Professor da Universidade de São Paulo
Militante da Base Caio Prado Jr/Ribeirão Preto
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1 - Aspectos da construção histórica da concepção marxista-leninista de partido político revolucionário.
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Marx
e Engels formularam uma proposta para a organização do Partido
Comunista no final de 1847, a pedido da Liga dos Comunistas, uma
associação operária internacional, sendo o Manifesto do Partido
Comunista publicado pela primeira vez em Fevereiro de 1848.
O
manifesto aparece numa década em que a produção industrial atingia
cifras elevadíssimas, difusão das ciências jamais vista, publicações de
livros na casa de centenas de milhares, a ferrovia no Reino Unido em
1845 transportou 48 milhões de passageiros, em 1846 já havia três mil
milhas de via férrea e nos E.U.A., chegava a nove mil milhas em 1850..
Por
outro lado, aumentava o número de operários e sua resistência à
exploração burguesa cada vez mais brutal. No campo, as revoltas de
semi-servos e camponeses alastram-se por toda a Europa.
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Neste
contexto aparece o Manifesto do Partido Comunista que propunha a
criação de um partido operário que tinha como primeira tarefa organizar o
operariado como classe, com o objetivo claro de acabar com o domínio da
burguesia e a construção de um poder político operário.
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No
manifesto é feita uma exposição sistemática de uma concepção de
história, do capitalismo e da revolução. Nele é afirmado que a história
de todas as sociedades que existiram, até nossos dias, tem sido a
história das lutas de classe e que estas lutas sempre terminaram por uma
transformação revolucionária da sociedade inteira ou na destruição das
classes em luta. Essas afirmações expressam a visão de Marx e Engels do
dinamismo da sociedade através da luta de classes. Luta que moveu as
sociedades em toda a sua história e que levará à construção de uma nova
sociedade.
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Esta
luta, no capitalismo, se dá entre a burguesia, proprietária dos meios
de produção, e a classe que se antagoniza aos seus interesses, o
proletariado que, desprovido dos meios de produção, é obrigado a vender
sua força de trabalho à burguesia. Esta contradição está na essência das
relações capitalistas de produção e determina a luta política: a
burguesia, enquanto classe dominante em luta permanente para a
conservação da sociedade capitalista e o operariado, em luta pela
transformação social e superação destas relações.
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A
transformação social na sociedade capitalista, segundo os princípios do
marxismo, só é possível através da direção da classe operária, única
capaz de cumprir esta tarefa através da revolução socialista. A direção
exercida pela classe operária no processo revolucionário é construída a
partir do momento em que o operariado toma consciência de classe e
percebe que seus interesses são antagônicos aos da burguesia, que até
então contava com o apoio da classe operária contra a aristocracia.
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Os
primeiros elementos para que a classe operária tome consciência de seus
próprios interesses enquanto classe, contraditoriamente, são fornecidos
pela própria burguesia.
Escrevem Marx e Engels no "Manifesto do Partido Comunista":
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Em
geral, os choques que ocorrem na velha sociedade, favorecem de diversos
modos o desenvolvimento do proletariado. A burguesia vive em guerra
perpétua primeiro contra a aristocracia, depois, contra as frações da
própria burguesia, cujos interesses se encontram em conflitos com os
processos da indústria; e sempre contra a burguesia dos países
estrangeiros. Em todas essas lutas, vê-se forçada a apelar para o
proletariado, reclamar seu concurso e arrasta-lo assim para o movimento
político, de modo que a burguesia fornece aos proletariados os elementos
de sua própria educação política, isto é, armas contra ela própria.
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Demais,
como já vimos, frações inteiras da classe dominante em conseqüência do
desenvolvimento da indústria, são precipitadas no proletariado, ou
ameaçadas, pelo menos, em suas condições de existência. Também elas
trazem ao proletariado numerosos elementos de educação.
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A
educação política revolucionária da classe operária é um dos elementos
para a tomada de consciência de classe e de que seus interesses são
opostos ao da burguesia, que sua emancipação só será possível com a
destruição da sociedade capitalista e a construção do socialismo através
da revolução. Mas como organizar a classe operária do ponto de vista
político? Como superar as reivindicações restritas às condições de
trabalho e melhores salários? Como o operariado deve agir taticamente
para alcançar seus objetivos estratégicos?
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O
Manifesto do Partido Comunista é a tentativa de Marx e Engels de
responder a estas questões que já se apresentavam na metade do século
XIX.
