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por Thierry Meyssan*
Rede Voltaire | Beirute (Líbano) | 28 de Outubro de 2012
Em uma reunião em Ancara, o almirante
James Winnefeld, chefe de estado-maior adjunto dos E.U., confirmou que
Washington revelaria as suas intenções em relação à Síria, logo após
terminar a eleição presidencial de 6 novembro. Ele deu claramente a
entender aos seus interlocutores turcos que um plano de paz tinha já
sido negociado com Moscou, que Bachar el-Assad ficará no poder e que o
Conselho de segurança não autorizaria a criação de zonas tampões. Pelo
seu lado, o secretário-geral adjunto da ONU encarregado das operações de
manutenção da paz, Hervé Ladsous, confirmou que estava em vias de
estudar as possibilidades de colocação de capacetes azuis na Síria.
Todos os atores da região se preparam
pois para um cessar-fogo imposto por uma força composta principalmente
por tropas da Organização do Tratado de Segurança coletiva (Armênia,
Bielorússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão). De fato,
isto significa que os Estados-Unidos prosseguirão em a sua retirada da
região, iniciada no Iraque, e aceitam aí a partilha da sua influência
com a Rússia.
Simultaneamente, o New York
Times revelou que as conversações diretas vão ser retomadas entre
Washington e Teerã, no exato momento em que os Estados-Unidos se
dedicam a afundar a moeda iraniana. De forma clara, após 33 anos de
containement (cerco-NdT), Washington admite que Teerã é uma potência
regional imbatível, mesmo que continue a sabotar a sua economia.
Esta nova realidade faz-se às custas da
Arabia saudita, da França, de Israel, do Quatar e da Turquia que
apostavam todos numa mudança de regime em Damasco. Esta
heterogenia coligação divide-se agora entre os que reclamam um premio de
consolação e aqueles que tentam sabotar o processo em curso.
De repente, Ancara mudou de alvo. Recep
Tayyip Erdogan, que afirmava estar pronto para o pior, tenta
reconciliar-se com Teerã e Moscou. Alguns dias após ter insultado os
Iranianos e molestado diplomatas russos, tornou-se todo mesuras. Ele
aproveitou a cúpula da Organização de Cooperação Econômica em Baku para
se encontrar com o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Propôs-lhe colocar em
ação um complexo dispositivo de discussão sobre a crise síria que
permitisse quer à Turquia quer à Arabia Saudita evitar ficar a ver
passar os comboios. Preocupado em não humilhar os vencidos, o presidente
iraniano mostrou-se aberto a esta iniciativa.
O Quatar, pelo seu lado, está já à
procura de novos espaços para as suas ambições. O emir Hamad ofereceu-se
para realizar uma viagem a Gaza e arvorou-se em ser protetor do Hamas.
Ele veria com bons olhos a derrubada do rei da Jordânia, a transformação
do reino Hachemita numa república palestina e a instalação no poder dos
seus protegidos da Irmandade dos Irmãos Muçulmanos.
Restam Israel e a França que
constituam uma frente da recusa. A nova geopolítica daria uma garantia
de protecção para o Estado de Israel, mas colocaria um fim ao seu
estatuto partícular na cena internacional e arruinaria os seus sonhos
expansionistas. Tel-Aviv seria rebaixada para um escalão de potência
secundária. Quanto à França, ela perderia a sua influência na
região, incluindo o Líbano. É neste contexto que os serviços secretos
dos dois Estados conceberam uma operação para fazer falhar o acordo
EUA-Rússia-Irão. Mesmo na hipótese desta operação falhar, ela deveria
ficar oculta, apagando-se as provas da ingerência na crise síria.
Primeiro a França fez circular um rumor
segundo o qual o presidente Bachar el-Assad teria encomendado ao
Hezbollah o assassinato de cinco personalidades libanesas : o chefe das
Forças de segurança interna, o director das forças do ministério do
Interior, o grande mufti, o patriarca maronita e o antigo Primeiro-
ministro Fouad Siniora. Depois, Paris sacrificou Michel Samaha — que lhe
servia de agente de ligação com os serviços sírios, mas tinha acabado
de cair em desgraça em Damasco e se tinha pois tornado dispensável. — O
brilhante e versátil político caiu numa armadilha montada pelo general
Wassam el-Hassan — chefe das FSI e ele próprio agente de ligação com os
salafistas. — Depois, Paris sacrificou o general Wissam el-Hassan, que
não só seria inútil em caso de paz na Síria, mas perigoso porque sabia
demais. Assim o boato francês concretizou-se: o primeiro em
relação à lista dos alvos está morto, e uma personalidade pró-síria foi
presa ao preparar um atentado contra um outro alvo da lista.
No centro desta maquinação, encontramos o
general Benoît Puga. Este antigo comandante das Operações especiais e
director do Serviço de Informação militar francês foi chefe de
estado-maior Conselheiro do presidente Nicolas Sarkozy e foi mantido no
seu posto pelo presidente François Hollande. Proclamando um apoio
incondicional à colonização judia da Palestina e relações privilegiadas
com os neoconservadores dos EU, ele relançou a política colonial da
França na Costa do Marfim, na Líbia e na Síria. Era o agente tratando ao
mesmo tempo de Michel Samaha e de Wissam el-Hassan. Ele é hoje em dia o
homem forte em Paris. Numa violação das instituições democráticas,
governa sozinho a política da França no Próximo-Oriente, mesmo que esta
atribuição não corresponda às suas funções oficiais.
*Thierry Meyssan: Intelectual francês, presidente fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. Publica análises de política estrangeira na imprensa árabe, latino-americana e russa. Último livro publicado: L’Effroyable imposture : Tome 2, Manipulations et désinformations (éd. JP Bertand, 2007).
Imagen de desolación en Beirut
durante el atentado perpetrado en el barrio cristiano de Achrafieh.
Después de identificarlo mediante sus efectos personales, las
autoridades anunciaron la muerte del general Wissan el-Hassan. Ningún
examen médico legal ha permitido determinar, sin embargo, si la víctima
se hallaba efectivamente en su automóvil. Supuestamente, el general
libanés acababa de regresar ese mismo día de París, donde se reunió con
el general Benoit Puga, pero las autoridades a cargo del control de las
fronteras no tienen constancia de su llegada al Líbano.
O conflito militar na Síria, que começou
em Março de 2011 e já causou a morte de milhares de pessoas, está
constantemente a apresentar novos elementos, que estão ligados à
intervenção estrangeira nos assuntos internos da Síria e ao conflito de
potências imperialistas, regionais e globais, sob as condições da crise
capitalista global. Depois dos três vetos nos últimos meses da Rússia e
da China no Conselho de Segurança, que deste modo impediram a
“legitimação” internacional da intervenção militar estrangeira para o
derrube do regime de Assad, assistimos ao reforço da operação dos EUA,
da NATO, da Liga Árabe, da França, assim como dos “atores regionais”, em
especial da Turquia, do Qatar e da Arábia Saudita, no que se refere ao
armamento e ao apoio mais geral das forças armadas anti-regime.
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