Me ensinaram a ficar sempre de boca fechada
falar baixo, com jeito, graciosa
virgindade nas cordas vocais.
Estupro, abuso, abandono
balbucio monólogo aflito
grávida de não saber dizer não!
Kairós! Abro as pernas,
a grande boca de pequenos lábios,
e aborto por decisão.
Reassumo o vão entre as pernas
reforma agrária do meu próprio chão.
Gravidez? Só em estado de graça…
nunca mais filhos de aflição.
Mais que as pernas… quero abrir minha boca
Estrear minhas cordas vocais:
Eis o tempo de salvação!
Nancy Cardoso Pereira – do livro “Amantíssima e só”
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Postado por Blogger no COLETIVO DE MULHERES ANA MONTENEGRO em
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