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O
ano da primeira publicação do Manifesto do Partido Comunista, 1848, foi o
ano das grandes revoluções do século passado, destacando-se a
parisiense que significou a primeira grande batalha entre o proletariado
e a burguesia. A derrota do proletariado remeteu, por determinado
período, ao plano secundário as reivindicações sociais e políticas da
classe operária europeia. Os poucos movimentos que deram sinal de vida
foram esmagados sem piedade.
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Somente
na década de 60 do século XIX, a classe operária europeia recuperou
forças para se contrapor às classes dominantes. Esta nova situação impõe
a necessidade de uma organização que aglutinasse todas as forças do
proletariado. Nasce a Associação Internacional dos Trabalhadores em
Londres no dia 28 de Setembro de 1864, com a aprovação do Manifesto
Constituinte e Regulamentos Provisórios da Associação Internacional dos
Trabalhadores, redigida por Marx.
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Este
manifesto e estatutos provisórios serviram de base para a elaboração
dos Estatutos da Associação Internacional dos trabalhadores, também
redigido por Marx, e aprovado em Setembro de 1871 na Conferência da
Associação realizada em Londres.
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Nos
Estatutos de 1871, Marx escreveu a respeito da necessidade do Partido
Político para que a classe operária atingisse seus objetivos, a
revolução e a construção da sociedade socialista.
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Em
sua luta contra o poder coletivo das classes possuidoras, o
proletariado só pode atuar como classe constituindo-se em um partido
político distinto, em oposição a todos os velhos partidos constituídos
pelas classes possuidoras.
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Essa
constituição do proletariado em partido político é indispensável para
assegurar o triunfo da revolução social e desse objetivo supremo: a
abolição das classes.
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As
ideias de Marx, Engels como as de Lênin, são os pilares teóricos no
qual se sustentam os Partido Comunistas, sendo o último quem melhor
deixou sistematizado o problema do Partido Político da classe operária.
Como se devem organizar, quais seus objetivos táticos e estratégicos
como se deve conduzir nas alianças políticas e no seu papel
conscientizador da classe operária e das massas, ou seja, seu papel
educador.
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Vladimir
Ilitch Ulianov, Lênin, iniciou sua atividade política em 1887, aos
dezessete anos, num período de grande combate político na esquerda russa
entre os marxistas russos, liderados por Plekanov, e os populistas,
ainda dominante. Neste período, Lênin esteve fortemente influenciado
pela ideologia populista, só no ano seguinte que iniciou seu estudo do
marxismo.
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Em
1893, formou-se em Direito e mudou-se para S. Petersburgo para
trabalhar. Logo ao chegar à Capital, da época, entrou em contato com os
círculos revolucionários e de início, começou a esboçar as linhas
estruturais de uma organização revolucionária. Neste mesmo ano,
reorganizou seu círculo depois de assumir a direção. Criou um grupo
central com a tarefa de dirigir centralizadamente a atividade geral,
organizar reuniões e conferências e formar grupos de discussão de
operários que se tornavam instrutores e formadores de novos grupos.
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Estes
dados indicam sua preocupação com a formação dos quadros e militantes, e
sua organização, que já estavam presentes desde o início de sua
atividade política.
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Em
1895, foi organizada a União de Luta pela Emancipação da Classe
Operária, organização política que uniu todos os círculos marxistas de
S. Petersburgo, sob sua direção. A importância desta organização está em
que pela primeira vez na Rússia, uma organização política unia as
ideias do socialismo científico com o movimento operário. Neste mesmo
ano, Lênin é preso, acusado de "crime contra o Estado".
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O
ano seguinte, 1896, foi marcado pelas grandes greves em S.Petersburgo,
que depois se prolongaram a Moscou. Estas greves marcaram o início do
movimento operário de massas na Rússia, com a participação da
social-democracia na Rússia. Da prisão, Lênin dirigiu os
sociais-democratas neste importante movimento histórico do operariado
russo e internacional.
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Em
1897, foi deportado para a Sibéria. No ano seguinte, casou-se com
Nadejda Krupskaia que também havia sido deportada em 1898. Foi no exílio
que teve notícias do I Congresso do Partido Operário Social-Democrata
Russo, POSDR, realizado na cidade de Minsk em Março de 1898, e
solidarizou-se com as teses fundamentais do manifesto publicado pelo
Congresso. No ano de 1900, retornou do exílio com a convicção da
necessidade de um jornal para unificar os diversos núcleos
revolucionários que continuavam na mesma situação, mesmo depois do
Congresso de fundação do POSDR.
