DE SÃO PAULO
O ex-ditador cubano Fidel Castro, 84, voltou a causar polêmica nesta sexta-feira ao afirmar que seus comentários sobre o modelo econômico cubano não funcionar foram "mal interpretados" --e voltando atrás em uma declaração que causou furor nesta semana no mundo todo. Fidel disse que suas palavras estão corretas, mas que Goldberg não entendeu a ironia em sua declaração e que ele quis dizer "exatamente o contrário".
Na quarta-feira (8), o jornalista Jeffrey Goldberg escreveu no blog da revista "The Atlantic" que perguntou a Fidel se ainda valeria a pena exportar o modelo comunista cubano para outros países. "O modelo não funciona mais nem para nós", respondeu o ex-ditador, segundo o jornalista.
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Em um certo ponto, ele disse: "Eu continuo achando que Goldberg é um grande jornalista. Ele não inventa frases, ele as transmite e interpreta."
O tom de Fidel não foi bravo, mas sim confuso e um pouco perplexo.
Os comentários do cubano foram feitos hoje durante o lançamento de seu segundo livro sobre a revolução que tirou Fulgencio Batista do poder, em 1959. O livro "A vitória estratégica" foi escrito e publicado em menos de um mês.
CAPITALISMO
"Disse isso sem amargura, nem preocupação. Me divirto agora ao ver como ele [o jornalista que o entrevistou] interpretou ao pé da letra, e como o repórter consultou Julia Sweig, [outra jornalista] que o acompanhou e elaborou a teoria exposta", disse Castro.
Em suas afirmações desta sexta-feira Castro disse ainda que é o sistema capitalista que não funciona.
"Minha ideia, como todo o mundo conhece, é de que é o sistema capitalista que já não serve nem para os Estados Unidos nem para o mundo e que conduz a crises cada vez mais graves, globais e repetidas, das quais não se pode escapar", indicou.
"Como um sistema semelhante poderia servir para um país socialista como Cuba?", questionou.
OUTRO MAL ENTENDIDO
Fidel deu outro exemplo em que sua "ironia" não foi compreendida, quando questionou suas próprias ações durante a crise dos mísseis cubanos em 1962 --incluindo sua recomendação aos líderes soviéticos para usar armas nucleares contra os EUA. Na época, durante a Guerra Fria, o mundo chegou à beira de um conflito nuclear quando a União Soviética teve autorização de Cuba para instalar em seu território uma base com mísseis apontados para os Estados Unidos.
Goldberg escreveu ter revisto o assunto com Fidel e perguntado: "Em certo momento, parecia lógico para você recomendar aos soviéticos que bombardeassem os EUA. O que o senhor recomendou ainda parece lógico agora?" Goldberg disse que a resposta de Fidel o surpreendeu: "Após ter visto o que vi, e sabendo o que sei, não valeu a pena absolutamente."
"É verdade que eu abordei o assunto como [Goldberg] relata", disse Fidel hoje. Mas ele acrescentou que se soubesse da real natureza do líder soviético Nikita Khrushchev, teria pressionado por outro tipo de ação. Segundo Fidel, a resposta dele a Goldberg era "uma óbvia referência à traição do presidente russo, que, saturado com substâncias alcoólicas, deu aos EUA todos os segredos militares mais importantes de seu país".
"Ele não mencionou muitos outros aspectos de nossas conversas", disse Fidel nesta sexta-feira. "Vou respeitar a confidencialidade dos assuntos que discutimos enquanto espero com grande interesse sua matéria completa."
ENCONTRO
No blog, o jornalista conta que, no momento, chegou a duvidar do que ouvia. "Eu não tinha certeza de que escutara corretamente", escreveu.
O encontro com Fidel -- que ocorreu no Aquário Nacional de Cuba-- contou também com a presença de Adela Dworin, presidente da comunidade judaica no país. Goldberg conta que buscou Adela em uma sinagoga e ambos se encontraram com Fidel na porta do aquário. Os três seguiram então até o local onde ocorre o show dos golfinhos.
Durante a visita, Fidel beijou Dworin diante das câmeras, em uma "possível mensagem aos líderes iranianos", disse Goldberg no seu blog.
Segundo o autor, Fidel lhe pareceu "fisicamente frágil, mas mentalmente lúcido e com energia".
"Você gosta de golfinhos?", perguntou Fidel ao jornalista no início do encontro, que retrucou: "Gosto muito".
O ex-ditador teria chamado então Guillermo Garcia, diretor do aquário e disse: "Goldberg, faça perguntas a ele sobre os golfinhos"."Que tipo de perguntas?", teria dito o jornalista. "Você é jornalista, faça boas questões", respondeu Fidel. "Ele não entende muito sobre golfinhos, de qualquer forma. Ele é físico nuclear".
"Por que você cuida do aquário?", perguntou então Goldberg, segundo o blog. "Nós o colocamos aqui para evitar que ele construísse uma bomba nuclear!", brincou Fidel.
"Em Cuba, nós só construímos armas nucleares com fins pacíficos", respondeu Garcia. "Não pensei que estivéssemos no Irã", acrescentou Goldberg.
Fidel apontou então para um pequeno tapete que seus seguranças trazem junto com a cadeira especial que usa e disse: "Veja, é persa!", brincou.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Fidel não foi e não é um ditador.Ele foi é ainda é o lider revolucinário mais influente em Cuba. Prova disso e sua presidência por muitos anos.
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