quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Morre aos 104 anos o arquiteto Oscar Niemeyer


O  O arquiteto completaria 105 anos no próximo dia 15 (Foto: Reuters)  

Maior nome da arquitetura brasileira, e um dos ícones da arquitetura mundial, Oscar Niemeyer Soares morreu na noite desta quarta-feira (05), aos 104 anos, de insuficiência respitarória. Ele completaria 105 anos no próximo dia 15, e estava internado desde o dia 2 de novembro no Hospital Samaritano, na zona sul do Rio de Janeiro, a princípio para tratar de uma desidratação. Niemeyer permaneceu lúcido até terça-feira, e a família estava ao lado dele no momento da morte.

O corpo do arquiteto será velado no Palácio do Planalto, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff ofereceu o palácio à família para o último adeus a Niemeyer. Ainda não há confirmação do horário do velório.

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Em maio deste ano, Niemeyer já havia sido internado outras duas vezes, no mesmo local, apresentando quadros de desidratação e pneumonia. Em abril, o arquiteto passou ainda 12 dias internado devido a uma infecção urinária.

Nascido em 15 de dezembro de 1907, Niemeyer formou-se como arquiteto e engenheiro na Escola Nacional de Belas Artes, em 1934.  Logo depois, começou a trabalhar no escritório dos renomados arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão. Mesmo sem remuneração, o emprego serviu de trampolim para Niemeyer conquistar o respeito de figuras importantes.

Fachada do Palácio da Alvorada.(AP Photo/Eraldo Peres) 

Sempre idealista e inovador, ganhou nome pela sua ousadia e recebeu oportunidades para participar de grandes obras, como o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, construído entre 1942 e 1944. Neste local, construiu ainda a Igreja São Francisco de Assis, alvo de diversas críticas da Igreja Católica devido à forma incomum e a um mural pintado por Cândido Portinari. Seus traços abstratos não agradaram a entidade religiosa, que se negou a benzer a obra após sua finalização, em 1943. A arquidiocese só a consagrou 17 anos depois, em 1959.

Dois anos depois, o arquiteto, sempre politicamente engajado, ingressou no Partido Comunista Brasileiro, sendo o responsável pelo projeto da sede do Partido Comunista Francês, cinco anos depois. Projetou ainda o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, inaugurado no aniversário de 400 anos da cidade, em 1954. Para a mesma celebração, o arquiteto foi responsável pela construção do Edifício Copan, no centro da capital paulista.

Diante da polêmica gerada pelo projeto da Igreja São Francisco de Assis, Niemeyer ganhou mais visibilidade e passou a receber convites para outras obras como a construção da sede das Nações Unidas, em Nova York e, em 1957, deu início ao projeto para o Plano Piloto de Brasília, futura capital do Brasil.

Ao lado do companheiro Lúcio Costa e de Joaquim Cardozo, Niemeyer projetou os principais edifícios de Brasília, como o Congresso Nacional, os palácios do Itamaraty, do Planalto e da Alvorada, o Teatro Nacional e ainda a Catedral Metropolitana. Tudo realizado durante o mandato de Juscelino Kubitschek.
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, uma das obras marcantes de Niemeyer.(AP Photo/Ricardo Moraes)

Em 1964, após viajar para Israel a trabalho, Niemeyer volta para o Brasil e se depara com o início da ditadura no país. Em março daquele ano, o então presidente João Goulart foi deposto pelos militares, grupo contrário ao comunismo tão defendido pelo arquiteto. Tal posição política, desta forma, gerou inúmeros problemas para Niemeyer. A sede da revista Módulo, criada por ele em 1955, foi parcialmente destruída, seu escritório foi saqueado e seus projetos já não despertavam interesse em futuros clientes.

Em 1966, proibido de trabalhar no Brasil, o arquiteto se muda para Paris, na França, onde dá início a uma nova fase em sua carreira. Fixado na capital francesa, Niemeyer projeta a sede do Partido Comunista Francês, a Universidade Mentouri de Constantine, na Argélia, e a Editora Mondadori, na Itália, além de outras obras espalhadas pelo continente europeu.

A sede do Partido Comunista Francês, desenhada por Niemeyer(Foto AP/Christophe Ena)

 Com a abertura política no início da década de 80, Nieyemer retorna ao Brasil e, ao lado do seu amigo Darcy Ribeiro, vice de Leonel Brizola no governo do Rio de Janeiro, projeta os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), e o Sambódromo da capital carioca. Em 1985 cria o Panteão da Pátria, em Brasília, e ainda o Memorial da América Latina, em São Paulo.

Depois disso, Niemeyer participa da construção do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em 1991, aos 84 anos. Nos anos 2000 têm início a série de inaugurações de museus. Em 2002 foi criado o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Em 2006, um ano depois da inauguração do Auditório do Ibirapuera, são finalizados o Museu Nacional Honestino Guimarães e a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, o maior centro cultural do país.

Durante o governo de Aécio Neves, em 2010, Niemeyer concluiu um dos seus mais audaciosos projetos, a Cidade Administrativa de Minas Gerais, repleta de curvas e formas inovadoras, abrigando as Secretarias e os órgãos do Estado

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