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Junto
com Martov, Potressou e o grupo de Plekhanov constituíram o coração do
jornal. O primeiro número do Iskra (A Faísca) saiu no dia 24 de Dezembro
de 1900.
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O
Iskra foi a concretização do sonhado instrumento de unificação
ideológica e de assentamento das bases programáticas essenciais à
construção do partido.
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O
jornal passou a ser um eficiente instrumento de divulgação de seus
artigos, principalmente os de organização e da linha política que o
partido deveria ter. Além dos vários artigos a respeito da questão,
Lênin sistematizou de forma mais acabada sua compreensão da estrutura
partidária, em três brochuras: "Que Fazer?", 1901/1902, "Um passo em
frente, dois passos atrás", 1904 e "Duas táticas da social-democracia na
revolução democrática", 1905.
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O
livro "Que Fazer?" teve um esquema original que se consistia em três
questões: carácter e conteúdo principal da agitação política; tarefas de
organização; e plano de um jornal para toda a Rússia que servisse de
base à formação da organização. Este plano inicial teve que ser mudado
para responder às necessidades que a luta contra o economismo impunha. O
resultado foi a introdução de dois capítulos iniciais destinados a
combater o oportunismo em geral, e especialmente ao economismo russo.
Quanto às questões do plano inicial, passou a ter um aspecto de polêmica
anti-economista. Na obra "Um passo em frente, dois passos atrás", fez
uma descrição do II Congresso do POSDR, onde esclarece as posições das
frações, bolchevique e menchevique, e dos grupos minoritários e avança
nas suas concepções do que devem ser os princípios organizativos de um
partido proletário, contrapondo-se à política organizativa defendida
pelos mencheviques que defendiam uma organização de círculos
coordenados. Esta obra ajudou a formar a primeira organização da fração
bolchevique do POSDR, em torno de Lênin.
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Quanto
ao livro "Duas táticas da social-democracia na revolução democrática",
Lênin considera que existiam três posições à situação da Rússia agitada
pelas inúmeras greves de 1905: a primeira, de que a Rússia passava por
um momento que possibilitava reformas do tipo democráticas, posição
defendida pela burguesia liberal: a segunda, defendida pelos
reformistas, considerava o momento uma fase da revolução
democrática-burguesa, sendo que a burguesia liberal deveria dirigi-la; a
terceira, era a revolucionária, que aceitava que a fase era
democrática, mas que para ser útil ao proletariado, teria que conseguir
conquistas democrático-revolucionárias, que colocassem a situação
favorável de evoluir para o socialismo. Para isto, era necessário isolar
a burguesia liberal e aliar-se com o campesinato e alguns setores da
pequena burguesia urbana, pois estes tinham interesses de levar as
transformações o mais longe possível.
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Este
breve histórico teve como objetivo apresentar aspectos da concepção
marxista-leninista de Partido Político, e conceitos referentes a este,
foram construídos historicamente. Sendo estas três últimas obras citadas
a consolidação da concepção marxista-leninista de Partido Político.
Isto não significa que não houve outros escritos após 1905, e escritos
importantes, mas que sua estrutura conceitual estava dada.
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2 - O papel do Partido Político como agente educador
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Neste
item apresentamos a importância das questões pertinentes ao papel
educativo do partido em vários escritos de Lênin, sem a preocupação
cronológica, mas com a intenção da fidelidade terminológica, e deste
como síntese do acumulo teórico com a prática do militante político. Em
seus escritos, ele debate com seus contemporâneos sobre a organização do
partido revolucionário, a elevação da consciência do proletariado
trade-unionista a uma consciência política de classe, a atuação deste
partido frente aos outros partidos, os sindicatos, parlamento e, à
sociedade em geral.
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No
livro "Que Fazer?", Lenin defende que a luta pelo socialismo só pode
ser travada a partir de uma consciência socialista, ou seja, consciência
política de classe que só pode ser incorpora pelo operariado quando vem
do exterior desta classe, "fora da esfera das relações restritas entre
operários e patrões", uma vez que a luta espontânea limita as questões
que envolvem o operariado e seus patrões. O conhecimento que pode fazer
com que o operariado eleve sua consciência ao nível socialista, é o
conhecimento obtido é produzido a partir das relações entre todas as
classes e camadas com o Estado e o governo e nas relações de todas as
classes entre si.
