O medo do novo é um dos motivos pelos quais o ser humano apresenta grande resistência à mudança. Assim sendo, muitos preferem a manutenção de uma realidade ou um sistema ruim porém conhecido, do que mudar para algo que, embora positivo é desconhecido e sobre o qual não se tem dominio. Daí a constatação de que, na História, a mudança das mentalidades é a mais difícil e lenta para a humanidade, fazendo com que haja a coexistência do " velho " e do "novo".
Digo isso na tentativa de ilustrar minha observação sobre os acontecimentos recentes no município de Campos.
O mau uso dos recursos dos royalties, com a ausência de investimentos desses recursos em infraestrutura e no desenvolvimento do município, servindo mais à corrupção do que a finalidade ao qual se destina, há muito tem sido motivo de insatisfação e revolta para o povo campista. Entretanto, além dos frequentes escândalos de denúncias e prisões de autoridades locais, efetivamente nada mudou.
Hoje é o dia da votação do projeto de Ibsen Pinheiro que versa sobre a redistribuição dos recursos dos royalties que se aprovada, sem dúvida, representará um grande prejuízo para os municípios produtores. No entanto creio que, pela efervescência política de um ano eleitoral este risco seja superado pelos acordos entre os pares, que enxergam o perigo disso para as suas candidaturas.
O lado positivo disso é que, o fato tem servido para suscitar no povo campista uma reflexão e questionamentos sobre onde e em que estão sendo aplicados os royalties em Campos dos Goytacazes. Tratando-se de alguns milhões, onde foram parar se as condições de vida do povo continuam as mesmas ou pior do que antes do recebimento destes volumosos recursos?
Estas indagações partem de todos os lados. Do homem simples e iletrado ao doutor. É assunto em todas as rodas. Na rua, no boteco, dentro do õnibus, nas escolas, na universidade, etc. É como se de repente, num processo de aproximadamente vinte anos, o povo campista despertasse para algo que estava diante de si e para o qual ele se manteve passivo.
Entretanto, agora o momento é outro. O resultado desta inércia pode representar a perda definitiva de algo que ele - o povo - nunca teve de fato. Eis aí a possibilidade de mudança na mentalidade do cidadão campista, na perspectiva de um sujeito engajado na cobrança de seus direitos, que deseja a continuidade do recebimento dos royalties, porém com a exigência de que sua aplicação seja responsável e com transparência.
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