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Campanha dos 16 dias de ativismo contra a violência de gênero
25 de Novembro - Dia da Não Violência contra as Mulheres
Em 1991, em um congresso feminista latino-americano, com o objetivo de promover debates e denunciar as várias formas de violência de gênero, foi lançada a campanha dos 16 dias de ativismo, dias de lembrança e ação na luta contra toda forma de preconceito, opressão e discriminação sofridos pela mulher, sendo essa uma iniciativa de âmbito nacional e internacional ocorrendo, simultaneamente em cerca de 120 países com um trabalho educativo, de sensibilização e de lutas pela não violência contra as mulheres.
A Campanha dos 16 dias de ativismo contra a violência de gênero tem como marco inicial a data de 25 de Novembro - Dia da Não Violência contra as Mulheres – e final no dia 10 de dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos-, estabelecendo-se, portanto, um elo simbólico entre violência de gênero e classe e direitos humanos. No Brasil as feministas incorporaram, dentro dos 16 dias, outras datas como o 20 de Novembro – Dia Nacional da Consciência Negra, buscando a inclusão da cultura negra, as lutas contra a tripla discriminação sofrida pela mulher negra (gênero, raça e classe social) e ainda, os dias 01 de dezembro ( Luta contra a Aids), 06 ( massacre em Montreal) e 18 de Dezembro data em que a ONU, em 1979, aprovou a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, o CEDAW.
O dia 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra - É um dia de denúncia, protesto e resistência em memória do martírio e morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da inteligência e resistência da população negra, ocorrida em 1695. A data enseja a denúncia contra a ideologia da democracia racial e o espírito de resistência contra as desigualdades perpetuadas sob o pretexto da diferença racial. Refere-se, também, à defesa e promoção da identidade e dos valores étnicos.
25 DE NOVEMBRO
O dia 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres, foi escolhido para lembrar o assassinato brutal das irmãs Mirabal, Minerva, Pátria e Maria Tereza, pela bravura de “Las Mariposas”, ou Borboletas, como eram conhecidas, já que utilizavam este nome secreto nas atividades clandestinas, nas lutas pela busca da liberdade política do país, em oposição a Rafael Leônidas Trujillo, ditador sanguinário da República Dominicana, uma das mais violentas da América Latina, entre o período de1930 a 1961. Em função da ação política as irmãs foram presas junto com seus maridos mas, a prisão delas provocou uma comoção popular obrigando o ditador a libertá-las, para, em seguida, simular um acidente automobilístico matando-as quando voltavam da prisão de uma visita aos maridos. Seus corpos foram encontrados no fundo de um vale, estranguladas e com os ossos quebrados. Pouco tempo depois em 30 de maio de 1961, Trujillo é assassinado e com ele cai a ditadura.
Em 1º de dezembro de 1988, por ocasião do Encontro Mundial de ministros de Saúde de 140 países, que ocorreu em Londres, foi criado o Dia Mundial de Combate à Aids, data que se aproveita para apontar as estatísticas e formas de combate à feminização da AIDs.
O dia 06 de dezembro, foi assinalado como o Dia internacional da Não Violência contra a Mulher marcado pelo massacre de mulheres em Montreal no Canadá, no dia 6 d dezembro de 1989, no qual Marc Lepine, invadiu armado uma sala de aula da Escola Politécnica, ordenou a saída da sala dos 48 homens presentes, permanecendo no recinto somente as mulheres. Lepine atirou e assassinou 14 mulheres, à queima roupa. Em seguida, suicidou-se. Em uma carta deixada por ele, justificava seu ato dizendo que não suportava a ideia de ver mulheres estudando Engenharia, um curso tradicionalmente voltado para os homens. O massacre tornou-se símbolo da injustiça contra as mulheres e inspirou a criação da Campanha do Laço Branco, mobilizando homens e mulheres pelo fim da violência contra as mulheres. No Brasil, a partir de 2007, é o dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo fim da Violência contra as Mulheres consagrado pela Lei 11.489/07.
A Campanha dos 16 dias de Ativismo é encerrada por uma das datas mais Importantes, O Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU, como resposta à barbárie praticada pelo nazismo contra judeus, comunistas e ciganos e ainda às bombas atômicas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagazaki, matando milhares de inocentes. Até hoje os artigos da Declaração fundamentam inúmeros tratados e dispositivos voltados à proteção dos direitos fundamentais.
O COLETIVO ANA MONTENEGRO relembra esses momentos de importantes lutas das feministas, porém, entende que no Brasil, temos que sair dessa lógica da ruptura por dentro do sistema como temos feito nas últimas décadas. No contexto do capitalismo atual no nosso país, nossas lutas têm que superar o caráter reformista, se pretende avanços das conquistas das mulheres. Temos que travar lutas, tendo como elemento a questão da centralidade do trabalho, rompendo com o sistema e esse rompimento passa pela luta das mulheres, claro, contra a violência de gênero, mas também contra a violência do estado capitalista que aí está, numa luta por salário igual para trabalho igual, contra a exploração cada vez mais intensa do capital, contra o assédio moral, contra o financiamento de guerras, a venda de armas pelo Brasil, sabendo que as mulheres no mundo são, juntamente com as crianças, as mais prejudicadas com as mesmas. Reafirmamos nossos compromissos com a ideologia revolucionária, daí a nossa recusa com os projetos governamentais que, na verdade, estão atendendo as reivindicações do capitalismo e, portanto, não as nossas, tudo sem qualquer ilusão quanto aos limites da democracia liberal.
COLETIVO DE MULHERES ANA MONTENEGRO
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