Artigo publicado no Jornal Folha da Manhã em 21/09/12
Talvez
por ser um "outsider" da política partidária em Campos dos Goytacazes,
tem certas horas em que me surpreendo com a inaptidão analítica dos que
se dizem ser de oposição ao grupo político do deputado Anthony
Garotinho.
Primeiro
erro que vejo é cair sistematicamente num terreno de enfrentamento em
que Garotinho é mestre, o da demonização dos adversários. Ao
simplesmente centrar seu fogo no aparente desequilíbrio emocional de
Garotinho, seus supostos adversários não mostram a complexidade do
esquema de manutenção no poder que o deputado possui na cidade. E de
quebra ainda ficam sendo humilhados pela evidente capacidade de
Garotinho de manejar bem o arremesso de lama. Até seu irmão, Nelson
Nahim, tentou medir forças neste tipo de esporte e agora vive abraçado
com um candidato a prefeito sem qualquer chance real de sequer eleger um
grupo minimamente significativo de vereadores.
O
segundo grande erro envolve a falta de uma visão de oposição contínua e
dotada de um verdadeiro programa de mudança. Quem ouve a oposição falar
até parece que eles estão todos os dias trabalhando efetivamente por um
novo modelo de cidade. Quando muito certas figuras ficam destilando seu
veneno em blogs. Arregaçar as mangas que é bom, só uns poucos.
O
terceiro e inevitável problema é que uma parte significativa dos que
dizem de oposição o são por falta de um aceno, de um carinho, de um
convite por parte do deputado Garotinho. É só olhar para dentro dos
quadros da atual prefeitura que veremos gente que vem pulando de cargo
em cargo desde os tempos de Zezé Barbosa. E como em coração de prefeito
sempre cabe mais um cargo comissionado, não me surpreenderia ver mais
gente esquecendo as mágoas e pulando para dentro do barco.
O
quarto e fatal erro é achar que ao forçar a candidatura problemática de
sua esposa, a senhora prefeita Rosinha Garotinho, o deputado federal
não pesou cuidadosamente todas as opções. Se não fosse por nada, quem já
teve de se enfrentar com ele, sabe que o distinto residente daquela
casinha no bairro da Lapa tem a seu serviço uma multidão de advogados
que de bobos nada têm. Assim, toda a insistência em Rosinha não é por
falta de candidato alternativo, pois eu estimo que esse grupo elegeria
quem bem entendesse neste momento, inclusive o duas vezes perdedor
Geraldo Pudim. A resposta para a manutenção a ferro e fogo de Rosinha
não é desespero, é estratégia. E com qual objetivo? Isto já foi até
declarado e está mais do que evidente pelas ruas: eleger uma massacrante
maioria na Câmara de Vereadores e, de quebra ,garantir a presidência da
Casa. Afinal, se a eleição de Rosinha for anulada, quem é mesmo que vai
virar prefeito? Como dessa vez não será Nelson Nahim o presidente,
estimo que há gente mais próxima e mais confiável que será colocada no
cargo.
Finalmente,
quero dizer que só teremos uma alternativa real para o poder municipal
se as pessoas que dizem ser de oposição resolverem parar de choramingar e
partirem para o trabalho nos próximos 4 anos. Do contrário, não vai ter
jeito...Anthony Garotinho vai continuar mandando na política da cidade.
E, por favor, não culpem os mais pobres. Afinal de contas, o que tem de
carrão importado ostentando a figura de Rosinha Garotinho em seu look a
la Fátima Bernardes não está no gibi. É só parar e ver. Se tiver algum
culpado nessa eternização no poder, a culpa é das forças partidárias que
fingem ser de oposição e estão muito bem (obrigado!) com o status quo
vigente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário