(Veiculado pelo Correio da Cidadania a partir de 12/04/13)
Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia
Determinado bem pertencente ao povo brasileiro, que vale no mercado
em torno de US$ 1,5 trilhão, vai ser repassado, no próximo mês de maio, a
empresas estrangeiras pelo pagamento de US$ 225 bilhões de royalties
durante um período de 30 anos. Pode ser suposto que, para colocar o bem
no mercado, as empresas precisam recuperar investimentos e custos
realizados, além de ter um bom lucro, ou seja, elas precisam retirar US$
600 bilhões do negócio. Em outras palavras, nosso povo deveria receber
pelo bem em torno de US$ 900 bilhões (= US$ 1,5 trilhão - US$ 600
bilhões). Como recebe só US$ 225 bilhões, ele vai ter seu patrimônio
subtraído exatamente em US$ 675 bilhões, parcela esta que irá para os
caixas das empresas como superlucro.
O PIB do Brasil em 2012 foi de US$ 2,3 trilhões. Assim, esta
subtração do patrimônio do nosso povo é igual a cerca de 30% do PIB
brasileiro. No entanto, nenhum meio de comunicação tradicional, quer
sejam os jornalões ou as revistas semanais ou as TV abertas ou por
assinatura, falou sobre este fato. A população brasileira nada sabe
sobre uma ação que representará uma gigantesca subtração de patrimônio
público. Este silêncio é a comprovação da parcialidade da grande mídia,
que oculta as verdadeiras questões de interesse da sociedade. Por outro
lado, fica patente também a falta de compreensão da classe política, com
raras exceções, com relação às prioridades da nossa sociedade. Se não
for falta de compreensão, pode ser algo bem pior.
É preciso deixar claro que tudo será feito e o patrimônio será
entregue estritamente dentro da lei. Uma lei extremamente injusta para
com a sociedade e muito benéfica para as empresas, principalmente as
estrangeiras. Mas é a lei vigente para blocos fora da área do Pré-sal,
de número 9.478 de 1997. A referida subtração é aprovada a partir da
entrega de áreas do território nacional como concessões para empresas
explorarem e produzirem petróleo e gás, que ocorrerá na 11ª Rodada de
leilões de blocos, promovida pelo governo brasileiro nos dias 14 e 15 de
maio. A estimativa de petróleo a ser descoberto nestes blocos foi
fornecida pela própria diretora-geral da ANP em seminário de promoção da
Rodada.
Vou repetir argumentações de outros artigos meus sobre este assunto,
para explicar sumariamente como esta Rodada é pouco atraente. As
empresas estrangeiras arrematarão grande número de blocos e irão
exportar todo petróleo descoberto nestes blocos in natura. Na
fase de investimentos, quase não irão comprar no país, não irão
contratar desenvolvimento tecnológico nem engenharia no Brasil, quase
não irão empregar mão de obra local e deixarão no Brasil o royalty, que
é, em comparação com o lucro, uma parcela bem menor. Também, o Brasil
perde a possibilidade de uso do fornecimento garantido de petróleo de
médio prazo a outros países como instrumento de ação geopolítica. A lei
9.478 permite todas estas injustiças e usurpação da nossa riqueza.
À primeira vista, a alegria devido à morte de um ser humano pode ser
considerada uma desumanidade. No entanto, pode também significar uma
explosão de alívio, pois a fonte de opressão e insensibilidade,
representada pelo morto, foi extinta. Foi o que aconteceu com a morte de
Margareth Thatcher. Ou seja, o povo comemorou a execução pela Justiça
divina, ou pelo acaso, daquilo que a Justiça terrestre foi incapaz de
corrigir. Injustiças causadas pelo preposto do capital, com ajuda da
mídia subalterna, tristemente suportadas pelo povo, oprimem tanto que a
morte do algoz pode ser comemorada.
Apesar da inegável realização social dos governos Lula e Dilma, fica
uma pergunta na nossa mente: qual o legado a presidente Dilma quer
deixar neste setor? Ser lembrada como membro da Escola da privatista
Margareth Thatcher?
Se você estiver convencido sobre o que foi explicado e quiser fazer
valer seu desejo, mesmo porque a Constituição afirma que todo poder
emana do povo, remeta um recado para a presidente Dilma através do
endereço: https://sistema.planalto.gov.br/falepr2/index.php. Com relação aos deputados e senadores, mandar mensagens é mais complicado, porque teria que ser através de e-mails individuais. Um e-mail
para cada um dos 513 deputados e cada um dos 81 senadores. No entanto,
não deixe de mandar para aqueles nos quais você acredita. Sugiro,
também, que você se defenda, pois estará sendo lesado. Lute como puder
para esta usurpação ser barrada.
Blog do autor: http://paulometri.blogspot.com.br/
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