sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Oposição sobe o tom e Rosinha sente o golpe

Do Blog Urgente


Aconteceu de novo. Os candidatos Erik Schunk (Psol) e José Geraldo (PRP) foram os que melhor aproveitaram o debate da Inter TV nesta noite. Foi graças a eles que os eleitores não sucumbiram ao tom monocórdio de ninar de Makhoul Moussalem (PT) e Arnaldo Vianna (PDT).

Mas tem algo que não se repetiu: Rosinha Garotinho (PR) não resistiu tão bem quanto em outros debates aos ataques que sofreu – até mesmo porque, dessa vez, a artilharia foi um pouco mais pesada e os quatro adversários aproveitaram melhor as perguntas mútuas para mirar no mesmo alvo.

Além disso, televisão é essencialmente imagem. O tom, o gesto, a entonação, valem mais do que as palavras. E proponho um teste ao leitor: feche os olhos e procure lembrar de uma passagem do debate. Sou capaz de apostar que você se lembrou de Erik Schunk naquela pausa dramática em que aplaudiu a candidata Rosinha Garotinho e disse que ela era uma boa artista, que teria um lugar na TV Globo.

Independentemente do mérito ou da justiça do gracejo, a atitude se somou a uma outra que foi vital para o crescimento, a partir daquele momento, do nível das críticas. Foi quando, no segundo bloco, o mesmo Erik havia dito que “a jovem prefeita não tem humildade para dialogar com técnicos e com a população”, e pediu desculpas aos demais candidatos “pela grosseria da prefeita”.

Essa partida de Erik para o ataque, com desenvoltura muito melhor do que o verificado nos debates anteriores, assim como a já conhecida verve de José Geraldo, colocou a prefeita nas cordas em alguns momentos. E ela não sofrerá abalos apenas pelo fato de que precisaria ter se saído tragicamente pior do que foi para chegar a perder algum ponto em um eleitorado tão fiel – que, a esta altura, deve estar confirmando internamente a crença de que a candidata foi injustiçada por ter sido tão violentamente atacada e por não terem lhe concedido os dois pedidos de direito de resposta solicitados.

José Geraldo também bateu duro, especialmente quando lembrou que a filha do casal Garotinho, Clarissa Garotinho, segundo ele, é contra a taxa de iluminação pública no Rio de Janeiro, enquanto a mãe, ainda de acordo com ele, é a favor em Campos.

Bom momento de Rosinha

Houve, no entanto, um único momento brilhante de Rosinha, facilitada pela inabilidade de Arnaldo. Foi quando ela, a partir de pergunta justamente dele, deitou e rolou ao falar do Fundecam (Fundo de Desenvolvimento de Campos). “Eu tive que botar todo mundo no Serasa, porque as empresas que aqui pegaram dinheiro não pagaram”, disse a prefeita, referindo-se a uma suposta gerência incorreta do Fundo pelos governos anteriores.

Quanto a Makhoul (PT), o desejável é que ele pegasse umas aulas de retórica com o seu vice, Andral Tavares (PV). Ele não sabe dar ênfase até a propostas que, na boca de um bom orador, provocaria algum furor, como na promessa que faz de passar o salário básico do professor do município para R$ 2.500,00. Ele diz algo dessa magnitude assim como quem não quer nada, em meio a uma fala embolada, engrenando em outras promessas, comendo as palavras ao meio. A seu favor registre-se que saiu-se melhor do que no debate anterior, o que já era previsível, dado que notoriamente não estava em boas condições físicas na última segunda, na Record.

Arnaldo também foi melhor que si mesmo. Comparando com os debates anteriores, demonstrou mais concentração, mais segurança, não foi tão mal. Mas, isso, repito, comparando com o seu próprio desempenho neste tipo de evento. No embate com os adversários, no entanto, ele é uma pálida sombra.

Boa moderação

Um bom aspecto desse debate foi a fluência perfeita dos blocos, dos tempos, da moderação. Sem sobressaltos. Até mesmo com a moderadora Bette Lucchese se permitindo, vez por outra, sorrir (ou estaria rindo dos candidatos?). O formato foi dinâmico, a condução foi segura, e lamenta-se apenas a falta de capacidade dos candidatos de expor objetivamente suas propostas em pouco tempo. Foram repetitivos, genéricos e não demonstraram preparo para governar – que nada tem a ver com preparo para debater.

Nenhum comentário:

Postar um comentário