O contorcionismo do PT brasileiro diante das manifestações que atravessam o país é visível. Ele tenta cooptar as manifestações, como se estas não fossem também contra o seu governo. Ao mesmo tempo, vai prometendo medidas paliativas mas que não ponham em causa o dogma neoliberal. Isso ficou patente no discurso de 21 de Junho da presidente Dilma Roussef, em cadeia nacional de TV. A presidente nem sequer pôs em causa a privatização selvagem dos transportes públicos de passageiros nas principais cidades brasileiras. O seu "plano nacional de mobilidade" aparentemente não será para reverter essa actividade aos poderes públicos. Os lucros dos capitalistas donos das empresas de "ônibus" têm de ser garantidos, mesmo que para isso o governo do PT tenha de lhes dar alguns subsídios a fim de reduzir tarifas e baixar a tensão social. A presidente, no seu discurso, tão pouco fez qualquer auto-crítica quanto aos gastos monstruosos do seu governo com campeonatos do jogo da bola. Na verdade, entre o PT e o PSDB brasileiros existe tanta diferença como entre o PS e o PSD portugueses — ou seja, pouca ou nenhuma.
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