Palestina festeja elevação de status nas Nações Unidas
Enquanto
os palestinos ainda festejavam votação, EUA e Israel advertiam para
novas ameaças contra processo de paz no Oriente Médio. Berlim diz que
medida deve servir para acelerar retorno às negociações.
Em
uma votação histórica, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU)
elevou, por grande maioria, o status da Palestina a Estado observador
não membro. Nesta sexta-feira (30/11), enquanto os palestinos ainda
festejavam a votação do dia anterior, Estados Unidos e Israel advertiam
para novas ameaças contra o processo de paz no Oriente Médio.
Comentários na mídia israelense denominaram a votação uma derrota
diplomática para o Estado judeu.
Um
total de 138 países votou a favor da medida, incluindo o Brasil,
enquanto apenas nove votaram contra, incluindo EUA e Israel. Além da
Alemanha, 40 outras nações se abstiveram. O presidente palestino,
Mahmoud Abbas, falou de um "dia histórico". "Hoje demos um passo
importante no caminho para a independência palestina", declarou.
Até
então, a representação palestina na ONU tinha apenas papel de
observador simples, comparável à de organizações internacionais. Agora,
as Nações Unidas certificam aos palestinos formalmente o status de
Estado. A Autoridade Nacional Palestina em Ramallah pode agora aderir a
certas organizações das Nações Unidas e aos tratados internacionais,
além de ter acesso a órgãos internacionais de justiça.
Celebração
Nos
territórios palestinos, o novo status na ONU foi festejado
freneticamente. Em Ramallah, na Cisjordânia, milhares de pessoas foram
às ruas, deram salvas de tiros e se abraçaram. Em outras cidades da
Cisjordânia também houve celebrações. Em Belém, fogos de artifício foram
disparados, os sinos tocaram à meia-noite. Também houve festa na Faixa
de Gaza, atualmente controlada pelo grupo radical islâmico Hamas.
Integrantes do Hamas, que a princípio rejeita a política diplomática de
Abbas, falaram de uma "nova vitória no caminho para libertar a
Palestina".
Presidente Abbas: "dia histórico" para palestinos
A
secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, classificou a votação
como "infeliz e contraproducente". O primeiro-ministro israelense,
Benjamin Netanyahu, acusou Abbas de fazer um discurso "cheio de mentiras
e propaganda". "A decisão das Nações Unidas não muda nada localmente",
acrescentou. "Não haverá Estado palestino sem garantias para a segurança
dos israelenses."
A
votação também evidenciou uma profunda ruptura entre os europeus sobre a
política para o Oriente Médio. Enquanto Reino Unido e Alemanha se
abstiveram, países como França, Itália, Espanha e Suécia votaram pelo
novo status dos palestinos. A República Tcheca votou contra.
Pressão pela paz
Cresce
a pressão internacional sobre ambos os lados para que conversações de
paz sejam retomadas. O ministro do Exterior da Alemanha, Guido
Westerwelle, declarou nesta sexta-feira ser a favor de uma rápida
retomada das negociações de paz. Ele afirmou que a elevação da condição
da Palestina na ONU deve ser tomada como uma oportunidade para que ambos
os lados voltem "o mais cedo possível" à mesa de negociações.
De
acordo com a mídia israelense, Berlim não votou contra o pedido
palestino, apesar da relação de lealdade especial dos alemães para com
Israel, por ser contra a política de assentamentos israelenses na
Cisjordânia. "Os israelenses não reagiram a nossos pedidos para dar um
gesto de boa-vontade na questão dos assentamentos", citou o jornal
israelense Haaretz um alto funcionário do governo alemão, que não quis
se identificar.
MD/afp/rtr
Francis França
DW.DE
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