sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MST OCUPA TERRAS DA USINA CAMBAYBA

Jornal Folha da Manhã

Sem Terras invadem terras da Cambaíba

Helen Souza
Cerca de 100 famílias do Movimento dos Sem Terra (MST) invadiram os 2 mil e 800 hectares da propriedade da Usina Cambaíba na madrugada de ontem. A ocupação aconteceu após a 2ª Vara Federal de Campos conceder a autorização ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a desapropriação da área. O objetivo do ato, segundo o coordenador nacional do movimento, João Ricardo Ferreira, é de estabelecer a reforma agrária no local que estaria abandonado e não estaria exercendo função social.
A ação, que começou por volta de 5h, contou com a presença de diversas famílias moradoras de Campos e localidades próximas à área ocupada. Segundo o coordenador do MST, a ocupação aconteceu de forma pacífica e não houve intervenção da policia. De acordo com ele, é possível que dentro dos próximos dias os proprietários das terras recorram à decisão judicial de uma futura desapropriação e acionem o reforço policial.
— É importante lembrar que a Vara Federal autorizou a desapropriação por parte do INCRA, mas ela ainda não aconteceu. Enquanto isso, o proprietário pode entrar com uma ação recorrendo à decisão, já que, por lei, as terras ainda são particulares — explicou João Ricardo.
O coordenador lembrou que há 14 anos, o MST ocupou as mesmas terras, mas teriam sido despejados por não haver autorização para a ação. Desta vez, os manifestantes estão confiantes na justiça e esperam conseguir o que, segundo eles, é um direito, de acordo com o artigo 186 da Constituição Federal, como falou a produtora rural Aline Soares da Silva, 26 anos.
— Essas terras estão completamente abandonadas e a gente não tem onde morar ou produzir. Esperamos que, desta vez, a gente consiga os nossos direitos — disse Aline.
A equipe de reportagem da Folha da Manhã tentou falar, por telefone, com a filha do proprietário da Usina Cambaíba, Cecília Ribeiro Gomes, mas não obteve resposta. O INCRA também foi procurado na manhã de ontem, mas, por ser feriado, não foi possível estabelecer contato.

Em agosto deste ano, representantes do Movimento Sem Terra (MST) realizaram um ato público na Praça São Salvador pedindo a aceleração no processo para a desapropriação das terras da Usina Cambaíba. Na ocasião, o engenheiro Jorge Gomes, 60 anos, filho do proprietário Hely Ribeiro Gomes, informou que as terras não estão inoperantes e que estariam sendo cultivadas para o plantio da cana-de-açúcar na exploração agrícola.
A Usina Cambaíba ficou nacionalmente conhecida após a publicação do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, onde o ex-delegado do Departamento de Ordem Pública e Social (Dops), Cláudio Guerra, afirma que o local foi utilizado na década de 70 para queimar os corpos de dez militantes políticos contrários á Ditadura Militar. A família também nega a informação.

Ulli Marques

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