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Esta
análise o leva a afirmar que, ao sair da luta entre operário e patrão
que se limita às questões relacionadas com melhorias das condições de
trabalho e salários e incorporando a luta das várias classes em relação
ao Estado, com o propósito de dirigi-las para a conquista do poder de
Estado, o operariado toma consciência socialista, saindo do limite de
operário e elevando-se à condição de revolucionário.
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Mas,
para alcançar a condição de revolucionário, impõe-se a necessidade do
estudo teórico, o estudo da ciência socialista que é elaborada fora das
relações restritas do operariado com o patrão. Isto não significa que a
classe operária é incapaz de formar seus próprios intelectuais,
elaboradores de teoria.
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Lênin escreveu a respeito em uma nota de rodapé do livro "Que fazer?":
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Isto
não significa, naturalmente, que os operários não participem nessa
elaboração. Mas não participam como operários, participam como teóricos
do socialismo, como os Proudhon e os Weitling; noutros termos, só
participam no momento e na medida em que consigam dominar, em maior ou
menor grau, a ciência da sua época e fazê-la progredir. E para que os
operários os consigam com maior freqüência é preciso esforçar-se o mais
possível para elevar o nível de consciência dos operários em geral; é
preciso que os operários não se confinem ao quadro artificialmente
restrito da 'literatura para operários', mas aprendam a assimilar cada
vez mais a literatura geral. Seria mesmo mais justo dizer, em vez de
'não se confinem', 'não sejam confinados', por que os próprios operários
lêem e querem ler tudo quanto se escreve também para os intelectuais e
'só alguns (maus) intelectuais pensam que 'para os operários' basta
falar das condições nas fábricas e repisar aquilo que já sabem há muito
tempo.
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Todo
este processo de elevação da consciência política, intelectualização e
organização da classe operária passa, necessariamente, pela organização
do partido da classe operária, que terá êxito com um eficiente trabalho
educativo interno e externo ao partido e à classe operária.
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O
papel educativo do Partido Comunista é educar a militância e as massas
para a luta e construção do socialismo. Portanto, a educação dos
comunistas e das massas trabalhadoras é um importante instrumento da
luta política que, para a classe operária, significa a tomada do poder
de Estado e a construção do socialismo, objetivos esses que só serão
alcançados através das organizações e ações revolucionárias do
proletariado fundamentadas pela teoria revolucionária:
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"Sem teoria revolucionária não pode haver também movimento revolucionário".
Ainda
no livro "Que fazer?", Lênin cita Engels, identificando a importância
da teoria e dizendo que este é outro campo de luta de classes em que os
revolucionários devem se preparar:
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Citaremos
as observações feitas por Engels em 1874 sobre a importância que a
teoria tem no movimento social-democrata. Engels reconhece na grande
luta da social-democracia não duas formas (a política e a econômica) -
como se faz entre nós - mas três, colocando a seu lado a luta teórica.
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A
necessidade de assimilação da teoria revolucionária por parte da classe
operária aponta a questão: quais devem ser as condições que possibilitem
instrumentalizar os revolucionários de uma teoria revolucionária?
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A
resposta a essa questão, do ponto de vista marxista-leninista, é que o
instrumento que possibilita a assimilação da teoria revolucionária pelos
revolucionários é o partido da classe operária (Partido Comunista), que
deve utilizar como princípio educativo a relação teoria/prática. O
partido tem que propiciar uma educação que articule a teoria e a vida
cotidiana, para que o partido não limite seu programa de formação às
experiências cotidianas da vida e nem aos estudos teóricos desvinculados
da realidade concreta. Estas preocupações foram manifestadas por Lênin
em seu artigo "Sobre a confusão da política e a pedagogia", escrito em
1905:
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Na
atividade política do partido social-democrata há e haverá sempre
certos elementos de pedagogia: é preciso educar toda a classe dos
trabalhadores assalariados a fim de que desempenhem o papel de
combatentes para libertar toda a humanidade de qualquer opressão; é
preciso educar constantemente novas e novas camadas desta classe, saber
aproximar-se dos elementos mais atrasados, menos desenvolvidos , menos
influenciados por nossa ciência e pela ciência da vida, para poder falar
e estabelecer contato com eles e elevá-los paciente e firmemente ao
nível da consciência social-democrata sem converter nossa doutrina em um
dogma sem vida, ensinando-a não apenas com livros, mas também por meio
da participação das camadas mais atrasadas, e menos desenvolvidas do
proletariado na luta diária e prática.
