária ampla e radical, mobilizar-se
enfim, por um poder político que seja a encarnação da vontade de negros e
negras, trabalhadores das cidades e dos campos, pequenos proprietários
urbanos e rurais, artistas e intelectuais avançados.
Salve o Dia da Consciência Negra!
Leia mais: http://www.pcb-baixadasantista.net/news/sauda%c3%a7%c3%a3o-ao-povo-negro/
Nenhum comentário:
Postar um comentário