A Unidade Classista homenageia um militante comunista na resistência operária
No enfrentamento à ditadura burguesa sob
a forma militar, o PCB construiu uma alternativa de luta que orientava
suas bases e informava a frente democrática, para as mais amplas ações
de massa e articulações políticas, como forma de reagir ao regime de
exceção que se estabeleceu no Brasil, em 1º de abril de 1964.
Essa política de frente única dava
sinais de firmeza em 1973 e se consolidou em 1974. A ditadura,
percebendo o avanço dessas formulações na atuação da oposição e dos
movimentos de resistência, organizou a “operação radar” para liquidar o
PCB. O aparelho de repressão partiu para cima do Partido em todo o
Brasil. De 1973 a 1976, dirigiu o grosso dos seus esforços para o
inimigo número 1 da ditadura naquele momento: foram milhares de prisões,
centenas de militantes torturados, dezenas de exilados e 39 militantes e
dirigentes assassinados sob tortura. A desarticulação do PCB era a
condição da ditadura para transitar o seu projeto de “abertura lenta e
gradual”.
Dentro da política de enfrentamento ao
regime fascista, o PCB deliberou por uma ação que movimentasse a classe
operária para um papel protagonista diante da conjuntura de desgaste da
ditadura. As formas de luta eram as reivindicações salariais, a luta por
melhores condições de trabalho, a denúncia dos crimes da ditadura e a
organização do Partido entre os trabalhadores.
Para cumprir esse último papel, a
direção do PCB em São Paulo designou um operário comunista experiente,
temperado nas lutas da nossa classe e convicto do nosso papel: Manoel
Fiel Filho, nascido em 7 de janeiro de 1927, em Alagoas. Esse camarada
ficou responsável pela distribuição do jornal A Voz Operária nas
fábricas da Mooca e pelo trabalho de organização do Partido entre os
operários daquela região fabril.
No dia 16 de janeiro de 1976, agentes do
DOI-CODI prenderam Manoel Fiel Filho na fábrica onde trabalhava, a
Metal Arte, na Mooca. Dois agentes da repressão levaram o líder operário
por volta de meio-dia. No dia seguinte, 17 de janeiro, a repressão
armava um teatro para dizer que o operário comunista havia se matado,
por enforcamento, nas dependências do II Exército. Trata-se de mais uma
armação, Manoel Fiel Filho tinha marcas de tortura na cabeça, pescoço e
punhos. Tinha sido barbaramente torturado e não resistiu, morrendo nas
dependências do Exército, o que criou uma crise política no governo
autoritário.
O camarada Manoel foi Fiel até o seu
último momento à luta pela emancipação dos trabalhadores. Lutou com seu
Partido, ao lado da nossa classe, para derrotar a ditadura.
Por determinação da repressão seu corpo
foi enterrado rapidamente no dia 18, no cemitério da IV Parada, em São
Paulo. Era o medo da ditadura diante da sombra de liberdade que começava
a cobrir vastos segmentos populares na luta pela democracia.
A repressão continuaria perseguindo os
familiares do operário comunista para que eles nada fizessem. As roupas
com as quais havia sido preso foram jogadas na porta da sua casa, pelos
agentes da repressão, quando do aviso de sua morte.
O movimento operário avançou, mostrou-se
forte nas lutas de classe do final da década de setenta, do século
passado. A ditadura foi derrotada e novas batalhas se colocam para os
trabalhadores. A classe operária marcha para fazer a luta política
diante da crise do capital, os comunistas estão construindo a sua
organização para avançar no enfrentamento à burguesia. O camarada Manoel
Fiel Filho é um símbolo dessa luta. Tombou em defesa da nossa classe e
do nosso Partido. Aqui reunidos reafirmamos a sua presença entre nós.
Seu exemplo e a sua lição de luta marcarão os passos da Unidade
Classista, vanguarda dos trabalhadores na luta pela sociedade
socialista.
Mas, neste momento de reorganizar a
nossa luta, queremos afirmar: por nossos mortos nem um minuto de
silêncio, toda uma vida de luta e combates.
Camarada Manoel Fiel Filho, Presente!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!
Viva a Unidade Classista!
I Congresso da Unidade Classista
(17 e 18 de novembro de 2012 – Rio de Janeiro)
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