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A
preocupação da relação teoria/prática na formação dos revolucionários
também é trabalhada por ele, ao referir-se às experiências do movimento
revolucionário nos grandes acontecimentos e como essas experiências
possibilitaram um avanço na qualidade do movimento e, para fundamentar
esta tese, exemplificou, através de análises das greves da metade do
século XIX e de como contribuíram para o crescimento do movimento
operário que se manifestou nas greves dos anos 90 do mesmo século e como
estas foram embriões da luta consciente do proletariado contra a
burguesia.
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Ele
também chama a atenção para a necessidade de se aprender na observação
da vida cotidiana das massas operárias e camponesas. Os ensinamentos que
os grandes movimentos da história e da vida cotidiana oferecem para a
educação da classe operária e das massas não são suficientes para
formá-las politicamente, necessitando, para tanto, um ensino teórico e
sistemático da ciência revolucionária, o socialismo científico. Este
estudo tem a maior ou menor importância, segundo as condições
revolucionárias, ou seja, se há movimentos de grande agitação e/ou
revolucionários, o estudo sistemático fica secundarizado, sendo que o
processo de formação da classe operária e das massas se dá na própria
luta; se o movimento operário passa por período de calmaria, de
repressão por parte das forças reacionárias, o estudo sistemático tem
que ser priorizado na luta do proletariado. É nesses momentos que a luta
ideológica toma maior importância e a classe operária tem que se
organizar e se preparar para esta dura batalha contra a burguesia e no
seu próprio interior, uma vez que esses momentos favorecem as vacilações
e tendências pequeno-burguesas no seio da classe operária.
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Este
é um movimento que não pode ser entendido de forma mecânica. Dar
prioridade aos movimentos de rua e extrair, a partir daí, lições que
servirão para a formação dos militantes e das massas, não exclui a
importância do estudo sistemático. É este que possibilita uma qualidade
diferente das ações de agitação e revolucionárias. O inverso também é
verdadeiro, quando se priorizam os estudos sistemáticos em consequência
do momento histórico que se vive, não se abandona o movimento de rua,
pois é este que concretiza as possibilidades de transformações guiadas
por uma teoria.
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Lenin
em seu artigo "Novas tarefas e novas forças", escrito no início da
revolução de 1905, indica quais devem ser as tarefas da
social-democracia e quais as prioritárias do movimento frente ao momento
revolucionário:
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...
é preciso ampliar em grande medida todo tipo de organizações do Partido
ou a ele afetas para ir, ainda que seja em certo grau, ao compasso da
torrente centuplicada da energia revolucionária popular. Isto não
significa, está claro, que se deva abandonar a firme preparação e a
educação sistemática nas verdades do marxismo; mas é preciso ter em
conta que agora, na preparação e na educação, assumem muito mais
importância as próprias ações militares, que ensinam os não iniciados a
seguirem nossa orientação e nenhuma outra mais. É preciso ter presente
que nossa fidelidade 'doutrinária' ao marxismo se reafirma neste momento
em virtude de o curso dos acontecimentos revolucionários dar, em toda
parte, lições concretas às massas, e todas estas lições confirmam
precisamente nosso dogma...
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Não
se trata, portanto, de enfraquecer nossas exigências social-democratas e
nossa intransigência ortodoxa, mas de reforçá-las por novos caminhos,
com novos métodos de ensino. Em tempos de guerra é preciso instruir os
recrutas diretamente nas ações militares. Assimilai, pois, com mais
audácia, os novos métodos de instrução, camaradas! Formai com mais
audácia, novos e novos destacamentos, enviai-os ao combate, recrutai
mais jovens operários, ampliai os limites habituais de todas as
organizações do Partido, começando pelos comitês e terminando pelos
grupos de fábricas, sindicatos de oficina e círculos estudantis!
Recordai que toda demora de nossa parte na realização desta tarefa
beneficiará os inimigos da social-democracia, pois os novos regatos
buscarão saída imediatamente e, ao não encontrarem um leito
social-democrata, procurarão outros leitos.
