Por UC 10/03/2010 às 19:03
PORQUE ADERIMOS AO PCB
Nosso Coletivo se formou com base na disposição de alguns
militantes, em sua maioria rompidos com o PSTU no final dos anos
noventa, de resistir ao processo de institucionalização e de
capitulação ao regime democrático-burguês das organizações de
esquerda no Brasil. Combinada com essa disposição, estava a
intenção de batalhar pelo reagrupamento dos revolucionários,
necessidade vital ante a ofensiva do capitalismo desde o desmonte da
União Soviética.
Considerando as condições da conjuntura adversa, as debilidades de
um punhado de militantes isolados, podemos dizer que sua trajetória
rendeu alguns frutos. Nosso coletivo não se restringiu a discussões
internas, manteve uma permanente ação militante, editou panfletos,
boletins e até mesmo um jornal regular, O Proletário. Além disso,
orientou seus membros no sentido de se estruturar e se organizar
junto a nossa classe, animando suas atividades sindicais e culturais.
A consciência de que nosso caminho não deveria ser o de construir
mais uma seita de esquerda, atrelada a um ?messias do marxismo?,
detentor de todas as respostas, nos levou desde o começo a nos
reconhecer enquanto marxistas militantes, portando, comunistas.
Reconhecemos e partimos das elaborações e aportes dos nossos
dirigentes históricos: Marx, Engels, Lênin, Trotski, Gramsci e Rosa
Luxemburgo. Procurando nos afastar, corretamente, dos exclusivismos
sectários e reducionistas.
Mantendo coerência com essa linha de pensamento, buscamos
estabelecer acordos e relações políticas com outras organizações
da esquerda comunista. Fizemos parte do movimento que viria a resultar
posteriormente na fundação do PSOL, ali defendemos a formação de
uma frente de esquerda, em base a um programa mínimo, aberta as
organizações e partidos legalizados, onde estes manteriam sua
independência organizativa e política, proposta que se viu
derrotada ante a intenção majoritária naquele movimento de se
constituir enquanto partido meramente eleitoral, nos marcos do regime
burguês, fato que nos levou ao afastamento definitivo.
Apesar deste revés a UC não esmoreceu, pelo contrário, continuou
seu trabalho militante. Orientou-se, então, por um combate
permanente contra os desvios sectários e ultra-esquerdistas,
adotando, no interior do movimento dos trabalhadores, a proposta de
Frente Única de todos aqueles que se colocam no campo da luta contra
a ofensiva capitalista.
É a partir desse período que, nas lutas dos trabalhadores, nas
eleições e nas campanhas antiimperialistas, onde tivemos alguma
participação aqui no Rio de Janeiro, verificamos que nossas
posições estavam muito próximas das defendidas pelo PCB. A partir
desse reconhecimento, procuramos estabelecer relações políticas
com este partido, coerentes com nosso objetivo estratégico de
reagrupamento dos revolucionários. Esta aproximação culminou com o
convite para participarmos do seu XIV Congresso.
Nossa compreensão é de que o PCB demonstrou neste XIV Congresso ter
o potencial para se transformar no aglutinador da esquerda comunista
brasileira. Nos debates que o antecederam, observamos os
posicionamentos dos militantes e simpatizantes ter livre acesso à
mídia do partido, permitindo a todos tomar conhecimento não só das
teses elaboradas pela direção, mas de um conjunto de aportes vindos
das mais diversas instâncias partidárias. As teses colocaram em
discussão uma rica análise da situação internacional e nacional,
avançando também no exame da derrocada do modelo burocrático na
URSS e das deformações estalinistas ali produzidas.
As conclusões do XIV Congresso apontaram corretamente a
caracterização do capitalismo, enquanto sistema global, como
principal inimigo do proletariado mundial e conseqüentemente
colocando o internacionalismo proletário na ordem do dia. A nível
nacional, define o caráter socialista da revolução brasileira, a
partir do entendimento de que o capitalismo está plenamente
consolidado no Brasil, conduzido por um bloco burguês acoplado de
forma umbilical ao imperialismo.
O PT no governo cumpre um papel nefasto, demonstrou ser a quinta
coluna da burguesia no seio do proletariado, reforçou o predomínio
do capital monopolista em aliança com o imperialismo, desmobilizando
e contribuindo para fazer retroceder a consciência de classe dos
trabalhadores.
Como estratégia de combate a esse bloco burguês e seus aliados, o
Congresso do PCB levanta a necessidade de se constituir um Bloco
Revolucionário do Proletariado para aglutinar as forças políticas
e sociais antiimperialistas e anticapitalistas, visando a
emancipação dos trabalhadores. Esse Bloco precisa ir além de meras
coligações eleitorais, devendo se concretizar nas mais diversas
trincheiras da luta de classes.
Para nós, da União Comunista, estas são as questões fundamentais.
Se temos acordo sobre elas, entendemos que seria um grande equívoco
nos mantermos divididos em função de particularidades táticas ou
locais. Por estas razões, coerentes com o que sempre defendemos,
chegamos à deliberação de dissolver a UC e aderir, como soldados
da revolução, ao Partido Comunista Brasileiro.
Viva a União dos Comunistas!
Viva a Revolução Socialista!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!
Rio de Janeiro, março de 2010.
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