sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Líbia sobrevive no caos um ano após o assassinato de Muammar Al Gaddafi


imagemCrédito: RLA


Leandro Aalbani
Há um ano era assassinado Muammar Al Gaddafi e a Líbia começava uma escalada de violência e crise que ainda não acabou
Resumen Latinoamericano/AVN - A instabilidade política e social se estende como um rastilho de pólvora na Líbia. Pouco ficou das promessas realizadas pelo Conselho Nacional de Transição (CNT), que no dia 20 de outubro do ano passado assassinou o líder Muammar Al Gaddafi, com o apoio militar da Organização do Tratado para o Atlântico Norte (Otan), que durante oito meses bombardeou de forma massiva o país do norte da África.
A crise na Líbia se aprofundou ainda mais com o assassinato do embaixador estadunidense, Chris Stevens, durante um ataque armado contra o consulado norte-americano na cidade de Benghasi sobre o qual ficaram muitas dúvidas.
Com a morte do diplomata, que foi um dos principais impulsores dos grupos mercenários que derrocaram Gaddafi, os enfrentamentos se potencializaram em várias cidades líbias, mostrando que a suposta paz prometida pela CNT está muito longe de chegar.
Nos últimos dias os olhares pousaram sobre Bani Walid, localidade que se converteu em um dos bastiões da resistência gaddafista durante os bombardeios da Otan.
A cidade se encontra sitiada pelas forças armadas do governo de transição após uma sucessão de combates que deixaram como saldo dezenas de mortos. Meios de comunicação líbios assinalaram que Bani Walid foi submetida a fogo de artilharia, o que ocasionou 11 mortos e vários feridos.
A presença em todo o país de milícias armadas, muitas delas conformadas por mercenários e membros da Al Qaeda que combateram contra o Exército líbio, é um dos dois detonadores da atual crise. Até o momento, a direção do CNT e do governo não conseguiram desmantelar esses grupos, que operam com total autonomia e aplicam suas próprias leis nas zonas que controlam, submetendo a população.
Frente a esta situação, o titular do Congresso Nacional líbio (organismo que na atualidade funciona como governo de fato), Mohamed Megarief, viajou a Bani Walid para negociar o cessar fogo, ainda que não tenham reportado informações sobre os resultados obtidos. Um despacho de Prensa Latina informou que Salem Al Waer, dirigente do Conselho da cidade, expressou dúvidas sobre a possibilidade de que Megarief cumpra seu compromisso, devido aos intensos combates.
Em cidades como Bengasi, Zilten e Misrata as escaramuças, protestos e combates se multiplicaram com o transcurso dos meses.
A isto se soma a recente denúncia publicada no diário italiano Corriere della Sera, sobre a participação de um agente do serviço secreto francês no assassinato de Gaddafi. Com esta notícia se dá uma nova confirmação da presença na Líbia de agentes de inteligência estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos e da França, como foi revelado em diferentes meios de imprensa no ano passado.
A França recebe 35% do petróleo bruto produzido na Líbia, segundo o acordo do então mandatário francês Nicolás Zarkozy, assinado com os rebeldes e mercenários que desestabilizaram o governo da República Árabe Jamahiriya Socialista.
Outro ponto que gerou grandes tensões, é Saif Al Islam, filho do líder líbio, que se encontra detido no país, esperando ser julgado, ainda que um processo judicial contra ele poderia desembocar em novas revelações sobre as relações que mantinha seu pai com os governantes europeus, algo que tão pouco se aprofundou nas investigações.
Em meio à crise na Líbia, a Organização das Nações Unidas (ONU) ou as potências que invadiram o país, encabeçadas pela Casa Branca, não arriscaram a possibilidade de efetuar uma investigação completa pelo assassinato de Gaddafi, que se produziu sem julgamento prévio, como tão pouco rastrear o destino das reservas internacionais do país, confiscadas pelos governos europeus e norte-americano, e que atinge bilhões de dólares.
O silêncio sobre a Líbia é um fardo pesado construído à base de bombardeios, ainda que nessas terras mais de 20 mil civis foram assassinados pela Otan e os mercenários, que conformaram uma coalizão respaldada com a impunidade outorgada por Washington e seus aliados.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/index.php?option=com_content&task=view&id=3277
Tradução: PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

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