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A
preocupação de Lênin com a participação do Partido Operário
Social-Democrata da Rússia na revolução de 1905, era a necessidade de
ampliar seus militantes em todas as instâncias partidárias e que a
social-democracia não se distanciasse do movimento de massas, que desse
resposta e conduzisse na ação revolucionária, sendo que aquele momento
histórico determinava as ações militares como o melhor método de
instruir a militância, a classe operária e as massas trabalhadoras. Já
nos momentos de repressão e contra-revolucionários, o estudo sistemático
é que passa a ter importância ímpar, como justifica em seu artigo "A
caminho", publicado no Sotsial-Demokrat, nº 2, escrito em 1909, quando
analisava o quadro político pós-revolucionário e a crise pela qual o
POSDR passava. Indicava, por fim, qual o caminho que a social-democracia
russa deveria seguir. Nesse mesmo artigo, chama a atenção do partido
para a necessidade de uma estreita relação entre a organização
partidária e a educação de seus quadros e militantes, relação que,
necessariamente, deve ser mantida também na ação do partido frente às
massas:
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o trabalho prolongado de educação e organização das massas do
proletariado passa ao primeiro plano; a conbinação da organização
clandestina e da legal impõem ao Partido deveres especiais; a
popularização e o esclarecimento da experiência da revolução,
desacreditada pelos liberais e intelectuais liquidacionistas, são
necessários com objetivos teóricos e práticos.
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O
trabalho de formação do partido se dá na relação do trabalho de educação
e organização em sua estrutura interna. Isso impõe ao partido a tarefa
de organizar e educar a classe operária e as massas, sendo esta relação
que possibilita a educação política interna e externamente ao partido.
Em seu artigo "Tarefas urgentes de nosso movimento", escrito em Novembro
de 1900, indica as tarefas que o partido é chamado a cumprir:
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dever a que está chamada a cumprir a social-democracia russa: levar as
idéias socialistas e a consciência política à massa do proletariado e
organizar um partido revolucionário ligado indissoluvelmente ao
movimento operário espontâneo.
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Segundo
os princípios marxista-leninistas, a revolução socialista é um processo
que compreende a articulação do Partido revolucionário com a ação
revolucionária das massas, portanto, o partido tem que, necessariamente,
estar junto do povo para que possa cumprir seu papel político,
pedagógico e organizador, para dirigir e elevar a consciência política
do proletariado e das massas para a revolução.
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A
atuação do partido junto à classe operária e às massas não se limita aos
movimentos espontâneos, mas também às instituições em que essas camadas
da sociedade se organizam. Lênin, em seus escritos, privilegia a
atuação do Partido Comunista nas organizações sindicais, ressaltando que
os comunistas devem atuar em todos os sindicatos, principalmente nos
reacionários, pois é neles que se encontram a massa mais atrasada do
proletariado e do campesinato e também, que é papel do partido elevar a
consciência política destas massas.
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...
o papel de vanguarda do proletariado, que consiste em instruir,
ilustrar, educar, atrair para uma vida nova as camadas e as massas mais
atrasadas da classe operária e do campesinato.
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Quanto
à participação nas instituições legais, justifica, em vários textos, a
participação do Partido Social-Democrata no Parlamento Burguês. Diz ele
no artigo "Qual a atitude dos partidos burgueses e do partido operário
ante as eleições à Duma?", publicado em 31 de Dezembro de 1906, no
semanário Ternii Trudá, nº 2:
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O
que nos importa não é assegurar por meio de negociatas um lugar na
Duma. Ao contrário, estes lugares somente são importantes na medida em
que possam contribuir para desenvolver a consciência das massas, elevar
seu nível político, organizá-las, não em nome da placidez filistéia, da
'tranqüilidade', da 'ordem' e da prosperidade pacífica (burguês)", mas
em nome da luta, da luta para conquistar a plena libertação do trabalho
de toda exploração e opressão.
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Também
em seu artigo "A caminho", indica qual deve ser a atuação dos
comunistas em decorrência da derrota do movimento revolucionário de
1905/1907, e como deveriam atuar nas condições que aquele momento lhes
impunha:
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Esta
etapa deve ser superada; as novas condições do momento reclamam novas
formas de luta; a utilização da tribuna da Duma é uma necessidade
absoluta; o trabalho prolongado de educação e organização das massas do
proletariado passa ao primeiro plano.
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O
marxismo-leninismo apresenta princípios na defesa do trabalho de
formação política da classe operária e das massas. Quanto aos meios se
diferenciam segundo as condições políticas que se apresentam a cada
momento histórico, mas os objetivos permanecem os mesmos, ou seja,
educar e formar a classe operária e as massas para a revolução e
construção do socialismo.
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MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Sindicatos. São Paulo, CHED Editorial, 1981.
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Textos sobre educação. São Paulo, Moraes, 1983.
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